Alexithymia escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 28
Capítulo 27 — A linha estreita entre a morte...


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais ♥ Capítulo inteiramente dedicado à Olivia que foi uma pessoa muito linda falando de Alex na recomendação que me mandou ♥ obrigada, sua fofa!



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POV BELLA.

Tentei fazer o mínimo de barulho ao andar a direção do necrotério, lágrimas ardendo nas bordas de meus olhos, lábios prensados ao não deixar nenhum soluço escaparem do mesmo. Eu não queria chorar agora, não tinha ninguém para me consolar agora e eu não podia começar a chorar porque eu sabia, eu sabia, tinha de me controlar por causa de meu bebê. Só mais um deslize e eu o perderia.

E eu já tinha perdido gente demais para uma semana inteira.

No meio do caminho do caminho para o necrotério, eu parei. Eu não conseguiria ver ninguém morto nas condições psicológicas em que eu me encontrava, não dava, eu enlouqueceria se chorasse mais um pouco naquele dia. Na verdade, não era nada tão exagerado a ponto de enlouquecer, eu só… sentia que não podia mais chorar. Por mim e por meu bebê, eu sabia que isso não fazia bem para ele.

Entrei novamente no quarto onde eu estava temporariamente instalada e arfei, apertando meu estômago com força para que as lágrimas passassem. Como uma criancinha, balancei-me de um lado para o outro, para frente e para trás, tentando fazer aquela dor excruciante sair de dentro de mim. Aquela dor frívola que o choque de realidade contra a minha cara causava.

Perdi tanto em tão pouco tempo que chegava doer as memórias que eu tinha dos meus pais, Riley e Edward. Todas perfeitas que esfregava na minha cara o quanto eu tinha deixado o tempo passar sem demonstrar mais um pouco de afeto por eles. Eu poderia ter sido mais gentil ou passado mais tempo com eles, evitando o meu egoísmo.

Eu limpei meu rosto rapidamente quando alguém cambaleou para dentro de meu quarto e um misto de incredulidade e felicidade invadiu minha mente quando reconheci os cabelos revoltados e claros de Edward. Tentei acordar do sonho que estava tendo já que a realidade me parecia fantasiosa demais. No entanto não era um sonho, comprovei isso ao sentir meu rosto ser acariciado pela mão grande de Edward, fazendo com que eu me inclinasse na direção de seu toque.

— Pensei que estivesse morto. — Solucei.

— Eu estou.

— Nós também estamos! — Levantei meu rosto na direção das vozes que falaram alegre uma coisa tão sem lógica. Atrás de Edward estavam meus pais, Riley e meus dois bebês como eles seriam se estivessem com um ou dois anos de idade.

Eu neguei com o rosto, afastando-me da mão de Edward com os olhos marejados e gritantes de medo e pavor.

***

Acordei-me do pesadelo com a respiração pesada e o rosto molhado de lágrimas que saíra de meus olhos sem que eu sequer tivesse percebido. A minha cama estava bagunçada como se eu tivesse me debatido contra ela ou puxado os cantos dos lençóis para que ele formasse um amontoado de pano no centro. Levantei minhas pernas e abracei-as, estremecendo e chorando pelo resto do tempo que o meu despertador deixou.

Eu tinha finalmente reativado o terceiro quarto e era nele que eu estava agora porque era o único lugar onde eu me lembrava de Riley sem chorar. Quero dizer, isso só funcionava às vezes e muito raramente, só acontecia quando eu estava mais controlada e calma — tudo isso somente pelo bem do meu bebê. A médica me falara um dia desses que fazia mal para ele esse sofrimento, afinal nós ainda éramos um só e ele sentia o que eu sentia.

Por isso eu empurrava minhas preocupações para lá e me preocupava com ele, às vezes fingia que estava o ninando e começava a cantar uma das várias músicas que eu sabia decorado em algum tempo da minha vida onde eu ainda tinha tempo para isso. Às vezes eu me lembrava ao lembrar-me de seu pai e às vezes eu sorria entre as lágrimas por pensar em o quanto ela ou ele seria lindo.

Queria que tivesse os cabelos da cor dos de Edward, assim como todos os outros traços. Queria uma cópia em miniatura dele, com o mesmo sorriso que nos primeiros meses seria desdentado.

Limpei meu rosto com o braço e respirei fundo, despindo-me e indo tomar banho já que seria desconsideração se eu chegasse ao enterro de meus pais e Riley parecendo uma moradora de rua. Eu sabia que eles não queriam que eu chorasse ou me lamentasse por isso… mas será que eles tinham conhecimento de sua importância para mim? Era impossível ficar intacta em um enterro das três pessoas que um dia já amei na minha vida.

Tudo bem, onde estava Edward? Se ele estava morto, por que não estava tendo o enterro dele? É, eu também me perguntei isso nos primeiros dias que eu passei sem nenhuma notícia. O fato era que Alice e alguns parentes distantes dele não quiseram fazer o enterro na Austrália, então ele foi levado para os Estados Unidos para ser enterrado no mesmo cemitério que os pais foram. E eu achava injusto isso tudo. Nem me despedir dele eu poderia? Pelo menos por uma derradeira vez?

E o pior era saber que ele tinha morrido tentando me salvar e em sua mente ele tinha a consciência que eu não confiava mais nele. Porque eu o falara isso dias antes de seu falecimento, sendo uma completa idiota. Como assim eu não confiava nele? Claro que eu confiava, o tanto que ele demonstrou que eu o poderia fazer e o quanto ele se arriscou por mim, deixava-me isenta dessa dúvida.

O apartamento dele continuava trancado, eu não tivera coragem de entrar.

O vazio que eu estava sentindo dentro de mim era fascinante. Às vezes eu me surpreendia com o quanto eu precisava daquelas quatro pessoas em minha vida para me sentir completa e realizada, meus pais principalmente. Ainda me arrependia por não tê-los ligado assim que pousei em Sydney e perguntar a eles se eu não podia voltar para lá porque estava arrependida e sentia falta deles. Desesperadamente.

Mas não, eu estava machucada demais para atravessar meu espesso e recente orgulho. E nem por tortura eu voltaria para Forks — esse era o meu pensamento quando eu desci do avião que me deixou no aeroporto de Sydney. Eu gostaria de ter sido mais humilde naquele tempo, ter dado mais uma chance para que meus pais pudessem se retratar comigo. Talvez eles realmente o fizessem.

Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e usei minhas melhores roupas de luto — não que eu tivesse uma roupa que era dedicada a enterros porque eu raramente pisava num cemitério. A única vez que eu tinha ido a um enterro fora quando a Vovó Swan morrera de causa natural e eu era pequena demais para entender o que estava acontecendo, só sei que tentei impedir quando eles estavam colocando o caixão no buraco.

Eu gritei e me esperneei nos braços de meu pai e depois ele me explicou o que tinha acontecido, disse-me com gentileza que ela não iria voltar nunca mais porque tinha ido para o céu. Ele me deixou chorar por toda a noite em sua camisa enquanto minha mãe resmungava que parasse de me mimar porque uma hora ou outra eu teria de me acostumar com mortes. Era normal.

E ela tinha a completa razão, morrer era tão normal quanto respirar ou colocar alguém no mundo, todos morriam um dia, seja por uma causa justa ou injusta. Particularmente, justa era a morte natural, por velhice, como a de Vovó Swan; e a injusta se tratava do assassinato ou doença, como a dos meus pais, Edward e Riley. Todos mortos por causar injustas e egoístas: dinheiro.

Eu daria tudo para saber a maldita senha, faria tudo. Essa opção não estava disponível, no entanto.

— Sinto muito pelo que aconteceu com você, Bella. — Sr. Wilder falou.

Aquela era a primeira vez que nos falávamos desde que eu havia voltado do sequestro já que ele estava tendo de lidar com demissões em massa, e como eu estava temporariamente ausente lá, não tinha ajuda para assinar todos os papéis. Eu sinceramente achava as pessoas que estavam se demitindo um bando de medrosos e covardes. Só porque tinha acontecido comigo, não significava que iria acontecer com elas também, afinal John estava morto.

E apesar de ter sido assassinato — por legítima defesa —, foi uma morte muito justa. A situação era que ou eu matava ou eu morria, não antes de ele se aproveitar do meu corpo — o que foi um dos motivos que me levaram a atirar. Na verdade, um tiro não havia sido o suficiente para mim. Eu gostaria de ter pegado a outra arma e ter descarregado toda a munição nele, mas Riley precisava da minha atenção.

Eu teria dito que amava Edward antes que ele se fosse se eu soubesse o quão mal ele estava. Pensei que teríamos mais tempo juntos, tempos para todos os beijos que deixaram de ser dados, tempo para todos os sorrisos, olhares e toques que foram negligenciados… por mim, somente por mim.

— Está tudo bem. — Ofereci-lhe um sorriso sem dentes enquanto dava de ombros.

— Não — Ele teimou. —, eu ainda sinto como se fosse minha culpa. Quão tolo eu fui ao pensar que eles acreditariam em você se dissesse que não sabia a senha… ah Bella, eu sinto tanto. Em nenhum momento foi minha intenção, foi um impulso.

— Jonah. — Toquei seu ombro com as pontas dos dedos e sorri. — Você não sabia de nada, é normal. Está tudo bem e… não sou como os outros funcionários mixurucas, vou continuar no cargo de Diretora financeira, assim como antes.

Jonah e Claire me levaram até o cemitério porque eu não estava disposta a dirigir e eles perceberam isso, perguntando-me então se eu não queria uma carona. Claro que eu queria, não suportava ficar sozinha porque eu estava percebendo com o passar dos dias que não era muito normal falar sozinha. E aquilo estava me assustando seriamente. Descobri, afinal, que eu não acostumaria com a solidão como me acostumei da primeira vez.

Eu tinha que arrumar algo para fazer, alguém com quem falar, então enquanto meu bebê não nascia, decidi que iria voltar a trabalhar na Wilder da mesma forma que antes. Foi uma surpresa para o Sr. Wilder, ele esperava que, devido aos fatos anteriores, eu sequer olhasse na cara dele novamente. Aquilo era um exagero, por que eu não o olharia mais se ele era como meu segundo pai? Afinal, não foi ele quem matou meus pais, foi John.

Tinha poucas pessoas na cerimônia, apenas alguns conhecidos que me cumprimentaram e oferecia seus sentimentos. Não, obrigada, eu já tinha sentimentos conflituosos o bastante dentro de mim, eu pensava apesar de saber que não era desse modo que eles estavam falando.

As lápides estavam na ordem crescente, ou seja, os mais novos primeiros. Então estava Riley Biers, Renée e Charlie Swan para em seguida vir Sue Biers. Eu chorei no ombro de Claire quando eles estavam enterrando o caixão e eu queria agir como há muitos anos atrás agi. Queria espernear e gritar para que eles parassem de fazer aquilo, que eles não tinham o direito e me agarrar aos corpos de meus pais e Riley. Queria implorar para que eles voltassem só para que daquela vez eles me escutassem.

Tive que forçar meus pés a ficar parados e não executar meu grande desejo. Aquilo era ridículo, eu tinha de amadurecer e aceitar que eles tinham ido embora, para sempre. Não era como se eles tivessem a alguns quilômetros de distância e com simples viagem eu pudesse revê-los de novo. Dessa vez a viagem era muito mais longa e… incerta.

— Isabella Swan? — Alguém me chamou enquanto eu abraçava longamente o Sr. Wilder.

— Sim — Limpei meu rosto antes de me virar na direção da voz. —, ela mesma.

O homem vestia preto assim como quase todos do cemitério, no entanto podia-se perceber que sua roupa não era devido ao luto e sim ao seu trabalho. Ele sequer precisou mostrar a carteira de identificação para eu saber que ele era algum tipo de policial que queria meu depoimento que eu atrasara alguns dias por estar sem condições de falar.

— Sou o Detetive James, bom dia. — Ele estendeu a mão para mim e mecanicamente, eu a apertei. — Desculpe-me estar aqui num momento desses e sinto muito sobre o que aconteceu com você e com as outras pessoas. Mas eu realmente preciso que me acompanhe até a delegacia.

— Claro. — Murmurei com um suspiro. — Quanto mais rápido eu for mais rápido vocês pararão de pedir isso, não é?

— Receio que sim.

— Tudo bem então. — Dei de ombro e me virei para Jonah e Claire que permaneciam parados ao meu lado. — Depois que eu sair da delegacia eu vou para o meu apartamento… foi um dia e tanto. — Suspirei e abracei cada um deles. — Amanhã, talvez, eu apareça por lá, tudo bem?

Eu ainda os acompanhei para o carro porque tinha deixado minha bolsa lá, um braço de Claire estava sobre o meu ombro como que para me dar todo o apoio que eu precisava e ansiava. Fora por pouco tempo demais, nem todo o tempo que me restava de vida era o suficiente para me consolar pelas quatro perdas súbitas, desonestas.

A delegacia era perto dali, então eu caminhei silenciosamente ao lado do Detetive James. Esperei que aquilo terminasse rapidamente já que eu estava com fome demais para passar horas em um lugar onde perguntas que me trariam memórias desagradáveis tirariam toda a minha energia a qual eu acumularia para o enterro. E também, sejamos nós sinceros, eu estava comendo por dois agora.

Estranhei quando vi no meu visor do celular que tinham 22 chamadas de Alice e quase me chutei ao pensar que talvez ela tivesse precisando de algum tipo de apoio. Edward era toda a sua família que ela tinha mais próxima e perdê-lo não estava sendo fácil para ela também, talvez Alice só quisesse conversar com alguém que entendesse sua dor. E eu mais do que ninguém entendia.

Tentei ligar para ela enquanto caminhava para a delegacia, mas ela não estava atendendo e agoniada, tentei mais três vezes. Nada de ela atender, eu estava passada de preocupação quando liguei pela quarta vez para ela, entrando na delegacia enquanto implorava mentalmente para que ela atendesse. Eu tinha pensamentos nada agradáveis sobre essa demora, preocupava-me pensar que ela tinha feito alguma besteira.

— Bella, meu Deus! — A voz estridente e apressada dela me fez sorrir levemente, aliviada.

— Alice! — Suspirei.

— Bella, me escuta bem, tudo bem? Você vai pensar que é mentira e que eu estou endoidando, mas… — A ligação chiou bem na hora em que ela falou alguma coisa, afobada e apressada.

— Por aqui, Srta. Swan. — James falou, apontando com a mão para uma porta.

— Bella! Bella! — Ela me chamou. — Você escutou alguma coisa do que eu disse?

— Não, a ligação está horrível.                                          

— Eu estava dizendo que o Edward…

— O Edward o quê, Alice? — Indaguei impacientemente.

Todo e qualquer assunto que remetesse a Edward me deixava sem paciência. Não era por causa de ser sobre ele e sim pela dor agonizante que sempre invadia a minha mente quando eu pensava sobre ele. Céus não tinha nada que doesse mais em mim do que pensar nele… do quanto eu poderia tê-lo salvado se tivesse sido mais rápida.

— Nós podemos nos encontrar? Sabe, parar em um restaurante qualquer e almoçar. Você já almoçou, Bella? — A voz dela saiu em disparada e eu duvidava que ela tivesse sequer respirado.

— Eu estava planejando ir dormir assim que eu saísse da delegacia, estou morrendo de sono. Mas se o assunto for muito importante, eu posso fazer esse sacrifício por você. — Murmurei, suspirando ao me sentar em uma das cadeiras de ferro que tinha na sala em que eu seria interrogada. — Você não poderia adiantar o assunto?

— Não, eu preciso ver você.

— Então tudo bem. — Suspirei, levantando um braço para que minha mão pudesse pressionar as minhas têmporas. Eu estava morta de cansada, tanto física como mentalmente. — No de sempre?

— Sim — Tinha um sorriso em sua voz quando ela me respondeu. —, no de sempre.

Eu deveria ter trazido um advogado mais experiente que eu ou qualquer pessoa que conseguisse me ajudar a não me incriminar, porém foi totalmente fácil responder as perguntas feitas pelo detetive. Ele não estava nem um pouco desconfiado de mim já que o único tiro que eu disparei foi por autodefesa e esse tipo de coisa não era punida. Para a minha sorte. Eu não sabia muito bem como eu iria ter de lidar com um bebê estando grávida e com certeza viraria um monstro se me tirasse ele.

A única lembrança viva que eu tinha de Edward. Meu Edward, o bom e compassivo, o que me amava e me beijava com tanta intensidade que às vezes eu me via perdida nos seus lábios. O Edward que não tinha nada a ver com o meu sequestro ou com algum tipo de organização que quisesse me matar por uma senha. O Edward que não matou — indiretamente — meus pais. O Edward que eu fazia questão de lembrar toda vez que eu me via chorando.

Foi esse Edward que eu descrevi para o detetive, o bom. Eu não menti, claro que não, apenas evitei as partes que o acusava. Eu queria que ele morresse com alguma honra, mais do que ele já tinha por ter tentado me salvar de todos os jeitos possíveis e imagináveis que existiam. E o que, de fato, me salvou de mim mesma quando tudo que eu queria era acabar com a minha vida da maneira mais lenta que eu conseguisse.

Eu não podia não dar mais atenção à essas memórias boas e saudáveis. Era quase como se os tempos ruins fossem uma invenção que estava se desvanecendo pouco a pouco em minha mente.

Satisfeito com minhas respostas, o detetive logo me deixou ir, sorrindo ao dizer que eu deveria me cuidar e não me meter em mais nenhuma roubada como aquelas. Apenas agradeci, resmungando para mim mesma que coisas como aquelas que aconteceram não é uma coisa que se escolha. Apenas vem. E se você tem sorte, nunca vai vir para você. Eu, como sempre, demonstrei o meu azar.

Peguei um táxi até o restaurante onde eu tinha combinado de me encontrar com Alice e passei o caminho inteiro notando o quanto a minha vida tinha mudado de uma hora para a outra. Era Riley, Edward… todos que eu amava pareciam passar um tempo em minha vida, fazer-me ser feliz como nunca fui e irem embora. Como se eu já tivesse passado do limite da felicidade. Era tudo tão injusto!

Parei de pensar quando senti as bordas dos meus olhos começando a ficarem molhadas e eu decidi que, não, eu não iria chorar em um táxi. Deixaria isso para quando chegasse a minha casa e estivesse tomando banho. E sabe o pior de tudo? Eu queria ligar para a minha mãe ou para o meu pai e murmurar a eles tudo que eu estava sentindo, chorar por horas a fio no telefone enquanto dizia o quanto tudo isso era horrível. Eu queria abraçá-los, beijá-los e olhar para os rostos corados deles.

Infelizmente, não era possível. Eles estavam longe demais para poder telefonar. Tudo que me consolava era saber que eles estavam em um lugar melhor.

— Bella! — Assim que me avistou, Alice andou até onde eu estava e envolveu seus braços ao redor de meu pescoço, abraçando-me com força.

Mais uma vez, tive vontade de chorar como um bebê até que meus canais lacrimais estivessem acabados de tanto produzir lágrimas. Meu emocional estava em frangalhos, principalmente ao abraçar Alice que estava tão… feliz. Aquilo era estranho, mas eu presumi que fosse por seu ânimo característico. Queria ter a mesma coisa que ela: conseguir ser animada mesmo em luto.

Bom, a minha situação era muito mais complicada. Eu estava em luto por quatro pessoas.

— Eu senti tanto a sua falta. — Ela me sussurrou.

— Eu também, Alice, você não imagina o quanto. — Acariciei suas costas e funguei, me soltando dela.

— Como você está, Bella? — Indagou-me afastando-se e pegando meu rosto entre as mãos, passando os dedos gelados.

Eu sorri para ela, sem humor.

— Não poderia estar pior.

Alice olhou para baixo e suspirou, caminhando até uma mesa que tinha no canto mais escondido do restaurante. Um lugar perfeito para mim. Ela se sentou a minha frente, avaliando-me discretamente enquanto eu pegava meu celular que estava dentro da mesa e o colocava na mesa, para caso o… senhor Wilder ligar. Não meus pais, não Edward. A única pessoa que poderia ligar para mim era ele.

Olhei para baixo até Alice desviar seus olhos de mim quando um garçom chegou para perguntar o que nós queríamos.

— Só um suco de limão por enquanto. Obrigada. — Agradeci.

Duas lasanhas. — Ela lançou um sorriso cortês para o garçom e voltou-se para mim com as sobrancelhas levantadas. — Você não pode parar de se alimentar, Bella — Ela me repreendeu. — Você tem que ficar bem.

— Eu sei. — Bufei — Eu apenas não estou me sentindo normal…

— Você já foi ao médico? Já marcou uma consulta pelo menos? 

Eu balancei meu rosto, cautelosa.

— Eu sei o que eu tenho.

— Ah é? — Alice estava claramente incrédula ao me olhar. — Então o que é?

— Estou grávida, Alice. — Murmurei-lhe, abaixando minha voz para que esta mesma não passasse de um sussurro.

Ela arregalou os olhos, pondo uma mão na frente da boca, pasma. Eu esperei calmamente que ela se recompusesse, porém isso não veio tão rápido quanto eu esperava. Eu não sabia o porquê de ela estar tão surpresa. Ok, eu sabia que gravidez era sempre uma coisa inesperada na vida de qualquer pessoa, mas não era uma coisa tão impressionante. Ou talvez fosse o que eu achava por saber o quanto eu e Edward não estávamos nos prevenindo como deveríamos.

Naqueles dias estávamos muito apressados, distraídos demais para pensar em camisinha. Nem sequer depois nos lembrávamos do preservativo e aquilo só passou por minha cabeça uma ou duas vezes, sempre sendo afastado pela presença de Edward constante já que estava de férias. Lembro-me do quanto ativos na cama nós estávamos nos dois últimos meses que passamos juntos, do quanto nunca nos cansamos, dia após dia.

E eu não me importava se o dia na Wilder tinha sido exaustivo, era nos braços dele que eu descansava.

Alice pegou minhas mãos, tirando-me dos devaneios e olhou bem dentro de meus olhos. Por algum motivo desconhecido, ela olhou para baixo e mordeu seu lábio inferior antes de voltar a me olhar. Continuei esperando que ela demonstrasse alguma coisa, alguma reação que aprovasse minha gravidez como eu sabia que ela faria.

— Quero que fique calma com o que eu vou lhe dizer, tudo bem, Bella?

— Você está me deixando muito mais nervosa. — Resmunguei em resposta.

— Só quero garantir que você esteja calma o bastante para não afetar nada o bebê que tem aí dentro de você. — Com os polegares, ela acariciou as minhas mãos e sorriu ternamente. — Edward vai adorar saber que você está grávida. — Ela murmurou para si mesma, sorrindo mais largo.

— O quê? — Arfei, franzindo meu cenho.

— O Edward, Bella, ele está vivo. — Ela sorriu calmamente. 


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Notas finais do capítulo

Oi, pessoas ♥ espero que estejam calmas e me amando muito haushaushus. Vocês não achavam mesmo que seria capaz de matar o Edward, não é? Eu não seria! Matar o Edward está contra a minha capacidade. Então... eu vinha postar mais cedo, porém eu tive que terminar um conto pra escola e foi essa coisa toda. Talvez, somente talvez, eu poste o conto para vocês em versão de twilight, sim? Acrescento algumas coisas a mais aqui e ali e pronto. Enfim, eu espero que tenham gostado e que comentem no final. Falta apenas... dois capítulos para Alex terminar + o extra que talvez terá... depende de vocês. Comentem e recomendem ♥ beijos!