POSSÍVEIS PASSADOS PARALELOS escrita por JMFlamel


Capítulo 28
Berlim, via Arnhem


Notas iniciais do capítulo

Com Arnhem livre, o caminho para Berlim estava aberto, embora não fosse ser fácil. Nesse meio tempo, Harry e Voldemort têm uma missão em Paris, quando tomam conhecimento de algo de grande relevância.



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CAPÍTULO 27

 

BERLIM, VIA ARNHEM

—Desde que alguém possa pilotá-lo, creio que não haverá problema algum em pegá-lo emprestado. _ disse Harry _ Afinal de contas, quem poderia reclamar está inconsciente.

—Perfeito. _ disse Fury _ Vamos dar um passeio até Arnhem.

Depois de inutilizarem a Sala de Comunicações e os Sensores de Atividades Mágicas, Voldemort e Harry capturaram algumas varinhas e as guardaram com o equipamento. Então, embarcaram no “Panzerkampfwagen”.

—Não vai ter nenhuma dificuldade para pilotar essa coisa, Sargento Fury?

—Sem problemas, “Robin” _ respondeu Fury _ E Ralston já aprendeu a operar o canhão. Vamos sair por aquela parede, que dá acesso ao pátio e à rampa de saída do forte.

Reb” Ralston ajustou a mira e assestou o canhão, apontando-o para a parede.

—Modo “Ultrassom”, Ralston. _ disse Voldemort.

—Positivo, “Batman”. _ confirmou Ralston.

O botão foi acionado e a parede se desfez em pó, diante dos olhos de todos. Fury dirigiu o enorme blindado através da abertura e saíram para o pátio. Ralston disparou novamente e o portão do forte fragmentou-se, permitindo a saída.

Os soldados da guarnição do forte estavam impossibilitados de se comunicarem, porém ainda tentaram deter o “Panzerkampfwagen”, embora sem sucesso. As cargas previamente instaladas por Morita cumpriram seu papel e a guarnição voou pelos ares, nem todos eles inteiros.

O enorme blindado desceu pela estradinha de acesso ao forte e logo estava em campo aberto. Não havia mais nenhuma tropa em condições de detê-los.

—Gente, acabei de interceptar uma transmissão. Parece que o canhão instalado na ponte de Arnhem está causando muitas baixas entre os Paraquedistas Britânicos. _ disse Falsworth, que estava operando o rádio.

—Praga! _ exclamou Fury _E mesmo que utilizemos a velocidade máxima deste blindado, ainda levaremos umas duas ou três horas para chegarmos lá. Isso dará tempo para que eles causem muito estrago nas nossas tropas.

—Tenho uma ideia, mas ela é bem arriscada. _ disse Voldemort, com um ar pensativo _ E vou precisar de sua ajuda, “Robin”. Aliás, da ajuda de todos.

—Pensando em fazer este gigante desaparatar, “Batman”? _ perguntou Harry.

—Exatamente. Se ele já fosse tecnomagizado, tipo o Ford Anglia no qual você e Rony Weasley chegaram a Hogwarts no segundo ano, seria fácil.

—Vocês ficaram sabendo do carro? _ perguntou Harry, surpreso.

—Claro. _ disse Voldemort _ Não nos agradava utilizar objetos trouxas enfeitiçados, mas tínhamos ao menos que saber de sua existência.

—Precisaremos ter contato com a estrutura e também ter contato físico entre nós, para potencializar nossos poderes. _ disse Harry _ E o Comando Selvagem precisará também estar em contato conosco, ou é certo que irão se estrunchar.

— “Estrunchar”? O que é isso? _ perguntou Morita.

—Ter ferimentos graves ou mesmo largar partes do corpo para trás. Acreditem, eu já vi e não é nada agradável. _ disse Voldemort _ Vamos desaparecer daqui e reaparecer quase que instantaneamente em nosso destino. Terá que ser algo bem preciso.

—Acho que já sei. _ disse Harry _ “Batman”, ajoelhe-se ao meu lado e coloque uma das mãos espalmada no piso. Em seguida, me dê a outra mão. Selvagens, segurem-se em nossos ombros e não soltem. Prontos? Então, vamos lá... AGORA!!!

O gigantesco “Panzerkampfwagen” desapareceu de onde estava, reaparecendo nos limites de Arnhem.

—Todos bem? _ perguntou Voldemort _ Eu só estou meio tonto, mas já estou me recuperando. E como vocês estão?

—Estamos bem, “Batman” _ disse Fury _ Vamos logo até a ponte. Os chucrutes vão pensar que somos algum tipo de reforço, afinal de contas as comunicações foram cortadas e estamos com as cores do Reich.

—E eu tenho algo preparado para a última hora. _ disse Harry, com um sorriso nos lábios _ Desta vez o final de “Uma Ponte Longe Demais” vai ser diferente.

O blindado percorreu as ruas da cidade, logo chegando perto da cabeceira da ponte. Com efeito, a guarnição Nazista começou a dar vivas, pensando que o “Panzerkampfwagen” havia vindo ajudá-los. Mas então...

—Lembre-se, Ralston, “Ultrassom” nas estruturas e “Infrassom” nas tropas. _ disse Fury.

—Positivo, Sargento. _ respondeu “Reb” Ralston _ E vai ser agora!

Ralston executou o primeiro disparo, um pulso ultrassônico que atingiu o canhão Nazista em cheio, deixando-o desmontado bem à frente das atônitas tropas da Wehrmacht e da Drachenwache.

—Aquele monstrengo não está do lado dos chucrutes, minha gente! Vamos avançar! _ disse o comandante dos Paraquedistas, enquanto o blindado emitia um pulso infrassônico que transformou as tropas Nazistas em geleia. Ao mesmo tempo, com um feitiço de Harry Potter, as cores Nazistas deram lugar às cores e insígnias Aliadas e a bandeira do Reich desapareceu, aparecendo no pequeno mastro da torreta a “Union Jack” e a “Star-Spangled Banner”. Aquilo deu novo ânimo às tropas britânicas, que começaram a avançar, encurralando os Nazistas.

—Não podemos deixar que explodam a ponte, “Batman”. _ disse Harry Potter, preparando-se para desaparatar, com uma varinha capturada em punho, para não disparar um eventual Sensor de Atividade Mágica.

—Tem razão,”Robin”. _ concordou Voldemort, fazendo a mesma coisa.

Aparataram na estrutura de sustentação da ponte, onde uma série de cargas de potentes explosivos militares ocupava os pontos-chave. Com as varinhas em punho, os dois bruxos executavam Feitiços “Evanesco” e faziam com que as cargas fossem desaparecendo. Mas conquistar aquela ponte não seria assim tão simples.

Um grupo de combate de bruxos da Drachenwache também aparatou debaixo da ponte e eles começaram a disparar raios contra Harry e Voldemort, arriscando-se a detonar os explosivos remanescentes, o que poderia não explodir toda a ponte, mas faria um grande estrago.

—Seus idiotas! Vocês vão acabar se matando! _ exclamou Harry, respondendo ao ataque com feitiços que não oferecessem tal risco _ “ESTUPEFAÇA!” “PETRIFICUS TOTALUS!

Enquanto os bruxos Nazistas caíam, estuporados ou petrificados, Voldemort procurava fazer o mesmo.

— “EXPELLIARMUS!” “IMPEDIMENTA!” _ os feitiços do outrora Lorde das Trevas iam reduzindo a oposição, até que ficou mais fácil agir contra os adversários _ “INCARCEROUS!

Com todo o grupo de Nazistas neutralizado e sem a necessidade de utilizar feitiços letais, Voldemort e Harry puderam voltar à tarefa de desminagem da ponte, logo completada.

—Conseguimos, “Batman”! _ exclamou Harry _ As tropas aliadas estão atravessando a ponte e os Nazistas estão se rendendo!

O Baixo Reno havia sido atravessado e a rota para Berlim estava aberta. Além disso, tinham uma vantagem. O “Panzerkampfwagen” era, supostamente, o único de seu tipo e eles acreditavam que o blindado possuía a última ampola de “XERUM-525” existente que ainda estava em utilização.

Assim que os prisioneiros Nazistas foram cadastrados e conduzidos, tomando o cuidado de utilizarem algemas inibidoras de magia nos membros da Drachenwache, o grosso das tropas Aliadas iniciou sua progressão. O destino? Berlim. Quando Harry e Voldemort fizeram uma pequena pausa para um café, um Cabo aproximou-se deles, portando uma mensagem. Eles abriram o envelope e viram o texto escrito, olhando com atenção as palavras: “A LOIRA CAIU DO CAVALO”.

—Como imaginávamos, Voldemort. _ disse Harry.

—Exatamente, Harry. Assim como em nossa realidade, a “Operação Valquíria” fracassou. A mesa de reuniões deve ter protegido Hitler aqui, também.

—Creio que poderemos deixar a situação aqui a cargo dos seus respectivos comandantes e o Comando Selvagem poderá se divertir com o “Panzerkampfwagen”. Depois ainda teremos que pensar em um modo de retornarmos às nossas respectivas realidades.

—Vamos vencer esta guerra e em seguida pensaremos nisso, Harry. Ainda há eventos por ocorrer e teremos que cuidar para que eles se desenvolvam como lá em casa.

—Tem razão, Voldemort. O avanço para Berlim, a libertação de Paris, a Ofensiva das Ardenas, a Campanha da FEB na Itália, aliás o primeiro escalão já está lá. Aqui a “Operação Cobra” e a “Operação Market-Garden” se desenvolveram mais cedo e a segunda deu certo.

—Com uma “ajudinha” nossa e de “Dee-Dee”. _ disse Voldemort.

—Inclusive, parece que teremos novas ordens. _ disse Harry, abrindo um segundo envelope _ Paris recebeu um reforço considerável de tropas Nazistas e, se não coordenarmos operações de guerrilha urbana com os Maquis, não conseguiremos libertá-la até 25 de agosto. O transporte ficará a cargo de “Dee-Dee” e já deve estar chegando.

Com efeito, o som de uma aeronave em aproximação pôde ser ouvido e as tropas em solo ficaram em alerta, até que uma mensagem por rádio tranquilizou a todos. Dali a pouco, um enorme triângulo voador iniciou manobras de aproximação e pouso na planície, nos arredores de Arnhem. Era idêntico ao supercargueiro que Harry havia desviado para o Ártico, quando evitou a “Operação Amerika Bomber” dos Nazistas. Mas havia uma diferença: trazia as insígnias Aliadas e a fuselagem era cor de bronze. Quando o avião aterrissou e seus motores foram desligados, Harry e Voldemort se aproximaram, aguardando que o piloto desembarcasse, o que logo aconteceu. Ao verem de quem se tratava, os dois ficaram de queixo caído. Principalmente Harry, que já o conhecia.

À frente dos dois, trajando um macacão de voo e jaqueta “Bomber”, com o capacete na mão e sorrindo para Harry, estava Pat Savage.

— “Robin”! _ exclamou ela, tratando Harry pelo codinome, enquanto corria até ele e o abraçava _ Você não imagina o quanto tive que insistir para que Doc me deixasse a cargo dessa missão (“Mais uma fotografia para o álbum. Eu só queria saber qual é o melado que tem esse cara”, pensou Voldemort).

— “Batman”, esta é Patrícia Savage, “Pat”. _ Harry apresentou a prima de Doc Savage a Voldemort _ Eu lhe falei dela, de quando fui aos EUA e demos início à “Operação Dee-Dee”.

—Claro, “DD”, “Doc” e “Daddy”. _ disse Voldemort _ Doc Savage estudou as aeronaves e equipamentos Nazistas e desenvolveu os projetos, através de engenharia reversa.

—Exatamente. _ disse Pat _ E depois “Daddy” Warbucks produziu os aparelhos em suas unidades fabris. Infelizmente não dá para produzi-los na escala das aeronaves comuns.

—Mas foi o suficiente para prestar apoio às tropas. _ disse Harry, nem um pouco incomodado com Pat abraçada a ele _ Lançaram os Paraquedistas Britânicos e providenciaram para que eles não ficassem completamente sem suprimentos até que chegássemos.

—Isso. Então, forcei um pouco a barra com Doc e o “convenci” a me designar para cá. Deverei levá-los à França, mais precisamente lançá-los nos territórios já ocupados pelos Aliados, para que coordenem e executem operações de guerrilha e sabotagem.

—Eu soube que os Nazistas estão dispostos a defender Paris com todas as forças. _ comentou Voldemort.

—E o pior é que Hitler ordenou a von Choltitz que incendiasse a cidade e explodisse monumentos e marcos históricos da cidade, caso a batalha estivesse perdida. O que eu acho um crime _ disse Pat.

—Ainda bem que, em nossa realidade, ele não o fez. Mas ninguém sabe o que pode acontecer nesta. _ disse Voldemort _ A não ser que, no cumprimento de nossas missões, nós o “convençamos” a pouparem a cidade.

—E quanto a Patton? _ perguntou Harry.

—Acampado com suas forças a certa distância de Paris, aguardando ordens e condições para avançar. _ respondeu Pat _ Mas vocês não irão se encontrar com ele, assim que eu os lançar. Seu primeiro contato deverá ser com os líderes da Resistência.

Embarcaram na enorme asa voadora e logo decolaram. Pat Savage ocupava o assento do piloto e Harry assumiu o lugar do copiloto.

—Acho que teremos que fazer uma volta um pouco maior, já que você disse que os Nazistas estão concentrando suas tropas nos arredores de Paris. Não me digam que nosso contato será com o Coronel Rol?

—Não, Harry. Não com aquele fanático. Édith Piaf estará esperando por vocês.

—Ainda bem. _ disse Voldemort _ Ele é radical demais, quer deixar de Gaulle de fora das operações de Resistência e instalar um governo de extrema-esquerda.

—Mesmo que de Gaulle tenha um certo viés socialista, ele não chegaria a tal ponto. _ disse Harry.

A aeronave logo atravessou a Bélgica e aproximou-se das coordenadas de salto.

—Não há risco do radar nos captar? _ perguntou Voldemort.

—Não, “Batman”. _ respondeu Pat _ Uma coisa que os alemães começaram a desenvolver e Doc concluiu foi um sistema de distorção de radar. Ainda não está cem por cento confiável, mas não permaneceremos por muito tempo no raio de ação dos radares alemães. Preparem-se para saltar.

Harry e Voldemort se aproximaram da porta de salto, já devidamente equipados. Engancharam e aguardaram pela luz verde. Quando Pat a acendeu, abandonaram a aeronave e os velames negros se enfunaram, levando-os suavemente até o solo, em uma plantação de batatas. Lá foram recepcionados por membros da Resistência, que já aguardavam por eles. Os paraquedas foram enterrados, os macacões de salto foram transfigurados em trajes civis e logo em seguida já eram “Armand Zidane” e “Rémy Montrachet” que estavam montando em bicicletas e se dirigindo para o esconderijo no qual iriam se encontrar com Édith Piaf.

Ao chegarem, foram recebidos por Constance, codinome “Camille”, a jovem sobrinha de M. Lamounier, que lhes serviu vinho, pão e queijo.

—Eu estava com saudades deste Merlot. _ disse Voldemort.

—Eu também. _ disse Harry, tomando um gole e servindo-se de um pouco de pão e queijo _ Como vai Adrian?

—Bem e aguardando ansiosamente pelo dia em que os alemães sejam expulsos de Paris.

Cerca de uma hora depois, a porta se abriu, dando passagem a uma figura pequena, vestida como uma jovem comum do bairro.

Mlle. Piaf. _ disse Harry _ Me perdoe, mas prefiro chamá-la assim.

M. “Robin”. Já me falaram de sua gentileza e me disseram para tomar cuidado com seus galanteios. _ disse Édith, enquanto Voldemort segurava o riso.

—Eu jamais estaria à altura de Yves Montand, Édith. _ disse Harry.

—Pelo que soubemos, a situação é mais séria do que imaginávamos. O reforço Nazista em Paris é considerável. _ disse Voldemort.

—Oui, M. “Batman”. _ concordou Édith _ Mas, estranhamente, o efetivo bruxo não é muito grande. Parece que Grindelwald deixou somente uma companhia e deslocou a maior parte da sua “Guarda do Dragão”, a “Drachenwache”, para o front do Reno.

—Acho que fizemos bem o nosso trabalho por lá. _ disse Harry, servindo um copo de vinho para Édith _ Significa que eles estão valorizando bem mais a rota para Berlim do que Paris, embora a guarnição ainda seja considerável.

—Não se esqueça de que tanto Hitler quanto Grindelwald temem que os Aliados cheguem à Polônia, não importando que sejam os americanos ou os soviéticos. Lembra-se do que há por lá? _ perguntou Voldemort.

—Tem razão, “Batman”. _ disse Harry _ Édith, há como entrar em contato com a Resistência Polonesa?

—Não é muito fácil, mas podemos tentar. _ disse Édith _ Quem seria o contato?

—Karol Wojtyla, “Lolek”. _ disse Harry _ Se disser “Quadribol”, ele saberá que somos nós. Mandem uma mensagem cifrada perguntando “Situação do Gigante”. Espero que alguns dos códigos sejam os mesmos.

—Não se preocupe, M.Robin”. _ disse Édith _ Temos códigos especiais para as redes de Resistência de cada país. Eles receberão a mensagem daqui a pouco.

Com efeito, a mensagem cifrada foi enviada em uma frequência protegida (cortesia de Doc Savage) e logo a resposta foi recebida e desencriptada.

— “Muita movimentação de veículos e de tropas trouxas e bruxas. Trem blindado e sem identificações sendo carregado”. É isso que consta da mensagem. Algo me diz que eles estão esvaziando Der Riese. _ disse Voldemort.

—Então a situação é ainda mais grave do que imaginávamos. Lembra-se da conversa entre Grindelwald e Kammler? _ perguntou Harry.

—Claro que lembro. _ disse Voldemort _ Enquanto Grindelwald retrairia para Nurmengard em caso de necessidade, Kammler disse que iria para “Erebus”.

—O que nos leva a crer que tal base deve ficar na Antártida, pois existe um vulcão com esse nome naquele continente. _disse Harry _ E mesmo que o Monte Erebus fique na Ilha de Ross, do lado totalmente oposto à área reivindicada pela Alemanha, esse codinome só pode significar que a base fica em...

—... “Neuschwabenland”. _ disse Voldemort _ A lendária “Nova Suábia”. Em nossa realidade sempre se especulou se os Nazistas realmente chegaram a construir uma base na Antártida, com a finalidade de reunir forças, prosseguir na pesquisa das “Sonderwaffen” e um dia realizar uma nova investida.

—Seria muito perigoso se eles conseguissem transportar os equipamentos para uma base secreta, longe do front e com um acesso não muito fácil. E eu estive pensando em outra coisa. Voldemort. _ disse Harry, sem se importar que Édith e Constance ouvissem seus nomes _ Lembra-se de que, antes do início da guerra, um encouraçado alemão foi lançado e navegava em águas internacionais do Atlântico Sul, começando a executar ações contra a navegação comercial britânica logo depois?

—Fala do “Admiral Graf Spee”, o famoso navio que combateu contra três embarcações britânicas na batalha do estuário do Prata? _ perguntou Voldemort.

—Ele mesmo. _ respondeu Harry _ O Capitão Hans Langsdorff resolveu efetuar reparos no porto de Montevidéu, pois o Uruguai era uma nação neutra. Porém os reparos não foram realizados e o navio seria atacado pelo “Ajax” e pelo “Achilles”, pois o “Exeter” não tinha mais condições de combater e se retirou.

—Sim, sim. Como o “Graf Spee” seria atacado assim que deixasse o porto, Langsdorff deu ordens para que ele fosse afundado. A tripulação foi para a Argentina e, em 19 de dezembro daquele ano, ele cometeu suicídio. Mas onde você está querendo chegar, Harry? _ perguntou Voldemort.

—E se essas ações do “Graf Spee”, principalmente a batalha, tivessem tido a finalidade de desviar a atenção, enquanto materiais e tropas eram transportados para Neuschwabenland, por outra rota?

—Faz sentido, Harry. _ disse Voldemort _ Principalmente se o transporte pudesse ser facilitado por meios bruxos. Obviamente que com o dedo de Grindelwald. E isso pode estar acontecendo agora, eles podem estar executando uma retirada de Der Riese.

—Merlin! _ exclamou Harry _ Se isso for verdade, não temos tempo a perder! É provável que as instalações estejam sendo completamente esvaziadas neste momento. Édith, precisamos entrar em contato com Lolek, com o Major Ross e com Pat Savage.

—O que você tem em mente, Harry? _ perguntou Voldemort.

—Alguém precisa se infiltrar rapidamente em Der Riese para observar e transmitir informações. Ninguém melhor para isso do que o Comando Selvagem, portanto teremos que contactar o Major Ross, para ele lhes pagar a missão. Pat Savage poderá lançá-los rapidamente, evitando os radares. E a exfiltração terá que ser a cargo da Resistência Polonesa.

—Entendi, M.Robin”. _ disse Édith _ Então o seu verdadeiro nome é “Harry”?

—Sim, Édith. _ disse Harry _ Mas, para todos os efeitos, sou Armand Zidane e meu amigo “Batman” é Rémy Montrachet. É mais seguro assim.

C’est trés bien. _ disse Édith _ Vamos aos contatos, então.

Édith Piaf foi orientar os operadores de rádio sobre as mensagens a serem enviadas e depois de discutir algumas linhas de ação com Harry e Voldemort, retirou-se. Os dois bruxos foram dormir, pois o dia seguinte seria bastante ocupado. Além de terem que fazer o reconhecimento de pontos de interesse, ainda precisariam aguardar as informações do Comando Selvagem.

Circulando de bicicleta pelas ruas de Paris, Harry e Voldemort realizavam o estudo de pontos nos quais deveriam intervir para estabelecer o domínio dos bairros, até que a cidade estivesse livre dos alemães.

Estacionaram as bicicletas e pararam para almoçar em um bistrô. Sentados a uma mesa na calçada, saboreavam uma pequena refeição, quando viram passar uma viatura escoltada por motociclistas. Eles viram então, de relance, o oficial que a ocupava.

—Viu quem era, Harry? _ perguntou Voldemort.

—Vi, Voldemort. _ respondeu Harry _ Aquele a quem teremos que fazer uma “visitinha”, mais tarde. Dietrich von Choltitz, em pessoa. Lembre-se de que ele acabou de ser nomeado Comandante Oficial da Fortaleza de Paris pelo próprio Hitler.

—Exatamente. E precisaremos garantir que, assim como em nossa realidade, ele desobedeça Hitler, não exploda os monumentos e não incendeie a cidade.

—Vamos tentar isso hoje à noite. Sabemos onde é o Comando e também como neutralizar possíveis Sensores de Atividade Mágica. Bem, já temos mais uma tarefa para hoje. _ disse Harry.

Terminaram de almoçar, prosseguiram no reconhecimento por mais algumas horas e retornaram para casa, a fim de prepararem o relatório. À noite, desaparataram para mais aquela missão, tentar salvar Paris de ser destruída. Aparataram nas imediações do Comando e se transfiguraram em dois Sargentos. Com identificações magicamente falsificadas, adentraram o prédio e chegaram à área residencial, embaralhando os Sensores de Atividade Mágica e utilizando Feitiços de Desilusão.

O General von Choltitz estava de pijama, com um robe por cima e calçando confortáveis chinelos. Havia terminado de tomar um Brandy, depois de revisar uma pilha de documentos e tinha um cigarro nas mãos, tragando-o distraidamente. Naquele momento, ele ouviu a porta abrir e fechar. Em seguida, foi atingido por um Feitiço Imobilizador.

Desfazendo o Feitiço de Desilusão, os bruxos colocaram o General sentado na poltrona, enquanto Harry utilizava um “Colloportus” e isolava o quarto acusticamente com um “Abbaffiatto”.

—Quem são vocês? _ perguntou von Choltitz, pois o Feitiço Imobilizador não inibia a fala _ Vieram me matar? Pois vejo que são bruxos que devem ser da Resistência.

—Não se preocupe, General. _ disse Voldemort _ Nós não viemos aqui para matá-lo.

—Principalmente porque precisamos do senhor. _ disse Harry, levantando a varinha e desfazendo o Feitiço Imobilizador _ “Finite Incantatem”.

—Mas a porta está lacrada e o seu quarto está sob isolamento acústico mágico, para que não nos incomodem. _ disse Voldemort.

—Mas por que precisam de mim? _ perguntou von Choltitz.

—O Führer nomeou o senhor Comandante de Paris e deu ordens para que a cidade fosse destruída, caso os Aliados e a Resistência estivessem para conquistá-la, não foi?

Ja. Estão instalando explosivos nos monumentos e mapeando os pontos nos quais devemos incendiar a cidade. _ disse von Choltitz _ Mas eu não pretendo destruir Paris. Seria um gesto inútil, que não mudaria em nada o rumo desta guerra. Não cometerei o crime de destruir este inestimável acervo artístico e arquitetônico, não passarei para a História com essa culpa.

—Pelo visto, nem precisaríamos ter vindo. _ disse Harry _ O senhor já havia tomado a decisão.

—Sem dúvida, meus jovens. A cidade será preservada, exceto por eventuais buracos de bala, inevitáveis em um confronto. Sim, eu sei que acabarão por haver alguns embates, afinal os parisienses vão querer sua cidade de volta, mais cedo ou mais tarde.

—Creio que valeu a pena termos vindo. _ disse Voldemort, preparando-se para que os dois saíssem _ É melhor que o senhor não se lembre de nós e nem desta conversa, General von Choltitz. “OBLIVIATE!” O senhor persistirá em sua decisão de poupar Paris e esquecerá este diálogo. Nós nunca estivemos aqui.

Desfazendo o “Abbaffiatto” e o “Colloportus”, os dois bruxos saíram do Comando e quando chegaram a uma distância segura, desaparataram.

Na casa que servia de Esconderijo à célula da Resistência, Harry e Voldemort foram recepcionados por Constance. Ela cumprimentou os bruxos e logo tratou de colocá-los a par das últimas informações recebidas.

— “Batman”, “Robin”, é bom que vocês vejam isso. Recebemos informações recentes a respeito da missão dos Selvagens na Polônia. Eles executaram primorosamente, inclusive conseguiram penetrar em Der Riese, observaram o que puderam e repassaram tudo à Resistência Polonesa, quando foi realizada a exfiltração.

—E o que eles informaram? _ perguntou Harry.

—Estava tudo praticamente vazio, eles só viram as marcas dos equipamentos que estavam nos diversos laboratórios e depósitos.

—E quanto ao “Sino”? _ perguntou Voldemort.

—A sala que vocês descreveram estava vazia, também só havia marcas de que havia equipamento pesado ali. Mas encontraram algo de relevante em um dos escritórios, na verdade no gabinete do General Kammler. Muitos documentos queimados, mas um memorando estava apenas amassado em uma bola, jogado debaixo da escrivaninha. Deve ter escapado por pouco de ter sido encontrado e queimado.

—E eles disseram o que estava escrito? _ perguntou Harry.

—Sim, disseram. _ confirmou Constance _ Era de Kammler para o “Coringa” (os maxilares de Harry se contraíram) e não estava cifrado. Pela data era antigo, Kammler deve ter errado a lixeira e o memorando foi parar em um canto, debaixo da escrivaninha dele. Dizia: “Ninguém encontrou Hess, depois que ele fez aquele voo secreto para se encontrar com um líder da Resistência na Escócia. Não sabemos o que ele pode ter contado a Churchill, voluntariamente ou obrigado. Avise aos agentes que ainda estão na Grã-Bretanha para intensificarem as buscas. Se localizarem Hess, matem-no”. Foi isso o que passaram.

Voldemort e Harry olharam um para o outro, após ouvirem o relato de Constance.

—Constance, mande alguém a Patton com o nosso relatório. Digam a ele para agilizar o avanço das tropas, assim que possível. Não se preocupem, pois von Choltitz não destruirá a cidade. _ disse Harry.

—E quanto a vocês? Não ficarão para coordenar as operações?

—Não. Acontece que surgiu algo de extrema importância e teremos que dar um jeito de retornar imediatamente à Inglaterra. _ disse Voldemort.

—Exatamente. _ disse Harry _ Parece que Churchill não está dizendo tudo o que sabe.


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