POSSÍVEIS PASSADOS PARALELOS escrita por JMFlamel


Capítulo 16
Violeta E Vermelho


Notas iniciais do capítulo

A incursão a Der Riese para o resgate de Gerovinsky teve seus desdobramentos. Como sair de lá? Será que Grindelwald desconfia de algo? A Resistência Holandesa corre perigo. Um espião? Ele levou azar, pois Voldemort prometeu cuidar dele.



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CAPÍTULO 15

 

VIOLETA E VERMELHO

—Ora, ora. Então, quer dizer que terei a felicidade de levar “Batman e Robin” para Herr Grindelwald. Ponto para mim. _ disse Krawczyc, com sotaque alemão.

—Frank Krawczyc! _ exclamou Voldemort _ Mas o que você está fazendo, vestindo esse uniforme das SS?

—Vejo que me conhecem, mas não o bastante. Para começar, não sou polonês, apenas nasci aqui e meu nome não é “Krawczyc”. Minha família é toda alemã, de pura raça ariana e meu nome é “Klaus von Feuer-Adler”, Obersturmführer da Drachenwache, a “Guarda do Dragão”, divisão bruxa da Gestapo, respondendo diretamente a Herr Grindelwald.

—Um espião da Gestapo na Polônia? Bem que nos disseram que havia um, infiltrado entre civis poloneses. Então você estava fingindo ser um civil, Apanhador de um time de Quadribol? _ perguntou Harry.

Ja. E foi um enorme golpe de sorte eu ter resolvido voltar para cá, em vez de dormir no hotel. _ disse Klaus _ Amanhã, quando Herr Grindelwald e Herr Kammler retornarem, terão uma agradável surpresa. Agora, me entreguem suas varinhas e tirem seus cintos. Feitiços não são mais rápidos do que balas e eu não tenho a menor curiosidade de saber se vocês sabem ou não manejar essas pistolas Walther P-38 que estão carregando.

Harry e Voldemort entregaram as varinhas a Klaus e desafivelaram os cintos com os coldres das pistolas, entregando-os a dois Schützen (Soldados), que haviam respondido ao seu chamado, jovens que pareciam recém-saídos da Hitlerjugend, mas que já possuíam o olhar firme e fanático de Nazistas-padrão, dispostos a matar ou morrer pelo Reich. Enquanto isso, Gerovinsky apenas ficou meio afastado, com um ar prostrado e aéreo. Provavelmente aquilo se devia ao tempo passado sob os “cuidados” de Arashikage Tomoyo.

—E o que fará conosco agora? _ perguntou Harry.

—Podem me chamar de “Klaus”. _ disse o oficial SS— Vou apenas colocá-los em uma cela, até que Herr Grindelwald e Herr Kammler cheguem, ora. Mas, como vocês não sairão daqui a não ser para Berlim, não haverá nenhum mal em mostrar algo do que fazemos aqui. Venham.

—Então não é só o “XERUM 525” que está sendo pesquisado aqui, como eu já imaginava. _ disse Voldemort.

Conduzindo os três pelos corredores, Klaus mostrou os vários projetos em desenvolvimento. Além do “Sino”, havia divisões que pesquisavam e desenvolviam novas máquinas, equipamentos de visão noturna, mísseis de longa distância, soros da verdade, tintas especiais, blindagens para veículos e para pessoal, entre outras coisas. Um mapa mostrava instalações de pesquisa semelhantes em outros lugares do mundo, mas a principal era ali, em Der Riese. Harry e Voldemort procuraram memorizar a localização das outras. Confiante de tê-los cativos, Klaus passava pelas várias divisões e explicava.

—Nosso principal objeto de pesquisa é o “XERUM 525”, porque estamos prestes a resolver os últimos entraves para que possamos utilizá-lo no “Sino”, para o deslocamento temporal e também como energia motriz para os veículos “Haunebu”. Mas há outros projetos, como podem ver. Nem todos foram concluídos, mas cada um avança a seu tempo. O protótipo do “Überpanzer”, uma verdadeira fortaleza sobre lagartas, já está pronto para ser testado no campo de batalha. Nossos aparelhos de visão noturna estão bastante avançados, em breve ninguém ficará a salvo de nossos atiradores de elite. Também já estão na fase de produção em série nossos novos tipos de soro da verdade, mais eficiente do que a Escopolamina, bem como as versões mais aperfeiçoadas das bombas voadoras V-2 e as turbinas para aeronaves. Inclusive, logo os Horten estarão nos ares. E será questão de tempo para que o “Silbervogel” seja lançado.

—Então, vocês estão prosseguindo com o projeto “Amerika Bomber”? _ perguntou Harry.

—Mas claro que sim. _ disse Klaus _ Inclusive, aqui desenvolvemos uma tinta especial para os Horten.

—Proteção contra radiação? _ perguntou Voldemort, curioso com o que Klaus dissera _ Estão pretendendo lançar artefatos atômicos nos EUA? Talvez tenham uma surpresa.

—No início, a tinta seria para proteger contra radiação, afinal de contas ninguém quer passar, instantaneamente e em uma escala imensamente maior, pelo que Becquerel sofreu quando carregou material radioativo nos bolsos do avental, sem proteção alguma. _ disse Klaus _ Mas descobrimos que, com algumas modificações, a tinta ajudaria a tornar os Horten praticamente invisíveis aos recentes aparelhos de detecção, os radares.

—Desenvolvimento de tecnologia Stealth? Mas que coisa interessante, Klaus. _ comentou Harry _ Só que de nada adiantará ter as aeronaves apropriadas, se as bombas atômicas não chegarem aos bombardeiros.

—O que quer dizer? _ perguntou Klaus.

—Que as bombas jamais chegarão à Grã-Bretanha. A Resistência Holandesa já está se encarregando de rastrear os quatro comboios e evitar que sua carga saia de Alkmaar. _ disse Voldemort.

—Ah, sim. _ disse Klaus, com uma expressão zombeteira _ Fala dos comboios que enviamos para mobilizar os esforços da patética Resistência Holandesa, distraindo-os da verdadeira carga que estava para ser transportada? Aquela que irá de submarino e que dentro de pouco tempo deverá estar na base, ao norte de Hogwarts.

—Mas tivemos a informação de que o transporte dos artefatos atômicos por submarino era arriscado e que poderia desestabilizar o material. Como vocês conseguiram manter a estabilidade? _ perguntou Harry.

—E quem lhe disse que o material era atômico? _ redarguiu Klaus, ainda com um sorriso de superioridade _ Aliás, não sei por que vocês acabaram montando uma operação para resgatar a família Frank. Para mim eles não passam de uma família comum de judeus holandeses, que logo seria capturada e mandada para campos de concentração, mais provavelmente os homens para Auschwitz e as mulheres para Bergen-Belsen. Uma família sem relevância alguma para o Reich. Mas, segundo eu soube, saíram da Suécia e foram para os  EUA.

—Razões particulares. _ disse Harry, contente pelo fato da família Frank estar fora do alcance da Gestapo, além de não despertar interesse algum dos odiosos Nazistas _ Então, os comboios de material atômico eram apenas uma manobra de despistamento?

—Exato. _ confirmou Klaus _ Fizemos com que os comboios transportassem uma quantidade de material radioativo suficiente para ativar um contador Geiger. Enquanto eles corriam atrás de nossos engodos, o verdadeiro material estava a caminho. Além disso essa manobra poderá servir para desmantelarmos a Resistência Holandesa, identificando seus membros, o que deverá ocorrer nas próximas semanas (“Precisamos dar um jeito de avisar Audrey, para que abortem a operação”, pensou Voldemort).

—Mas, se não era radioativo, então o que era? _ perguntou Voldemort.

—A sabotagem da usina de Vemork e o bombardeio aliado que destruiu as represas do Vale do Ruhr sepultaram nossas esperanças de obter água pesada em escala suficiente para a produção de bombas atômicas, mas o que tínhamos foi o bastante para outra coisa.

—E que coisa foi essa? _ perguntou Harry.

—Vocês devem saber que uma quantidade de “Xerum 525”, o “Mercúrio Violeta”, foi levada para Berlim. _ disse Klaus _ Graças a algumas inovações alquímicas, juntamente com as propriedades estabilizadoras da água pesada, conseguimos estabilizá-lo para obter um poderosíssimo explosivo, não radioativo. E o mais interessante é que a sua cor mudou. O “Mercúrio Violeta” tornou-se “Mercúrio Vermelho”.

—Merlin! _ exclamou Voldemort _ Com “Mercúrio Vermelho” você poderia entrar na Casa Branca, escondê-lo, sair e ninguém perceberia até que você o detonasse. E vocês pretendem bombardear a América com isso?

—Certamente. O mesmo poder de devastação de um artefato atômico, sem os já estudados inconvenientes relacionados à radioatividade, tipo precipitação radioativa, envenenamento do ar e do solo, doenças relacionadas à radiação, como certos tipos de câncer que já mataram vários cientistas. _ disse Klaus, satisfeito com a surpresa deles _ Mas vocês terão outras preocupações, pois logo estarão sendo escoltados para Berlim, mais precisamente pela manhã, assim que Herr Kammler e Herr Grindelwald chegarem.

—Então teremos de sair logo daqui. _ disse Harry.

—Eu só gostaria de saber como. _ disse Klaus, com uma gargalhada irônica e seguindo, enquanto seguiam pela passarela, agora passando por cima de tanques cheios de rejeitos químicos, principalmente de tintas _ Embora estejamos em igual número, vocês estão desarmados e os soldados têm ordens de atirar se vocês esboçarem qualquer reação. Pare de sonhar...

Uma voz se fez ouvir e um feitiço foi disparado.

— “AVADA KEDAVRA”!! _ um dos soldados caiu morto na hora e o instante de distração do outro foi bem aproveitado _ “EXPELLIARMUS”! “REDUCTO”! “ACCIO VARINHAS”!

Com a varinha bem segura em suas mãos e um olhar firme, Gerovinsky executou os feitiços. A submetralhadora do soldado vivo saltou de suas mãos e foi reduzida a pó, juntamente com a do soldado morto. As varinhas de Harry e Voldemort foram arrancadas da mão de Klaus e voltaram para seus donos.

— “MORPHEUS”! _ o feitiço de Harry colocou o outro soldado para dormir, enquanto Klaus tentava usar algum feitiço de combate. Mas Voldemort foi mais rápido.

— “EXPELLIARMUS”! _ a varinha de Klaus foi parar dentro de um dos tanques de rejeitos.

—Pensam que me intimidam? Posso dar conta de vocês três, no corpo-a-corpo. Fui instruído em uma academia Ninja, o Ryu de Kuji-Kiri. Vocês não são páreo para mim.

—Aluno de Kobayashi Isamu? _ perguntou Voldemort.

—Embora não dos melhores, creio ser o suficiente para deter vocês.

—Que coisa interessante, Klaus. _ disse Voldemort, guardando a varinha e avançando em direção a Klaus _ E se eu lhe dissesse que já cheguei a ser discípulo e Instrutor-Auxiliar do Soke Kobayashi Isamu e também instruído no Ninjutsu da Escola Togakure?

Sem hesitar, Voldemort atingiu Klaus com vários golpes fortíssimos, até que o SS começou a se defender, bloqueando alguns deles. Mas, ao levar o impacto de um Ushiro-Kakato de Voldemort, perdeu o equilíbrio e passou sobre a amurada, conseguindo a custo segurar-se e evitar cair no enorme tanque abaixo dele.

—Vou te tirar daí, mesmo que você não mereça. _ disse Voldemort, esticando seu braço e segurando a mão de Klaus _ Pegue minha mão, rápido!

Klaus tentou segurar a mão de Voldemort, mas os vapores dos rejeitos deixaram suas luvas de couro escorregadias e ele acabou se soltando. Com um grito, caiu em cheio no tanque de rejeitos químicos.

KLAUS! _ exclamou Harry.

—Não adianta. _ disse Voldemort _ A esta hora, provavelmente só devem ter sobrado os ossos. Mas como o senhor conseguiu reagir, Sr. Gerovinsky?

—Eu estava fingindo ainda estar desorientado. Antes de vocês me tirarem da sala, peguei a varinha de Tomoyo-san e guardei nas vestes. Achei que aumentaria nossa vantagem se eles pensassem que eu era inofensivo.

—E deu certo. _ disse Harry, recolocando o cinto com a pistola 9 mm, enquanto Voldemort fazia o mesmo _ Agora vamos sair logo de Der Riese, antes que todo um pelotão SS venha investigar esse furdunço todo.

—De acordo. _ disse Voldemort, enquanto Gerovinsky tentava descobrir o que significava “furdunço” _ Mas antes, vamos deixar nosso cartão de visita, como combinamos com o Comando da Inteligência Britânica.

Com um gesto, Voldemort deixou uma marca na parede, com um Feitiço Adicional de Despistamento, para o caso de alguém tentar rastrear seu autor através de Psicometria. A silhueta de um morcego, com uma letra “R” estilizada, semelhante ao bico de um pássaro sobreposta a ele. A marca de “Batman” e “Robin”.

Seguiram pelos corredores, sob Feitiço de Desilusão, evitando as patrulhas que se dirigiam para onde eles haviam estado. Depois de algumas voltas, chegaram à saída e se afastaram o mais que puderam de Der Riese. Voldemort entregou a Gerovinsky a Chave de Portal que havia preparado e ele se preparou para ir.

—Muito obrigado a vocês, “Batman” e “Robin”, sejam lá quem forem.

—Haverá gente esperando pelo senhor, no ponto de chegada dessa Chave de Portal, Sr. Gerovinsky. _ disse Harry _ E depois o senhor será contrabandeado para um país neutro.

—E com isso, o Reich não colocará as mãos em informações que lhes permitam usar o “XERUM 525” de forma segura. _ disse Harry.

Gerovinsky rodopiou rumo a Cracóvia, após acionar a Chave de Portal. Mais que depressa, Harry e Voldemort desaparataram de volta ao hotel, retornando a seus quartos e encerrando o feitiço dos Shikigami.

—Vocês demoraram bastante para voltar. _ disse Florentyna, bastante preocupada com o bruxo _ O que houve?

—Um encontro com um conhecido. _ disse Harry _ Venha comigo para o banheiro que eu explico.

—???

Digamos que vai haver bastante agitação daqui a pouco e teremos de despistar os Nazistas. Se eles nos virem com o cabelo molhado certamente irão pensar que fizemos amor a noite toda e depois fomos tomar um banho.

—Ah, entendi. _ disse Florentyna.

Dentro da banheira, os dois apreciavam a água quente e Harry contou o que aconteceu.

—... Então Tom tentou segurar Krawczyc, mas os vapores dos rejeitos químicos deixaram as luvas escorregadias e ele despencou da passarela, para dentro de um tanque sei lá do quê. Só sei que o cheiro era muito forte e os vapores faziam os olhos arderem e lacrimejarem.

—Krawczyc, quem diria. _ disse Florentyna _ O astro dos “Dantzig Deltas” era de família alemã e Oficial das SS. Ele conseguiu enganar a todos.

—E agora deve estar morto. Não faço ideia do que havia naqueles tanques, mas pelo fedor, ninguém sobreviveria a um banho daquilo. _ disse Harry.

—Falando em banho, esta água está uma delícia. E está me dando uma vontade... _ disse Florentyna, aconchegando-se a Harry.

—Você não tem jeito mesmo, hein? _ e os dois se amaram suavemente, até que, como Harry havia previsto, uma agitação começou a tomar conta do hotel, com gritos e correria, ouvindo-se as vozes irritadas de Grindelwald e Kammler.

Uma batida à porta os alertou. Saindo da banheira, vestiram roupões e foram atender. Eram Tom Riddle e Elena Polanczyk, em trajes semelhantes.

—Tiveram a mesma ideia que nós? _ perguntou Florentyna.

—Creio que sim. _ respondeu Elena, meio sem jeito _ Ouvi passos e depois a voz de Herr Grindelwald, bastante nervoso.

—Um morceguinho me disse que alguém andou fazendo travessuras no Der Riese. _ sussurrou Tom, ao ouvido de Harry, enquanto os dois seguravam o riso.

Naquele instante, Grindelwald e Kammler passaram por eles, a caminho da recepção do hotel. Com a expressão mais inocente do mundo, Harry aproximou-se do bruxo.

—Ouvi o senhor há pouco e me pareceu bastante preocupado. Houve algum problema, Herr Grindelwald? _ perguntou ele.

—Não, Sr. Delvaux. Nada que deva aborrecê-lo. Alguns assuntos requerem a minha atenção e a de Herr Kammler em outro lugar. Façam uma boa viagem de volta a Londres e tenham um feliz Natal e um bom Ano Novo. O próximo amistoso deverá ser por volta de fevereiro, até lá veremos com qual time, talvez os “Transylvanian Thunders”.

—É uma equipe bem forte da Romênia. _ disse Elena _ Há uma dupla de primos, os Vladescu. Marina é Artilheira e Radu é Apanhador. Deverão dar bastante trabalho.

—Mas nada que nosso jovem Sr. Delvaux não possa dar conta, estou certo disso. _ disse Kammler.

—Mas eu creio que a noite de vocês foi muito boa. _ e Grindelwald deu uma piscadela marota, enquanto os dois casais ficavam vermelhos _ Bem, temos de ir. Bom dia, jovens.

—Bom dia, Herr Grindelwald, Herr Kammler. _ despediram-se e os dois Nazistas saíram.

—Eu gostaria de ser uma mosquinha, para saber o que os dois conversaram no quarto. _ disse Florentyna.

—Isso eu posso providenciar. _ ouviu-se uma voz.

Quando se viraram, viram a jovem camareira, a Srta. Kowalski, que também se chamava “Florentina”, só que com “I” em lugar de “Y”.

—Srta. Kowalski, a senhorita disse que pode nos ajudar? De que maneira? _ perguntou Tom, cuja Persona estava em primeiro plano.

—Bem, embora eles tenham procurado por escutas bruxas e trouxas no quarto, não perceberam um pequeno feitiço de minha criação, ainda não registrado.

—Portanto ele não reagia aos meios de detecção. _ disse Harry.

—Exato, Sr. Delvaux. _ disse a garota _ Eles não repararam que, entre as garrafas de vinho consumidas, havia uma que permanecia por ali, vazia e sem ser retirada.

—Me deixe adivinhar, ela guardava as conversas, igual a um Cristal de Armazenagem, não é? _ perguntou Tom.

—Isso mesmo. _ disse ela, entregando a garrafa aos bruxos, com um sorriso travesso _ Agora vocês poderão saber o que os dois conversaram.

—Muito obrigado, Srta. Kowalski. _ disse Harry _ Agora, pedimos licença a todas, pois precisamos ouvir essa conversa.

No quarto, após trancarem a porta e executarem um “Abbafiatto”, Harry e Tom colocaram a garrafa sobre a mesa e removeram a rolha. O feitiço de Florentina Kowalski funcionava sugando a conversa para dentro da garrafa, ficando lá armazenada. Em seguida, a garrafa era arrolhada, conservando o diálogo lá dentro, até que a rolha fosse removida e liberasse a informação. Logo em seguida, foram ouvidas as vozes dos dois Nazistas e do pobre soldado que teve a missão de informá-los.

— “O quê?! A instalação foi invadida e Gerovinsky foi levado? Quem conseguiu fazer isso e quem permitiu que acontecesse”?

— “Parece, Herr Grindelwald, que dois agentes dos Aliados entraram transfigurados como oficiais das SS. Incapacitaram Arashikage Tomoyo-san e levaram o Sr. Gerovinsky. Também levaram os cadernos de anotações, com todo o progresso dos interrogatórios. Aqui está o relatório”.

— “E quem seriam esses dois”?

— “Tudo indica que eram ‘Batman’ e ‘Robin’, Herr Kammler Inclusive, deixaram sua marca na parede”.

— “Maldição! Mas você está com cara de que ainda tem mais coisas a dizer. Pois diga”.

— “Herr Feuer-Adler e dois soldados tiveram um combate com eles e o resultado não foi nada bom”.

— “O que foi que houve”?

— “Um dos soldados foi colocado fora de combate com um Feitiço Morpheus e o outro foi morto, segundo ele, pelo Sr. Gerovinsky. E o Obersturmführer Feuer-Adler”...

— “O que houve com ele”?

— “Caiu em um tanque de rejeitos químicos”.

Depois de uma pausa, ouviu-se a voz de Grindelwald.

— “Obrigado, Herr Bergsdorf. Agora saia logo daqui e volte a Der Riese. Estou com uma vontade enorme de lançar uma ‘Avada Kedavra’ em alguém e não gostaria que fosse você, pois não tem culpa de ser o portador de más notícias”.

Mais uma pausa, o som dos passos do soldado Bergsdorf saindo e novamente o diálogo entre Grindelwald e Kammler.

— “Essa notícia não é nada boa, Adolf”.

— “Tem razão, Hans. O novo explosivo estará sendo transportado para Hogwarts, mas ainda serão necessários alguns ajustes da bomba”.

— “É verdade, Adolf. A ideia inicial era usarmos explosivos atômicos, mas com o advento do ‘Mercúrio Vermelho’, as bombas estão sendo reconfiguradas”.

— “Só espero que seja logo, Hans. Tive informações de que a Resistência tem ganho mais terreno na Inglaterra, nestes últimos dias. Temos de manter a Grã-Bretanha sob nosso domínio a todo custo, para evitar que os Aliados a utilizem como cabeça-de-ponte para uma invasão em grande escala à Europa Continental”.

— “O projeto ‘Amerika Bomber’ também servirá a esse propósito. Destruição física da América e uma baixa no moral dos americanos”.

— “Talvez tenhamos de executar aquele plano que tínhamos estabelecido para contingências, Hans. Primeiro, vamos para Der Riese. Depois eu terei de retornar a Hogwarts, para ir à base de lançamento do Cargueiro-Bombardeiro”.

— “Certo, Adolf. O Führer nos instruiu para que não nos deixássemos capturar pelos Aliados. Eu já preparei uma rota de fuga para Erebus. E quanto a você”?

— “Não se preocupe, Hans. Eu também já tenho a minha rota de fuga e o meu lugar seguro, onde os Aliados não me alcançarão. Agora vamos. Precisamos ver quais os estragos que ‘Batman’ e ‘Robin’ fizeram”.

A conversa terminou e os dois bruxos começaram a planejar suas próximas ações.

—Precisaremos avisar Audrey, ainda antes de retornarmos à Inglaterra, Voldemort. _ disse Harry _ Uma coruja demoraria um pouco além do que queremos e poderia ser interceptada.

—Outros métodos poderiam ser detectados. _ disse Voldemort, pensativo e servindo-se de uma xícara de chá _ O melhor meio seria um Patrono.

—Mas é claro. Um Patrono pode se deslocar quase que instantaneamente daqui para a Holanda, tornando-se corpóreo ao chegar a seu destino. Foi assim que Shacklebolt nos avisou que você havia tomado o Ministério, quando estávamos no casamento de Gui Weasley.

—É verdade. Eu o vi invocando o Patrono dele. Aliás, será melhor que seja o seu e não o meu.

—Como assim, Voldemort? _ perguntou Harry.

—Digamos que um cervo será uma visão mais agradável e menos assustadora do que uma serpente enorme.

—Seu Patrono é uma serpente? Eu nunca soube, embora seja a lógica. Inspirado em Nagini?

—Sim. Ela não era somente uma Horcrux ou um animal de estimação. Era uma amiga de longa data.

—Então é para já. “EXPECTO PATRONUM”! _ uma massa etérea e levemente luminosa saiu da ponta da varinha de Harry e desapareceu pelo teto, indo para a Holanda _ Ele alcançará Audrey onde quer que ela esteja e transmitirá a mensagem, quando ela puder recebê-la sem chamar a atenção de ninguém.

Havia chegado o momento dos Chudley Cannons deixarem a Polônia. Com as Chaves de Portal, todos retornaram à Inglaterra e, mais que depressa, Harry e Tom foram para seu apartamento.

—Passamos por um aperto lá na Polônia. _ disse Harry.

—Confesso que quase nos vi sendo levados para Berlim, Harry Potter. Foi bem por pouco. _ disse Voldemort, cuja Persona assumira o primeiro plano e já pensava no que fazer _ Temos as anotações, Gerovinsky está a salvo e creio que ainda demos uma grande contribuição.

—Está certíssimo, Voldemort. _ disse Harry _ Podemos ter ajudado para que esta realidade também possa vir a ter o Papa João Paulo II. Só queria que Dumbledore entrasse em contato.

Uma batida à porta interrompeu as palavras de Harry Potter. Com cuidado, Voldemort abriu a porta e viu um vendedor de livros, gorducho e baixinho.

—Bom dia. _ disse ele _ Não estariam interessados em alguns livros sobre apicultura? Principalmente este, que trata da criação de abelhas brancas.

Com um sorriso, Voldemort convidou o vendedor a entrar. Em seguida, ele mudou de aparência, ficando alto, magro e com cabelos e barba acaju.

—Acho que o senhor lê pensamentos, Prof. Dumbledore. Estávamos falando no senhor, agora mesmo. _ disse Harry.

—Não, Harry. Na verdade eu apenas estava esperando que vocês retornassem da Polônia. Quando os vi saindo da Estação de Transportes Mágicos, só precisei vir aqui. Como foi lá?

—Perigoso, bastante perigoso, mas também muito esclarecedor, Prof. Dumbledore. _ disse Tom _ Aquela instalação era tudo o que desconfiávamos, estão trabalhando com um elemento poderosíssimo e quase conseguiram completar suas pesquisas. Só foram frustrados porque conseguimos resgatar Gerovinsky e todas as anotações que uma bruxa japonesa, especialista em interrogatórios, havia feito.

—Arashikage Tomoyo-san. _ disse Dumbledore _ Eu já havia ouvido falar dela. Tenho boas notícias, jovens. Tudo ocorreu como vocês haviam dito.

—Sobre a “Operação Long Jump”? _ perguntou Harry.

—Exato. O resgate de Mussolini deu a Skorzeny a credibilidade necessária para que a operação ficasse a cargo dele.

—E eles acabaram caindo na armação. _ disse Tom.

—Certamente. Nem perceberam que permitimos que Bazna passasse aos alemães a informação sobre a data da reunião entre Churchill, Roosevelt e Stalin. Ao mesmo tempo, as Inteligências Soviética e Britânica entravam em ação, monitorando as comunicações e vigiando os grupos, sob a coordenação de Gevork Vartanian. Então, os alemães acabaram por comunicar a Berlim que não mais havia o elemento surpresa e abortaram a missão.

—Excelente. _disse Harry _ Prof. Dumbledore, memorizamos as localizações de várias instalações de pesquisa Nazistas pelo mundo, creio que será bastante útil.

—Com certeza. _ disse Dumbledore _ Vocês podem passá-las para mim?

—Agora mesmo, Prof. Dumbledore. _ disse Tom, conjurando alguns frascos para depositar as memórias. Com as varinhas, Tom e Harry puxaram fios prateados de memórias e guardaram-nos nos frascos.

—Vou levá-los e colocá-los na Penseira. _ disse Dumbledore, guardando os frascos no bolso das vestes _ E quanto às anotações?

—Seria melhor que fossem destruídas ou colocadas fora de alcance, Prof. Dumbledore. _ disse Harry _ Assim como aqueles projetos de Tesla, o “Mercúrio Violeta” é por demais perigoso para ser levado ao conhecimento de quem quer que seja.

—Mas a instalação de Der Riese deve ser destruída, pois eles avançaram bastante e talvez possam concluir a pesquisa mesmo sem as anotações. Pelo menos Gerovinsky está a salvo deles, com a Resistência Polonesa. _ disse Tom.

—E o que o senhor pretende fazer agora com as anotações, Prof. Dumbledore? _ perguntou Harry.

—Devemos destruí-las ou colocá-las em um lugar fora do alcance de qualquer pessoa como você sugeriu, Harry. Pelas histórias que você me contou, a tal substância é extremamente perigosa para estar nas mãos de qualquer governo. Teremos que planejar uma invasão a Der Riese, como disse Tom. Há membros da Ordem da Fênix entre as Forças Aliadas e eles poderão destruir o tal “XERUM-525”. Quanto aos outros avanços pesquisados, será difícil impedir que os Aliados os peguem, principalmente a propulsão a jato.

—Se destruírem ou desaparecerem com o “Mercúrio Violeta” para um local desconhecido já estará bom. _ disse Harry _ Professor, eles já têm rotas de fuga, no caso de algo dar errado. Kammler disse que iria para um local que ele chamou de “Erebus”. Eu creio que pode ser na Antártica, pois em nossa realidade sempre houve rumores sobre uma base secreta Nazista no Polo Sul. E quanto a Grindelwald, ele não disse para onde iria, mas deixou claro que já tinha um local seguro para ir. O senhor acha que pode ser...

—... Nurmengard. A fortaleza de Grindelwald, nos Alpes. Só pode ser lá o local. _ disse Dumbledore _ É o seu principal refúgio e também onde ele encarcera seus inimigos, desde que nos formamos em Hogwarts e ele saiu pelo mundo, em busca de poder. Ela é protegida por diversos feitiços de Proteção, Ocultamento e Segurança, mas eu já consegui localizá-la.

—Então, mesmo que ele fuja para lá, o senhor poderá ir atrás dele, assim espero. _ disse Tom.

—Acompanhado por um reforçado contingente da Ordem da Fênix, é claro, Sr. Riddle. _ disse Dumbledore _ Mas parece que há algo preocupando vocês, jovens.

—Acertou, Prof. Dumbledore. _ disse Harry _ Há um poderoso explosivo que os Nazistas desenvolveram a partir de uma quantidade de “Mercúrio Violeta” que foi levada para Berlim. Eles o chamaram de “Mercúrio Vermelho” e pretendem usá-lo para bombardear a América.

Naquele momento, uma Bolha de Mensagem materializou-se na frente dos três bruxos. Ela se rompeu e surgiu a imagem de Audrey.

— “Não se preocupem, o bruxo que conjurou esta Bolha de Mensagem para mim garantiu que ela era à prova de rastreamento. O aviso de vocês chegou bem a tempo, pudemos interromper o acompanhamento dos falsos comboios e dispersar os grupos da Resistência. Soubemos que há um espião entre os ex-alunos de Hogwarts e parece que a missão dele é tentar descobrir suas verdadeiras identidades. Um contato nosso na Alemanha informou que o tal explosivo secreto já embarcou, de submarino. Deverá chegar à Grã-Bretanha dentro de pouco tempo para ser carregado naqueles aviões experimentais. Tomem muito cuidado, principalmente você, ‘Robin’. Acho que minha vida ficaria mais triste se nós o perdêssemos. Espero que vençamos logo essa guerra, para poder revê-lo. Até a próxima.”

—Só mesmo você, Harry Potter. _ disse Voldemort, com um ar divertido no rosto _ Uma trilha de corações apaixonados, por onde quer que passe. Anne Frank, Elaine Rutherford e agora até mesmo Audrey Hepburn. Mas o que ela disse é muito sério, eu já sei quem é o espião e vi que ele está chegando perto demais. Me perdoem, vocês dois, mas Tom vai ter que tirar umas férias e Voldemort terá que assumir.

Harry sabia muito bem o que aquilo significava. Havia grandes chances de alguém acabar tendo de ir ao encontro de seus ancestrais.


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