Não consiguia dormir, porque não estava com sono e também fiquei meio que com medo sobre o que Walker havia falado. E por mais estranho que seja, eu sentia que ele nos observava ali em sua loja enquanto dormiamos, quero dizer, enquanto os outros dormiam, eu não.

Lá para as 3:00 da manhã me levantei do meu saco de dormir e me sentei no balcão da loja. Dessa vez fiquei pensando nos meus pais e na minha tia. Mal sabia o que tinha acontecido com eles, e pensar nisso me dava vontade de chorar, mas eu não poderia chorar porque tinha que ser a mais forte deles... ou quase isso.

Mas você quer saber da verdade? Eu era a que mais sentia medo dali. Tinha medo de não conseguir salvar que amo, tinha medo de decepcionar todos que contavam comigo, de ser fraca, de... sei lá, tinha medo de tudo e de todos. Eu não era forte, eu não era uma pessoa que não tinha medo de nada. Naquele momento lagrimas escorriam pelo o meu rosto, quando alguém, se sentando junto comigo no balcão disse:

- Por que uma moça tão bela chora? - perguntou Edu, com um sorriso.

- A moça tá com muito medo! - confessei.

- Medo do que, ou de quem?

- De tudo! - respondi. - É muita responsabilidade e eu tenho medo de não dar conta. Ok, eu tenho você, Vitor, Lara, Pablo meus pais e etc, porém eu me sinto sozinha as vezes. - olhei para ele. - Você me entende?

- Na verdade não - ele riu, e isso fez com que sorrisse também. - Mas quando eu não entendo uma pessoa e ela está triste, eu tento arrancar um sorriso dela, e escuta-lá. E você mais do que ninguém sabe que se precisar é só gritar que eu chego em estilo ninja!

Sorri.

- Sei, claro sei. Como você está Edu? O que está sentindo?

Ele suspirou.

- Acho que o mesmo que você. Tá uma confusão do caramba aqui dentro, porém eu to de pé, ajudando minha linda melhor amiga!

- Não me chame de linda ok?

- Por que? Você é! - ele riu. - Por favor, não conte a Vitor que eu te chamei de linda, do jeito que o cara é ciumento...

- Para com isso Edu - pedi. - Ficar falando que Vitor gosta de mim, eu sei que ele gosta, porém como amigo.

- Você está completamente enganada! - falou Edu. - Sofia, posso te falar uma verdade?

Assenti.

- Eu já gostei de você! - confessou Edu. Nós dois caimos na risada, sorte que não acordamos ninguém.

- Quando? - perguntei.

- Quando tinhamos 11 anos. De verdade, eu gostava de você, acho que você foi até "meu primeiro amor" mas depois passou, e agora eu sou isso que você chama de amigo!

- Meu deus, só você mesmo Edu pra me fazer  sorrir nesse momento dramatico da minha vida!

- Amigos! Por isso to aqui, perdendo uma noite de sono pra te fazer companhia! - Do nada nossos olhos se encontraram e um ficou olhando pro outro. Edu tinha olhos azuis, praticamente iguais ao de Lara. Não sei o que estava se passando naquele momento, porque meu coração disparou e nós começamos a nos aproximar, cada vez mais perto...

- Acho melhor você... ir deitar - Edu virou o rosto, e eu estava mais vermelha que o meu cabelo. - Vá descansar porque amanhã teremos um dia longo.

- C-c-claro - gaguejei. - Você...você também... err... tchau!

- Tchau!

Me deitei no meu saco de dormir, e fiquei pensando se Edu já gostou de mim algum dia ou...ainda gostava.

Acordei na manhã seguinte com Lara me chamando.

- Arrume suas coisas Sofia!  Walker já está na porta da loja dizendo para irmos embora antes que Sue veja.

- Que horas são? - perguntei.

- 10:00 da manhã! - respondeu Vitor, oferecendo a mão para eu me levantar. Quando olhei para Vitor, pensei que estava olhando para Edu, já que os dois eram gemeos. E Edu estava sentado novamente em cima do balcão, não me olhou, mas estava com cara de que estava pensando e sério.

Arrumei minhas coisas o mais rapido possivel e ao sair disse um obrigado a Walker, mas ele fechou a porta com tudo na minha cara.

- Educação mandou lembranças! - murmurou Pablo.

- Para onde vamos agora? - perguntei.

- Seguir em frente até achar e estatua! - disse Lara. - E no caminho paramos para comer algo. Alguém tem uma ideia melhor? - como ninguém respondeu fizemos o que Lara havia sugerido.

No caminho ninguém se falou. Todos estavam com ar de pessoas realmente sérias, nem Edu o palhaço do "grupo" falou nada. As vezes trocavamos olhares, mas logo desviavamos. Aquele clima não estava legal e... ouvimos um rugido beeem alto.

- O que foi isso? - perguntou Vitor.

- Algo grande! - falou Pablo. - Corram, e se escondam!

Foi o que fizemos, mas quando iamos correr, uma pata de lagarto - vale lembrar que essa pata era gigantesca - apareceu na nossa frente quase nos esmagando. Aquilo era um lagarto gigante. Pablo começou a voar e eu o acompanhei, já Edu, Vitor e Lara ficaram lá em baixo preparados para qualquer ataque. O lagarto tentou morder Pablo mas ele desviou.

Quando Edu que estava na mão com uma bola de fogo ia lançar ao animal escutamos outro rugido, e esse vinha do nosso lado direito, me virei e vi que havia outro lagarto.

- Maravilha! - murmurei. - Como se não bastasse um, que tinha que ter dois.