Estava sendo atacada por um Ser desconhecido e forte, já escorria sangue sobre minha face, a meu redor estava uma poça de um líquido vermelho que saía de grandes cortes em meu corpo. O Ser assustador aproximava-se cada vez mais de mim com um passo lento, eu não conseguia me mover, meu corpo estava demasiado fraco e não me obedecia. Estava trémula e com pavor, minha face estava com expressões de terror, horror, medo, dor e...sofrimento.
O demônio já estava ao pé de mim, meus olhos arregalados cheios de pavor olhavam nos seus avermelhados famintos, seus dentes brancos e afiados...Ele começou a vir na direcção do meu pescoço, meu corpo não reagia, simplesmente estava paralisado. Agora lembrei-me, costumavam-me dizer que, quando estavamos à beira da morte relembramo-nos do que já passamos em toda a nossa vida...
Acabei se saber que é verdade, comecei a lembrar-me de todos os meus bons e maus momentos, dos atrufios, das desilusões, das perdas, das risadas...
Simplesmente, de tudo. Nos meus olhos escorria algo líquido e salgado pelo rosto, sim, eram lágrimas, lágrimas que caíam sem parar.

O Ser desumano já estava com a sua língua afiada em meu pescoço a dar lambidelas rápidas e ferozes, sentia seus dentes a tentarem aprofundar em meu pescoço, mas antes que isso acontece-se senti "alguém" a arrancá-lo de cima de mim com uma força incrívelmente brutal fazendo-o sobrevoar rápido até contra-bater num tronco de uma árvore, deixando um grande buraco que fez com que a mesma caísse.

Olhei para o outro ser que aparentava as mesmas aparências que o outro animal, mas...seus olhos escarlantes e brilhantes que olhavam sobre os meus esmeraldas prefundamente... E não, não me davam medo mas sim um conforto, seus cabelos grisalhos e bangunçados, os dentes perfeitos e afiados eram simplesmente maravilhosos para um ser deste tipo...
Sim, cheguei à conclusão que estes seres demônios, desumanos, imortais e anormais eram...Vampiros.

Eu puderia estar louca mesmo, porque vampiros só existiam nas lendas antigas e em filmes, mas que na verdade...Não eram só em livros e filmes que existiam e a prova disso está bem aqui à minha frente. Eles existem na realidade para ser franca. Ou isto é só um pesadelo? Não, obvio que não, se não já teria acordado e nunca teria chegado até aqui.
Seus olhos penetrantes e puros, pararam de olhar nos meus e voltou-se para o "inimigo" com um olhar de ódio, raiva e desilusão.

– Quando é que páras de sair à noite para caçar humanos? Ainda não te habituaste às novas regras...Black*Star? - O vampiro de cabelos grisalhos falou enquanto o outro se levantava, limpando o canto direito da boca havia um pequeno escorrimento de sangue. Seu rosto baixo levantava-se devagar, mas quando ficou totalmente firme, seus olhos verdes musgo encontraram os meus com um olhar de arrependimento e cheio de ressentimentos.

– Desculpa Soul, mas a minha sede falou mais alto, os pacotes de sangue não me alimentam o suficiente e aí eu fiquei inconsciente e saí para caçar... - Black*Star disse num tom baixo e rouco. Soul o olhou intensamente e voltou à minha atenção. Andou a passos largos e lentos até mim. Baixou-se e disse:

– Ei! Meu nome é Soul Eater. Peço desculpa por aquele verme ter-te assustado e magoado. Depois explico tudo, já deves ter percebido que não somos humanos.
Posso saber o teu nome? - Olhei-o nos olhos com uma expressão confusa. Porque ele iria apresentar-se a uma mera humana que era inferior ao seu Ser? Ele poderia ter oportunidade de me matar, mas não, salvou-me e ainda queria saber meu nome. Ele olhava-me curioso à espera de resposta, eu abri a boca e falei num tom firme e desprezível:

– Maka. Maka Albarn.

– Nossa, mas que corajosa em falar nesse tom. - Olhei para o lado de onde a voz surgia. Era Black*Star, olhei para seus olhos e disse:

– Nossa, mas que incoveniente, a meter-se na conversa alheia dos outros Black*Star-san.

– Eiii! Como sabes o meu nome? Não me lembro de o ter dito. E tira o -san.

– Tu não, mas ouvi aqui o teu "amigo" a dizer "Black*Star", por isso presumi que fosse o teu nome. A não se que seja uma alcunha tua. Sendo assim peço desculpa, não queria ofender-te. - Ele olhou-me confuso sem resposta. Passaram-se minutos e ninguém ousava abrir a boca para dizer o que quer que seja, o silêncio rondava a floresta, só se ouvia os bichos nocturnos.

Alguns segundos depois, Soul resolveu levantar-se afirmando:

– Black*Star é melhor voltarmos! - Ao acabar de falar, pegou-me pela cintura e colocou-me em seu colo, confortável e quente. Suas mãos geladas faziam minha pele arrepiar-se, mas mesmo assim mantinha-me quentinha. Encostei a cabeça no seu peito e fechei os olhos cansada. Meus lábios formaram um sorriso pequeno, depois disso, só me lembro de ter entrado na absoluta escuridão.

–-x--

Acordei, mas não abri os olhos, simplesmente comecei a ouvir vozes...Mas uma era me famíliar. Então comecei a prestar atenção.

– Soul, sabes o perigo em trazeres um mero humano para o mundo dos Vampiros?
Muitos deles ainda não se conseguem controlar, além disso, estás a quebrar as regras. - Uma mulher falava num tom preocupado e medonho.

– Sei muito bem o que estou a fazer, vou falar com o mestre, eu vou cuidar dela, eu assumo todas as responsabilidades. Ela vai ter que se habituar a este "novo começo" da vida dela, porque, não poderá voltar mais ao seu lar. Se não será a desgraça total e iram nos descobrir. Mas, ela não passará de Humana, seria arriscado transformá-la, além disso, não a quero prender nesta vida. Irá só ser nossa confidente leal. - Não, eu não podia estar a ouvir bem. Não poderia voltar para Casa? E então a minha família? Toda agente já deveria de estar preocupada, e meus amigos? Eu iria simplesmente perder tudo em minha vida. O que é que ele disse mesmo? Ah, habituar-me ao "novo começo" de uma vida, sim, eu não tinha escolha. As lágrimas começaram a formar-se e a caír sobre meu rosto, respirei fundo até me acalmar, pus a minha cabeça a funcionar e organizei-a. Pensei sériamente no assunto e quando encontrar Soul novamente, irá fazer-lhe as perguntas necessárias para poder perceber o que realmente estava a acontecer.