Devotion escrita por AnaTheresaC


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

O passado de Saphira e Klaus é revelado...



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Capítulo 11

A noite estava fria e um par de jovens namorados entraram no bar, a rir e abraçados um ao outro. Passei por eles, indo direto para Saphira.

-Então o que querias falar? – perguntou ela, encostando-se a um Bugatti Veyron.

-Há muito tempo que não nos vemos.

Ela resfolegou.

-Se bem me lembro, foste tu que te fosse embora.

-Estás com ressentimentos.

-Querido, eu não guardo ressentimentos. Não sou assim tao frustrada, ao contrário de ti. Se alguém te faz alguma coisa que tu não gostes, enfias uma estaca nos seus corações sem pensar duas vezes.

-O que posso dizer? Sou um lobo malvado.

-Ah, também há essa parte. Olha que deixaste alguns lobisomens bem enraivecidos – comentou ela, sorrindo. – Então agora diz-me, Niklaus, o que vieste tu fazer aqui?

-Rever a minha cidade, criar um pouco de caos.

Saphira inclinou a cabeça para o lado e semicerrou os olhos.

-Isso já eu faço por aqui, e sem me gabar, faço-o bastante bem.

Atenas, Grécia, 1367

Era de noite e eu e Kol estávamos a vaguear pela Acrópole, à espera de algum devoto à Deusa da Noite, Nyx. O porquê desse motivo? Ninguém podia suspeitar que os devotos diurnos tinham sido atacados por criaturas da Noite. Tínhamos acabado de chegar à cidade e não queríamos dar suspeitas do que realmente éramos.

Kol parou-me e colocou o dedo indicador nos seus lábios.

-O que foi? – perguntei em surdina.

-Alguém está aqui – respondeu ele, quase inaudivelmente.

Os meus instintos de vampiro acordaram imediatamente, assim como os do meu irmão. Avançámos cautelosamente e quando virámos a esquina vimos uma mulher agarrada ao pescoço de um homem, que já estava caído no chão.

-Por favor… tenho família – implorava o homem, à medida que os seus batimentos cardíacos iam desacelerando a um ritmo alucinante.

Ela largou-o e olhou-o nos olhos.

-Se bem me lembro, vieste pedir a tua morte há duas noites atrás – ela tinha a voz de um anjo, os seus cabelos eram negros e longos.

-Por favor! – ele estava desesperado.

-Thanatos ouviu-te. E esta é a forma de ela te dar o que tanto pediste – ela voltou a atacar o pescoço dele e em dois segundos, ele estava morto.

Levantou-se e pude ver que era alta e o seu corpo escultural. Limpou os lábios às costas da mão e olhou para cima. E viu-nos.

-Ora, ora, mais dois a pedir a morte – disse ela, avançando para nós, com um pé à frente do outro.

Fiquei imediatamente hipnotizado por ela. Nunca tinha visto um ser tão belo, e quando ficou a um metro de nós, pude ver o seu belo rosto. Olhos escuros, maçãs do rosto perfeitas, pestanas longas e lábios carnudos.

O seu rosto transfigurou-se, os seus olhos ficaram vermelhos, as veias debaixo deles tornaram-se salientes e dois caninos afiados saltaram da sua gengiva, mostrando um belo demónio.

Avançou para mim, mas eu coloquei uma mão no seu pescoço e virei-a de costas para mim. Bateu no meu peito e Kol colocou-se à nossa frente.

Ela colocou ambas as mãos na minha, tentando libertar-se de mim.

-Nem um som – murmurei ao seu ouvido e senti-a arrepiar-se.

-Saphira – proferiu Kol, surpreendido.

-Kol?

O meu irmão sorriu para mim.

-Lembras-te dela, irmão: é a jovem que os nossos vizinhos não param de falar.

Rodei-a para mim e ela olhou-me com os olhos arregalados.

-Tu és uma vampira! – exclamei. – Quem te transformou?

-M-Mary – ela gaguejava devido ao medo e surpresa. Porém, respirou fundo e fechou os olhos. Quando os abriu, eles tinham um perigo brilhante. – E supondo que Kol te chamou “irmão”, deves ser Klaus.

Semicerrei os olhos.

-Como se conhecem?

-Ela apareceu uma vez quando fui falar com Leandrius – respondeu o meu irmão.

Sorri para ela.

-Ah, a bela Saphira! A mulher que todos os homens não param de falar! – reconheci-a então.

As palavras que usavam para a descrever não demonstravam a realidade: ela era muito mais bela do que diziam.

Chicago, EUA, 2012

-Desde sempre… surpreendente. Belos tempos, aqueles.

Ela revirou os olhos e gargalhou.

-Sem dúvida. E quando fazias parceria comigo… era ainda mais surpreendente.

Atenas, Grécia, 1367

-Por aqui, rápido – disse, pegando no braço da vítima.

-Tendes certeza, Klaus? – ele era bastante reticente em relação ás aparições dos Deuses, mas era um crente, e por isso tinha concordado em vir comigo.

-Tenho – insisti. – Eu vi-a.

Entrámos no templo, que estava escuro. E lá estava ela, Saphira, de pé, e atrás dela a figura de Thanatos, a Deusa da Morte.

-Oh, Deuses – murmurou ele e foi andando calmamente até ela. Colocou-se de joelhos aos pés dela e eu fiquei a vê-los à distância.

A postura dela era de uma Deusa. Queixo erguido, olhar obtuso, mãos unidas à frente e costas direitas.

-Soube que tens feito muito mal à tua esposa – começou ela, e a sua voz ecoou pelo templo.

-Lamento muito. Prometo que não o voltarei a fazer.

Ela sorriu para mim. Aquele sorriso de que estava feliz com a nossa refeição.

-A questão é que os Deuses têm-te observado. E já te demos muitas hipóteses.

-Por favor…

-Então eles deram-me o poder de decisão – colocou-se joelhos e tomou-lhe o rosto com as suas mãos delicadas. – Que farei eu contigo?

Ele tentou afastar-se, assim que viu quem ela realmente era, mas Saphira era uma vampira e tinha a força de tal. Aproximei-me silenciosamente deles os dois.

-Saphira! – exclamou ele. – Quem sois vós? O que aconteceu a vós? És uma deusa?

Ela sorriu angelicalmente.

-Não – o seu tom de voz era doce. – Mas adoro quando me chamam Keres.

O humano tentou afastar-se, agora com mais audácia e pânico. Isso irritou Saphira, que não perdeu tempo em atacar-lhe o lado esquerdo do pescoço.

Era então a minha hora: ataquei por trás o lado direito do seu pescoço. Os seus gritos ecoaram pelo templo, mas ninguém o podia ouvir. A Acrópole àquela hora estava deserta. O seu coração parou de bater e ambos largámo-lo. Olhei-a nos olhos. Ela estava satisfeita com a refeição que trouxe para nós.

E em menos de um segundo, ela tinha os seus lábios colados aos meus.

Chicago, EUA, 2012

Os seus lábios colaram-se aos meus, sem aviso. Colei o seu corpo a mim, as minhas mãos a percorrerem as suas costas em sentido ascendente e descendente. Ela brincava com os meus cabelos na parte de trás da minha cabeça.

Parámos, ambos ofegantes.

-Céus, como senti falta disto.

Sorri travesso.

-Saphira…

Ela colocou um dedo nos meus lábios.

-Eu sei, Klaus, não precisas de repetir tais palavras. Estou consciente de que isto não se voltará a repetir, conheço os meus riscos.

Afaguei o seu rosto. Eu conhecia Saphira há séculos, e sempre soube que ela tinha um fraquinho por mim. Não a queria magoar, afinal, ela era como parte da minha família para mim.

-É por causa disso que nos damos tão bem: ambos conhecemos os riscos dos nossos atos.

©AnaTheresaC


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Notas finais do capítulo

O que acham? É, os dois divertiram-se muito juntos. Tanto no século XIV como possivelmente daqui a uns capítulos. Talvez, ainda não tenho a certeza.
O que acharam de Saphira? Para quem ainda não viu quem ela é, está no blog: http://asminhasfanfics.blogspot.pt/2013/01/nova-personagem-de-devotion-saphira.html
XOXO,até próximo domingo!