–Não tenha medo. Vamos estar em casa em dezesseis horas. Você vai ficar bem. Carlisle estará preparado quando chegarmos lá. Vamos cuidar disso e você vai ficar bem.

–Cuidar disso? O que quer dizer?

Ele se afastou e me olhou nos olhos.

–Vamos tirar essa coisa antes que possa ferir você. Não tenha medo. Eu não vou deixar que ele a machuque.

–Essa coisa? – repeti, ofegante.

Edward desviou os olhos rapidamente, fitando a porta da frente.

–Que droga! Esqueci que Gustavo vinha aqui hoje. Vou me livrar dele e volto logo.

Ele saiu em disparada da cozinha.

Agarrei a bancada para me apoiar. Meus joelhos tremiam.

Edward tinha chamado meu pequeno cutucador de coisa. E disse que Carlisle iria se livrar dele.

–Não. – sussurrei.

Eu havia entendido tudo errado. Ele não se importava com o bebê. Queria feri-lo. A linda imagem em minha mente mudou de repente, transformada em algo sombrio. Meu bebê lindo chorando, meus braços sem força não bastavam para protegê-lo...

... ...

–Aonde você vai? – A voz dele era um sussurro de dor.

–Escovar os dentes de novo.

–Não se preocupe com o que ela disse. São apenas lendas, mentiras antigas que só servem para distrair.

–Eu não entendi nada. – disse a ele, embora não fosse inteiramente verdade. Como se eu pudesse desprezar qualquer coisa por ser só uma lenda. Minha vida estava cercada de lendas, e todas eram verdadeiras.

–Guardei sua escova de dentes. Vou pegar para você.

Ele foi na minha frente até o quarto.

–Vamos embora logo? – perguntei atrás dele.

–Assim que você terminar.

Ele esperou para guardar novamente minha escova, andando em silêncio pelo quarto. Entreguei-a a ele quando terminei.

–Vou levar as malas para o barco.

–Edward...

Ele se virou.

–Sim?

Hesitei, tentando pensar numa maneira de ficar alguns segundos sozinha.

–Poderia... levar alguma comida? Sabe como é, para o caso de eu sentir fome novamente.

–Claro. – disse ele, os olhos suavizando-se de repente. – Não se preocupe com nada. Vamos encontrar Carlisle daqui a algumas horas. Isso tudo vai acabar logo.

Sem confiar em minha voz, apenas acenei com a cabeça.*

Ele se virou e saiu do quarto.

Eles querem tirar meu filho de mim, querem matá-lo! Eu nunca conseguiria argumentar contra eles sozinha e eu sei que nenhum deles me apoiaria, talvez Rosalie, talvez. Mas ir para Forks contando somente com uma pequena possibilidade era algo fora de cogitação, eu precisava ter certeza que salvaria meu bebê, que ele continuaria bem e vivo!

Me sentei na cama, escondendo o rosto nas mãos, e coloquei meu cérebro para trabalhar.

Eu já estava ali há três minutos e nesse tempo tive apenas uma ideia que poderia ser considerada plausível, era essa ou essa, ou ela dava certo ou meu filho morria. Então eu a faria dar certo!

Suspirei, indo até a janela, eu estava decidida, salvaria a vida de meu pequeno cutucador. Edward pode repetir quantas vezes quiser que essa coisa – como ele chama – vai me machucar ou me matar, eu não ligo, se meu bebê estiver vivo, eu estarei bem.

–Bella, vamos. – Ouvi Edward me chamando, e o olhei – Está tudo bem?

–Sim. – dei o melhor sorriso que pude, e pareceu convencer. – Vamos.