Be Mine escrita por Tuany Nascimento, Aline Bomfim


Capítulo 15
Capítulo XIV - Part Of Me


Notas iniciais do capítulo

Katy Perry - Part Of Me
Olá meninas, tudo bem?
Gostaria de me desculpar pelo capítulo atrasado, mas infelizmente eu tive uma crise alérgica horrível e não tive forças nem para ligar o computador. Apesar de termos nossa Beta, a Aline, ela - por alguma piada do destino - também estava doente, febril e com a sinusite "atacada", então, ela também estava impossibilitada de postar BM.
Nós pedimos desculpas mais uma vez. Aliás, ela até mesmo deixou um recado: "A Tuany não postou Be Mine porque é manhosa e queria ser mimada." Relevem isso porque é mentira. Eu estava morrendo. Me julguem.
Bom, esse capítulo é inteiramente no ponto de vista da Bella e teremos uma noção do quão complicada é a vida dela, assim como a entrada de um personagem que vai causar muito na história. Também aprenderemos mais sobre como foi construída a fortuna Cullen e a fortuna Swan.
Nós lemos os comentários e adoramos, assim como agradecemos todo o apoio e o carinho de vocês. Obrigada.
Enjoy it.



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BE MINE – CAPÍTULO QUATORZE

(Part Of Me)

Days like this I want to drive away.

(Em dias como esse eu quero dirigir para longe.)




(BPOV)



Terça-Feira, 09h48min



Eu havia voltado domingo de Paris, pegando meu jatinho logo após o almoço e me despedindo de um Edward mal-humorado porque eu estava o abandonando. Tivemos uma pequena discussão, que foi contornada após birra dos dois lados. Edward me achava mimada, mas não olhava para o próprio nariz quando esse era o assunto.


Ele era impulsivo, descontrolado, estressado e irritante. Muito parecido comigo. Talvez por isso brigássemos bastante.


A viagem havia sido algo totalmente não planejado de minha parte. Eu havia ficado extremamente puta quando ele me disse que só voltaria hoje e quando a saudade apertou e eu só queria estar entre seus braços, fiz duas ligações e quando percebi, já estava sobre o Oceano Atlântico, indo em direção ao meu namorado.


Eu não era boa em expressar meus sentimentos. Normalmente, eu só conseguia fazer isso pintando ou tocando alguma sinfonia. Lembro-me que quando eu tirei meu primeiro A- em Matemática na quinta série, fiquei trancada em meu estúdio, tocando Tristesse de Chopin por intermináveis horas, até que tive coragem de sair e mostrar para meus pais minha nota. Ao contrário do que eu pensei, eles não ficaram triste. Eu era a que me cobrava muito. Charlie e Renée apenas queriam o melhor para mim e não o melhor de mim.


E então, Edward chega e desestabiliza tudo o que eu sou. Nunca fui o tipo de menina que chora por causa de um anel. Deus! Eu realmente chorei quando ele me deu nossa primeira jóia. O mesmo anel que fez minha irmã e minha mãe gritarem como loucas quando eu cheguei em casa. E eu nunca falei tão abertamente para alguém “eu te amo” e ter falado para ele, foi como se fosse a coisa mais certa a se fazer no mundo. Totalmente impensado e quando vi, as palavras já haviam saído de minha boca.


Meu professor de História da Economia entrou na sala me tirando de minhas memórias e quase revirei os olhos quando o vi. Eu não gostava muito dele. E ele não gostava muito de mim. Ele sempre tentava ser mais durão comigo do que com os outros, apenas por causa do meu sobrenome e da minha família. Meu sonho era chutar o traseiro dele e mostrar quem é que manda. Babaca.


– Hoje nós falaremos sobre duas das mais importantes famílias nos Estados Unidos. Duas famílias que comandam o país há anos. Basicamente, se uma dessas famílias for à ruína, os EUA sofrerão uma crise econômica pior do que a de 1929. A primeira é a família Cullen.


O professor Coop clicou um botão do pequeno controle e um slide mostrando o brasão dos Cullen apareceu no lado esquerdo da tela. Era um escudo que tinha um leão como principal imagem, que significa força e ferocidade. Acima do felino, há uma mão que significa fé e sinceridade e abaixo do leão há três trevos, que significam perpetuidade. (http://2.bp.blogspot.com/__qns7WTDR9o/ShsOjyDdSrI/AAAAAAAAAHo/D6BJEiiH1mE/s400/0002.jpg)


– A outra é a família Swan.


Ele apertou novamente o botão e ao lado do brasão da família Cullen, apareceu o cisne dourado, que é a marca de minha família. Os olhos negros do professor passaram pela sala até que pararam em mim. Eu via um pouco de medo e desafio ao mesmo tempo e ele soltou um sorriso amarelo antes de abrir a maldita boca.


– Srta. Swan, essa é uma aula que devo dar, independentemente das pessoas que aqui estão, já que ambas as famílias são muito importantes para o desenvolvimento histórico e econômico dos EUA, por isso, lhe digo que se você se sentir desconfortável, pode ir. A senhorita não receberá falta e tenho certeza que sabe sobre as famílias muito mais do que eu e os livros de Economia.


– Pelo contrário, professor. Eu adorarei assistir essa aula e prometo que lhe ajudarei se tiver alguma dúvida sobre a minha família ou sobre a família Cullen.


O sorriso amarelo dele esvaiu-se na hora e ele voltou-se irritado para a enorme tela branca.


– A família Cullen teve seu império construído por Phillipe Cullen na primeira metade do século XX. – Uma foto em preto e branco de um jovem homem apareceu. Eu conseguia reconhecer alguns traços dele no rosto de Carlisle. – Phillipe recebeu uma pequena herança do pai e investiu no seu maior sonho, uma empresa de investimentos em diversas áreas. Agricultura, pecuária, comércio, construção civil... Qualquer setor da Economia que fosse rentável o suficiente tinha investimentos de Phillipe. A Cullen Enterprise surgiu alguns anos antes da crise de 29, mais precisamente em 1923, quando Phillipe Cullen tinha 21 anos. A crise deixou marcas profundas na empresa que só conseguiu se reerguer completamente em 1958, quando Edward Cullen, aos 24 anos, assumiu o comando no lugar do pai.


“Edward era casado com Elizabeth Spencer – uma nova imagem, dos avós de meu namorado, surgiu e eles eram incrivelmente belos. – Os dois ergueram o império que hoje é conhecido. Elizabeth era dona de uma inteligência rara e soube tornar o sobrenome herdado do marido o mais renomado na sociedade americana. Ela dava festas esplendorosas e sabia como ninguém conversar sobre política, o que atraiu muitos investidores e lucros para a empresa da família. Edward investiu pesadamente na indústria, nas ferrovias e no desenvolvimento das cidades, o que o tornou muito querido pela população.”


“Em 1988, a Cullen Enterprise passou para as mãos mais do que habilidosas de Carlisle Cullen, com 25 anos na época. Ele investiu em uma área até então não muito explorada por outras empresas, a informática. Isso foi o que o fez triplicar a fortuna da família e se tornar o terceiro homem mais rico do mundo. Ele casou-se aos 19 anos com Esme Platt Masen, uma jovem arquiteta e ambos, continuaram a honrar o sobrenome Cullen, com obras beneficentes e ajudas humanitárias. O lado capitalista sempre andando lado a lado com o lado altruísta. Esme o ajudou a projetar hospitais e também, cooperativas que impulsionassem o desenvolvimento de áreas pobres de diversos países do terceiro mundo.”


Olhei pela sala e vi o deslumbramento surgindo no rosto de cada colega de classe. Uma foto de Carlisle e Esme, tirada em uma pequena sessão de fotos para a Forbes em 2009, ilustrava o casal. Minha sogra usava um vestido negro e um par de Louboutin vermelhos, que combinava com o imenso rubi em seu colar. Carlisle estava lindo ao seu lado, trajando um terno cinza, que deixava seus olhos ainda mais azuis se possível.


– A família Swan teve sua fortuna construída nas mãos de Henry Swan. Ele construiu ao lado de Marie Wright o sobrenome da família na área industrial. O empresário investia em Serviços, Segurança, Logística e Investimentos.


A foto que ficava no saguão de entrada da Swan Company apareceu no slide. Meu avô Henry e vovó Marie estavam lado a lado, de mãos dadas, usando trajes de gala e sorrindo para o fotógrafo. Era a foto deles no casamento de meu pai com Charlotte. Dois meses depois, vovô teve um ataque cardíaco e morreu nos braços de vovó, o que a deixou completamente transtornada por tempos. Vovó Marie só começou a se recuperar após o nascimento de meus irmãos, mas continuava na sua inércia. Ela sofreu outro baque quando Charlotte morreu e tornou-se o alicerce da família, cuidando de meu pai, de Rose e de Jazz. Ela morreu quando eu ia completar cinco anos. Eu tinha algumas escassas memórias dela. Lembro-me apenas que eu adorava sentar em seu colo, enquanto ela tomava seu chá de camomila à tarde e me dava alguns cookies de chocolate escondido de Renée. Meu pai havia me dito que a saudade de meu avô era muita e por isso, vovó Marie havia ido para o céu, para se encontrar com ele.


– O crescimento econômico e social proporcionado pela Swan Company por onde quer que ela passe foi o que fez com que a família Swan se tornasse o que é hoje. Após a morte de Henry Swan, o cargo de CEO passou para seu único filho, Charlie Swan. Ele foi o maior visionário de todos. Maior até mesmo que Carlisle Cullen. Seu primeiro casamento foi com a engenheira Charlotte Hale e ambos fundaram a Hale-Swan Industry, investindo pesadamente em maquinário agrícola e de produção. Infelizmente, em 1986, Charlotte morreu devido a um tumor cerebral e a HS Industry teve sua produção reduzida. Dois anos depois, Charlie Swan casou-se novamente, com a socialite Renée Higginbotham e os dois continuaram a manter o poderoso sobrenome.


No slide branco havia uma foto de meu pai com a bela Charlotte ao seu lado. Os cabelos louros e os olhos iguais a lápis-lazúli eram idênticos aos de meus irmãos. Ao lado, tinha uma foto dos meus pais juntos, era uma foto da festa de final de ano da empresa. Minha mãe estava linda com seu longo dourado e meu pai abraçando-a, trajando um smoking negro.


– Atualmente, a Cullen Enterprise é presidida por Edward Anthony Masen Cullen e tem como vice-presidente Emmett Masen Cullen.


Os suspiros das meninas da minha sala assim que as fotos dos dois apareceram me fizeram revirar os olhos. É, babem e olhem de longe. Eles têm donas, idiotas!


– A HS Industry tem como CEO, Rosalie Hale Swan, filha de Charlotte e Charlie. E a Swan Company tem como CEO, sua colega de classe, Isabella Marie Swan.


Todos os alunos viraram em suas carteiras para me encararem. Não o bastava ter colocado uma foto minha no slide, mas tinha que lembrá-los da minha existência aqui.


– A nova geração das famílias parece se importar muito mais com a mídia e com o status do que com o gerenciamento das empresas. Mary Alice Masen Cullen, a herdeira caçula, assumiu há mais ou menos sete meses um relacionamento com Jasper Hale Swan, irmão gêmeo de Rosalie. Depois foi a vez de Emmett com Rosalie e por último, Edward e Isabella. Uma união entre as duas famílias gerará a maior fortuna dos EUA. E claro, aumentará o poder deles em todas as áreas atuantes. Desde a agricultura à prospecção de petróleo.


– Cale a sua boca antes de falar algo sobre mim, meu namorado e nossas famílias!


Todos os alunos voltaram a me encarar conforme minha voz ressoava pela sala. O professor Coop me olhou abismado por um tempo, mas voltou com sua posição de “eu quem mando aqui”. Eu conseguia ver o medo brilhando em seus olhos, apesar de seu sorriso nojento em minha direção.


– Srta. Swan, isso aqui é uma sala de aula e você deve respeitar-me. Eu lhe avisei desde o início da aula que se você se sentisse desconfortável, poderia ir embora.


– Isso não é sobre eu me sentir desconfortável e sim sobre eu ser ofendida. Não sabia que o senhor era um papagaio que repetia o que a mídia fala sobre nós. O senhor, os repórteres, os jornalistas, o mundo inteiro, não sabem nada sobre minha vida, a dos meus irmãos e a dos Cullen, então não podem falar que nossas relações são por interesse.


– Srta. Swan...


– Cale-se. Eu já ouvi o suficiente do senhor.


Agarrei minhas coisas e levantei-me, andando até perto da porta e indo até ele.


– A senhorita está dentro de uma sala de aula e...


– E nada! O senhor não tem moral alguma comigo. Um professorzinho mal qualificado como o senhor não deveria dar aulas para universitários. Se sua incompetência trabalhasse para mim, já estaria demitido há eras. E só para a sua informação, eu não me preocupo mais com a mídia e o status do que com a empresa da minha família. Se tivesse feito sua lição de casa, saberia que eu multipliquei a fortuna da minha família em apenas três anos no comando da Swan Company e minha irmã fez o mesmo na HS Industry. E Edward e Emmett provaram serem tão capazes quanto Carlisle. Eu não vou mais perder meu tempo aqui.


– Eu não sou um professorzinho mal qualificado! Eu já recebi prêmios por minha competência e sou o melhor professor de Economia do Estado.


– E eu sou uma das mentes mais brilhantes do século XXI, valho 33 bilhões de dólares, comando a segunda maior empresa do mundo, tenho em minhas mãos o futuro de milhares de pessoas em mais de quatro países, já fui eleita a melhor empresária do ano e tenho como amigo pessoal o presidente dos Estados Unidos e a Primeira-Dama. Ponha-se no seu lugarzinho de merda e não tente ser mais do que eu ou você irá sentir a textura de meu Louboutin na sua bunda.


– Isabella Swan! – ele exultou irritado.


– Não está contente? Vá até o Reitor e vamos ver para quem ele dará a razão.


Meu sorriso de escárnio em sua direção o fez dar um passo para trás e agarrar a lateral da mesa de mogno velho. Ele sabia que independentemente de eu estar certa ou errada, o Reitor daria a razão para mim em um piscar de olho. Ele não era tão burro assim para medir forças comigo.


– Foi o que eu pensei. – disse ao ver a resolução em seus olhos.


Virei em meus saltos e saí batendo a porta da sala.


Eu sou Isabella Marie Swan e ninguém ia contra mim.




14h49min



Minha cabeça latejava, meu estômago estava embrulhado e eu queria Edward ao meu lado. Eu liguei para Charlie no momento em que pisei para fora da NYU e ele me prometeu que ia conversar com o Reitor sobre as palavras acusadoras do professor Coop. Edward havia me mandado um SMS me falando que estava saindo de Paris e que chegaria a noite. Eu não via a hora de estar no conforto de seus braços.


Eu já havia gritado com os estagiários, com Emily e até mesmo com meu segurança. Eu tinha metade de um Yakisoba de um restaurante chinês e dezenas de copos de café em meu organismo.


– Srta. Swan?


Tirei meus olhos do céu nublado nova-iorquino que era a visão principal de minhas enormes janelas atrás de minha mesa e virei minha cadeira, observando Angela entrando calmamente na sala, segurando seu iPad e uma pasta preta. Era raro Ang sentir medo de mim. Era uma das poucas pessoas que não o sentia. E era por isso que eu a adorava. Ang era eficiente, silenciosa, competente e amiga. Nós nos conhecemos no colegial e depois eu a chamei para trabalhar comigo quando assumi a cadeira executiva mais alta da empresa. Ela era alguns anos mais velha do que eu e sempre tinha alguma palavra de carinho para me dizer.


– O que foi agora, Angela?


Eu sabia que estava sendo grossa e que estava descontando toda a minha frustração da manhã em cima dela, mas eu estava irritada e foda-se o mundo.


– O relatório que pediu sobre a Hathaway Corporation ficou pronto. E o Sr. Hathaway já ligou confirmando a reunião em meia hora.


– Ótimo.


Se havia algo que eu amava fazer era acabar com as pessoas que duvidavam de minha capacidade. James Hathaway era um desses cretinos que achavam que meu rostinho bonito era o que comandava a empresa e não meu QI alto.


Peguei a pasta preta e a abri, observando o grosso relatório sobre a empresa de James e sobre sua vida pessoal. J. Jenks era um ótimo detetive e valia cada centavo que eu pagava a ele. Sua habilidade em vasculhar e descobrir os podres de qualquer pessoa era o que o tornava o melhor no que fazia.


Li cada linha das dezenove páginas com um sorriso no rosto. Ia ser muito fácil massacrá-lo. Peguei sua proposta de associação e a reli. Ele era um idiota. Fiz minhas anotações necessárias e preparei tudo para a nossa reunião.


– Srta. Swan, o Sr. Hathaway a espera na sala de reuniões. – Angela anunciou pela comunicação interna.


– Obrigada Angela. – respondi.


Peguei tudo e me encaminhei para a porta que ligava meu escritório diretamente com a sala de reuniões. James Hathaway estava sentado olhando tudo ao redor com seus olhos de águia. Ele me deixava desconfortável. Assim que ele percebeu minha presença, levantou-se, fitando meu corpo de cima a baixo e lambendo os lábios.


Nojento.


– Sr. Hathaway, é um prazer revê-lo.


– O prazer é meu, Srta. Swan.


Eu sabia ser doce quando queria. E nesse momento, eu queria massagear o ego dele para depois arrancar suas bolas com minhas bem cuidadas unhas pintadas de vermelho.


Sentamo-nos e me senti ótima, enquanto olhava bem para a cara dele. James era um homem bonito, isso era inegável. Cabelos louros curtos, olhos azuis penetrantes, um leve bronzeado, lábios vermelhos e um corpo muito bem definido, mesmo sob o caro terno italiano negro. Porém, sua beleza era engolida pela péssima atmosfera que ele tinha ao seu redor.


– Você recebeu a avaliação do projeto de associação entre nossas empresas? – ele perguntou, com um sorriso crescente de cafajeste.


– Sim.


– E então?


– Devo dizer que estou impressionada.


– Um lucro de 2,5 bilhões de dólares impressiona qualquer um. – ele falou agora com o sorriso tomando todo o seu rosto. Isso. Caia em minhas garras.

– Oh, mas é claro que sim! Não posso negar que meus lucros seriam mais que o dobro do meu investimento. Além disso, lideraríamos as vendas na área de tecnologia de proteção e segurança.


– Seremos imbatíveis. – ele afirmou.


Meu sorriso apenas fazia o dele continuar. Peguei minha caneta de ouro que Charlie havia me dado de presente e peguei o contrato que havia sido redigido por nossos advogados. Seus olhos cresceram com gula para cima de mim e eu conseguia ver o sorriso de comedor em sua mente. Assim que minha caneta pousou no papel, eu parei e o olhei.


– Como você fará para me pagar?


– Ora, Isabella, os lucros serão depositados em uma conta conjunta no Bank Of America e no final do prazo de um ano, dividiremos as porcentagens. – ele respondeu como se eu fosse uma menina de cinco anos.


– Eu li o contrato, James. Eu sei como será o pagamento. O que eu quero saber é de onde você vai tirar dinheiro para me pagar 2,5 bilhões de dólares, sendo que o lucro total dessa associação será de apenas 1,2 bilhão de dólares. E desse dinheiro, eu só tenho 65% de direito.


Minha voz foi ficando mais fria e meu sorriso desapareceu no final de minha fala. Os perspicazes olhos azuis arregalaram-se levemente e ele engoliu em seco, antes de continuar com sua cara falsa de tranqüilidade e um sorriso supostamente doce.


– Está havendo algum engano, Isabella. Os cálculos apontam lucros de US$2,5 bi. – ele falou.


– Não há engano, James. Você realmente achou que um de meus subordinados iria analisar esse contrato? Óbvio que não. Todos os cálculos, projeções e propostas passaram por mim. E qual não foi minha surpresa em achar um pequeno erro aritmético.


– Erro? – ele perguntou tentando soar confuso.


– Sim, um erro. Um erro tão imperceptível que quase, quase, passou por mim.


– Eu não sei do que está falando, Isabella. Se há algum erro, nós vamos resolvê-lo.


– Oh, com certeza vamos. E a minha resolução para esse erro é super simples.


Eu peguei o contrato da mesa e o rasguei ao meio.


– Você está louca?! – James exultou surpreso.


Levantei-me e apoiei minhas mãos no tampo de mogno, encarando sua face perplexa.


– Não se faça de desentendido, James. Você acreditou por um segundo que eu seria tão facilmente enganada por você? Uma coisa que aprendi com meu pai é que eu sempre devo estar um passo a frente de todos. E quando você cruzou as portas da minha empresa, falando sobre uma estúpida associação entre nós, eu já sabia que boa coisa não viria de você.


– Isab...


– Cale-se! Outra coisa que aprendi com meu pai é sempre investigar qualquer pessoa que se aproxima para negócios. E olha que interessante que eu descobri sobre você: James Hathaway está falindo! – cantarolei a última sentença.


– Isso é mentira! – ele gritou, levantando-se também e caminhando para longe de mim.


– Mentira? Você deve milhões de dólares para seus fornecedores da empresa, suas vendas estão apenas caindo, não há fundos suficientes para cobrir o rombo que a crise está causando nos seus negócios e a Goldman Sachs já lhe deu um ultimato: ou você consegue 750 milhões de dólares para cobrir suas dívidas ou a Hathaway Corporation será fechada. E adivinha que coincidência enorme... O valor do meu investimento nessa associação é de 800 milhões de dólares. Os outros cinqüenta milhões serão usados para quê, James?


– Você não sabe o que está falando, Swan!


– Os outros cinqüenta milhões são para você continuar seu estilo de vida libertino e esbanjador! – afirmei – Sua esposa, Victoria, sabe das suas noites selvagens com prostitutas?


– Cala a sua boca, Swan! – ele gritou, se aproximando como um animal de mim.


– NÃO GRITE COMIGO! EU QUEM MANDO AQUI, TÁ OUVINDO?


Seus membros pararam assim que meu berro o atingiu. Seus olhos tornaram-se furiosos e suas mãos estavam fechadas em punho.


– Eu não sou uma idiota, entendeu? E eu não vou ser sua credora para você continuar comprando jóias de mais de mil dólares para suas amantes, enquanto sua querida esposa gasta uma fortuna com roupas, sapatos e futilidades. De mim, você não consegue um centavo. Não vai ser em mim que você vai aplicar o golpe, Hathaway.


O tom pálido de James me indicou que ele sabia que sem mim, ele estaria na ruína. Na atual conjuntura econômica, parcerias como a que ele estava propondo era um enorme risco. Eu era uma dos poucos empresários que se arriscava. Por Deus, eu comprei um lote de ações de uma empresa que a própria Goldman Sachs estava declarando como falida e em poucos meses, eu consegui reerguer a empresa e gerar um lucro quadruplamente maior do que o valor pago pelas ações.


– Você não pode fazer isso, Isabella... O contrato...


– Eu não assinei nada. Eu apenas me prontifiquei a analisar sua proposta. Eu analisei, odiei e agora, estou te dando um chute no traseiro tão forte que você acabará na rua.


– Eu não vou deixar isso assim.


– Você vai deixar do jeito que está e não vai fazer nada. Você não é homem o suficiente nem para comandar a empresa da sua família, quem dirá para fazer algo contra mim. Vá cuidar dos seus problemas, porque eu já tenho muitos com os quais me preocupar.


Ele voou para cima de mim, agarrando meu braço com sua mão fechando fortemente contra minha pele. Seus olhos estavam injetados de fúria e ele estava totalmente transtornado.


– Você não vai acabar comigo assim, Swan. – ele vociferou.


– Eu já acabei, queridinho. SEGURANÇAS!


– Isso não vai acabar assim!


Ele me sacudiu e fechou ainda mais sua mão em meu braço. Por um momento eu senti medo de seus olhar tão selvagem e furioso. A face dele estava desfigurada pela raiva. Brad o puxou de mim e mais dois seguranças o pegaram. Ele se debatia e apontava o dedo para mim, gritando impropérios.


– Tirem-no daqui e nunca mais permitem que ele pise na minha empresa. – mandei.


– EU VOU ACABAR COM VOCÊ, SWAN!


Ele foi arrastado pelos seguranças e respirei profundamente. Voltei para minha sala e ali fiquei trancada até o final do meu expediente.




21h45min



Abri a porta de minha cobertura e me joguei no sofá. Eu estava cansada. Extremamente cansada. Minha discussão com James havia esgotado todo o meu ser e ainda tive que lidar com minha assessora de imprensa me irritando porque algumas pessoas comentaram sobre minha briga com o Hathaway e de alguma forma, isso havia caído nos ouvidos da mídia.


Foda-se.


Eu não era de ferro. Eu não tinha que aguentar um professor medíocre e um empresário falido e golpista no mesmo dia.


Chutei meu Louboutin de meus pés e tirei os grampos de meu cabelo. Minha cabeça ia explodir. Caminhei até o banheiro de minha suíte e enchi a banheira. Fui até meu closet, tirando minha roupa e pegando algum pijama da Victoria’s Secret confortável o suficiente para uma boa noite de sono. Corri para minha geladeira e agarrei a primeira garrafa de vinho que achei, assim como uma taça de cristal.


Em poucos minutos, eu estava imersa na agradável água quente, ouvindo minha playlist de John Mayer, com uma taça de vinho branco ao meu lado e com os olhos fechados. Eu queria relaxar.


(...)


Acordei ofegante e desnorteada. Havia um braço em cima da minha barriga e uma perna embolada nas minhas. Olhei para o despertador e era meio da madrugada.


– Aconteceu algo, amor?


Edward estava sentado na cama assim como eu, me olhando preocupado e tinha a cara marcada pelo sono. E continuava fodidamente lindo mesmo assim.


– Apenas um sonho ruim. Como... Como eu parei aqui? – perguntei.


– Eu cheguei um pouco mais cedo e fiquei um tempo com a minha mãe. Passei na mansão Swan às 22h, mas Rosalie disse que você tinha vindo para cá porque estava estressada e cansada demais depois de uma briga em uma reunião. Eu vim para a cobertura e encontrei você dormindo na banheira. E como você já estava gelada e dormindo profundamente, te tirei de lá, te sequei, coloquei seu pijama e te trouxe para cama.


– Obrigada, amor.


– Sempre que precisar. Quer conversar sobre seu sonho ruim?


Acenei negativamente e o empurrei de volta para cama. Deitei minha cabeça em seu peito e o abracei, aspirando seu familiar cheiro de mel, sol e lilás. Era algo dele que me acalmava imensamente.


– Bella?


– Huun? – murmurei.


– Quer me falar com quem brigou?


– Por que quer saber?


– Porque eu vi o estado do seu braço. Há marcas de dedos nele, uma enorme área roxa e Brad pode ter comentado algo depois que eu o ameacei.


– James Hathaway. Um sociopata falido que tentou dar um golpe em mim. Já resolvi tudo. – expliquei.


– Não quero mais você perto dele. E se esse tal de James tentar se aproximar novamente, me avise.


– Pode deixar, meu Super-Homem.


Beijei sua pele exposta do peito e fechei meus olhos, me entregando ao sono dos justos.

Throw your bombs and your blows, but you're not gonna break my soul.

(Jogue suas bombas e seus golpes, mas você nunca destruirá a minha alma.)


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram do POV da Bella?
James será um grande tormento na vida da Bella daqui em diante, mas nos preocuparemos com ele mais para frente :)
Próximo capítulo: Paparazzi.
Indiquem a fanfic para seus amigos, comentem muito e recomendem também. Isso é o que impulsiona os autores a continuar escrevendo.