POSSÍVEIS PASSADOS PARALELOS escrita por JMFlamel


Capítulo 30
Inventário e Resgate


Notas iniciais do capítulo

Depois de tomar posse da tecnologia existente em Neuschwabenland e deixá-la sob a guarda de Doc Savage, uma nova missão aguarda por Harry e Voldemort: resgatar Rommel e tirá-lo da Alemanha, em segurança.



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CAPÍTULO 29

 

INVENTÁRIO E RESGATE

O processo de inventariar os equipamentos de altíssima tecnologia encontrados na base Nazista da Antártida já caminhava para a sua terceira semana e o grupo estava admirado, pois alguns dos itens ultrapassavam os limites da imaginação.

—Isso é demais, Doc. _ disse “Long Tom”, espantado com o que já haviam catalogado e com o que ainda faltava _ chego a desconfiar que as mentes por trás dessa tecnologia não sejam deste mundo.

—Isso é uma teoria que, em minha realidade, persiste até a minha época, Major. _ disse Harry _ Hitler e a alta cúpula Nazista têm ligação com a Sociedade Thule e a Sociedade Schwartze Sonne, o “Sol Negro”, havendo partidários de uma teoria de que os seus fundadores teriam recebido os conhecimentos sobre a Energia Vril da parte de alienígenas.

—Não é nada absurdo, Harry. _ disse Doc _ Nosso grupo já viveu muitas aventuras e passou por várias partes do mundo. Vimos muitas coisas que desafiam a imaginação das mentes que se intitulam mais abertas.

—Lá isso é verdade. _ disse “Ham” _ Lembra-se da “Morte Verde”, Doc?

—Serpentes-fantasmas, etéreas e luminosas. Lindas de se ver, mas seu brilho verde era o prenúncio de picadas dolorosas, que iam saturando o corpo da vítima com sua peçonha, até causar uma parada cardíaca. _ disse Doc _ Quase morremos por causa delas, quando fomos a Hidalgo...

—... Investigar as circunstâncias da morte de seu pai. Então descobriram os planos do Capitão Seas, que havia cooptado um feiticeiro da tribo que seu pai havia ajudado, com a finalidade de roubar o ouro que financiava sua organização e suas pesquisas.

—Exato, Harry. _ concordou Doc _ Foi aí que descobrimos a origem do ouro. Eles continuam fornecendo e eu jurei manter a localização da aldeia em segredo. Mas como você sabia? Nós jamais contamos isso a ninguém de fora do grupo.

—Em minha realidade, fizeram um filme sobre essa aventura. Foi assim que tomei conhecimento de seu grupo e li todos os quadrinhos que pude.

—Ah, sim. Em sua realidade, somos personagens de ficção. Mas o que não deve ter aparecido no filme é que o Capitão Seas conseguiu fugir.

—No filme você o regenerou com uma cirurgia cerebral.

—Infelizmente não consegui. Ele fugiu, durante a viagem de volta para Nova York, tomando destino ignorado. Depois daquilo, ainda nos enfrentamos várias vezes e descobri que “Seas” era um pseudônimo para John Sunlight.

—Seu maior inimigo. _disse Harry _ Mas como ele é russo, é provável que “Sunlight” também seja um pseudônimo.

—De qualquer forma, logo Harry e eu teremos que retornar à Europa, porque há uma importantíssima missão para nós, que poderá influenciar os rumos do continente, após o fim da guerra. _ disse Voldemort.

—Sim, é verdade. _ disse Harry _ Creio que só poderemos permanecer com vocês por mais uns dois dias, depois disso teremos que retornar.

—Sem problemas, Harry. _ disse Doc _ Pat ou o Capitão Secord poderão conduzi-los de volta à Europa. Bem, acho que por hoje já está bom. Vamos jantar e depois para a cama. Amanhã teremos mais objetos para catalogar.

—Inclusive muitos que teremos de descobrir o que são e qual sua finalidade. _ disse Pat.

—Acho que muitos deles, pelo que já descobrimos, deverão ficar desconhecidos do restante do mundo. _ disse Harry _ E o melhor é que eles fiquem sob a sua guarda, Doc. Somente alguém com a sua integridade poderá ficar com tal responsabilidade, sem cair na tentação de oferecê-los a uma ou outra potência ou então utilizar seu poder em proveito próprio.

—Tais segredos só deverão ser revelados aos poucos, conforme a Humanidade for ficando preparada para recebê-los. _ disse Voldemort _ O que pode significar tanto logo quanto mais tarde, ou até mesmo nunca.

—Quanto a isso, podem ficar descansados. _ disse Doc _ O equilíbrio de poder no mundo sempre foi precário e não deve ser ainda mais prejudicado.

Foram jantar e depois se recolheram. Dali a uns dois dias Harry e Voldemort retornariam à Europa, a fim de concluir a “Missão Proposta Indecente”.

Harry estava em seu alojamento, imaginando se algum daqueles equipamentos poderia ajudar a levá-los de volta à sua realidade. Mas parecia que nada do que já haviam catalogado servia para deslocamento temporal e/ou dimensional. Enquanto conjecturava sobre o que mais poderiam encontrar, a porta se abriu, quase que imperceptivelmente. Só que com o treinamento Ninja de Renata Wigder, ele já sabia até quem estava entrando, somente pela frequência vibracional do Ki.

—Oi, Pat. _ disse Harry _ Está sem sono?

—Mais ou menos, Harry. _ disse Pat _ Na verdade, vim pela sua companhia.

—Srta. Patrícia Savage, eu estou começando a achar que a senhorita está com segundas intenções a meu respeito. _ comentou Harry, em tom de brincadeira.

—Não só segundas, mas terceiras, quartas e até mesmo quintas. Acho que fiquei atraída por você, desde aqueles dias em Nova York. _ disse Pat _ Mas eu não queria que você pensasse que eu estava querendo me aproveitar de você ainda estar meio fragilizado pela perda de Elaine Rutherford. Mas até minha resistência tem limites.

Pat Savage trancou a porta do alojamento e deitou-se ao lado de Harry, beijando-o de forma apaixonada. O bruxo correspondeu ao beijo, pois descobrira que gostava da garota, sentimento que só havia crescido com o passar dos meses, desde que haviam se conhecido nos EUA. Dali para acender o fogo da paixão entre os dois foi só questão de uma pequena fagulha e em seguida o casal estava se amando, Harry tratando a garota da maneira mais carinhosa possível, pois percebera que aquela era a primeira vez dela. Em breve, ambos haviam atingido juntos o céu e retornado. Depois daquilo, abraçados, os dois comentavam sobre os objetos deixados para trás pelos Nazistas.

—Encontramos coisas além da imaginação, nesses últimos dias. Realmente, muita coisa precisará ficar guardada. _ disse Pat _ Mas parece que nada serve para deslocamento temporal.

—Nem dimensional, Pat. _ concordou Harry _ Só que há algo me preocupando. Não consegui pegar Kammler, ele fugiu naquele misterioso “Sino” e havia mais alguém com ele. Creio que aquela era a única tecnologia para isso, só que parece que ficaremos sem saber.

—Mais alguém? _ Pat estava curiosa _ E você faz alguma ideia de quem poderia ser?

—Não deu para ver direito. _ Harry não tinha muita certeza de quem era o outro, então achou melhor desconversar _ De qualquer forma, creio que jamais saberemos.

Dormiram abraçados e, de manhã, foram para o refeitório. Lá chegando, se encontraram com Voldemort, Doc e os “Cinco Magníficos”. Secord já havia tomado seu café e estava revisando o avião que levaria Harry e Voldemort de volta à Europa.

—Oi, Pat. _ disse Doc _ Não vi luzes no seu quarto ontem. E pela sua carinha feliz, creio que sua noite deve ter sido muito boa.

O comentário infeliz de Doc Savage foi mal digerido por sua prima. Depois de tomar um gole de café, ela olhou para ele, com os olhos faiscando (“Lá vem a tempestade”, pensou Monk).

Escute muito bem uma coisa, Sr. Clark Savage Jr. Há muito tempo eu já não sou mais uma garotinha indefesa, aliás, nunca fui. Você já deve ter percebido que suas tentativas de me proteger, me deixar de fora de suas aventuras jamais deram certo e principalmente agora que sou maior de idade e já provei que posso me cuidar, compete unicamente a mim decidir como levar a minha vida e com quem passo minhas noites, ENTENDEU?!— e saiu da mesa, furiosa.

—Harry, prepare-se para encarar uma parada daquelas. _ disse Doc, servindo uma xícara de café para o bruxo.

—Doc, de maneira nenhuma eu quis faltar com o respeito com Pat ou com você. _ disse Harry.

—Não tem problema, Harry. Acho que eu sempre fui superprotetor com ela e parece que nunca adiantou. Ela quase sempre acabava participando de nossas aventuras. Na verdade, creio que nunca percebi que ela cresceu. Por isso eu disse para você se preparar. Ela tem um gênio bem forte.

—Harry tem experiência com garotas de gênio forte. _ disse Voldemort, olhando bem significativamente _ alguns exemplos são suas grandes amigas, Hermione Granger e Luna Lovegood, além de sua namorada, Gina Weasley.

—Tem razão, Voldemort. _ disse Harry, levantando-se _ Vou lá, tentar amansar a fera.

—OK, Harry. Só queria dizer que fico contente em vê-los juntos. Espero que isso continue. _ disse Doc.

—Eu também, Doc. Até mais.

Harry foi atrás de Pat, para tentar acalmar a garota, enquanto Voldemort servia-se de mais uma xícara de café.

—Como é que você sabe sobre isso, Riddle? _ perguntou Monk.

—Em nossa realidade, fui um poderoso bruxo das Trevas e inimigo de Harry Potter, antes do acidente que nos mandou para cá. Foram vários anos tentando dominar a Bruxidade, mas as circunstâncias agora são outras e nós estamos trabalhando juntos, Coronel Mayfair. _ disse Voldemort _ Em uma de minhas tentativas, eu possuí a mente de Gina Weasley, que se tornou namorada de Harry. Tive muita dificuldade para conseguir, pois a garota tinha a mente muito forte e um gênio daqueles. E na nossa última batalha, em Hogwarts, todas aquelas garotas provaram seu valor.

—Vou esperar que Harry acalme Pat e aí vou pedir desculpas a ela.

—E bem que você está devendo, Doc. _ disse “Ham”.

Do lado de fora das instalações, Pat andava de um lado para o outro. Estava furiosa com o comentário infeliz de seu primo. Então, sentiu um par de mãos massageando a base do seu pescoço. No mesmo instante, toda a raiva passou.

—Hmm, Harry. _ disse ela _ Só você tem esse toque. Que delícia.

—Acho que você está precisando, Pat. _ disse Harry, enquanto massageava os ombros da garota, deixando-a mais relaxada _ Sei que você tem um bom condicionamento físico, mas hoje está demais. Seus trapézios pareciam ter sido esculpidos em rocha.

—Realmente, era o que eu precisava. _ disse Pat, virando-se e abraçando Harry, que a beijou _ Uma massagem relaxante e um comentário bem-humorado.

—E para completar, um pedido de desculpas. Meu comentário foi extremamente infeliz, mas eu queria dizer que estou arrependido e que fico contente em ver vocês dois juntos, como eu já disse a Harry. _ Doc Savage disse aquelas palavras cabisbaixo e com uma expressão no rosto que fez com que toda a raiva de Pat sumisse.

—Sorte a sua que Harry conseguiu me acalmar. Senão iria demorar bastante para que eu te perdoasse. _ disse ela, com uma severidade fingida e dando um dos braços ao primo e o outro a Harry _ Ei, não é Nick Fury, fotografando os materiais?

—Deixe que ele fotografe, Pat. _ disse Harry _ Será útil quando eles retornarem para a realidade deles. Aliás, seria bom vocês compartilharem alguma tecnologia com ele, principalmente a dos porta-aviões aéreos.

—Por quê? _ surpreendeu-se Doc.

—Eu apenas sei que quaisquer conhecimentos que você passar a ele estarão em boas mãos. _ disse Harry _ Vá por mim.

No dia seguinte, um dos aviões de Doc Savage estava decolando da pista rumo à Europa, totalmente revisado e com Pat Savage no comando. Nele iam Harry, Voldemort, Nick Fury e o Comando Selvagem. Afinal a frente de batalha esperava por eles, após aquelas semanas na Antártida. Seguindo o conselho de Harry, Doc permitiu que Fury documentasse por todos os meios disponíveis o material catalogado, também dividindo com ele informações sobre os porta-aviões aéreos.

—Registrou tudo que pôde, Fury? _ perguntou Harry.

—Sim, registrei tudo, Harry. _ respondeu Fury _ Obrigado por aconselhar Doc a permitir.

—Estou pensando no futuro de vocês, contando que conseguirão retornar à sua dimensão. _ Harry explicou, olhando para Fury _ Certamente será muito útil para a SSR (“Strategic Science Researchs”, Pesquisas Científicas Estratégicas), pois Howard saberá o que fazer.

—Se Howard Stark não souber, não imagino quem mais poderia fazer algo com o que vocês estão levando (“Isso porque Tony ainda não nasceu”, pensou Voldemort. O bruxo das Trevas também lia quadrinhos, de vez em quando, mantendo isso fora do conhecimento até mesmo de Bellatrix).

—Mas primeiro temos que conseguir retornar. _ disse Morita.

—É verdade. _ concordou Dugan.

A aeronave deslocava-se com incrível velocidade e, após uma parada para reabastecimento em um dos porta-aviões aéreos, logo a costa francesa estava à vista. Avançando mais, chegaram ao ponto onde o Comando Selvagem deveria saltar.

—Boa sorte em suas missões, Fury. _ disse Harry _ Espero encontrar vocês, antes de voltarem à sua realidade.

—Agradeço seu otimismo, Harry. Sei que a missão de você e Riddle também é importantíssima, ainda que eu não saiba de que se trata e é melhor que fique assim. A gente ainda se vê. _ disse Fury _ Atenção, Selvagens! À porta... JÁ!!!

Os membros do Comando Selvagem saltaram e seus paraquedas puderam ser vistos, enfunados, conduzindo-os a uma aterragem segura na Zona de Lançamento da base Aliada. Harry e Voldemort saltariam mais adiante, em uma área mais perigosa. Por essa razão, novamente realizariam um salto a baixa altitude e utilizariam as vassouras, fazendo seus paraquedas desaparecerem. Já haviam feito antes e fariam novamente. A razão? O salto seria em pleno território alemão, perto de Herrlingen, na Bavária. Lá ficava a residência da família Rommel e era onde o Marechal se recuperava dos ferimentos sofridos. O dia 14 de outubro estava próximo.

Da mesma maneira como já haviam feito antes, Harry e Voldemort executaram um SLOP (Salto Livre Operacional), aproveitando a estreita faixa de ponto cego entre o raio de ação dos radares trouxas e de eventuais Sensores de Atividades Mágicas, não tão alto que fossem captados pelos primeiros e nem tão baixo que permitissem que os últimos os detectassem. De qualquer forma, ambos conheciam o Feitiço de Embaralhamento de Sensores e estavam prontos para executá-lo, caso fosse necessário.

Abandonando as áreas mais densamente habitadas, sobrevoaram uma extensa propriedade rural, nos arredores de Herrlingen, dirigindo-se para uma floresta próxima. Como não havia nenhum radar ou Sensor por perto, diminuíram a altitude e entraram na floresta, pousando em uma pequena clareira. Um Feitiço de Troca de Roupas substituiu seus macacões de voo por roupas civis e eles ficaram por ali, aguardando por seu contato. Dali a pouco, Harry sentiu um Ki conhecido e ficou em guarda.

—Quem está aí? _ perguntou Voldemort, com a varinha em punho, só se tranquilizando após também sentir o Ki do recém-chegado e Harry lhe fazer um sinal de “tudo bem”.

—Riddle? _ sussurrou o outro.

—Riedner? _ perguntou Harry _ Você é o nosso contato?

—Potter? _ perguntou Riedner, meio desconfiado _ “Se a vida lhe der um limão...

—... “Faça um Acelerador de Partículas, como dizia McGyver”.

Após a correta troca de senha e contra-senha, o jovem bruxo alemão se aproximou e acendeu a ponta de sua varinha.

— “Lumus Minima”. _ disse Riedner. Aquela luz fraca não seria percebida à distância, mas era suficiente para que os três se reconhecessem.

—Como você retornou à Alemanha, Riedner? _ perguntou Voldemort.

—A versão oficial é que foi uma troca de prisioneiros, Riddle. Fui trocado por um Oficial da RAF e retornei, para cuidar de minha irmã, já que nossos pais são falecidos. _ disse Riedner _ Mas a verdade é que estou colaborando com a MI-5, para desempenhar uma missão especial em troca de que eles depois nos retirem daqui. O Reich acabou e Hitler está se agarrando às suas últimas fantasias. Eu só não imaginava que minha missão seria apoiar vocês.

—E Greta, como está? _ perguntou Harry _ Ainda sente dor de cabeça quando se lembra daquela partida de Quadribol?

—Engraçadinho. _ respondeu Riedner, com um sorriso _ Na verdade, ela está em Ulm, aguardando sua designação.

—E qual será? _ perguntou Voldemort.

—O pessoal da Hitlerjugend foi deslocado para o interior, a fim de se afastar das frentes de combate, enquanto os Aliados não chegam. Ela vai ser uma espécie de “Büromädchen”, prestando serviços para o Marechal Rommel e sua família, em Herrlingen mas, na verdade, há oficiais que querem que ela espione Rommel. O Reich não confia nele.

—Isso vem a calhar para a nossa missão aqui, Riedner. Poderemos cumpri-la e ainda ajudar vocês a saírem da Alemanha. E você disse “enquanto os Aliados não chegam”? _ perguntou Harry.

—Por mais que não queiram admitir, a guerra está perdida, Potter. A chegada dos Aliados a Berlim é questão de tempo e eu, pessoalmente, prefiro que sejam os americanos e britânicos do que os soviéticos. O tal de Stalin me dá arrepios.

—Faremos o possível para isso. _ disse Voldemort _ Agora teremos que pensar em nossos próximos passos. Se você está com a MI-5, significa que deve ter contatos em Ulm.

—Não só em Ulm, mas também em Stuttgart, Riddle. _ Riedner olhou para Voldemort, interrogativamente _ O que vocês têm em mente?

—Algo em que estivemos pensando e que ficará mais fácil, graças aos seus contatos em Stuttgart. _ disse Harry _ E precisaremos da ajuda de Greta, pois sendo “Office Girl” do Marechal Rommel ela será bastante útil e assim poderemos cumprir nossa missão e também retirar vocês dois da Alemanha.

—Certo. O que deverei fazer, Potter? _ perguntou Riedner.

—Avise à célula de Stuttgart para entrar em contato com “Die Nibilungen”. Apenas diga-lhes para passarem a seguinte frase: “Batman e Robin pagam um níquel pelo chocolate comprado em Ulm. Schloss Adler”. Eles saberão de que se trata. _ disse Harry.

—Vejamos, hoje é 8 de outubro. _ disse Voldemort _ Quanto ao papel que Greta deverá ter nessa história, será preciso que ela faça o seguinte...

No dia 14 de outubro de 1944, um carro parou em frente à residência do Marechal Johannes Erwin Eugen Rommel, em Herrlingen. Dele desceram, envergando impecáveis uniformes, os Generais Burgdorf e Maisel, a fim de terem uma conferência com a “Raposa do Deserto”. No dia anterior, Greta Riedner havia recebido a missão de ir a Ulm, postar uma correspondência pessoal de Rommel.

Os Generais foram convidados a entrar e tiveram uma reunião no escritório do Marechal Rommel, a portas fechadas. Algum tempo depois, as portas se abriram e eles saíram.

—Lúcia, querida, precisarei acompanhar estes Generais até Ulm. É um assunto de vital importância. _ disse ele à sua esposa.

—Johannes, você ainda não está bem recuperado de seus ferimentos. Tem certeza de que é preciso?

—Assuntos de Estado, Frau Rommel. _ disse Maisel _ Sabemos do estado de saúde do seu marido, mas é importante que ele venha conosco.

—Sendo assim, não posso questionar. _ disse a esposa de Rommel. Apenas recomendem ao motorista que dirija com cuidado (ela já desconfiava que o esposo não retornaria).

Ja, Frau Rommel. _ disse Burgdorf.

Rommel acompanhou os dois Generais até o carro, que se deslocou em direção a Ulm. Em um bosque, entre Klingenstein e Ehrenstein, Maisel ordenou ao motorista que parasse o carro.

—Então é agora que eu deverei tomar aquela pílula que manterá intacta a minha honra e a segurança de minha família? _ perguntou Rommel.

—Não necessariamente, Herr Marechal. _ disse Burgdorf.

—Antes de mais nada, será preciso dizer algumas coisas, tipo: “Lime, Cherry, Bloodberry”. _ disse Maisel, enquanto os olhos de Rommel ficavam vidrados e seu olhar desfocado.

— “Lynx, Panther, Tiger”. _ respondeu Rommel, enquanto seu olhar recuperava o foco e os dois bruxos retornavam às suas verdadeiras aparências, diante dos olhos espantados do Marechal _ Herr Zidane! Herr Montrachet! Então hoje é o dia?

—Sim, Herr Marechal. _ disse Voldemort _ Viemos para resgatá-lo.

—E onde estão Burgdorf e Maisel? _ perguntou Rommel.

—Inconscientes no porta-malas deste carro, juntamente com o motorista e mais uma surpresa adicional. _ disse Harry _ Não me pergunte como foi que couberam todos. Afinal, Feitiços de Ampliação Interna são bastante úteis.

Harry, Voldemort e Riedner saíram do automóvel, acompanhados por Rommel. Voldemort abriu o porta-malas e, com a ajuda dos outros, retirou lá de dentro os inconscientes Burgdorf, Maisel e o motorista, colocando-os nos assentos. Em seguida, Riedner tirou um corpo conjurado a partir de um tronco de árvore, idêntico ao do Marechal Rommel, inclusive com a vestimenta que ele utilizava no momento.

—Como foi que vocês fizeram isso? _ Rommel estava surpreso com a fidelidade de detalhes.

—Um corpo falso inanimado, conjurado a partir de matéria orgânica existente, no caso um tronco de árvore. _ disse Harry _ Como não será realizada necropsia e o corpo será imediatamente cremado, ninguém desconfiará de nada.

—Só falta um pequeno detalhe, Harry. _ disse Voldemort, apontando a varinha para a boca do falso Rommel.

Imediatamente formou-se um pouco de espuma, como se o “Rommel” no banco traseiro tivesse engolido uma cápsula de cianeto.

—Bem pensado. _ disse Harry _ Agora vamos reanimá-los, mas com um “delay” suficiente para que nos afastemos daqui. Greta está do outro lado do bosque, em um carro que nos levará até os arredores de Ulm, de onde sairemos para a Suíça.

—E como sairemos da Alemanha? _ perguntou Rommel, enquanto alcançavam o outro carro, dirigido por Greta Riedner.

—Posso dizer que ainda vamos nos divertir um pouco à custa da Luftwaffe, Herr Rommel. _ disse Voldemort.

Embarcaram no carro e foram para Ulm. No caminho, Voldemort mudou a aparência de Rommel para a de um senhor gorducho, de cabelos brancos e bochechas vermelhas.

—Fantástico. _ disse Rommel, enquanto o carro entrava em uma garagem e eles desembarcaram, subindo as escadas até o sótão. Lá, encontraram os membros do grupo de apoio à Resistência, com base em Ulm.

— “Minha alma, de sonhar-te, anda perdida”. _ disse o líder do grupo, um baixinho de cabelos loiros e encaracolados.

— “Meus olhos andam cegos de te ver”. _ respondeu Harry.

—Bem-vindos. _ disse o líder _ Podem me chamar de “Mime”.

—Bastante apropriado. _ disse Riedner.

—Me disseram que vocês têm que realizar uma exfiltração para a Suíça. Quem deverá ser levado?

—Eu e mais esse simpático casal de irmãos. _ disse Rommel, apontando para Paul e Greta Riedner.

—E qual seria a sua importância, para arriscarmos uma operação que poderia expor todo o nosso grupo, mein Herr? _ disse, com certo azedume, outro membro do grupo, de codinome “Fafner”.

Harry e Voldemort se entreolharam e Voldemort então falou.

Herr Fafner, o senhor não tem autorização para saber. Basta dizer que as ordens vêm de Londres.

—Nós respondemos diretamente a Patton e Churchill. _ disse Harry.

Vas ist das? _ Fafner estava surpreso _ Então, vocês são “Batman”...

—E “Robin”. _ completou Harry. Por isso, a missão é prioridade zero.

—Esses senhores irão arriscar o pescoço por nós. Então eu creio que é justo eles saberem por que irão correr perigo. _ disse Rommel.

—Tem certeza? _ perguntou Voldemort _ O senhor é um prêmio deveras valioso para o Reich. Mas, se o senhor quiser, tudo bem. “Vera verto, vera forma”.

Quando Voldemort desfez o feitiço, eles ficaram de queixo caído. Ali, à frente de todos, estava o Marechal Rommel.

—Vamos arriscar as nossas vidas para tirar da Alemanha um maldito Nazista? Vocês enlouqueceram? _ perguntou Fafner, indignado.

—Cale a boca, Fafner. Não seja retardado. O Marechal Rommel é da Wehrmacht, não das Waffen-SS. _ disse Mime _ Além disso, ele jamais foi membro do Partido Nazista.

—E também recebemos a informação de que ele cometeu suicídio há pouco, tomando uma cápsula de Cianeto. _ disse uma garota alta, de codinome “Brunhilde” _ A não ser que, já que quatro de vocês são bruxos, a morte tenha sido...

—... Forjada. _ completou Rommel _ graças a esses jovens, os Generais que seriam minha escolta de morte caíram em um belo engodo, com um corpo falso que deve estar sendo cremado ainda hoje. Esses dois jovens, “Batman” e “Robin”, já sabiam que eu iria cair em desgraça com Hitler por tê-lo criticado e por ter sido implicado no atentado fracassado, apenas por ser amigo de von Stauffenberg. Sou leal à Alemanha e não a essa monstruosidade na qual a transformaram. Quero colaborar para a reconstrução do nosso país depois da guerra e para uma Europa forte, porém mais sábia, na qual as coisas não precisem necessariamente ser resolvidas em campos de batalha.

—Sendo assim, prossigamos com o plano. _ disse Mime _ Afinal, o chocolate não é caro, custará somente um níquel. Descansem e fiquem escondidos. Vamos conferir se o corpo falso do Marechal já foi cremado.

Mime saiu para confirmar as informações e os outros, inclusive Fafner, também saíram para cuidar de suas tarefas em relação ao plano.

—Vocês se trataram por outros nomes. _ disse Rommel, olhando para Harry e servindo-se de uma xícara de café _ De onde suponho que vocês dois não devem ter ascendência francesa, embora falem o idioma muito bem, assim como o Alemão.

—É verdade. _ disse Harry _ Mas só poderemos dizer mais quando estivermos em Londres.

—E mesmo assim, somente se Churchill e Patton autorizarem. O segredo é muito importante. _ disse Voldemort, também se servindo de um café.

—Sendo assim, posso esperar. _ disse Rommel _ Para mim, basta saber que vocês estão salvando a minha vida.

Algumas horas depois, Mime retornou, com informações atualizadas.

—Está feito. _ disse ele _ A notícia que circula por toda Ulm é que Herr Rommel veio a falecer, devido ao agravamento dos ferimentos que sofreu quando seu carro foi atacado na França. O corpo já foi cremado e as cinzas foram entregues à família. Para todos os efeitos o senhor está oficialmente morto, Herr Marechal.

—Então, senhores, Erwin Rommel está morto. _ disse o Marechal, com ar solene, dirigindo-se aos outros e levantando sua xícara de café _ Brindemos ao nascimento de Helmut Schlesinger, pintor e fotógrafo. Este será o meu disfarce, até sairmos da Alemanha.

—Prazer em conhecê-lo, Herr Schlesinger. _ disse Voldemort, também erguendo sua xícara, enquanto Fafner entrava, aparentemente com sua parte no plano totalmente cumprida.

Antes de anoitecer, o gorducho “Schlesinger” caminhava pela calçada e admirava as vitrines das lojas, detendo-se em frente à de uma alfaiataria, na qual o manequim vestia um colete que parecia ter o seu número. Entrando na loja, dirigiu-se ao alfaiate.

—Aquele colete do manequim, o senhor o tem na cor azul?

—Certamente. Poderia me acompanhar até o estoque?

—Sem dúvida. Creio que combinará com o meu novo casaco.

Nos fundos da loja estavam Harry, Voldemort, Paul e Greta Riedner, à sua espera. Subiram à carroceria de um caminhão e entraram em caixas com rolos de tecido, cobrindo-se com eles. Dali iriam à parada seguinte.

O caminhão parou nos fundos de outro edifício, entrando na garagem e juntando-se a outros oito, idênticos, que saíram e seguiram pela avenida principal, separando-se após uns quatro quarteirões. Com aquilo, esperavam confundir algum eventual espreitador, pois Harry suspeitava da existência de algum vazamento no grupo dos Nibilungen.

Depois dos nove caminhões terem se entrecruzado várias vezes, aquele que levava os cinco entrou em um depósito e parou. Eles desceram e mudaram suas aparências, entrando em uma Mercedes-Benz preta, que saiu por outro portão do depósito, rumo ao seu destino final.

Era noite fechada, quando a Mercedes-Benz parou na guarita de um campo de pouso, entre Weingarten e Ravensburg. A sentinela apontou a lanterna para os ocupantes do veículo e seu queixo quase caiu ao ver quem estava sentado no banco traseiro.

Heil, Hitler!— exclamou a sentinela, perfilando-se e saudando a autoridade.

Dummkopf! _ disse ele _ Minha presença aqui é sigilosa, ja?!

Jawohl, mein Führer. Do que o senhor precisa?

—De um Junkers 52, abastecido e pronto para voar.

Jawohl. O senhor vai usar um de nossos pilotos?

Nein, nein. Já tenho o meu. E o mais importante, meu plano de voo é secreto. Tenho uma conferência sigilosa com autoridades dos nossos países amigos, em local neutro. Não quero chamar a atenção. Para todos os efeitos, eu não estive aqui.

—Aquele Junkers está pronto para decolar, mein Führer.

Sehr gut. Vamos até ele, então.

Algumas garrafas térmicas com café foram fornecidas e o grupo preparava-se para tomar o avião, quando...

—Creio que já é hora de acabar com a farsa, mein freund. _ ouviu-se uma voz conhecida. Ao verem a quem ela pertencia, todos fizeram uma expressão de espanto e indignação.

Cinco MP-40 estavam apontadas para eles, além de uma Mauser, que era empunhada por... Fafner.


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