Permaneci o tempo todo calada, tanto no barco, que nos levou até a cidade, quanto no táxi, que nos deixaria no aeroporto. Edward conversava com o taxista, enquanto eu apenas observava a paisagem.

Meu plano estava inteiro em minha mente, parte por parte. Eu já sabia como faria tudo, desde por onde e como escapar, até como não deixar rastros que o levasse diretamente para onde eu iria. Teria de ser cuidadosa, e forte, não é fácil deixá-lo assim, eu o amo muito, por mim ficaria para sempre com ele, mas ele não quer nosso filho, e nesse momento, meu bebê é mais importante do que qualquer outra coisa. Talvez, se eu sobreviver, eu consiga me encontrar novamente com os Cullen.

–Venha Bella.

“Vai ficar tudo bem.” Pensei para meu filho que se remexia. Levei minha mão para a barriga, esperando que ele se acalmasse.

–Ele está te machucando? – Edward perguntou com um pouco de raiva.

–Não. – respondi no mesmo tom. Meu pequeno não iria me machucar, ele estava inquieto porque meu humor o estava afetando.

“Ele não nos entende, não é pequeno?” perguntei, mentalmente, para meu cutucador, que se mexeu em resposta. Sorri, era um pouco desconfortável, mas era bom saber que ele me ouvia.

Meu sonho realmente nunca foi ser mãe, mas essa, agora, é minha realidade, e uma realidade que eu não tenho intenção de abandonar.

...

...

Eu corria como nunca corri em minha, torcendo para que Edward ficasse um bom tempo distraído com o envio da bagagem e não desse pela minha falta logo. As escadas pareciam não ter fim, e a porta de saída do aeroporto parecia não chegar nunca. Minhas pernas protestavam e eu agradecia aos céus por estar conseguindo manter uma coordenação razoável. Finalmente, a saída!

Táxi ou ônibus? Apesar do táxi ser mais confortável e convidativo, seria mais fácil ter meu cheiro camuflado em meio a várias pessoas, além do transporte público ser mais barato.

Paguei a passagem com um dinheiro que Edward havia me dado “para que eu fosse á livraria do aeroporto” e me sentei em um dos lugares vazios, olhando a paisagem pela janela.

Eu sabia que seria difícil daqui pra frente, eu sentiria falta do apoio de Edward mais do que nunca, eu queria ele aqui comigo e com nossa filha, me apoiando, dizendo que tudo iria ficar bem, mas ele não queria isso e eu não iria obriga-lo.

Já estava andando de ônibus ha algumas horas, quando decidi que já estava longe o suficiente e desci em frente a uma praça, me sentando em um dos bancos. Estava sol na cidade, o que impedia Edward de me procurar, pelo menos por enquanto.

Havia várias crianças correndo pelo parque, brincando umas com as outras, todas felizes, sorrindo. Comecei a imaginar como seria se meu pequeno já estivesse nascido, ele poderia estar brincando ali também, e sorrindo, claro. Eu queria meu filho estivesse sempre sorrindo.

Uma menininha de cabelos loiros e olhos azuis, veio correndo e sorrindo em minha direção e me entregou uma flor, falando algo que eu não consegui entender. Apenas sorri e ela me retribuiu antes de sair pulando de volta para uma mulher - deduzi ser sua mãe -, que a chamava

Me levantei, e comecei a vagar pelas ruas. Eu precisava de um lugar para ficar, logo já estaria escuro e eu não sabia se Edward estaria ou não me procurando.

Avistei um pequeno prédio velho vermelho, com três andares, indicado por uma placa de Hotel e entrei. Ele era bem simples, o que indicava que provavelmente também era barato. Perguntei quanto era o quarto, mas, como eu imaginava, a atendente não entendeu nada do que eu disse. Talvez se eu fosse direto ao ponto ela entendesse melhor. Peguei uma quantia de dinheiro que eu achava ser suficiente e coloquei em cima do balcão, ela olhou com os olhos um pouco surpresos e pegou um calendário, apontando para ele freneticamente. Demorei alguns segundos para entender que ela estava perguntando quantos dias eu ficaria, então eu fiz um dois com os dedos e esperei ela contar o dinheiro.

Depois de ter mais da metade do dinheiro devolvido, junto com uma chave, eu subi pelas escadas, procurando pelo quarto 25. Edward não tinha o mínimo de senso quando o assunto era dinheiro, tendo em vista que todo o dinheiro que eu tenho pedi “para comprar os livros que me interessassem” e com essa quantia eu poderia tranquilamente ficar hospedada uns 5 dias nesse hotel e ainda me alimentar!

Meu quarto ficava no segundo andar, era a ultima porta do corredor. Mal entrei e já fui direto me deitar. O bebê reclamou um pouco quando eu praticamente me joguei na cama, mas eu não me incomodei, a maior dor que eu sentia agora era a da saudade me invadindo.

Eu já sentia tanta falta de Edward, de seu abraço, seu perfume, seus olhos... Tudo! E como se não bastasse a saudade que eu sentia do meu Romeu, a dor de não ver o resto daquela família de vampiros também me invadiu, minha família de vampiros.

Eu queria ver Alice quicando e batendo palmas depois de me vencer em outra chantagem emocional, queria ouvir as piadas idiotas do Emmett, que me faziam ficar vermelha igual a um pimentão. Até mesmo as reclamações de Rosalie estavam me fazendo falta.

Meu cutucador reclamou, me chutando novamente quando eu derramava minhas lágrimas, e soluçava sem parar.

–Me desculpa, mas eu não posso evitar. – Falei para ele, entre meus soluços. Me encolhi em uma bola, abraçando meus joelhos. Foi assim que adormeci.

Eu estava novamente sem eles, mas dessa vez eu não tinha um amigo-lobo pra me ajudar. Eu teria que aguentar... sozinha.