Be Mine escrita por Tuany Nascimento, Aline Bomfim


Capítulo 22
Capítulo XXI - Madness


Notas iniciais do capítulo

Muse - Madness

Olá galera, tudo bem? Aqui quem fala é a Tuany e venho primeiramente com um ENORME pedido de desculpas para vocês.
Tá fácil essa vida de universitária não. Tá complicado, difícil e bem puxado e olha que estou no segundo semestre só!
Mas, entre um tempinho e outro eu vou escrevendo um pouquinho e finalmente consegui concluir esse capítulo! Me desculpem mesmo, mas não tá fácil conciliar faculdade com BM.
Nossa beta, a Aline Diva Bomfim, quem vive no meu pé me lembrando de BM e me dando AS dicas para que essa estória não se perca como algumas andam se perdendo aí no mundo do glamour/poder/riqueza.

Esse é o maior capítulo até agora da fanfic e foi inspirada por Muse com Madness e um pouquinho de Resistance também. Se nunca ouviram, procurem no Youtube porque a música é diva demais! E eles serão a atração principal do Rock In Rio dia 14 de setembro. Não percam o show porque eu não irei perder! Estarei no meu sofázinho tietando meus lindos.

Obrigada por todos os comentários e recomendações (NOVE! VALEU MENINAS!). Me sinto muito lisonjeada por perceber que vocês curtem minha escrita e meu enredo. Valeu gente. Obrigada mesmo pelo apoio. Só vocês mesmo para me animarem a continuar escrevendo.

Enjoy it!



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BE MINE – CAPÍTULO VINTE E UM

(Madness)

I tried so hard to let you go, but some kind of madness is swallowing me whole.

(Eu tentei tanto deixar você ir, mas algum tipo de loucura está me envolvendo por completo.)

(EPOV)

Quarta-feira, 12h25min

- Edward, você acha que o atentado é uma retaliação ao seu relacionamento com a herdeira Swan?

- Edward, o que sentiu durante o tiroteio? Você temeu por sua vida? Pela vida de seus irmãos?

- Edward, o que Isabella tem a ver com o atentado?

Edward, Edward, Edward, Edward... Nunca o meu nome havia sido usado tanto em um só minuto.

Devido à falta de informações da mídia quanto ao atentado, todos os repórteres e paparazzi do mundo decidiram que me atacar durante minha ida à mansão Cullen ou à Cullen Enterprise era a melhor alternativa para arrancarem algo sobre o que aconteceu há quase uma semana. Isso ia durar até que uma celebridade fosse para a reabilitação ou que anunciasse mais uma ida à mesa de um cirurgião plástico. Eu estava farto de todas as câmeras, microfones e gritos em minha direção.

Isabella estava fora da cidade, já que havia ido ao Texas para vistoriar uma de suas fábricas localizada em Houston. Ela estava há um dia e meio na capital texana junto com Jasper, que ainda estava sofrendo com o tratamento de gelo que Alice estava dando nele. Rosalie estava chateada com a atitude de Allie por causa do abatimento evidentemente estampado na face do irmão gêmeo. Isabella preferiu não interferir em nada, mantendo-se neutra. Emmett e eu seguimos o exemplo de minha namorada.

Consegui passar pela horda nojenta parada em frente à mansão de meus pais e entrei em casa, sentindo o cheiro gostoso de alguma comida preparada por Ruth. Encontrei minha mãe sentada na sala de estar, conversando ao telefone com uma amiga, enquanto meu pai estava ao seu lado, lendo um livro.

- Cheguei, família. – anunciei.

- Lembrou que possui uma casa, meu filho? – Carlisle brincou comigo, direcionando a mim o sorriso torto que herdei dele.

- Muito engraçado, pai. – revirei os olhos – Meu irmão já chegou? Alice?

- Seu irmão está na sala de jogos com Rosalie, enquanto Alice está no ateliê dela, revisando alguns desenhos.

- Vou lavar as mãos para almoçarmos.

Eu pensei que meu almoço com meus pais e meus irmãos seria tranquilo e aconchegante, porém, o clima tenso de Rosalie com Alice estragou tudo. Esme já havia se acertado com Renée, que pediu desculpas durante um brunch na segunda e as duas voltaram a serem as melhores amigas de sempre.

- Hoje fui surpreendido por mais repórteres na frente de casa. – falei, tentando quebrar a atenção de todos em cima dos olhares mortais de Rosalie para Allie. – Perguntaram-me várias merdas sobre o atentado.

- Devemos fazer algo sobre isso. Ontem, quando eu fui para uma reunião com os acionistas da Masen Architecture, eles me cercaram também. – minha mãe comentou, limpando os lábios com o guardanapo de linho. – Nós devemos lançar alguma nota à imprensa.

- Renée também concorda com isso, porém Bella é um pouco relutante. Ela não quer atrair a atenção de James. E muito menos que a mídia faça a conexão entre nós e o Hathaway. – minha cunhada expos.

- Eu acho que devemos fazer o que mamãe e Renée acham. Talvez, com todos os holofotes sobre nós, James fique receoso em nos atacar. – Alice comentou. – O que você acha, Edward?

- Prefiro conversar com Bella antes.

- Ela não manda em você. – Alice resmungou.

- E em algum momento eu disse que ela manda em mim? Porque eu tenho certeza que eu não disse. Porém, ela é minha namorada e o problema de James é com ela. Eu conversarei com ela até chegarmos a um ponto em comum. É atrás dela que James está. É a vida dela que está em perigo. – respondi.

- Eu não quis dizer isso. Só acho que nós, Cullen, podemos ter uma ideia formada quanto a essa situação sem precisarmos consultar os Swan, já que aparentemente essa é a regra que eles seguem. – minha irmã alfinetou.

- Alice... – meu pai a repreendeu.

- Deixe-a a falar, Carlisle. – Rosalie pediu – Deixe-a pensar que a vida é algo colorido, cheio de nuvens cor-de-rosa que são transpassadas por lindos unicórnios com cores de My Little Pony. Deixe-a pensar que por ser uma Cullen tudo será mais fácil. Deixe-a quebrar a cara ao ver que a redoma de cristal em que vive é frágil e suscetível a tiros. – a loura falou, com um tom de voz irônico. – Um dia, seus irmãos, seus pais e Jazz não estarão ao seu lado para te protegerem de uma bala que voará em sua direção em uma velocidade impiedosa. Jasper estava tentando te proteger, te mimar, te cuidar e você, agindo como uma cadela, simplesmente virou as costas para ele achando que ele estava ferindo seus direitos. Diga-me, Alice, você saberia agir caso algo acontecesse? Não! Não saberia! Jasper e eu perdemos nossa mãe quando tínhamos um ano de idade! Você acha que ele aguentaria perder você também? Pense mais nisso antes de falar merda.

Rosalie empurrou sua cadeira para trás e saiu correndo da sala de jantar, deixando uma Alice lacrimosa para trás e quatro Cullen estupefatos pelo seu discurso. Emmett fez que ia levantar, mas nossa irmã o parou, indo ela mesma atrás da loura.

(Rosalie POV)

Eu estava fodidamente irritada. Ver meu irmão sofrer tirava a merda para fora de mim, ainda mais quando o motivo de sua dor era uma de minhas melhores amigas. Alice era um amor. Doce, sensível, meiga, inteligente, companheira, mas também sabia ser mimada, fútil e egoísta. Tipicamente a princesinha da família rica.

Jasper era meu irmão gêmeo. O que ele sentia sempre refletia em mim. Vê-lo cabisbaixo a cada tentativa fracassada de Alice o perdoar estava me deixando mal. Eu era protetora. Todos os Swan eram protetores, mas com Jasper... Eu era dois minutos mais velha do que ele, e talvez, por isso, eu abraçava com unhas e dentes essa premissa de ser a irmã coruja.

- Rosalie? – levantei minha cabeça ao ouvir minha cunhada me chamando atrás de mim. - Podemos conversar?

- O que foi, Alice? – questionei, deixando a raiva escorrer por minha voz.

- Desculpe-me, eu não...

- Não é a mim que deve pedir desculpas. – a interrompi, erguendo meu corpo e andando até ela, parando à sua frente e percebendo o quão menor do que eu ela era. – Deve pedir a meu irmão, que nesse momento, está no Texas, lhe dando espaço para pensar sobre o relacionamento de vocês, mesmo temendo que você acabe com tudo.

Saí de perto dela, indo embora da mansão Cullen, acelerando com meu M3 pelas ruas movimentadas de Upper East Side.

(BPOV)

Sexta-feira, 15h20min

Eu estava ansiosa.

Após muitas conversas e discussões, todos nós resolvemos que lançar uma simples nota à mídia por meio de nossos assessores de imprensa não seria suficiente. Foi quando Carlisle – brincando – nos deu a ideia de darmos uma entrevista com as duas famílias reunidas, deixando claro ao mundo – leia-se James – que nossas vidas ainda eram o paraíso que todos imaginavam.

Esme e Renée escolheram a People Magazine. Para tudo ser ainda mais íntimo, o photoshoot e entrevista seriam feitos na mansão Swan. Edward e eu estávamos fazendo isso meio contrariados, mas resolvemos seguir a lógica dos outros membros da família: com a mídia em cima de nós, James ficaria temeroso em agir, nos possibilitando trabalhar para nos defendermos do melhor jeito possível de algum ataque promovido por ele.

Além da entrevista, Emmett achou que seria bom mantermos contas em mídias sociais. Eu agora era portadora de uma página oficial no Facebook, uma conta no Twitter e outra no Instagram. Todos nós tínhamos e já éramos seguidos por milhões de pessoas ao redor do mundo. A primeira foto que eu postei foi minha com Edward, ele me dando um beijo na bochecha enquanto eu sorria para a câmera. Foi surpreendente a quantidade de likes que recebi e comentários – alguns até mesmo maldosos. Foi a única foto que eu postei mostrando minha intimidade, as outras eram de paisagens, de comida e até mesmo de algo engraçado ou curioso que eu via na faculdade. Já Edward, havia gostado do Instagram e postava várias fotos nossas.

Aliás, minha vida na New York University estava um pouco tumultuada. Alguns colegas de classe estavam muito agitados ao meu redor, principalmente depois da notícia do atentado, sendo que eles passaram a me tratar com piedade, algo que eu não suportava. Eu me mantinha o mais longe possível dos olhares de curiosidade e pena, ficando o tempo todo ao lado de Alice – que ainda tinha marcas em seu rosto devido aos estilhaços que atingiram sua bela face de fada – e de Claire e Quil.

- Srta. Swan, por favor, dirija-se ao jardim. – um dos assistentes do fotógrafo me pediu.

Eu estava usando um vestido Chanel azul esvoaçante de crepe de seda, um Manolo nude altíssimo e algumas jóias da Cartier. Meu cabelo estava preso em uma trança complicada lateral e minha maquiagem era leve e clara. Fui até o jardim e a primeira pessoa que vi foi Edward, em toda a sua gloriosa beleza dentro de um terno Dior caro e sob medida. Rosalie estava conversando com ele, usando um vestido vermelho provocante e curto e saltos altos pretos. Alice estava rodopiando ao redor de Charlie, usando um vestido de sua coleção, que era curto, rosa e lhe dava uma aparência ainda maior de fada. Esme e Renée usavam vestidos longos, negro e branco respectivamente. Os demais homens de nossa família usavam ternos também.

Era mais do que óbvio que as atenções estariam em cima, principalmente, de Edward e de mim. Por isso, nós dois fomos posicionados centralizados na foto, sentados em um sofá vintage francês do século XVII, com Emm e Rose ao lado esquerdo, Allie e Jazz ao lado direito e nossos pais atrás.

A sessão de fotos durou três horas, com inúmeras trocas de roupas e muitas poses em diferentes lugares da mansão. Depois do photoshoot, Edward e eu nos sentamos na sala de estar para darmos uma entrevista. Nós respondemos perguntas interessantes e descontraídas por uma hora, fazendo uma gostosa competição sobre quem sabe mais sobre o outro. Nós empatamos e tivemos uma confirmação ainda maior de nossa dinâmica e harmonia perfeitas.

Jasper e Alice terminaram a parte deles antes de todos nós, já que iam embarcar para Milão para a Fashion Week onde a Alice Cullen Couture ia desfilar. Os dois haviam colocados os pingos nos is e estavam em sincronia de novo. Meu irmão agora sorria e tinha aquela áurea de calma e alegria ao seu redor novamente. E eu sabia que Rosalie havia dado uma de irmã urso e dado uma sacudida em Allie. A baixinha ficava insuportável sem meu irmão, apesar de tentar se mostrar forte e soberana da situação.

Depois de tudo, nós todos jantamos juntos e então, Edward e eu fomos em direção à cobertura, prontos para um final de semana apenas nosso, presos em nossa bolha.

Um mês depois...

(JAMES POV)

Quarta-feira, 09h30min.

Os raios de sol ondulavam sobre meu rosto conforme as persianas se debatiam na janela devido à tremulação provocada pelo metrô que passava em uma ponte paralela ao prédio onde eu estava. Eu senti minha boca seca e não conseguia abrir meus olhos. Maldita ressaca, pensei, enquanto me mexia nos lençóis que não eram macios.

Meu corpo bateu contra algo quente e pequeno e gemi, me lembrando que havia alguma puta deitada junto comigo. Eu odiava dormir com alguém. A única pessoa com quem me permiti dividir a minha cama está nesse momento em Londres, regojizando do dinheiro que deveria ser meu por ter sido casado tanto tempo com ela.

Levantei-me da cama imunda e minúscula e fui até o lavabo do corredor – o único do apartamento de um quarto no meio do Harlem – e joguei água fria em meu rosto. Fui em direção à sala e catei minhas roupas que estavam jogadas displicentemente no chão e as vesti com pressa, torcendo para que a vadia não acordasse e fizesse manha para que eu ficasse, achando que poderíamos construir um relacionamento depois da deliciosa foda da noite passada. Apesar de que, ao mesmo tempo, eu torcia para ela acordar para quem sabe, dar uma rapidinha de bom dia.

Eu saí do apartamento, não me importando em bater a porta com delicadeza e rumei para a rua fria e movimentada do bairro mais baixo que eu já havia pisado em toda a minha vida. Eu, James Collins Hathaway, nunca me imaginei nessa situação, tendo que recorrer a vagabundas de quinta categoria para foder. Eu que sempre tive todas as mulheres em minha confortável cama em Upper East Side, assim como uma deliciosa esposa que sempre estava com os braços – e as pernas – abertos para me receber quando eu quisesse.

Passei a mão em meus cabelos quase os arrancando quando senti o peso de minhas ações em meus ombros. Eu havia perdido a empresa de minha família, perdido praticamente todo o meu dinheiro, perdido meu patrimônio bilionário para os bancos, perdido minha esposa troféu, perdido meus carros de luxo, minhas amantes e até mesmo alguns amigos.

E tudo por culpa de uma só pessoa.

Isabella – perfeita – Swan.

A fodida não caiu em meu golpe e destruiu todas as minhas chances de recuperação. Além disso, me humilhou da pior maneira possível.

Ela pensava que eu não sabia que uma das empresas subordinadas à Swan Company havia comprado a Hathaway Corporation. A filhinha de papai realmente me creditava como dono de uma grande estupidez. Enorme o engano dela. Eu sabia que uma das empresas dela havia dado um lance maior do que o pedido pelo Bank Of America pela corporação há tantas décadas em minha família. Eu sabia que ela havia comprado apenas para desmantelar tantos anos de trabalho árduo de meus antepassados e repassar as ações por um preço baixo para companhias chinesas que queriam atuar nos Estados Unidos.

Isabella – vadia – Swan se tornou o principal alvo de minha ira e eu sentia cada dia mais o veneno da vingança em minha boca. Eu a faria sofrer por cada segundo em miséria que eu vivia. Eu não havia nascido para a pobreza. Eu não havia nascido para ficar mendigando por um trabalho qualquer. Mas, ela... Ela havia tirado tudo de mim. E eu faria o mesmo.

O ataque à Swan Company havia sido só o início de vários ataques planejados meticulosamente. Eu ainda dispunha de alguns pouquíssimos milhões em uma conta ilícita em Zurique e não estava dando a mínima merda em gastá-los com minha ideia de acabar com a caçula dos Swan. Eu não me importaria em ficar completamente pobre sabendo que eu havia dando um fim no sorriso prepotente e idiota dela.

O ar ao meu redor ficou pesado e respirei fundo, sentindo em meus pulmões o cheiro de maconha que um grupo de jovens fumava na esquina. Estremeci e olhei com nojo a rua a qual estava, com pessoas de baixa classe ao meu redor e com suas atitudes rudes e grosseiras. Por Deus, eu havia sido educado na França e na Inglaterra! Havia jantado com o Príncipe William e saído para uma balada com o príncipe Harry. Eu era soberano sobre cada um dos perdedores que riam naquela esquina imunda, mas agora... Agora eu era tão perdedor quanto eles.
 

Eu senti as lágrimas do fracasso pinicando meus olhos e corri pela rua, gritando pelo táxi que passava por ali e pulando para dentro dele assim que ele parou.

- Upper East Side, Park Avenue. – eu o direcionei.

- O senhor tem certeza? – ele me olhou receoso, encarando o estado em que me encontrava.

- Limite-se a dirigir. – eu ordenei entredentes.

O motorista fez uma careta, mas fez o que mandei, ficando quieto o caminho todo. Eu puxei meu Blackberry de meu bolso apenas para encontrar uma mensagem.

“Alice Cullen e Isabella Swan estão na NYU. Jasper Hale está em uma reunião com Rosalie Hale na HS Industry. Emmett Cullen e Edward Cullen estão na sede da Cullen Enterprise.”

Digitei rapidamente uma resposta e encarei friamente as paisagens cinzentas de Nova Iorque que passavam por mim.

“Mantenha-os em observação. Agiremos em poucos dias. Alvo principal: Isabella Swan.”

Joguei as notas no banco da frente e desci do carro, passando os portões não vigiados de minha mansão. Nem para seguranças eu tinha dinheiro. Só conseguia pagar duas empregadas para darem um jeito no meu decadente casarão. Já não havia mais obras de arte, nem esculturas e nem mesmo as estúpidas porcelanas chinesas raras de Victoria. Tudo de valioso que tinha em minha casa, eu tive que vender para conseguir me manter por algumas semanas.
 

Encontrei a mesa da sala de jantar posta para o café da manhã e me senti bem ao saborear o café forte descendo por minha garganta. Peguei o jornal e o folheei, não prestando muito atenção nas manchetes sangrentas, me focando apenas na parte de Economia e percebi que os valores da Swan Company e da HS Industry tiveram uma alta na bolsa de valores de São Paulo. Amassei a porcaria do jornal e reparei na revista que estava em baixo dele.
 

Era a nova edição da People Magazine. Na capa, com sorrisos nos rostos, poses elegantes, roupas caras, jóias valiosas e com uma áurea de poder e influência, os cincos Cullen estavam com os cinco Swan.

A realeza americana.

Um riso seco saiu de mim conforme li o título prepotente e abri a revista, encontrando a matéria principal que ocupava seis páginas, que falavam basicamente do relacionamento extraordinário e curioso dos herdeiros Swan com os herdeiros Cullen, a história de cada família, o impacto que futuros casamentos podem ter na economia e na história americana e mundial e uma entrevista com cada casal. Eu pulei a baboseira de conto de fadas da mente infantil de Alice Cullen, assim como a baboseira imbecil e energúmena de Emmett Cullen e foquei no casal principal. No rei e na rainha.

“Isabella: Estamos acostumados a conviver com grandes e pequenas adversidades tanto em nossas vidas pessoais quanto em nossa vida conjugal. Edward sofreu um atentado há pouco tempo, minha empresa sofreu com um incêndio acidental e nós dois sofremos ataques diários da imprensa que julga-nos gananciosos o suficiente para namorarmos apenas para unir nossas contas bancárias. Eu não preciso disso. Eu sei o meu lugar no mundo, assim como Edward. Nossos pais nos passaram valores morais, éticos e cristãos apesar de vivermos em uma sociedade superficial e supérflua. E sinceramente? Não há nada que nos atinja. Isso pode ser rude, mas é a verdade. Nós sabemos lidar com os problemas apenas mantendo nossos pés no chão. Edward é meu alicerce e me apóia em tudo, assim como eu faço com ele. Um é a fortaleza do outro.”

Um riso de escárnio saiu de mim e balancei a cabeça. Meus dedos acariciaram a face sorridente de Isabella e me aproximei da foto, encarando os olhos castanhos de um tom profundo de chocolate.

- Aproveite enquanto há vida em seu corpo, pequena Swan.

(BPOV)

Quarta-feira, 15h45min

- Quero que você faça três cópias desse contrato e os coloque no Arquivo 2, juntamente com esse balancete do trimestre. Quero que ligue para a nossa sede no Japão e marque com eles uma videoconferência. Por último, quero que peça para alguém buscar as caixas com os arquivos da HS Industry que Rosalie quer mandar para cá. Isso é tudo, Emily, pode se retirar.

- A senhorita gostaria de comer algo? Quer que eu peça o sanduíche de frango com suco de laranja de sempre? – minha secretária perguntou solícita, com um sorriso leve no rosto.

- Por favor, Emily. Estou faminta.

- Tudo bem, Srta. Swan. – ela respondeu, levantando-se.

Quando Emily abriu a porta, Angela passou pela mesma segurando uma caixa retangular da Levi’s e a depositou na minha mesa.

- O que é isso, Angela? – questionei, erguendo-me e pegando o cartão que repousava sobre a caixa de papelão azul, com um grande logo vermelho no centro. – Eu não encomendei nada dessa loja.

- Um mensageiro da Cullen Enterprise acabou de entregar.

As duas se retiraram e abri a caixa, encontrando uma calça jeans simples e uma camiseta preta básica, que tinha como detalhe as mangas em uma renda não muito complexa. Peguei o cartão novamente e encontrei a caligrafia rebuscada de Edward no papel grosso e caro.

“Troque-se, desça e me espere na frente da Swan Company. Sim, eu estou te sequestrando.  Beijos. Seu Edward.”

Um sorriso surgiu em meu rosto, mas balancei a cabeça em um não. Fechei a caixa e peguei meu iPhone, ligando para meu namorado e ganhando uma grande “esse telefone está desligado ou fora da área de cobertura”. Quando fui discar novamente seu número, uma mensagem apareceu na minha tela.

“Não adianta me ligar. Troque logo de roupa. Isso é uma ordem, Swan.”

Bufei irritada pela teimosia e insanidade de Edward em querer largar tudo para fugir, mas acabei acatando suas ordens. Pedi para Emily cancelar meu lanche e fui trocar-me em meu banheiro, tirando a minha saia social e minha blusa de seda e colocando as roupas simples e confortáveis que ele havia me mandando. Permaneci apenas com meus Jimmy Choo e voltei para a minha sala, pegando minha bolsa e minhas coisas, saindo do escritório e encontrando duas secretárias pasmas com minha mudança.

- Por favor, cancelem meus compromissos do dia. Se algo acontecer, estarei com o celular provavelmente desligado, então recorram à Jasper. Se for algo imprescindível, liguem para Edward. Boa tarde.

Eu nunca havia cancelado um só dia de trabalho. Mesmo quando estava doente, eu dava um jeito de escapar das mãos cuidadosas de Renée e escapulia para a Swan Company para me inteirar de tudo o que estava acontecendo. Mas, não havia maneira de eu dizer não a Edward. Não quando eu sabia que ele estava fazendo isso para meu bel-prazer.

Passei pelo lobby e meus seguranças passaram a me seguir conforme acenei para eles. Fiquei pelo menos dois minutos parada na calçada, observando a rua sob meus óculos escuros e me perguntando onde diabos estava o Cullen que não aparecia. Seu Volvo estacionou quando eu já estava quase pronta para mandar um SMS para ele. Entrei no carro e lhe dei um selinho de leve, observando que ele estava usando roupas parecidas com a minha.

- Vamos, me diga que surto de meio da tarde é esse, sweetie.

- Eu estava estafado com tudo que estava ao meu redor e resolvi cancelar todos os meus compromissos para descansar e aproveitar um pouco a vida. Já percebeu que passamos tempo demais em nossos escritórios, Bella? Estamos sempre ocupados, sempre correndo de uma reunião para a outra, sempre sufocados por contratos, relatórios, balancetes e isso e aquilo... – ele gesticulava com uma mão, enquanto apertava o volante com a outra, levemente irritado. – Nós rebatemos o tempo todo as críticas que recebemos quando falam que só nos preocupamos com dinheiro, mas não fazemos exatamente isso? Ficar horas em nossas salas é exatamente isso. Nós não somos máquinas, Bella. Nós temos que aprender a viver nossas vidas.

- Mas, e as vidas de centenas de milhares de trabalhadores que estão em nossas mãos, Edward? Não é fácil nos desligarmos de nossas responsabilidades.

- Baby, tente entender meu ponto... – seus orbes esmeraldas me encararam conforme esperávamos o sinal ficar verde e vi que nada mais do que cansaço refletido neles. – Não estou falando para desistirmos do que fazemos. Deus, isso não. Eu amo o que faço, apenas estou dizendo que devemos saber dosar isso com outras coisas.

- Eu entendi seu ponto, amor. Mas, isso me parece tão difícil. – confessei, olhando para minhas mãos conforme o carro se movimentava de novo – Eu sempre fui muito focada em meu desenvolvimento didático para me ater a brincadeiras ou qualquer coisa que me tirasse de meu caminho de estudar, me formar e assumir a empresa. Eu nunca imaginei que um homem ruivo, de belos olhos verdes e um sorriso torto de tirar o fôlego ia entrar na minha vida e mexer com tudo o que eu havia construído. Eu não perdi meu foco nem quando namorei Jacob. Eu o deixei várias vezes plantado em restaurantes ou boates porque ficava em meu apartamento estudando. Porém, você... Você simplesmente mudou tudo. E para melhor.

Edward permaneceu em silêncio, olhando para a rua com concentração e me perguntei se havia falado algo que o havia incomodado. Passaram-se cinco minutos e a quietude estava me irritando profundamente, fazendo uma ansiedade crescer dentro do meu peito, esmagando meu coração.

- Eu ainda me impressiono quando você fala algo assim. – ele disse, buscando minha mão com a sua, apertando levemente e fazendo minha pele arder pelo contato – Acho que seus empregados deveriam te ouvir falando assim comigo para pararem de te chamar de “A Dama de Aço”.

Edward era uma mordida na bunda desde que descobriu meu pequeno apelido entre meus funcionários. Ele adorava me sacanear e vivia me chamando assim. Eu simplesmente odiava, fazia birra, gritava com ele e nós acabávamos sempre em um amasso quente.

- O que vamos fazer hoje? Para onde meu seqüestrador está me levando? – inquiri, deixando a curiosidade me dominar.

- Calma, já estamos chegando. – ele pediu, sorrindo para mim.

Edward dirigiu pelas ruas de Nova Iorque por alguns minutos ainda e parou em frente a um pequeno parque, que tinha como principal atrativo um playground para crianças e grandes árvores-da-chuva, que formavam sombras convidativas para um cochilo ou para a leitura de um bom livro. Alguns bancos estavam espalhados, assim como pequenas flores de variados tamanhos e cores. Era algo simples, mas lindo de se ver.

- Meu pai me trouxe aqui pela primeira vez quando eu tinha oito anos. Lembro-me que ele havia nos trazido aqui “escondido” de dona Esme e nos entupiu de doces. Todas as quintas à tarde ele nos pegava na mansão, jogava seu paletó no porta-malas e ficava brincando conosco, comendo guloseimas variadas e contando histórias da infância dele. Emm e eu adorávamos, porque acreditávamos que estávamos escondidos de Esme, mesmo no fundo sabendo que Carlisle nunca faria algo sem o conhecimento dela. Mas, era nosso pequeno segredo. Nosso pequeno momento juntos. Alice adorava ainda mais e ficava o tempo todo naquele balanço vermelho, pedindo sempre para que a empurrássemos cada vez mais alto. – Edward deixou um sorriso verdadeiro e saudoso tomar conta de seu rosto e seus olhos se encheram de lágrimas reminiscentes – É uma das melhores lembranças que tenho de minha infância.

Nós descemos do carro e Edward me abraçou pela cintura, mas ao invés de irmos para o pequeno parque, ele nos direcionou para uma grande sorveteria que havia na esquina da avenida principal.

- Primeiro meu pai nos trazia aqui, para tomarmos qualquer sorvete que quiséssemos. Emmett sempre pedia um banana-split, Alice uma casquinha de chocolate e eu um sundae. No final, Emm terminava meu sundae e saía com um picolé de morangos. – nós paramos no balcão e uma moça de aparentes 16 anos veio nos atender, com seus grandes olhos negros encarando admiradamente Edward. – Eu quero um sundae de chocolate com nozes. E você, baby?

- Eu quero um sundae de morangos com nozes, por favor.

Meu doce namorado e eu nos sentamos em uma mesinha no canto e tomamos nossos sorvetes como duas crianças. Aproveitamos o tempinho e namoramos. Um roubando beijos delicados do outro, nossas mãos não conseguiam ficar muito tempo longe um do corpo do outro, nossos risos e gargalhadas não se apagavam assim como a pequena faísca de amor que estava entre nós... Edward e eu estávamos nos reconectando, deixando que quaisquer preocupações se afastassem temporariamente de nossas mentes. Nós ainda tínhamos noção dos seguranças orbitando pela sorveteria com seus olhos de águias e suas faces emburradas.

Nós saímos do tranquilo estabelecimento e atravessamos a avenida correndo como duas crianças. Edward tirou os sapatos que usava e me fez tirar meus saltos, me puxando pela areia fina que cobria o chão onde o playground estava instalado. Havia duas crianças brincando sob as vistas de suas mães e elas gorgolejavam risos infantis que animavam minha alma. Meu doce Cullen me levou até os balanços, sentando em um azul e me apontando o amarelo. Mordi meu lábio inferior e encarei em dúvida o pequeno banco de metal segurado por duas correntes metálicas presas em uma barra de ferro.

- Edward, eu... – abaixei meus olhos e chutei levemente a areia sob meus pés. – Eu acho que nunca balancei na minha vida.

- O quê? Como assim, Bella? – ele perguntou perplexo.

- Eu não tive uma infância normal, como você sabe. Tudo me entediava facilmente. Eu sempre achei brincar no balanço ou em uma gangorra ou até mesmo em um escorregador a coisa mais boba de todas. Eu gostava de brincadeiras que brincava com meu intelecto. Quebra-cabeça era minha maior paixão. Todos os dias eu montava um e sempre pedia por mais, querendo aqueles com mais de mil peças para que eu pudesse me entreter por cinco minutos que fossem. Eu odiava tudo que era bobo demais. – eu sorri, lembrando da minha infância com Rosalie, a princesa loura – Eu arrancava as cabeças das bonecas de Rose porque achava patético brincar com Barbies e similares. Preferia ficar pintando ou praticando música, já que eram coisas que me interessavam completamente. A música sempre mexeu demais com minha inteligência. Eu adoro tentar entender a complexidade do pensamento do compositor quando ele criou a sinfonia ouvida por mim. E a pintura permitia-me deixar minha imaginação fluir.

Edward levantou-se e segurou em meus ombros, puxando-me para ele e me beijando na testa.

- Minha pequena grande gênio. Vem, vamos balançar. – ele me direcionou até o balanço amarelo e eu olhei de novo meio desconfiada para o banco metálico – Pode se sentar, baby. Eu estarei ao seu lado. Sempre.

Respirei fundo e me sentei, sentindo o banco balançar com o meu peso e agarrei as correntes com minhas mãos fortemente, sentindo o frio do aço em minha pele. Observei Edward sentar-se elegantemente ao meu lado e ele impulsionou-se para trás, não indo para a frente por ter seus pés bloqueando sua ida para o ar, firmes na areia fina.

- Faça como eu, Bella. – assim eu o fiz, ficando paralelo a ele e o encarei esperando as próximas instruções. – Vou contar até três e quando eu disser já, tire seus pés do chão e deixe seu corpo ir com o banco. Não solte seu corpo, apenas fique sentada, tranqüila e de preferência, de olhos fechados. Deixe-se levar. – concordei com a cabeça, nervosa demais para falar algo e me virei para frente, encarando o céu abrindo-se em um azul doce no horizonte. – Um! Dois! Três! JÁ!

Tirei meus pés e os estiquei em minha frente, cerrando meus olhos com força ao sentir meu corpo começar a flutuar adiante, formando um arco para cima e deixando o vento tocar em cada parte de meu rosto, fazendo meu cabelo voar para meu rosto, ricocheteando em minhas bochechas e lábios. Eu voltei para trás e poucos segundos depois, para frente de novo. Eu impulsionei com meus pés, querendo ir mais rápido e mais alto, não deixando de sorrir em nenhum minuto. Abri meus olhos e observei o céu, tirando sem medo uma de minhas mãos da corrente e esticando-a para a imensidão azul.

“Pule e toque o céu.”

Foi inevitável. Eu simplesmente me soltei do balanço e pulei, querendo um pedacinho anil para mim e quando vi estava caindo quase de cara no chão. Consegui me virar a tempo e caí de costas, mas não sentindo dor alguma graças à areia fofa.

- Bella!

Eu comecei a gargalhar e Edward voou para mim, ajoelhando-se ao meu lado e pegando meu rosto com suas mãos, me encarando preocupado.

- Oh meu Deus, baby! Você está bem?

- Estou ótima. – eu gargalhei mais uma vez e puxei-o pela gola de sua camisa – Beije-me, Cullen.

Seus lábios pressionaram os meus e ali, naquele momento, eu tinha meu pedacinho de céu.

Yes, I know I can be wrong, maybe I'm too head-strong, our love is... Mad mad mad.

(Sim, eu sei, eu posso estar errado, talvez eu seja muito teimoso, nosso amor é louco, louco, louco.)


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Notas finais do capítulo

Quem curtiu o capítulo? o/

Tivemos POVs de vários personagens e do nosso odiado James. Quem aí acha que vem chumbo grosso para cima da pequena Swan?

Próximo capítulo: Daughters (John Mayer)/sem previsão de postagem.

Galera, é isso aí... Desculpem-me a demora e prometo que vou fazer um esforço para postar o mais rápido possível.

Indiquem a fanfic aos amigos, comentem muito e recomendem porque isso é o que impulsiona os autores a escrever.

Aline, te amo.