Da janela do escritório trabalhado em mogno da mansão, tudo o que se via era neve. O início do mês de dezembro com certeza era agitado; festas, bailes, reuniões... Todas quase que obrigatoriamente organizadas ( e pagas, obviamente) pelo queridíssimo Conde Phantomhive.

_''Interação social é importantíssima no mundo dos negócios''... Tch._ o conde repetia a frase dita por seu mordomo tediosamente.

Finnian, Mey-Rin e Bard estavam lá fora, apreciando uma das únicas datas do ano em que podiam realmente descansar. Logo no primeiro dia do mês de dezembro, eles eram liberados de todo e qualquer serviço, mas eles não aguentavam ser um peso morto. No fim, o ''cão de guarda da Rainha'' tinha alguma afeição por seus empregados.

_Sebastian! _gritou Ciel, de dentro do seu escritório, quando se lembrou de que não havia checado os preparativos para a festa de Natal.

_Sim, bocchan._Respondeu.

_Você já arrumou os cômodos?

_Sim.

_Já cuidou dos preparativos para a festa?

_Sim.

_Já arrumou o jardim?

_Deixei isso com Finnian.

_Francamente, você não sabe que a única coisa que eles fazem e não falham é respirar? Esperava mais de suas capacidades dedutivas, Sebastian.

_Perdoe-me.

_Tudo bem, depois de fazer isso, você está livre.

_Obrigado, Jovem Mestre. Irei me retirar agora para terminar as tar...

Nesse momento, Mey-Rin entra, suada, ofegante, vermelha e quase tropeçando no tapete.

_B-b-bocchan, acho que essa carta é para o s-senhor!_disse ela, estabanada, entregando a carta nas mãos de Ciel, e por pouco não deixando-a cair no chão. Ao perceber o olhar sombrio de Sebastian sobre ela, ajeitou a saia do uniforme e apertou os olhos, tentando parecer séria, mas falhando miseravelmente.

_De quem é, Mey-Rin?

_Pelas roupas do entregador, parecem ser da Rainha, Jovem Mestre._disse ela, ainda apertando os olhos.

_Obrigada, Mey-Rin._Disse Sebastian, dando um meio sorriso para a ruiva, fazendo-a arregalar os olhos novamente, de um jeito atrapalhado.

_N-não há de quê!_ saiu Mey-Rin, corada.

Ciel pegou os papéis e entregou para Sebastian, que os leu com cuidado.

_Hmmm... Interessante. Inúmeras casas e construções pegaram fogo sem uma razão aparente... Poderiam ser incêndios criminosos?

_Não. Pela descrição dos casos, não há um padrão nos incêndios. Pobres e ricos, poderosos ou não, todos tiveram seus bens destruídos.

_Entregue uma cópia desta carta para o príncipe Harris. Ele terá as informações completas deste caso, tenho certeza.

_Infelizmente não será possível. Já tentei contatá-lo antes, mas a Rainha disse que ele está em Westerchire, em uma viagem de férias, e que só voltará em abril.

_Seria interessante se este príncipe deixasse de ser irresponsável e permanecesse em um lugar só por mais de duas semanas._ o garoto suspirou, irritado._Espero que resolva logo este caso.

O mordomo ajoelhou-se numa rápida reverência, botando sua mão no peito.

_Yes, my lord._disse monótono.

...

Sebastian POV’s On

Eu estava indo cuidar do jardim, que naturalmente havia sido destruído por Finnian, quando ouvi um barulho estranho vindo da floresta que rodeava os arredores da mansão. Já eram quatro da tarde... De certo, me atrasaria para minhas tarefas se fosse checar de onde vinha.

Mas se fosse algo perigoso? Era melhor prevenir do que remediar, certo?

Segui os ruídos, até que encontrei uma jovem caída no chão, com um rastro de sangue preocupante por onde ela havia passado. Parecia que ela havia se arrastado pelo chão com os cotovelos até ali. Ela estava muito machucada.

_Você está bem, senhorita?

Ela não me respondeu, e eu também não conseguia escutar sua respiração. Comecei a ficar preocupado, porque não seria nada agradável para os convidados do baile que haveria na mansão daqui a alguns dias ver um cadáver como decoração do jardim.

Decidi mostrar seu estado ao Jovem Mestre. Talvez ela ainda tivesse chance.

Peguei-a no colo e a levei até a porta do escritório. Ela era mais pesada do que parecia...

Dei três batidas leves, e escutei um irritado ''entre''. Eu sabia o quanto Ciel adorava ser interrompido enquanto trabalhava.

Abri a porta, e ao ver a garota, ele levantou-se da cadeira.

_Quem é ela?_perguntou, um pouco surpreso.

_Eu não sei.

_O que aconteceu com ela?

_Se feriu gravemente...

_Como?

_Eu não sei.

_Volte aqui quando tiver informações mais concretas.

_Encontrei esta jovem desmaiada no jardim.

_E o que você acha que eu tenho a ver com isso?

_Eu acho que não seria uma boa ideia deixá-la lá fora.

_Você está pensando no que eu acho que está?...

_Sim.

_Claro que não! Ela é uma estranha!

_O Jovem Mestre deseja que eu a deixe lá fora, como decoração?

Ciel bufou, antes de revirar os olhos e dirigi-los para a jovem em meu colo. Tão teimoso e tão fácil de convencer.

_Faça o que achar melhor.

_Como quiser... Mestre.