O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 90
3x19 - Sete demônios ao seu redor


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei com dois capítulos!!! :D
Queria agradecer pelo apoio que todas demonstraram à minha ideia sobre a nova fic, muito obrigada mesmo por sempre estarem tão dispostas a abraçar as minhas ideias malucas kkk Enfim, adoro todas demais, demais *---*
Sem mais demora, aqui vai o próximo capítulo!



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Ponto de vista: Jacob

Ás vezes parecia que a minha vida era uma piada cretina.

Já não bastava tudo o que estava acontecendo? Aqueles sanguessugas malditos tinham de vir para cá agora?!

–Peraí, que história é essa Alice? – perguntei, quando o suspense dela começou a me torturar.

Os olhos dela estavam alarmados.

–Estão vindo para cá. Chegarão ao pôr do sol.

Todos na sala ficaram imóveis, aterrorizados com a perspectiva de encontrar novamente aqueles que, há sete anos, quase conseguiram acabar com eles por causa de Renesmee. Só agora percebia que ela não estava aqui; Edward e Bella sempre a protegiam de tudo... E eu só queria poder ter feito o mesmo para o meu filho. Agora ele e Agatha estavam em perigo...

–Tá legal, tanto faz. – disse. – Eles não podem conosco, eu tenho quase vinte garotos prontos para acabar com qualquer sanguessuga que se interpuser em nosso caminho. – virei-me para Joham. – Você disse que tinha uma proposta de acordo. O que é?

Ele sorriu, satisfeito em ver que eu havia concordado.

–É simples: eu lhe devolvo sua Agatha sã e salva, e vocês todos garantem a minha partida e a das minhas filhas.

–Nem pensar! – disparei. – Aquela louca tentou matar Agatha mais vezes do que posso contar! Ela morre.

Ele espalmou as mãos.

–Então, nada feito.

Edward se pronunciou.

–Ele tem razão. Se deixarmos vocês escaparem, como teremos a garantia de que não vão voltar para tentar finalizar aquele seu antigo plano? Ou devemos acreditar que você já se esqueceu de sua obsessão com híbridos e transfiguradores?

Joham riu.

–Dificilmente, entretanto, admito que até mesmo minhas obsessões possam ser colocadas em segundo plano em vista do perigo que corro neste momento. Veja bem, eu preciso tirar Ayane daqui antes dos Volturi virem; e vocês vão garantir nossa passagem só de ida. Dou minha palavra de que partiremos sem intenções de voltar.

Era arriscado, mas precisava garantir a segurança de Agatha. Odiava o modo como aquele cientista maluco estava me pressionando. Seria mais fácil pensar, se ele não ficasse me encarando; isso me dava vontade de arrancar sua cabeça...

Percebi Edward e Alice trocando um olhar. Edward voltou-se para mim.

–A decisão é sua.

Havia algo na implicação dele de que a decisão era minha. Ele lia mentes, mas isso não significava que eu também pudesse! Queria saber o que tanto ele e Alice trocavam olhares... Talvez, talvez ele quisesse que eu aceitasse. Talvez ele tivesse um plano...

–Ok. – disse a Joham. Pensei ter visto Edward dar um meio sorriso, o que me deu a garantia de que eu estava fazendo a coisa certa. – Você me traz Agatha sã e salva, e eu garanto que saíra de nossas terras em segurança.

Joham sorriu.

–Então temos um acordo.

Ele estendeu a mão, e eu me esforcei para não quebrar a dele.

–Mas se eu sentir qualquer cheiro de armação... – Joham balançou a cabeça, como se apenas a perspectiva disso o enjoasse. – Eu mato a garota sem a menor hesitação.

***

O plano estava traçado.

Combinamos com Joham que ele iria procurar em cada um dos esconderijos de Emily até encontrá-la e, quando o fizesse, nos contataria no mesmo segundo. Então iríamos ao encontro de Agatha, assim que Joham desse o sinal. Quando ele partiu, eu, Seth e todos os Cullen tivemos a chance de acertar o nosso lado desse plano.

–Tá legal, o que era aquele suspense todo? – perguntei a Edward e Alice.

Para a minha surpresa, eles sorriram. Alice se adiantou.

–Sim, os Volturi estão vindo. Mas eu menti sobre a parte do “quando”.

–Não entendi. – falei.

–Joham está trabalhando com o prazo de até o pôr do sol. – disse Edward. – Tenho certeza de que ele encontrará Agatha em pouco tempo, então você garante a segurança dela, nós cumprimos nossa parte de deixá-los ir...

–Mas os velhotes acabam com eles. – completei com um sorriso. As coisas estavam começando a andar nos trilhos. – Boa, nanica.

Todos na sala sorriram.


Ponto de vista: Agatha

Eu corria inabalavelmente.

Atravessava a rápidos passos a imensa campina verde, em direção aos únicos braços que poderiam me acalmar. Bem, talvez não braços já que ele estaria na forma de lobo. Mas mesmo assim, eu estava tão aliviada por isto estar finalmente acabado. E eu e Jacob poderíamos parar com todas as brigas, e viver a vida que eu sonhei para nós dois...

Ele pertence a mim e eu sou completamente dele. É a única coisa que importa.

Mas então eu não entendia por que ele parecia tão tenso, mesmo enquanto eu continuava a correr em direção a ele. Havia algo errado?

Aí eu entendi, e isso paralisou minhas pernas.

Adiante, na orla da floresta, o trio sombrio caminhava imponentemente. Um vento nada natural batia em suas capas negras, fazendo com que seu caminhar parecesse deslizar pela grama.

Olhei nos olhos de Jacob e vi ali a sua fúria, mas havia outra coisa também. Era o medo.

Por que para uma humana que sabia demais, o pior lugar do mundo para se estar era perto dos Volturi.

Acordei, trêmula e assustada. Meu estômago se contraía dolorosamente. A primeira coisa que percebi era que não estava no mesmo cômodo de antes. Em algum momento, enquanto eu dormia, alguém me arrastara para a parte da frente do casebre. Estava agora no que parecia ter sido uma cozinha outrora. Havia uma janela caindo aos pedaços na parede descascada, uma mesa de três pernas jogada num canto... Tudo cinza, poeirento e quebrado.

Apesar de estar na mesma posição, sentada no chão e encostada à parede, agora, porém, as correntes haviam deixado os meus braços. Pelo canto do olho, vi que Emily estava à minha esquerda; os olhos brilhando com uma tonalidade púrpura. Ao seu lado, reconheci um dos rostos que aparecia todos os dias no jornal. Era um garoto – não lembrava o nome. – que saíra da escola e não voltara para casa. Os pais colavam cartazes nas ruas há um bom tempo. Agora ele estava na minha frente, compactuando com a maior psicopata que eu já tivera o desprazer de conhecer. Ele tinha um galão vermelho nas mãos.

–Bom dia, Bela Adormecida. – ela sorriu. – Estava esperando você acordar para começarmos a festinha.

Olhei para os lados, desesperada. Ayane não estava aqui. O que essa louca iria fazer comigo?

–Kevin, pode colocar a gasolina. – ela disse, e o garoto obedeceu na mesma hora. Andou pelo cômodo, despejando a gasolina em todos os cantos. Quando chegou perto de mim, ele sorriu diabolicamente. – Pode colocar em cima dela também. – ouvi o prazer jorrar na voz de Emily.

Apertei os olhos quando ele despejou o líquido de cheiro forte sobre mim. Tentei não chorar, para não dar a satisfação a Emily, mas estava ficando cada vez mais difícil...

Onde você está Jacob?

–Ok, já chega. – ordenou Emily. Ela se aproximou do garoto, o mesmo vestido que sempre via nela, farfalhando no chão cheio de terra. Ela pegou-o pelo pescoço e o beijou. Enojada, desviei o olhar; e fiquei feliz por ter feito isso, por que no segundo seguinte ela quebrou o pescoço dele. O som metálico horrível verberou em meus ouvidos. Sufoquei um grito estrangulado quando a cabeça dele rolou para os meus pés.

–Emily precisa mesmo de tudo isso? – Ayane apareceu do nada e chutou a cabeça para longe de mim.

A ânsia subiu em minha garganta. Tinha um corpo de um vampiro morto estatelado perto de mim. Tinha sangue em minhas roupas.

De repente, aquilo tudo era demais para mim.

Felizmente, a maníaca da Emily disse que iria sair. Porém, antes de passar pela porta, ela virou-se para mim e falou:

–Vou arrumar alguns chamarizes para atrair seu namoradinho para cá. Pelas minhas contas, você tem apenas mais algumas horas de vida. Se fosse você eu iria aproveitar o que resta.

E então saiu.

Pelo canto do olho, percebi Ayane me observando com a mesma expressão urgente que usara quando contrabandeou alimentos para mim. Ela entrou no antigo cômodo que eu ficara e quando voltou; não me decepcionei ao olhar em suas mãos: ela trazia o mesmo sanduíche de pão de forma e a garrafa de água.

–Ela vai chamar Jacob? – minha voz saíra horrível pela falta de uso.

Ayane assentiu e depois me passou a comida que eu, avidamente, arrebatei em minhas mãos. Ela estava calada, assim sendo, resolvi que estava na hora de acertarmos algumas coisas.

–Você vai ter que me dar algumas respostas. – falei agora revigorada pela comida.

Silêncio.

–Emily deve confiar muito em você para nos deixar aqui sozinhas sem supervisão – tentei novamente. Funcionou.

–Ela jamais confiaria em mim. – disse ela, sem humor. – Mas confia que eu vá fazer o que manda, por que não tenho escolha.

Era a minha brecha.

–Ayane, se ela está te ameaçando você pode pedir ajuda aos Cullen. Eles podem...

–Para com isso. – ele me interrompeu com a voz branda. – Ninguém pode me ajudar.

A desesperança dela me afetou de uma maneira que fez com que até eu acreditasse que meu caso era o mesmo. Sem ajuda possível no horizonte. Minha voz saiu desolada:

–Mas eu não posso morrer...

Ayane levantou os olhos.

–Eu estou grávida. – confessei, sem saber exatamente o porquê.

Acho que pela primeira vez vi uma genuína surpresa no rosto de Ayane. Às vezes parecia que nada a pegava de surpresa. Agora, seus olhos pareciam querer saltar das órbitas.

–Você está falando sério?

Os cantos de meus olhos arderam. O nó trancou em minha garganta, que só conseguiu produzir um chiado fino. Foi o que bastou para confirmar.

Ayane levantou-se repentinamente e começou a andar de um lado para o outro, nervosamente.

–Que droga! – ela praguejou. – Se eu soubesse disso... jamais teria... que droga! – ela voltou a sentar-se à minha frente. – Tá legal, tá legal. Isso vai dificultar muito mais as coisas, mas posso consertar.

–Do que está falando? – perguntei um pouco assustada com a sua reação.

Ela me encarou, a expressão mais estranha no seu rosto, como se estivesse me vendo pela primeira vez.

–Você tem que entender que eu só estava fazendo tudo isso por que você, entre todas as pessoas, sabe o significado de um sacrifício. Eu sabia que tinha uma grande chance de você morrer, no entanto, você já provou tantas vezes que morreria para salvar um amigo...

Eu a encarava, abismada.

–O que...?

–Os Volturi. – ela disse a palavra como se resolvesse a questão toda. Não pude deixar de sentir um arrepio na espinha, principalmente por causa do pesadelo. – Desde o início foi por causa deles. A maneira que meu pai tinha de me ameaçar era dizendo que me entregaria para Aro, caso não cooperasse com seus planos. No fundo, eu sempre imaginei que era um blefe; Joham não entregaria sua arma mais poderosa.

“E ele me treinou exatamente para isso: ser sua arma. Quando eu era criança, ele me obrigava a derrubar um monte de gente num vilarejo, só para testar até aonde o meu poder poderia ir. Quando Nahuel entregou o segredinho de Joham, Aro veio diretamente até nós. Nahuel avisou a mim e a minhas irmãs, para que pudéssemos dar o fora antes que eles viessem. Eu aproveitei para fugir, mas as outras duas cabeças ocas ficaram. Aí você conhece o resto da história.”

Sim, eu conhecia. Aro faz um trato com Joham. Seis anos depois eu fico praticamente aleijada, e Leah morre.

–Fugi por cinco anos. – ela continuou. – Até eles me encontrarem em São Francisco. Então voltaram com a velha ameaça. Quando disse que não iria cair mais nessa, que já havia aprendido a viver sem eles, Joham disse que os Volturi o matariam caso não conseguisse arranjar uma maneira de subjugar os lobos, então ele preferia me entregar em uma barganha a morrer. Novamente o cerco fechou pra mim.

“Fui obrigada a voltar a treinar derrubar gente atrás de gente. E dessa vez eram vampiros: o próprio exército dele. Eu acabava com todos, e isso me assustava. Estava cada vez mais longe da minha parte humana, talvez até tão longe de ser uma vampira. Por que eu era uma arma. Às vezes, eu pensava em desistir. Quem sabe? Talvez Aro pudesse ser melhor do que Joham... Mas então eu pensava em todas as pessoas que sairiam prejudicadas caso os Volturi tivessem tanto poder. Ouvira falar tanto nos Cullen que, de certa forma, ficara curiosa em conhecer a família que ficara toda unida mesmo em face da morte pela mão da guarda Volturi.”

Eu havia entendido o ponto onde ela queria chegar. Ayane era uma arma. Se ela caísse nas mãos dos Volturi, era fim de jogo para todos nós.

–Então foi por isso que você se juntou a eles? – perguntei, tentando juntar as peças. – Mas se você gostava deles, então por que você era tão... Bem, desagradável?

O olhar dela congelou minha alma.

–Eu tive que fazer isso. Bem, no começo eu pretendi ficar pouco tempo. Alice vê o futuro, e se os Volturi viessem, eu queria ser uma das primeiras a saber. Foi quando Emily apareceu na estrada para te atacar, que tudo mudou. Lembra quando eu a salvei, e você saiu correndo? Emily aproveitou para usar aquilo que sempre usou tão bem: ameaças. Todas aquelas mortes e desaparecimentos? Ela fez aquilo para atrair a atenção dos Volturi. Se eu não a ajudasse, ela mataria até eles virem para silenciar o vampiro descuidado.

–Por que você não contou isso antes? – perguntei, abismada. – Ou por que Edward não viu isso na sua mente?

Ela suspirou.

–Eu arranjei um jeito de bloquear certos pensamentos. Era por isso que eu te irritava tanto; era uma maneira de manter minha mente ocupada... Quer dizer – sua expressão ficou um pouco constrangida. – Sempre tive um pouco de inveja de você. Você tinha tudo o que eu sempre quis... uma família, pessoas que a admiravam... e o melhor namorado do mundo.

Abaixei a cabeça, desconcertada.

–E não contei por que Emily disse que se ela desconfiasse de que eu abrira a boca, então ela jogaria um carro numa parede ou mataria em público... Os Volturi não a matariam se ela me usasse como barganha. Duvido de que eles se importassem com algumas mortes de humanos...

–Mas se você tem tanto poder, por que não acaba com Emily? – perguntei.

–Por que Joham queria que Heydianna e Emily fossem imunes ao meu poder. Nós treinamos tanto que, de alguma forma, elas conseguem repelir meu dom.

–Mas como?

Ayane deu de ombros.

–É uma coisa científica de Joham. Ele diz que o ser humano só desenvolve 10% da capacidade do cérebro. Se os humanos tivessem total desenvolvimento, eles poderiam fazer quase tudo. Ele acha que o vampirismo amplia esse desenvolvimento em híbridos, já que nós ainda temos nossa parte humana. Dessa maneira, elas acharam um jeito de repelir meu dom.

Eu não havia entendido nada, mas isso não era importante; bastava saber que Emily era quase impossível de ser derrotada... Eu só queria que Jacob me achasse... Talvez minha desesperança estivesse visível em meu rosto, por que Ayane me fez olhar para ela e disse:

–Como eu disse antes, você sabe o significado de um sacrifício. Foi por isso que ajudei Emily a sequestrar você. É claro que nunca pretendi que você morresse, embora soubesse os riscos... Mas aquele dia, no cinema, ela mandou aqueles idiotas para me pressionar. Pensei que esse era o único jeito de derrotar ela. Estou tentando ganhar tempo, até alguém vir e encontrar a gente... Não teria feito isso se soubesse que estava grávida, não teria corrido esse risco. Mas prometo que vou tirar você dessa.

Nós apenas encaramos uma a outra por um momento. Ali estava a garota, que eu achara que me odiava, agora prometendo salvar a minha vida e a do meu filho. Era até desnorteante essa virada de jogo.

Ela estacou repentinamente. Seus olhos saíram de foco.

–Não pode ser. – ela levantou-se.

Levantei-me também, sentindo a antecipação crescer. Não passou nem vinte segundos até eu ouvir a gritaria. Emily parecia prestes a cuspir fogo.

–Fica fora disso, Joham! Isso é assunto meu!

Joham estava aqui? O quanto tudo isso podia piorar?

Os dois irromperam pela porta.

–Poupe-me de seus ataques de raiva. – ele disparou. – Isso vai além de você.

–Do que está falando, Joham? – perguntou Ayane.

Ele riu friamente.

–Olá filha, como vai? Faz algum tempo que não nos vemos, não?

–Corta a palhaçada. Do que está falando?

–Estou falando de seu pior medo. Eles estão vindo.

Eu sabia o quanto significava aquele “eles”. Meu pesadelo voltou a assombrar os cantos de minha mente. Entretanto, uma esperança tentou, com esforço, iluminar as sombras; eles poderiam acabar com Joham e Emily.

Mas e Ayane?

–Você disse que ia parar, Emily! – ela gritou. – Disse que ia parar de chamar a atenção deles!

–Eu parei! – retorquiu a outra. – Se você não tivesse enrolado tanto, eu não teria ido tão longe.

–Chega, vocês duas. – disse Joham. – Estou cansado de limpar a bagunça que fazem. Porém, felizmente, vim aqui para salvar a cabeça das duas. Agora me deixem falar com a menina.

–Já disse que ela é assunto meu! – cuspiu Emily.

Joham a ignorou e veio até mim.

Eu o havia visto uma vez apenas, e naquela ocasião não pude observá-lo precisamente. Agora, podia ver que ele era um homem de altura mediana, cabelos negros e olhos vermelhos carmim. Tudo em sua expressão soava ardiloso e dissimulado.

Ele sorriu e se abaixou. Encolhi-me involuntariamente. Não passou despercebido aos olhos dele.

–Não há necessidade para temer.

Não respondi. Ele tentou novamente.

–Vai ficar feliz em saber que fiz um trato com seu namorado, que garante a sua segurança... e é claro a minha também. Ele e os outros estão esperando agora mesmo o meu sinal para virem buscar você.

Senti a sensação de que algo gelado escorria por minha espinha. Ano passado, Jacob quase morrera em nome de um trato para salvar Seth. O que ele fizera agora?

–Que trato? – perguntei a meia voz.

Emily falou, praticamente espumando.

–Não cabe a você fazer tratos!

–Emily, eu estou no meio de uma conversa com Agatha. Não seja rude. – ele se dirigiu a mim. – Me perdoe... Onde estávamos? Ah!, sim. O trato. Jacob Black me deu a palavra de que iria deixar a mim e minhas filhas escaparmos, se entregássemos você sã e salva.

–Você ficou louco? Eu vou matar a garota!

–Ah, é? E pretende enfrentar sozinha: vinte membros de uma matilha, um clã de sete vampiros e a guarda Volturi? Esse seu plano era falho desde o início. Imagino que foi por isso mesmo que Ayane entrou nessa; ela sabia que você falharia e iria assistir à sua morte com toda a satisfação. Salve o pouco de dignidade que lhe resta e acabe logo com isso.

Ela deu aquela gargalhada que a tornava mais insana ainda.

–Tudo bem, pai. Eu vou acabar com isso.

O que aconteceu agora foi desorientador demais para eu entender de imediato. Ouvi o rosnado ensandecido de Emily. Vi-a mover-se em minha direção, com algo em sua mão esquerda. Encolhi-me, pressionando as mãos no ventre. Fechei os olhos e esperei por um milagre que me salvasse da morte.

Ouvi o som do impacto, mas não o senti. Desnorteada, abri os olhos e deparei-me com o cabelo louro de Ayane em meu rosto. E então ela caiu no chão, aos meus pés, o sangue ensopando sua camiseta ao redor do ponto onde a faca estava cravada.

Caí de joelhos ao seu lado. Meus ouvidos estavam tapados, a circulação do sangue bombeando como nunca, acelerando meu coração de tal maneira, que achei que ele poderia parar a qualquer momento. Não sabia o que fazer, não sabia o que pensar. Queria poder impedir o contínuo jorro de sangue saindo do peito de Ayane. Olhei para o seu rosto; os olhos dela estavam saindo de foco.

Desesperada, procurei por ajuda. Olhei para cima; Joham observava a cena com um misto de fúria e esforço por autocontrole. Emily parecia em choque com o que fizera.

–Vamos. – Joham pegou Emily pelo braço, forçando-a a se mexer. – Agora! O tempo está acabando!

Como em um sonho, vi-os saindo pela porta em câmera lenta. Joham empurrou Emily para fora, e quando ele estava prestes a sair, gritei:

–Não! Não!Você tem que ajudar ela!

Joham cerrou os olhos.

–Ela é sua filha! Por favor! – implorei. Minha garganta já estava fechando. – Você tem que fazer alguma coisa! Ela está morrendo...

–Sinto muito. Ayane fez sua escolha.

Ele virou o corpo para a saída.

–Joham, a sua filha vai morrer! – disse entre lágrimas.

–É mesmo uma lástima. – ele respondeu friamente, ainda sem se virar. – Mas pelo menos ela não vai parar nas mãos dos Volturi... – ele girou o corpo, agora me olhando nos olhos. – Entretanto, creio que era esse exatamente o plano dela o tempo todo. Disse ao seu namorado que iria dar o sinal para ele vir buscá-la, mas é claro que não serei tolo de acreditar que ele não mandaria sua matilha me dilacerar enquanto salvava você... Então sugiro que você siga na direção norte para encontrá-lo, por que senão ele vai ficar esperando um bom tempo um sinal que não virá... Mas de qualquer maneira, eu acabei de salvar sua vida; você devia me agradecer.

Eu não podia acreditar no que ele estava falando. Joham só podia ser o pior ser que vagava na terra. Como ele podia ser tão cruel? Até mesmo com a própria filha... Levantei-me, o queixo erguido, colocando o máximo de desprezo em minha voz.

–Apodreça no inferno, monstro.

Ele piscou os olhos.

–De nada.

Mas seus olhos voaram para o meu ventre repentinamente. Sua expressão de desdenho mudou para algo ainda mais doentio; a cobiça brilhou em seus olhos. Só então eu olhei para baixo e vi que minha camiseta empapada em sangue havia subido; minha barriga precipitada à mostra.

–Seria muito interessante... – eu quase pude ver a baba cair da boca dele enquanto falava. – poder moldar um transfigurador desde os primórdios da infância... fazer o pequenino seguir alguém...

Joham sorriu cruelmente, e então deu as costas, me deixando sozinha com a garota que eu achava que odiava, que já salvara a minha vida três vezes e que agora estava morrendo em meus braços.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam que tem mais um hihi



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