Capítulo 28

Parte 1 – Kol Mikaelson

Tocaram à campainha e eu já sabia quem era. Abri a porta e sorri.

-Helen Grayson!

-Olá, Kol.

Como ela sabia o meu nome, não consegui adivinhar, mas não me deixei abater por aquela surpresa.

-E vejo que já sabe o meu nome! Pois bem, entre.

-Obrigada.

Colocou um pé dentro de casa e depois caminhou elegantemente até ao hall de entrada.

-É uma casa confortável.

-A minha irmã tem-lhe dado uma personalidade própria – concordei. – Rebekah tem um jeito fenomenal para a decoração, assim como o meu irmão Niklaus.

Ela acenou e eu fechei a porta. Colocando de lado a conversa fiada, fui logo direto ao assunto.

-Elas estão separadas, já que não se reconhecem e tivemos medo de que isso as tornasse mais ansiosas. Katerina é esperta, ela soube logo que estávamos a vir na direção da cura para a falta de memória.

-E as outras?

-Tatia está bastante enfraquecida por causa da verbena que lhe demos, mas Elena está bastante baralhada. Não faz a mínima ideia de onde estamos, geograficamente falando.

Elijah desceu as escadas e cumprimentou Helen com um beijo no rosto. O batimento cardíaco da bruxa acelerou. Arregalei os olhos, percebendo pelo olhar dela que ela tinha mais sentimentos do que pura amizade por Elijah. Não, aquilo era um jogo muito perigoso de se jogar. Bruxas e vampiros são inimigos mortais para sempre. Não pode haver qualquer tipo de relacionamento entre duas espécies que se antagonizam. A não ser que queriam virar a nova versão de Romeu e Julieta. E todos sabemos como é que isso acabou para ambas as partes.

Parte 2 – Klaus Mikaelson

Quando Helen acabou de explicar o procedimento da recuperação de memória, pediu:

-Agora vamos colocá-las na mesma divisão.

-Isso será boa ideia? – indagou Kol.

-É a única forma de restaurar as memórias delas – respondeu Helen, determinada. – Se as três estão com o mesmo problema, só temos uma forma de recuperar as memórias perdidas e é colocando-as juntas que vamos conseguir fazer isso.

-Vamos? – falei.

-Sim, vamos. Vocês são a causa do esquecimento. A Bruxa Original eliminou todas as memórias que têm a ver com ela, mas vocês são filhos dela. Para além disso, está tudo conectado, pelo que Elijah me contou.

-Está bem. Vou buscar Elena – assenti.

Eu e os meus irmãos levantámo-nos e Helen murmurou:

-Vou precisas de água e velas.

-Eu pego as velas com a Katerina – prontificou-se Kol.

-E eu a água – falou Elijah.

Subi as escadas e caminhei pelo corredor até chegar ao meu quarto. Elena estava sentada na cama, com os joelhos contra o seu peito e tinha os olhos fixos nos seus pés descalços.

-Vamos descer? – sugeri e ela olhou para mim, zangada.

-Ah, agora já posso descer!

Revirei os olhos e estendi-lhe a mão.

-Não sejas assim, Elena. Sabes que é para o teu bem.

-É engraçado que dizes isso desde quase que me conheceste, mas até agora, nada de bom me aconteceu. Aliás,…. – colocou uma mão na testa e uma ruga cresceu entre as duas sobrancelhas.

-Vá, vamos descer. Prometo que é que para resolver esse lapso de memória.

Ela olhou para mim e um brilho de agradecimento e esperança cresceu no seu olhar.

-A sério?

-Sim, a sério. Agora vamos. Não temos o dia todo, receio.

Elena sorriu largamente e levantou-se, aceitando a minha mão.

Parte 3 – Elena Gilbert

Cheguei à sala e estavam duas morenas sentadas na sala. Uma tinha cabelos encaracolados e outra tinha o cabelo tão curto que nem chegava aos ombros, mas era bastante ondulado. E o pior de tudo é que elas eram iguais a mim.

Apertei a mão de Klaus com mais força, querendo sair da sala, mas Kol apareceu atrás de mim, assustando-me. Ele parecia muito mais explícito no que queria fazer comigo do que Klaus.

-Q-Q-Quem são elas?

Aqueles dois pares de olhos iguais aos meus mostravam a mesma confusão que eu, o que demonstrava que elas também não sabiam.

-Olá, sou a Helen – uma loira apareceu à minha frente e tapou a visão das duas cópias de mim. A loira era alta e esguia, bastante mais alta, quase da altura de Klaus. Estendeu-me a mão e eu apertei-a suavemente.

Imediatamente fiquei paralisada e incapacitada de respirar.

-Muito bem – murmurou ela. – Agora senta-a ao lado de Katherine e Tatia.

Katherine? Tatia? Era esse o nome delas? Assim que Klaus me sentou no sofá, consegui respirar melhor, mas percebi que mantinha-me paralisada, não me conseguia mover dali para lado nenhum. Virei o pescoço para as encarar. A de cabelos encaracolados longos olhou para mim, confusa e assustada. Tão assustada como eu.

-Klaus – olhei para ele, mas Klaus mantinha-se atento à loira, que se tinha sentado numa cadeira de frente para nós e recitava algo numa língua que não percebia. – O que ela está a fazer?

-O que é necessário, love – respondeu ele. – Ela vai restaurar as vossas memórias.

©AnaTheresaC