Descemos no aeroporto de Ohio.A tia dele estava lá esperando.Ela parecia um porquinho com bochechas cor de rosa...muito simpática.

__Não vamos ficar na casa dela... – Fernando me olhou,como se fosse óbvio.

__Não vamos?

__Não...eu tenho reservas para um hotel.Quero que conheça a cidade e tenho muita coisa para conversar com você. – ele sorriu.

__Pensei que seria uma viagem curta.

__Só se você quiser.Eu posso trocar nossas passagens de volta,caso você queria ficar um pouco mais.

Eu não respondi.O frio na barriga bloqueou meus sentidos temporariamente.

A tia dele se aproximou e nos ofereceu ajuda para carregar as bagagens.Pegamos um táxi e em poucos minutos estávamos na casa dela.Não era uma casa,era um chalé.A rua estava coberta de neve e havia crianças brincando e jogando bolinhas umas nas outras.Alguns poucos carros estacionados e um carteiro circulando pelas casas.Respirei fundo tentando captar aquela atmosfera.Meu celular tocou.Era minha mãe.

__Oi mãe...está tudo bem,aqui é ótimo.Sim,se eu precisar de dinheiro,ligo para o papai.Love you,beijos.

Tia Rosi nos convidou para entrar.A lareira estava pronta e a parte interna da casa estava aquecida como um bolinho de chuva.E por falar em bolinho de chuva,havia uma mesa de madeira com guloseimas que não pareciam americanas.Me lembrou a cozinha da minha vó.Bolo,café,biscoitos...A sala possuía uma decoração rústica,com alguns quadros na parede.Imaginei que fossem fotos de pessoas queridas.Encima da estante,havia um porta-retrato com uma foto de Fernando pequeno.Eu tinha uma cópia daquela foto.Não sabia que existia outra do outro lado do mundo.Sorri por dentro.

__E então...onde ficarão hospedados? – tia Rosi se sentou e fez menção para sentarmos também.

Fernando se serviu de um pedaço de bolo.

__Estamos no Private...um hotel aqui perto.

__É um hotel muito bonito – os olhinhos pequenos de Tia Rosi faiscaram.

Tentei imaginar como seria esse hotel.E o pior,que dizer,o melhor,estar hospedada nele com Fernando.Será que ele havia pedido quartos separados? Afinal,essa noite com certeza eu não iria durmir.O fuso-horário misturado á ansiedade fariam com que eu ficasse uma pilha por noites e noites.

Em pouco tempo,tínhamos nos despedido da tia de Fernando.Descemos de um táxi em frente ao Private.O hotel não era nada parecido com o que eu imaginei.Era melhor.Era surreal.