Como isso pode ser feito?

Seu sorriso tão apaixonante

Oh, e o seu rosto tão bonito e doce

De um jeito tão feio, algo tão belo.

               Naive –The Kooks

    Já fazia uma semana que John, Matt, Soph e eu estávamos sobre o mesmo teto, e se eu quisesse contar cada briga, cada escândalo e cada minuto louco desses dias seria preciso mais páginas do que podem ser publicadas, e tornaria isso um pouco chato de ler. Por isso darei um resumo dos acontecimentos daquela semana.
    Matt e meus pais entraram em uma briga que eu achava que ia acabar na quarta guerra mundial, porque a terceira foi quando mandaram ele para o internato. Meu pai ficou tão nervoso, que parecia um pimentão de tão vermelho, eu e minha mãe tentamos intervir, mas não conseguimos fazer algo a tempo. Meu pai deu um tapa, daqueles de dar som e marca vermelha que fica pelo menos cinco dias, na cara do Matt.  E se você duvida que meu irmão quase fez o mesmo com meu pai, mude de ideia.

    Ele só não fez isso porque juntou todo mundo para segurar ele. E por fim eu e John conseguimos arrasta-lo para seu quarto. Meu irmão estava bufando e quase quebrou o quarto dele, mas achou melhor fazer algo que irritaria mais ainda meu pai. UMA FESTA!
    Meu pai teve a melhor adolescência que pode, então ele sabe o que rola nas festas, por isso festa na nossa casa era algo proibido. E eu não estava disposta a descumprir essa regra, mas Matt, o que ele tinha a perder agora?
    Festa bye bye férias dos Armstrong, foi o nome que ele deu para festa. Ele pegou todo dinheiro que tinha ganhado de nossos avós no mês, o que não era uma quantia pequena, e gastou em comes e bebes. Na sexta da festa meus pais não estavam em casa, eu não tinha contado nada porque não queria ferrar meu irmão, mas ele sabia se virar sozinho, então também não ia perder a festa.
    Eu estava usando um vestido com top justo e as três sainhas florais, minha melissa preta e um bolero vermelho para não sentir muito frio. Meu cabelo estava escovado e cacheado. Eu tinha passado um batom vermelho forte.
    Eu não podia deixar Sophie ir no modo desajeitado que a garota queria vestir, jeans e all star. Meu Deus, ela queria me fazer ter um infarto e morrer jovem. Então a convenci, depois de uma briga árdua, a vestir um vestido de renda preta com fundo azul, infelizmente meus esforços não conseguiram faze-la abrir mão de seu all star.
A festa já estava animada quando descemos as escadas. Meu irmão estava gatérrimo, calça jeans, blusa social branca, que estava totalmente amarrotada, aberta e com marcas de batom quando eu vi. John não perdia, ele usava calça social também e all star para quebrar.
      - Ei baixinhas, que bom que resolveram descer. – Matt falou beijando meu rosto e sorrindo para Soph.

     – Vocês tão muito gatas, se me permite dizer Soph- John disse ao surgir magicamente. Fazendo a minha amiga revirar os olhos.
      - Pelo menos o bom gosto você nunca perdeu, John. – Ela falou e saiu de perto de mim.
      - A gatinha é arisca, primo, já devia ter aprendido. – Meu irmão brincou.
      - Eu gosto de deixar me arranhar. – John falou saindo atrás da Soph.
      - Eles vão casar um dia, pirralha, pode escrever. – Matt falou, eu olhei para os dois e sorri.
    Tá eu já gostei do meu primo, e muito. Mas a Soph e ele, bem, opostos se atraem não? Uma Gomide e um Armstrong de novo, era pedir demais, mas quem sabe?
      - Oi, você é a irmã do Matthew? – Um garoto loiro havia se materializado na minha frente. Os olhos dele, de um azul tão profundo que eu estava tentando lembrar o que ele tinha falado. Ele estava com uma calça jeans escura, justa e baixa que mostrava a cueca vermelha. Ele usava all star vermelho e blusa social branca. Sem marcas de batom, o que era estranho.
    - Hã? Sim, sou. – Falei saindo do meu transe de alguns segundos. – Karly, prazer.
    Ele sorriu, se John tinha um sorriso torto bonito o daquele garoto era assassino, eu morri quando ele sorriu para mim.
      - Pode ter certeza que o prazer é todo meu. – Ele falou e aumentou o sorriso - Lucca Hortz.

      - Conhece meu irmãozinho de onde?

      - Eu conheço aquela vadia do colégio, estudei com ele no internado ano passado, mas fui expulso com ele. E fui reprovado, por culpa da expulsão, então estou no seu ano. – Ele sorriu.
      - Então posso pensar que terei o prazer de te ter na minha sala esse ano?
      - Eu já estou pedindo para a sorte me dar esse prazer.
    Eu ri, para ter sido expulso com Matt tinha que ser um galinha de primeira.
      - Vai ser bom ter alguém conhecido para começar o primeiro ano numa escola nova. Se bem que já vou entrar com a Soph.  Mary Sophie Gomide
      - Hum, seu irmão não falou que tinha outra irmã. – Ele falou meio pensativo
      - Ela é minha prima, e mora conosco. – Expliquei.
      - E as Gomides são sempre bonitas, ou é gene Armstrong? – O garoto falou se aproximando de mim
    Eu dei meu melhor sorriso, coloquei meu braço em seu peito afastando-o e sentindo que, como Matt, ele malhava um bocado. Respirei fundo e falei:
    - Eu sou única, e minha beleza igualmente. Eu dei a sorte grande, porque as Gomides e as Armstrongs são lindas, maravilhosas e o melhor de tudo. – Eu fiz questão de sussurrar no ouvido do Lucca. – Não são nada fáceis.
    Ele engoliu seco com minha resposta, e provavelmente iria retribuir a provocação quando meu irmão apareceu, cortando-o.
      - Vejo que os melhores já se conheceram. – Matthew falou passando seu braço sobre meu ombro e me oferendo bebida, eu olhei para ele e revirei os olhos. – Mas, infelizmente, a Kaká aqui não tem o nosso bom gosto para vida.
      - Na verdade, é porque eu gosto da minha vida que não faço as loucuras que você faz, meu irmão. – Falei virando os olhos. – Foi um prazer te conhecer Lucas, te vejo no colégio.
    Quando eu falei Lucas parecia que o garoto ia me estrangular ou algo bem próximo. Mas ele se acalmou e simplesmente falou:
    - É Lucca, minha flor, adoraria se no colégio você lembrasse. E se não, pode me chamar de Hortz, serei o único, prometo.
    Eu sorri e falei:
      - Não poderei prometer ser a única Gomide, mas serei a única Armstrong que você lembrará.
    E sai. Meus queridos leitores entendam, eu adoro e preciso de uma saída triunfal, se não tiver isso, esqueça, não é Karly Gomide Armstrong, é um robô. Mas entradas triunfais também são comigo, principalmente se eu cair. Eu tenho sérios problemas de manter equilíbrio, então a minha tendência de cair é muito grande. Em geral eu consigo cair e me levantar tão rapidamente que ninguém percebe. Porem, nenhum dia pode ser perfeito, ou estraga. E aquele dia não podia ser diferente.
    Enquanto eu andava para a outra sala procurando Soph eu tropecei e só não cai porque algum anjo me segurou. Um anjo maravilho, lindo e que eu amo de paixão.
      - Kretek – Meu grito poderia ser escutado na China.
      - Calma baixinha, eu te segurei, você não caiu. – Ele falou me abraçando
      - Eu sei que não cai, por isso gritei. – Falei abraçando ele e beijando seu rosto.
      - Eu imaginei que seria algo do tipo. – Kretek me abraço forte. – Então baixinha, estava conversando com Lucca Idiota Hortz porque mesmo?

     - Ele é amigo do Matt, foi expulso junto com ele. – Olhei para meu Vine lindo. – Como conhece ele?

     - Longa e terrível história baixinha, só precisa saber, eu era um deles.
    Foi tudo que ele disse antes de mudar completamente de assunto, e eu não voltei. Porque eu sabia, era algo que ele não queria falar. E se ele não queria falar era ruim, e isso queria dizer que era muito, muito ruim.
    Porque meu Kretek tem vários apelidos, e não vou dizer que foi de uma modo bonito que surgiu seu apelido Tequila. Digamos que se a vida der um limão para meu amigo, ele vai arrumar sal e tequila para começar uma diversão, que nem as festas do Armstrong, que eu tive o prazer de ser convidada, chegavam aos pés daquilo.