POSSÍVEIS PASSADOS PARALELOS escrita por JMFlamel


Capítulo 17
O Natal de 1943


Notas iniciais do capítulo

O Natal se aproxima, com uma bem-vinda folga. Mas o perigo não passou, pois os planos dos Nazistas continuam em andamento.



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CAPÍTULO 16

 

O NATAL DE 1943

Mesmo que a ocupação da Grã-Bretanha pelos Nazistas estivesse diminuindo, graças aos esforços da Resistência e das Forças Britânicas Aliadas, alguns lugares permaneciam sob o controle dos alemães, a comando de Grindelwald e seu Exército das Trevas tais como Hogwarts, perto de onde se encontrava a base de pesquisa e lançamento das aeronaves experimentais do Reich e como também um lugar que era ponto de honra para o bruxo das Trevas manter sob seu domínio, principalmente depois da bem orquestrada fuga da Família Real.

Londres, a capital da Inglaterra.

Porém a guerra que devastava a Europa não impedia que as pessoas comemorassem o Natal e a ocupação havia poupado a capital da Inglaterra dos pesados bombardeios que, em nossa realidade, a haviam devastado. E é justamente em Londres, numa tarde de dezembro na qual a neve dera uma trégua e o sol brilhava transformando a cidade em uma imagem de cartão-postal, que encontramos um casal caminhando às margens do Tâmisa: Georges Delvaux (Harry Potter) e Elaine Rutherford. Ambos levavam algumas sacolas com Feitiços de Ampliação Interna, contendo lembranças para presentear alguns amigos

—Que bom que parou de nevar. _ disse Elaine _ Assim podemos terminar as compras e voltar para casa. Melhor ainda porque você vai passar o Natal comigo e com minha família. Eu não aguentaria ficar longe de você.

—Tom foi para Edimburgo, passar o Natal com Minerva. E eu não posso pensar em ninguém com quem eu gostaria de estar mais do que com você, Elaine. Para mim será um prazer. _ disse Harry _ Sabe, é muito interessante ver Londres dessa maneira, em pleno ano de 1943.

—???

—Intacta. Na minha realidade os Nazistas não invadiram a Grã-Bretanha, mas Londres foi alvo de intensos bombardeios, que deixaram a cidade arrasada. As crianças foram maciçamente evacuadas para o interior, a fim de se protegerem.

—Você chegou a ver isso? _ perguntou Elaine.

Não, não. _ disse Harry rindo, mas depois ficando sério e explicando as insólitas circunstâncias _ Eu nasci, ou melhor, nascerei daqui a trinta e sete anos, em 31 de julho de 1980. Só vi por fotografias e documentários e não era nada agradável. Mas o pior destino é o dos judeus por toda a Europa, morrendo nos campos de concentração Nazistas, quer de exaustão, doenças ou de desnutrição, quer asfixiados nas câmaras de gás.

—É verdade, as notícias chegam de vários lugares. _ disse Elaine, também séria _ E eu percebi que você tem andado meio diferente, com a aproximação do Natal. Há algo que o deixe deprimido nesta época do ano?

—Não, nada de muito especial. Eu já lhe contei sobre minha infância?

—Você já me disse alguma coisa, Georges (por segurança, Elaine sempre chamava Harry pelo nome falso). Sobre o tempo que passou com seus tios, até que foi para Hogwarts e lutou com a contraparte de Tom, Voldemort. Mas eu acho que há mais do que isso.

—Você adivinhou, Elaine. _ disse Harry _ Mas não é assunto para se ficar falando na rua. Que tal um chocolate quente em uma tarde fria?

—Hmm, seria delicioso. Mas onde?

—Aquele Pub trouxa. Soube que o chocolate deles é excelente.

—Então, vamos. _ Elaine deu o braço a Harry e os dois entraram no Pub.

No interior do Pub, Harry e Elaine escolheram uma mesa em um canto discreto e aconchegante. Pediram dois chocolates com um pouco de Brandy. O garçom trouxe os pedidos e guardanapos novos, em um arranjo sobre uma concha. Em seguida, Harry executou um Feitiço de Privacidade bastante forte, que Voldemort lhe ensinara. Assim, com seus assuntos preservados, o casal retomou a conversa.

—Você disse que havia mais coisas, Georges (Elaine não se descuidava, nem sob a proteção do Feitiço de Privacidade). Importa-se de falar sobre elas?

—Em absoluto, Elaine. _ disse Harry _ Mesmo tendo tido uma convivência difícil com meus tios e meu primo, no Natal eles me tratavam um pouco melhor, creio que pelo fato de que o sangue é algo de que não se foge. Talvez, mesmo com todas as diferenças, Tia Petúnia não conseguia odiar sua irmã Lílian, minha mãe. E até Tio Valter e Duda me olhavam diferente, com menos desprezo. Acho que um pouquinho de espírito natalino entrava nos seus corações (os dois riram). Depois que fui para Hogwarts, a época passou a ser bem mais agradável e divertida, principalmente depois que vivi várias aventuras e fiz novos amigos, principalmente Rony, Hermione, Neville, Luna e...

—... Gina. _ disse Elaine, vendo que Harry não estava conseguindo terminar a frase _ Eu sei. Já imaginava que você pensaria nela, afinal de contas é sua namorada, a pessoa que você ama e com quem planejava passar o resto da vida.

—Sim, é verdade. _ disse Harry, tomando um gole do seu chocolate e limpando os lábios com um guardanapo _ Só viemos a tomar consciência disso quando eu estava no sexto ano e depois, quando os bruxos das Trevas tomaram o Ministério e eu tive que passar o ano todo procurando horcruxes, até termos a batalha final em Hogwarts, quando eu e Voldemort viemos para cá.

—E vocês continuam pesquisando sobre possíveis meios de retornarem à sua realidade? _ perguntou Elaine.

—Sim, mas não tivemos um sucesso muito significativo. Muitos livros versando sobre deslocamento temporal e dimensional, mas todos ainda no campo das teorias. _ respondeu Harry _ Talvez seja necessário fazer algo bastante perigoso.

—E o que seria?

—Investigar no próprio Ministério. Talvez a predileção que Grindelwald tem por mim possa vir a ser um trunfo, me permitindo algum acesso ao interior do Ministério da Magia. Uma vez lá dentro, haveria a possibilidade de ganhar a confiança de alguém no Departamento de Mistérios.

—Talvez papai possa te ajudar. Ele tem um bom relacionamento com os Inomináveis e eles estão sempre propondo estágios para quem se interessa por assuntos como esses. _ disse Elaine, também tomando um gole do seu chocolate e pegando um guardanapo _ Hmm, delicioso. O toque exato de Brandy, suficiente para aquecer a garganta, mas sem o álcool se sobressair. Mas, voltando a falar sobre Gina, você disse que ela tem uma personalidade bastante forte e voa muito bem.

—É verdade. Ela é uma excelente Artilheira e já me substituiu algumas vezes na posição de Apanhador.

—E você a ama muito, não é? _ perguntou Elaine, meio triste.

—Sim, mas são duas situações diferentes. Estamos separados por uma barreira dimensional e de tempo, ela no ano de 1997 ou 1998 de nossa realidade e nós aqui, no ano de 1943. _ respondeu Harry _ E, considerando que as chances de Voldemort e eu retornarmos são aparentemente mínimas, preciso raciocinar com a cada vez maior probabilidade de ter de permanecer aqui, levar a vida e me estabelecer. E por enquanto ajudar a vencer esta guerra, derrotando os Nazistas.

—E pensa em viver sozinho? _ perguntou Elaine, em um tom cheio de segundas intenções.

—Até pensei, Elaine. _ respondeu Harry _ Mas também me ocorreu outra ideia, com a qual espero que você não se ofenda.

—Como assim?

—Porque eu não quero que você pense que eu estou te considerando como um “Plano-B”, Elaine. Se eu e Voldemort não conseguirmos retornar à nossa realidade para a companhia dos nossos familiares, amigos e associados e tivermos que viver aqui, nesses nossos possíveis passados paralelos, não consigo pensar em ninguém mais com quem eu queira passar o resto dos meus dias do que com você, Elaine Rutherford. Que tal ser, no futuro, “Elaine Rutherford Delvaux”?

—E por que não “Elaine Rutherford Potter”? _ perguntou ela.

—Porque não quero e nem posso comprometer a provável existência do Harry Potter desta realidade. Então eu não poderei mais utilizar o meu verdadeiro nome, Elaine. _ disse Harry, enquanto ela se achegava a ele e ambos trocavam um suave e discreto beijo _ E então, você aceita?

—Mas claro que sim, Georges. _ disse Elaine _ Se você não conseguir retornar, eu aceito me casar com você depois que essa guerra terminar. E de forma alguma eu me sinto ofendida, pois sei que não é a sua intenção pensar em mim como um “Plano-B”. Gosto muito de você e, se vocês tiverem que ficar por aqui, caso não consigam voltar, farei o possível para te fazer feliz.

—Eu também gosto muito de você, Elaine. No começo me senti dividido por causa de Gina, mas Voldemort disse algumas coisas que me tranquilizaram a consciência, me fazendo concluir que são duas situações diferentes. Eu também quero te fazer feliz e se isso um dia vier a ser amor, eu me sentirei gratificado.

—Isso também me gratifica muito, Georges. Mudando de assunto, tive notícias de alguns dos nossos amigos. _ disse Elaine.

—Mesmo? De quais? _ perguntou Harry.

—Hiram e Renata estão ativos na Ordem da Fênix, executando operações por toda a Europa. A última delas foi desviar um transporte de armas e munições que iriam abastecer tropas Nazistas na Noruega. Agora elas irão equipar células da Resistência Norueguesa.

—Muito bom. Eu soube que Bristol e Inverness caíram e já não estão sob o controle dos Nazistas. _ disse Harry _ Significa que os Aliados logo chegarão a Londres e, com a Grã-Bretanha livre, poderá sair a invasão da França.

—Para você isso já é passado, não é?

—Sim. Por isso eu e Voldemort estamos fazendo tudo para que as coisas aconteçam exatamente como aconteceram na nossa realidade. E parece que estamos conseguindo.

—Sem dúvida. Ah, também soube de Jean-Marc. Ele foi para a França e se juntou aos Maquis.

—A Resistência Francesa? Aqueles lá são heróis de verdade e logo serão recompensados. Eu bem que gostaria de estar lá e conhecer Édith Piaf, pessoalmente.

—Mas ela não é colaboracionista?

—Não, pelo contrário. Ela sempre foi da Resistência. Mas há outra, Danielle Darrieux, que está sendo obrigada a colaborar, pois os Nazistas estão ameaçando deportar seu irmão e ela está vivendo forçada na Alemanha, para que não prendam seu marido, Porfirio Rubirosa, por ser declaradamente anti-Nazista.

—O famoso Playboy mulherengo? Só por isso ele já subiu no meu conceito. Voltando a falar de Jean-Marc, parece que ele vai se casar.

—Como é? Alguém conseguiu segurar aquele sabonete? Deve ser uma garota muito especial. _ disse Harry, consultando o relógio _ Vamos indo? Se demorarmos muito, poderão estranhar.

—Tem razão. _disse Elaine, enquanto Harry desfazia o Feitiço de Privacidade e chamava o garçom, para pagar a conta.

Depois de pagar a conta, Harry pediu licença e foi ao banheiro. Logo retornou e saiu do Pub, em companhia de Elaine. A certa altura do caminho, ele sussurrou ao ouvido da garota:

—Estamos sendo seguidos, praticamente desde que saímos do Pub.

—E o que faremos? _ perguntou Elaine.

—Vamos fingir que não percebemos nada. Deixemos que ele pense que ainda tem o elemento-surpresa e faça o primeiro movimento.

Entraram em uma rua lateral estreita, ideal para uma emboscada. Pelo menos era o que o seu misterioso perseguidor pensava. Certo momento...

—Parem aí mesmo. _ ouviu-se uma voz _ Tirem as varinhas de suas roupas e joguem-nas no chão, fora de seu alcance.

O casal obedeceu à ordem e em seguida viraram-se.

—Você?! _ perguntaram os dois, espantados.

—Surpresos, não? Confesso que também fiquei, quando descobri que Georges Delvaux, o garoto de ouro de Grindelwald, é membro ativo da Resistência e que talvez esse nem seja o seu verdadeiro nome.

—Como você descobriu? _ perguntou Harry.

—Ora, eu era o garçom. E a concha do arranjo dos guardanapos tinha um feitiço que transmitia tudo para outra conchinha, que eu segurava junto ao ouvido. Com isso, consegui driblar seu Feitiço de Privacidade e recolhi várias informações. Agora, vocês vão me acompanhar até o Ministério e...

ESTUPEFAÇA!!!— o Feitiço Estuporante atingiu o bruxo em cheio, lançando-o a mais de um metro e fazendo-o cair, desacordado. Elaine olhou para o bruxo caído e para o lado de onde havia vindo o feitiço, espantando-se.

—Como é que pode?!

—Mais simples do que você imagina, Elaine. E então, deu tudo certo, Harry?

—Melhor impossível... Harry.

Ainda sem saber direito o que acontecia, Elaine via que, com um sorriso no rosto, os dois Harry Potter à sua frente fizeram uma reverência para ela, outra entre si e então fundiram-se em um só.

—Bem que Tom já andava desconfiado desse cara. E eu também, depois de algumas coisas que ele me disse. Parece que Darius Goyle era o vazamento. Teremos que levá-lo a um dos esconderijos da Resistência, para ser interrogado.

—O que foi que você fez, Georges?

—Uma coisinha que aprendi com Renata, uma técnica de Ninjutsu-Bruxo chamada “Kage-Bunshin-No-Jutsu”, “Técnica de Clones das Sombras”. Utilizei no banheiro, projetando um clone e saindo um pouco depois, sob Feitiço de Desilusão.

—Multiplicação de corpos? Incrível, eu não vi nem mesmo Renata fazer isso. E como foi que você percebeu que seríamos seguidos?

É uma técnica difícil, que ela não ensina para qualquer um. Ela ficou admirada de eu conseguir fazer cinco, sendo esse o meu máximo. Acima disso, eles já não têm a mesma força. _ disse Harry _ Mas eu fiquei espantado quando a vi fazer quinze, sem perda de poder. Reconheci uma pessoa no Pub, um prisioneiro que eu e Tom libertamos daquela fábrica ao norte de Hogwarts. Goldstein me fez um sinal para ir ao banheiro e lá havia uma mensagem em alfabeto maçônico, alertando sobre o garçom. Então, projetei o clone e conseguimos pegar esse traste. Por sorte Hiram me ensinou a decodificá-lo, já que pretende me convidar para a Ordem, depois que essa guerra terminar.

—Vamos logo, Georges. Temos que tirá-lo daqui, antes que apareça uma patrulha Nazista.

—Tem razão, Elaine. _ disse Harry, segurando o braço do inconsciente Darius Goyle e a mão de Elaine, desaparatando para um dos esconderijos da Resistência.

Em Edimburgo, a família McGonnagall também estava preparando as festividades de Natal. Embora ainda se fizesse muito marcante a ausência do patriarca Alistair, falecido há alguns anos, por um câncer de cólon, todos seguiam suas últimas vontades, que eram que a família jamais sucumbisse à tristeza. Naquele ano, Tom Riddle participaria das comemorações junto à família da namorada. Para Voldemort, aquilo era uma até grata novidade. Durante todo o tempo de aluno em Hogwarts, na nossa realidade, o bruxo mantivera em segredo uma atração e, por que não dizer, uma paixão pela brilhante colega, jamais tendo tido coragem de se declarar. Naquele momento, o Lorde das Trevas refletia se seus caminhos não teriam sido outros, caso tivesse confidenciado seus sentimentos a ela. Talvez ele não tivesse seguido os caminhos de seu ancestral, Salazar Slytherin e talvez a Bruxidade jamais tivesse conhecido Lord Voldemort. Mas agora, tudo o que o poderoso bruxo podia fazer era tentar resgatar um pouco da inocência perdida, algo que a fusão com o Tom Riddle daquela realidade estava possibilitando. Voldemort jamais se sentira assim antes, pois passara a vida a reprimir suas emoções e sentimentos em nome de seus planos de poder, salvo talvez nos momentos com Bellatrix Lestrange, com quem mantivera um ardente caso secreto, oculto até mesmo dos bruxos que fizeram parte do seu círculo mais próximo. Nem mesmo Severo Snape, a quem infelizmente tivera que matar, tinha conhecimento do fato. Descontente com um casamento forçado com Rudolph Lestrange, a bruxa procurava esquecer aquela infeliz e insípida relação através de sua devoção à Ordem das Trevas e a Voldemort, tornando-se sua mais destacada e devotada discípula. Dali para se aproximar do Lorde e se apaixonar por ele, não demorou muito.

O caso era mantido em segredo, por vários motivos, principalmente para que não  transparecesse nenhuma vulnerabilidade. Só quando estavam totalmente a sós, podiam se soltar e esquecer do resto do mundo. Ali não havia mais “Lord Voldemort” nem “Bellatrix Lestrange”, apenas e tão somente “Tommy” e “Bella”. Mas aqueles momentos jamais retornariam, graças a Molly Weasley. O feitiço certeiro da matriarca ruiva encarregara-se de abreviar a existência de sua amante.

A morte de Bellatrix havia afetado profundamente o bruxo, que estava vendo cada vez menos sentido em retornar ao seu tempo e realidade. Era praticamente impossível reerguer a Ordem das Trevas, os Aurores e a Ordem da Fênix haviam desmantelado todas as suas forças, durante aquela feroz batalha em Hogwarts. Se ele conseguisse retornar, quais seriam as opções? Matar Harry Potter ou morrer pelas mãos do jovem bruxo, cumprindo a profecia de Sibila Trelawney? E então? E depois? Ser capturado pelos Aurores e condenado à morte ou à prisão perpétua em Azkaban pelos crimes cometidos, que não haviam sido poucos? Nenhuma daquelas hipóteses o agradava e, para ser sincero, ele estava cansado daquilo, vendo seus projetos de poder frustrados e o malogro de seus planos. Ele já não tinha mais idade para retomar aquela campanha do zero, apesar da já conhecida longevidade dos bruxos.

Era preciso reconhecer, Voldemort estava com setenta e dois anos, embora sua aparência viperina fosse de no máximo uns cinquenta, devido aos treze anos passados naquele estado de semivida, até que os eventos do Torneio Tribruxo culminaram no seu retorno físico. Ainda que aquelas circunstâncias o tivessem pego de surpresa, viver naquele tempo e realidade poderiam representar um novo começo. Muito tempo já havia se passado, desde que ele havia criado os Death Eaters a partir dos “Cavaleiros de Walpurgis”, uma dissidência das forças de Grindelwald e aquilo estava se configurando como uma oportunidade para Tom Riddle enterrar Lord Voldemort de uma vez por todas. Só havia um porém naquilo tudo, ele acreditava. E esse porém era Harry Potter.

Para ele, que já vivera aqueles dias em sua realidade seria fácil, uma repetição dos anos de sua juventude, atravessar as décadas de 40, 50, 60 e assim por diante, fusionado com sua contraparte. Mas Harry Potter era de outra época e certamente não iria se adaptar (Voldemort não fazia ideia de que Harry estava cogitando a possibilidade de viver naquela realidade e naquele tempo). Sim, o que ele queria agora era ajudar os Aliados a vencerem logo aquela guerra e depois sossego, a vida normal de um bruxo comum. Ao que parece, aquela realidade não conheceria um Lorde das Trevas. Afinal, ele poderia optar por várias atividades diferentes para se estabelecer, a começar pela Hotelaria, apenas dando continuidade ao que já estava fazendo com a propriedade de Little Hangleton. Consultor de segurança bruxa? Talvez, pois conhecia muito bem o outro lado, o dos vilões. Aquilo poderia ajudar a detectar falhas em sistemas de segurança e corrigi-las. Mas antes de tomar qualquer decisão, teria que falar com Harry Potter.

No Ministério da Magia, uma animada festa marcava o final das atividades do ano de 1943. A imensa maioria dos funcionários estava presente, antes de partir para passar o Natal e o Ano Novo com suas famílias. À cabeceira da mesa principal, encontravam-se o Ministro da Magia, Chamberlain e o Administrador da Grã-Bretanha para o Reich, Grindelwald. Após os aperitivos e canapés, o bruxo austríaco pediu a palavra.

Senhor Ministro, senhores Chefes de Departamentos, Divisões e Seções, demais membros do Ministério da Magia, agradeço por sua presença nesta confraternização, quase na véspera de Natal. Sei que é uma ocasião para estar com a família, comemorando mais uma vez essa importante data. Mas não podemos nos esquecer de que somos todos uma grande família ao redor do mundo, tanto que nos autodenominamos “Bruxidade”. Devido às atuais circunstâncias, estamos aqui junto com o Reich, mas estou certo de que não será permanente. Tanto a Grã-Bretanha quanto a Alemanha e a Áustria partilham das mesmas raízes históricas e idiomáticas, sendo as diferenças culturais uma consequência geográfica.

Tomou um gole de água e continuou.

—O que quero dizer é que, pelo menos nestes dias, eu gostaria que não existissem Nazistas, anti-Nazistas ou o que quer que seja. Apenas e tão somente bruxos, confraternizando e prestigiando o talento e os esforços dos elfos domésticos das cozinhas e seus supervisores, antes de irem para suas casas, comemorar o Natal com suas famílias. Muito obrigado e bom apetite.

Aplausos secundaram as palavras de Adolf Gellert Grindelwald, após o que as travessas magicamente foram preenchidas com deliciosos pratos. O almoço seguiu animado e, ao seu término, Grindelwald e Chamberlain cumprimentaram os funcionários que saíam para suas casas. Certo momento...

—Sr. Rutherford, muitíssimo obrigado por ter comparecido.

—Fico satisfeito que o senhor tenha gostado, Sr. Chamberlain. Afinal, o Sr. Grindelwald disse que somos todos uma grande família, independente de nacionalidade ou ideologias.

—Creio que o senhor compreendeu, Sr. Rutherford. Aliás, eu soube que Georges Delvaux passará as festividades de fim de ano com sua família, estou certo?

—Sim, Sr. Grindelwald. Inclusive, fiquei contente com o namoro dele com Elaine. Ele é um excelente rapaz.

—Sem dúvida, Sr. Rutherford. Cuidem bem do jovem Delvaux, ele vale ouro. E não me refiro apenas ao seu talento como Apanhador, que certamente irá lhe valer uma posição na Seleção da Inglaterra. _ disse Grindelwald _ Ele vale ouro por ser uma pessoa de excelente índole e retidão de caráter. Bem, devo me retirar. Boa tarde, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

Entrando em uma lareira, Grindelwald desapareceu para seu apartamento. Lá chegando, despiu seu uniforme SS e tomou um banho. Depois, com um confortável roupão, serviu-se de uma dose de uísque de fogo, ligou o rádio e, quando a voz de Marlene Dietrich espalhou-se pelo seu lar, sentou-se em uma das poltronas em frente à lareira. Gostava da cantora e atriz, independente de suas convicções ferrenhamente anti-Nazistas. Acendeu um cigarro e, enquanto a fumaça se evolava no ar, ponderava sobre o que deveria fazer nos próximos dias, se deveria ou não passar o Natal sozinho, como já fizera tantas vezes antes.

A busca pelo poder sempre o havia forçado à solidão. Adolf Gellert Grindelwald jamais se dera ao luxo de um relacionamento duradouro. Desde que fora expulso de Durmstrang, aos dezesseis anos, havia chegado a pensar que sua busca pelas Relíquias da Morte teria acabado antes mesmo de começar. Mas o destino ajudou o bruxo. Sua tia-avó, Bathilda Bagshot, autora do livro “História da Magia”, o convidara para passar alguns meses com ela, na Grã-Bretanha e graças aos seus contatos e uma certa influência, conseguiu que ele fosse matriculado no sexto ano de Hogwarts. E foi realmente uma grande ajuda, pois ele conheceu e travou uma grande amizade com um bruxo recém-formado que, quando aluno do sétimo ano, fora Monitor da Grifinória.

Alvo Percival Wulfric Brian Dumbledore.

Os dois bruxos tinham ideias semelhantes sobre a interação entre bruxos e trouxas, inclusive tendo cunhado a frase “Para um bem maior”, embora divergindo sobre alguns pontos. Enquanto Grindelwald julgava que os trouxas deveriam ser dominados, Dumbledore acreditava que deveriam ser tutelados e orientados, discretamente, para que evoluíssem. E isso se constituiu em motivo de prolongadas discussões entre os dois, o que não impedia que planejassem sair pelo mundo, em busca daquilo que iria ajudá-los a lograr seu intento. As lendárias Relíquias da Morte.

Quando Dumbledore estava completando dois anos de formado, fora convidado por Nicolau Flamel para ajudá-lo no aperfeiçoamento da Pedra Filosofal e, sabendo das habilidades de Grindelwald, este recém-formado, sugeriu que ele fizesse parte do grupo de pesquisa. Aquilo fora um grande sucesso e culminara na descoberta do Elixir vitae, um concentrado que quando ingerido, rejuvenescia, prolongava a vida e retardava o envelhecimento, não mais havendo a necessidade de se estar de posse da pedra para prolongar a vida.

Mas o que Flamel e Dumbledore não sabiam, era que Grindelwald estava contrabandeando aos poucos alguns volumes de elixir, para seu próprio uso. O único que parecia ter percebido alguma coisa era Aberforth, o irmão mais novo de Alvo Dumbledore,que havia auxiliado os três no projeto, de forma discreta.

Após a virada do século, já passado o pavor da humanidade de um propalado fim do mundo, Grindelwald julgou que era o momento de saírem pelo mundo e fomentarem a revolução, que colocaria por terra o Estatuto de Sigilo e abriria caminho para a Nova Ordem. Grindelwald já estava resolvido a, pelo menos por enquanto, aceitar a linha de ação de Alvo, de tutelar e orientar os trouxas em vez de dominá-los. Porém, com a morte da mãe de Dumbledore, Kendra, o jovem teve de assumir a responsabilidade pela família. Aquilo não parecia impedir Alvo, pois ele estava resolvido a levar sua irmã, que ficara mentalmente perturbada depois de ser violentada por um grupo de rapazes trouxas e não tinha controle sobre seus poderes, em sua peregrinação.

Aberforth tentou dissuadi-lo, argumentando que Ariana teria de receber cuidados que não poderiam ser dispensados em viagem. Irritado com aquilo, Grindelwald lançou uma Maldição Cruciatus em Aberforth, o que fez Alvo defender o irmão, resultando em um duelo entre os três, que culminou com a morte de Ariana Dumbledore, atingida por um feitiço perdido.

O resultado foi o rompimento da amizade entre Dumbledore e Grindelwald, que fugiu da Grã-Bretanha para o continente, pois ele tinha certeza de ter sido responsável pelo feitiço. Por sorte, já havia enviado para um esconderijo seguro o Elixir vitae que contrabandeara.

Na França, em 1906, acompanhou o primeiro voo de uma aeronave mais pesada que o ar. Ele era um dos que estiveram no campo de Bagatelle assistindo o triunfo do jovem inventor brasileiro e rindo-se depois, quando os irmãos Wright reivindicaram para si a primazia, alegando que seu voo havia ocorrido antes. Qualquer um que não fosse cego perceberia, ao ver as fotos, que o tal “Flyer” não tinha a menor condição de alçar voo por meios próprios. Em 1910, viu o mundo tremer de medo novamente, ao associar a passagem do Cometa de Halley a um provável Juízo Final. No período entre 1914 e 1918, durante a I Guerra, dedicou-se a disseminar o terror e o caos no front europeu, oferecendo seus serviços ora a um lado, ora a outro. Gás, doenças, mortes inexplicáveis, tudo parecia ter o dedo de Adolf Gellert Grindelwald.

Antes do fim da guerra, porém, foi para o Afeganistão e tornou-se conselheiro do rei Amanullah Khan, atravessando o breve período da Terceira Guerra Anglo-Afegã, deixando o país e indo para os EUA por volta de 1923, infiltrando-se no MACUSA (MAgical Congress of USA, Congresso Mágico dos Estados Unidos da América), sob a identidade de Percival Graves, um Auror. Secretamente, fomentava o terror por intermédio de um Obscurus, entidade resultante da situação em que um bruxo reprime seus poderes. Em 1926 quase teve sucesso, com a morte de um potencial candidato à presidência dos EUA, o jovem Senador Henry Shaw Jr, um incidente que acabaria por forçar a revelação dos bruxos, tendo sido frustrado em seu intento por quatro pessoas, o Magizoologista Newton Scamander, as funcionárias do MACUSA Porpentina e Queenie Goldstein e o trouxa Jacob Kowalski, que acabaram por se casar, Porpentina com Newton e Queenie com Jacob, segundo informações que obtivera.

Aquela derrota lhe rendeu a humilhação de ter sido levado agrilhoado para a Inglaterra. Mas antes de chegar a Londres, alguns membros fiéis do seu Exército das Trevas encarregaram-se de resgatá-lo, facilitando sua fuga para o continente, onde reorganizou suas tropas e continuou a buscar por pistas das Relíquias da Morte. Na Alemanha, em 1930, caiu em suas mãos um exemplar de um livro trouxa, escrito pelo líder do Partido Nazista, durante o tempo em que permaneceu encarcerado na prisão de Landsberg e, depois de lê-lo, Grindelwald quis conhecer o seu autor, ainda mais ao saber que o autor era austríaco de nascimento, assim como ele.

O nome do livro era... “Mein Kampf”.

Em 1930, o Partido Nacional-Socialista obteve 107 lugares no Reichstag, tornando-se o segundo maior partido. As ideias de Hitler em grande parte coincidiam com as de Grindelwald que, além de acreditar na supremacia bruxa, também acreditava na superioridade ariana. Sendo assim, filiou-se ao partido e, graças à sua inteligência, carisma e persuasão, ascendeu na hierarquia até tornar-se secretário do líder. Foi então que houve o histórico e significativo encontro dos dois Adolfs. Adolf Gellert Grindelwald e Adolf Hitler.

Prestando mais atenção, Grindelwald reconheceu o jovem Cabo mensageiro do Exército Alemão da I Guerra, cuja bravura no cumprimento das missões lhe rendera a Cruz de Ferro de Primeira Classe. O fato de compartilharem o mesmo prenome e a mesma nacionalidade, ainda que Hitler tivesse renunciado à cidadania austríaca em 1925, serviu para aproximá-los e suas convicções semelhantes fizeram com que se identificassem um com o outro e com que ele, de secretário, passasse a ser conselheiro pessoal de Hitler. A confiança depositada nele pelo líder do NSDAP fez com que Grindelwald se abrisse e revelasse a ele ser um bruxo, prometendo ajudá-lo a alcançar seus objetivos políticos. Sob a sua orientação, Heinrich Himmler fez com que as SA (“Sturmabteilung”, Divisões de Assalto) fossem englobadas pelas Stosstrupe (Tropas de Segurança de Hitler), que se expandiu a nível nacional e passou a ser denominada SS (“Schutzstaffel”, Tropa de Proteção). E, dentro das SS, foi criada uma divisão inteiramente bruxa, a qual foi denominada “Drachenwache”, a Guarda do Dragão, sob o comando direto de Grindelwald.

Assim Grindelwald foi aconselhando Hitler e ajudando-o a obter cada vez mais prestígio político, até que o Presidente Paul von Hindenburg, que vencera Hitler nas eleições presidenciais de 1932, o indicou para Chanceler, com Wilhelm Frick como Ministro do Interior do país e Hermann Göring como Ministro do Interior da Prússia. Nesse meio tempo, os dois Adolfs articulavam suas estratégias para que Hitler se tornasse líder absoluto da Alemanha, o que aconteceu quando, em 2 de agosto de 1934, o Presidente Paul von Hindenburg faleceu. No dia anterior, o gabinete de governo aprovou a "Lei sobre o Mais Alto Cargo do Reich", que afirmava que, caso Hindenburg morresse, o cargo de presidente seria abolido e seus poderes seriam fundidos aos do Chanceler da Alemanha. Hitler, então, se tornou tanto chefe de estado quanto de governo, sendo formalmente chamado agora de “Führer und Reichskanzler” ("Líder e Chanceler"). Assim, ele derrubou o único remédio legal que poderia removê-lo do cargo. Sua ditadura estava agora firmemente estabelecida.

A partir dali, empenharam-se em ignorar o Tratado de Versalhes, tornando a Alemanha uma potência militar. O país retirou-se da Liga das Nações e Conferência para o Desarmamento em Genebra, seguindo com uma aliança com a Itália e o Japão, abandonando o plano de uma Aliança Anglo-Germânica. Apoiaram Franco na Guerra Civil Espanhola, procederam à anexação da Áustria e dos Sudetos (região de etnia alemã na Tchecoslováquia). Tudo com a ajuda de Grindelwald e seu Exército das Trevas e também com a complacência de Daladier e Chamberlain, que simplesmente deram mais comida para a fera. O Acordo de Munique permitiu a Hitler se apossar do poderoso parque industrial da Tchecoslováquia.

A Alemanha se reergueu, financeira e industrialmente, readquirindo seu status de potência europeia, com o coração industrial do país, o vale do Ruhr, funcionando a pleno e suprindo a máquina de guerra para os ideais expansionistas de Hitler. Preocupado com a Inglaterra, ele planejava invadir e conquistar a Polônia, a fim de garantir segurança para a fronteira oriental alemã. Ora, aquilo viria a calhar para Grindelwald, que havia recebido a informação de que uma das Relíquias da Morte, a Varinha das Varinhas, estava em poder do artífice Gregorovitch e que ele estava na Polônia. Conquistando aquele país, seria mais fácil obter a exata localização do bruxo.

Mas Hitler estava receoso de uma reação britânica à invasão da Polônia e só ficou mais tranquilo quando Grindelwald sugeriu ao Führer colocar em prática um arriscado plano que, se bem sucedido, neutralizaria os ingleses. Então, ao mesmo tempo em que invadia a Polônia, alegando ter sido negado seu acesso à cidade livre de Dantzig e ao Corredor Polonês, que antes pertencia à Alemanha e também pelo suposto ataque a um posto de fronteira alemão por parte do Exército Polonês (na verdade membros das SS, disfarçados), outro contingente empreendeu uma perigosa, porém bem-sucedida invasão à Grã-Bretanha, que pegou os britânicos de surpresa. Uma esquadra, apoiada por uma flotilha de submarinos e uma divisão da Luftwaffe desfechou um ataque, pegando a nação desprevenida. Em dois dias, estavam chegando a Londres e, com a ajuda da Drachenwache, fizeram a Família Real de reféns e dominaram o Ministério da Magia. Churchill, que já era Primeiro-Ministro (diferente de nossa realidade, na qual ele assumiu em 1940), teve de passar para a clandestinidade quando o Parlamento foi dissolvido assim como Dumbledore, que teve de deixar seu cargo de professor de Transfiguração e desaparecer, pois Grindelwald sabia o perigo que o seu outrora amigo poderia representar.

No ano seguinte, 1940, Grindelwald localizou Gregorovitch em uma pequena cidade onde o fabricante de varinhas estava vivendo escondido, chamada Ludwikowice, que os alemães rebatizaram como “Ludwigsdorf”. Lá, ele encontrou o artífice e o chamou para uma entrevista, na verdade um interrogatório, no qual exigiu que ele mostrasse qual era a sua varinha. Ao ver que Gregorovitch portava a Varinha das Varinhas, repentinamente Grindelwald o desarmou com um “Expelliarmus”, quando ele não estava esperando. Como novo dono da Varinha das Varinhas, executou Gregorovitch com uma “Avada Kedavra”, depois de pedir desculpas mas não poderia deixá-lo vivo, pois precisaria garantir a posse da Varinha das Varinhas.

Agora como senhor da mais poderosa varinha, Grindelwald podia voltar sua atenção para outras coisas, entre elas ajudar Hitler em suas conquistas e procurar pelas outras duas Relíquias da Morte, a Pedra da Ressurreição e a Primeira Capa de Invisibilidade. Tudo parecia ir de vento em popa, as forças Nazistas avançavam pela Europa, Ásia e África, estabelecendo o domínio da suástica por onde passavam.

Aquela localidade polonesa, em região mineradora, viria a calhar para estabelecer um centro de pesquisa e desenvolvimento de armas magicamente potencializadas, a exemplo do que estava sendo feito ao norte de Hogwarts, de onde eles pretendiam lançar as aeronaves do Projeto “Amerika Bomber”. Haviam obtido diversos progressos com a propulsão a jato, os “Uberpanzer”, os equipamentos de visão noturna e, principalmente, “Die Glocke”, o “Sino”. Tudo graças ao “XERUM-525” que por um golpe de sorte havia caído em suas mãos juntamente com seu criador, Gerovinsky, graças ao bruxo de Little Hangleton, o tal de Morfino Gaunt.

Mas o Japão acabou precipitando uma mudança no panorama da guerra, ao atacar Pearl Harbor no dia 07/12/1941, conhecido como “o dia que viverá na infâmia”. Graças àquela atitude, os EUA entraram na guerra, direcionando seu poderio industrial para a produção de material bélico e contaram com o patriotismo do seu povo, os habitantes de uma nação forjada em combates contra os mais diversos adversários. Engajaram-se no front do Pacífico e, em novembro do ano anterior, somaram seus esforços com as tropas da Resistência Francesa e das Forças de Resistência Britânicas, organizadas em 1940 e que, juntamente com o reforço das nações da Commonwealth, enfrentaram as tropas do Eixo na Líbia e Egito, vencendo-as em El Alamein e Tobruk, resultando na vitória aliada no norte da África, os eventos conhecidos como “Operação Torch”. Mesmo invadidos, os britânicos recusavam-se a se render.

E como se não bastasse, a derrota em Stalingrado, o bombardeio e destruição das represas do vale do Ruhr e o recente malogro dos planos do atentado à Conferência de Teerã começavam a pôr dúvidas em sua mente sobre o “Reich de mil anos”. Mas aquilo eram reveses que poderiam ser revertidos e transformados em vantagens, ele acreditava. Ainda mais agora, que um ruído de bicadas na janela chamou sua atenção. Ele a abriu e a coruja entrou, deixando sua mensagem: “O barômetro indica uma alta pressão atmosférica e o termômetro poderá medir a febre quando o senhor julgar conveniente”.

Após ler aquelas palavras, Grindelwald ficou bem mais animado. Serviu-se de outra dose de uísque de fogo, acendeu outro cigarro e separou um uniforme SS de gala. Resolvera aceitar o convite de Hitler para o Natal e Ano Novo, ainda mais porque soubera que aquela bruxa linda, Heidi Klemperer, estaria lá. Ela já havia sinalizado que não o deixaria escapar e, depois de receber aquela boa notícia, ele não fazia a menor questão de contrariá-la. Com um sorriso, fez magicamente suas malas e pegou uma Chave de Portal em uma gaveta de sua escrivaninha. Vestindo um confortável terno e um elegante sobretudo, acionou a Chave e rodopiou para a Alemanha.

Nem tudo estava perdido. Os planos poderiam prosseguir, afinal.


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