Lua Azul escrita por Mr Ferazza


Capítulo 16
XV. PODER. (Pov: 3ª pessoa)


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta, erguido de entre os mortos.
Peço que me desculpem, mas hou alguns transtornos.
Primeiro: Eu estava - ainda estou - sem muitas ideias pra seguir com essa fic. Por favor, não pensem que desisti dela.
Segundo: Tinha um capítulo intteiro pronto, apenas esperando para ser revisado, e, adivinha? O Pc estragou e eu perdi TODOS os capítulos, inclusive os já postados, de modo que tive de refazê-lo. Como a critividade não estava ao meu lado, ele ficou pequeno.
No entanto, acho que dá pra ter uma perspectiva bem clara do tamanho do poder do Thales (pai de Jane e Alec).
Não tenho nenhuma perspectiva de quando postarei o 16. Tenham paciência comigo.
Obrigado.



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VX. PODER.

PoV: 3ª Pessoa.

O ocaso se aproximava lentamente enquanto Thales aguardava pacientemente abaixo de uma árvore qualquer, no meio da floresta que todos tinham certo receio de adentrar. O motivo de toda aquela palhaçada de superstições ele já estava cansado de saber, é claro. Supostamente, seu pai havia morrido lá.

A verdade era que, realmente, o lugar não era o que se podia chamar, nem de longe, de acolhedor. Havia pouca luz; olhos humanos — como os dele — não conseguiam enxergar nada muito além de um ou dois palmos à sua frente. Isso um momento em que o Sol estava alto no céu. A temperatura também não era muito agradável; como o Sol não conseguia penetrar além das árvores densas, parecia que cada alento, cada respiração, era acompanhado de cortantes agulhas de gelo descendo pelos pulmões. Mas Thales já havia se acostumado. Passava boa parte do dia ali, procurando árvores que pudessem ser cortadas para que ele pudesse exercer seu ofício.

Mas o motivo de ele estar ali naquele momento não era esse. Assuntos mal resolvidos com um velho — muito velho — conhecido esperavam para serem discutidos. Não era o que Thales tinha em mente para começar uma semana com o “pé direito”, mas, além de não acreditar em sorte, era necessário que se fizesse alguma coisa a respeito de tudo o que estava acontecendo.

Seus filhos corriam perigo. Muito perigo. Alec, é claro, já devia estar imaginando o que viria a seguir... Não que ele subestimasse a capacidade de Jane de perceber essas coisas, mas ele tinha de admitir que a incredulidade de sua filha a fizesse meio obtusa às vezes. Será que eles haviam conseguido ler o diário de Lael? Todas aquelas anotações que mesmo ele, quando era mais jovem, já acreditou ser uma bobagem sem tamanho... Agora estavam nas mãos de seus filhos. A anotação apertada entre o fim da página e o último parágrafo de uma página no final do diário poderia complicar muita coisa...

Um ruído estranho na copa da árvore na qual ele estava encostado o tirou de seus devaneios meio angustiantes bem a tempo de agradecer por não ter tempo de começar a remoer histórias que não tinham outro rumo. Certas coisas não podem ser mudadas, pensou ele, consigo mesmo, antes de voltar a atenção para o ruído que o distraíra.

Quando inclinou a cabeça para cima, em direção ao alto da árvore, não conseguiu distinguir nada além dos galhos densos quase que compactamente juntos. No entanto, sabia quem devia estar lá em cima naquele momento; era por isso que ele estava ali na floresta, esperado.

Um baque surdo — que ele sequer teria notado se pés fortes não esmagassem alguns gavetos caídos — ao seu lado o disse que o que quer ele esperava em, em cima da árvore, já havia aterrissado no chão.

Thales esperou e, como a única coisa que seus ouvidos não tão sensíveis podiam detectar era o rio gelado correndo ao longe, não escutou nem a respiração do indivíduo postado silenciosamente ao seu lado.

— Você está atrasado, Aro — disse Thales para a figura que, agora, ele podia distinguir as formas com sua visão periférica.

A figura imóvel e pálida pigarreou e, meio desconfortável, disse:

— Não soy Aro — disse a figura, com um forte sotaque espanhol impregnando sua voz.

Thales ficou mais imóvel do que já estava, por alguns momentos, antes de se virar para conseguir ver o rosto do vampiro desconhecido em meio à penumbra da floresta.

— Obrigado por me avisar — Thales disse com sarcasmo. — Por que Aro não veio? Perguntou como se não estivesse quase bravo.

Qual seria o sentido daquilo tudo? Se Aro não estava ali, então aquela “reunião” não tinha sentido. O motivo dela era justamente os planos do vampiro para...

— Não sei. Não costumo questionar as ordens do meu mestre — disse o vampiro desconhecido.

— Posso imaginar — disse Thales, a sobrancelha direita erguida de incredulidade. — Mas eu pensava que ele também não costumava desobedecer às minhas ordens.

Foi a vez de o vampiro desconhecido erguer a sobrancelha de incredulidade... Desde quando um vampiro recebia ordens de um ser humano? Principalmente Aro, que era o mais próximo de um rei que o vampiro conhecia.

Yo creo que no he compreendido — disse o desconhecido.

— Entendeu, sim. Aro tinha ordens minhas para vir ele mesmo. Em “pessoa”. Mas, já que ele não está aqui, por que não começa me dizendo seu nome? — Thales perguntou, deixando sua declaração um pouco mais amigável no final, o que era difícil, porque a frustração trazia à sua voz um tom rude inconfundível.

Me llamo Santiago — Disse — Por que quer saber?

— Mera curiosidade. — disse Thales dando de ombros — E então, já que ele não veio, porque você está aqui? — Perguntou ele, mesmo já tendo uma boa ideia da resposta que o vampiro vai lhe dar.

Santiago estudou seus olhos castanhos e astutos de Thales por um momento antes de responder à pergunta que, ele podia admitir a si mesmo, não tinha a mínima ideia do porquê de ter de respondê-la a um desconhecido. Principalmente um humano. Uma criatura que chagava a ser pateticamente fraca. No entanto, ele teve o bom senso de responder antes que comprovasse que suas conjecturas sobre a humanidade de Thales eram só isso: Conjecturas.

—Aro dijo que havia duas crianças importantes. Ordenou que eu tentasse distrair as pessoas que as queriam mortas, porque elas chamam atenção demais.

Thales desencostou o corpo da arvore lentamente, lançando-se para frente de modo tranquilo, os braços cruzados sobre o peito.

— Entendo... Mas porque ele não veio pessoalmente? — questionou. — Digo... Se eu fosse ele, não mandaria um recém-criado imaturo e volátil para proteger duas crianças, mesmo que isso seja uma tarefa fácil, até entediante, para um vampiro.

Os olhos rubros de Santiago pareceram adquirir uma tonalidade mais viva, como se uma chama tivesse começado a arder lentamente sob as íris.

Quem você está chamando de recém-criado imaturo e volátil? — Pergunta ele, a voz quase um rosnado de raiva, os músculos pétreos de suas costas se retesando para um ataque.

—Ora, meu querido amigo — Disse Thales, imitando quase que perfeitamente o tom ciciado, leve e apaziguador com o qual Aro costumava se dirigir a seus interlocutores. Depois voltou a seu tom de voz normal —, está vendo outro recém-criado imaturo e volátil por aqui além de você?

O vampiro rosnou mais uma vez, retesou-se mais ainda e preparou o salto.

— Eu não faria isso, se fosse você... — Thales o advertiu, a voz calma como se não estivesse a ponto de ser atacado por um vampiro fisicamente milhares de vezes mais forte do que ele, mas ele já estava em ação.

O vampiro avançou na direção de Thales, mas, antes que pudesse morder a jugular do ser humano — que continuava com a expressão inalterada e como se nada estivesse acontecendo —, caiu de costas na relva e nos gravetos molhados da floresta, quase que literalmente uivando com a dor que estava sentindo.

Após alguns segundos agonizando no mesmo lugar, a dor parou e Santiago imediatamente se levantou do solo úmido, procurando pela fonte de sua dor, o ataque de fúria momentaneamente esquecido. Aparentemente não havia nada além de Thales, que continuava com a expressão inalterada. Mas aquilo não podia ser... Um ser humano não poderia ter causado uma dor quase lancinante em um vampiro... ainda mais sem usar nada. Nenhuma ferramenta.

O vampiro confuso ergueu uma sobrancelha e mirou Thales mais detidamente, talvez para verificar se tinha certeza de que ele era humano. Não havia nada “fora do lugar”; Thales realmente parecia ser um humano. Somente para tirar suas dúvidas, Santiago inspirou profundamente por alguns segundos.

—Não se atreva — Disse Thales depois que Santiago inspirou profundamente; é claro que ele não estava lendo a mente do vampiro, mas, pela expressão deste, ficou claro que o cheiro de Thales era mais do que atraente.

Os músculos das costas do vampiro se retesaram, indicando que ele estava prestes a atacar. Seus olhos novamente assumiram um brilho estranho. Mas dessa vez não se tratava de fúria. Se pudesse — se fosse biológica e fisicamente capaz —, sua boca estaria salivando.

Com um estalo, Thales percebeu que sua magia estava bloqueando a “respiração” do vampiro desde que havia chegado à floresta. Mas sua magia era assim: Poderosa e, no entanto, pouco duradoura quando se tratava de vampiros. Isso talvez se devesse ao fato de que suas mentes eram parecidas — Ambas igualmente poderosas.

—E lá vamos nós outra vez... — Thales disse mais para ele mesmo do que para o vampiro que, agora, estava ensandecido pela sede que, por sua expressão, parecia corroer-lhe a garganta a cada inspiração.

O vampiro atacou, mas foi violentamente jogado para trás por uma força que somente Thales poderia explicar. Quando se levantou, investiu de novo contra Thales, mas novamente foi jogado para trás.

O processo precisou ser repetido algumas vezes para que o vampiro compreendesse que nenhuma força o estava arremessando para o lado contrário; era seu próprio corpo que fazia isso. A Lei de Ação de Reação: o golpe que era dado se refletia no mesmo sentido, com a mesma intensidade, mas na direção oposta.

O escudo que Thales projetara à sua volta ainda estava intacto, mesmo depois de umas dezenas de investidas mortíferas e inúteis. Aquele tipo de magia era muito mais simples e eficiente do que prender a respiração de alguém; fazer isso requeria esforço mental e físico, de modo que ele devia se concentrar nas duas esferas — física e mental — simultaneamente. Mas o escudo só dependia de sua vontade.

— Controle-se, jovem — disse Thales ao vampiro, que agora parara com as investidas. — Acredito que não seja isso que Aro procure em um servo... Quero dizer: Sei que ele o treinou para que exercitasse seu autocontrole. Do jeito com que ele se importa com a Lei, você não deveria estar bancando o lunático ou o descontrolado. Ou o lunático e descontrolado. — como o vampiro não o conhecia, não notou o leve tom sarcástico na voz de Thales.

— Do que você está falando? — A voz do vampiro era quase um rosnado.

— Ora, imagino que ele o tenha ensinado muitas coisas sobre o autocontrole. Principalmente na frente de humanos. Ou talvez não... Já que ele próprio não é lá o que se possa chamar de autocontrole em pessoa. Uma pena, porque essa é uma característica que sei que ele admira muito. Bem, mas ele vai encontrar um vampiro com um autocontrole invejável. Um dia. Tenho certeza. Aliás, espere só até que Aro saiba que você encontrou Il Tuo Cantante e não teve a oportunidade de cravar-lhe os dentes.

O vampiro, quase perplexo, disse:

— Por que não para da tagarelar e me diz logo o que quer?

Thales deu de ombros e virou-se para ir embora. No entanto, parou no meio de um passo e disse:

— Só diga a Aro que, se ele quiser as crianças, deve vir busca-las pessoalmente. E diga, também, que o tempo está se esgotando.

O vampiro o fitou de maneira confusa, a pele de pedra quase vincando por causa da testa franzida.

— O que... — começou, mas foi interrompido por Thales.

— Não questione. — Ordenou ele.

O vampiro se calou.


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Notas finais do capítulo

Não sei por que ficou aquele link na palavra "exercer", logo no começo.



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