Eu não deveria estar te contando isso. E não me leve a mal, por favor, mas é verdade. Lara e Pablo não podem nem desconfiar que eu to aqui, te contando isso. Mesmo assim, Vitor e Edu pediram muito para eu falar, eles acham que eu devo contar isso a alguém, e se isso chegou a suas mãos... bom, acho que você é a pessoa certa.

Eu me chamo Sofia. Tenho 14 anos. Eu era uma garota normal. Ia a escola, tinha minhas amigas e amigos, e tudo que uma garota poderia ter, eu tinha. Mas quando descobri sobre o passado da minha familia, muita coisa mudou.

Sei que você não está entendendo nada, então vamos lá:

Era um domingo, mais ou menos as 15:00 horas. Estava em casa com meu pai, mãe e minha cachorrinha, Fifi. Minha mãe se chama Lidia, ela tinha uma floricultura, que trabalhava de segunda a sabado. Naquele dia ela estava na mesa, fazendo os calculos, dos gastos e lucros da floricultura. Meu pai se chama Mauro, ele tinha uma farmacia mas só ia lá as terças e quinta. Ficava em casa ou ajudando a minha mãe com as flores, ou escrevendo seu livro. No dia ele apenas assistia TV.

Eu estava no meu quarto, ouvindo música e lendo revistas. Meus amigos naquele fim de semana não poderiam sair, alguns haviam ficado de castigo e outros com seus planos em familia. Minha única companhia era Fifi, uma vira-lata pequena que me observava lendo. Já estava enjoada daquilo, pois não é do meu ser natural ficar parada. Me levantei e fui até a cozinha onde minha mãe fazia as contas.

- Mãe, posso ir pra casa da tia Amanda? - eu amava minha tia. Ela sempre foi legal comigo, já que não poderia ter filhos ela cuidou de mim sempre, e também não era casada. Ela trabalhava em um salão de beleza bastante conhecido na cidade. Então eu só tinha os finais de semana para ficar com ela, mas sempre estava com os meus amigos...

- Eu não sei Sofia, mas vou ligar pra ela ta bom?

- É, melhor que nada.

Fui para a sala, onde meu pai estava. Tive que assistir futebol com ele, até que minha mãe me disse:

- Pode ir para a casa da sua tia. A noite passo lá para te pegar.

Arrumei minha bolsa, apenas com meu celular, maquiagem, e outras coisas. Minha mãe me levou até a casa dela. Assim que minha tia me viu ela abriu um enorme sorriso.

- Sofia minha princesa, quanto tempo! - minha tia, tinha cabelos castanhos e olhos verdes.

- Verdade tia. Mas, vamos recuperar o tempo perdido.

Enfim, naquela tarde, nós fizemos brigadeiro, assistimos filmes, conversamos e etc. Quando minha mãe ligou dizendo que estava saindo de casa pra ir me buscar, minha tia foi limpar e bagunça e eu fui ajuda-lá.

Estavamos na cozinha, quando lembrei uma das coisas que eu amava na minha tia. Ela sempre me contou historias.

- Tia, sabe outra coisa que eu estou com saudades? Das suas histórias. Pode me contar uma?

Ela suspirou.

- Há um tempo atrás, existia um casal. Um era completamente apaixonado pelo outro. Mas eles eram diferente dos outros casais, porque, como posso dizer? Eles tinham poderes. A mulher conseguia ficar invisivel, e o homem era muito forte. Mas enfim, os anos se passaram até que eles tiveram uma filha. A menina era linda, tinha os cabelos da mãe e os olhos do pai. Quando a menina tinha sete anos, os pais dela ficaram meio que malucos, falavam que queriam destruir o mundo e serem donos dele. E a pobre garotinha, não teve outra escolha ha não ser sair de casa.

- Só isso? - perguntei.

- Só. - minha tinha assentiu.

- Nossa tia... que historia legal. Só pensei que tivesse mais ação e...

- Sofia, eu tenho certeza, que mais pra frente, você vai entender muito bem essa historia e também o final dela. - minha tia me olhou de um jeito que eu fiquei com medo.

- E porque você não pode simplesmente me explicar? Ou contar o final?

- Porque certas coisas nós temos que aprender e entender sozinhos. - ela me olhou séria, mas acho que percebeu meu medo/desconforto então sorriu.

Nisso uma chuva forte começou lá fora. E quando eu digo forte, é forte de verdade. Fiquei preocupada com a minha mãe que não chegava. Quando deu um trovão bem forte que fez tremer a casa, alguém bateu na porta. Minha tia agarrou a minha mão sem dar nenhuma explicação e me levou para o seu quarto.

- Você vai ficar aqui dentro. Não vai sair enquanto eu não mandar, tá me ouvindo?

- Tia, o que ta acontecendo? - não paravam de bater na porta. - Tia, você não vai abrir né? Tia por favor...

- Sofia, eu estou mandando você ficar aqui em cima. - e nisso ela saiu do quarto, mas antes que eu pudesse ir atrás dela, ela fechou a porta com tudo e trancou.

Mas colei na porta pra escutar tudo. Ouvi ela abrindo a porta, e algo com uma voz rouca dizendo:

- Onde ela está?