O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 58
2x11 - Unidos pelo destino




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Depois de uma semana, eu finalmente tirara a tipóia. Carlisle disse que eu teria que fazer fisioterapia para recuperar os movimentos. Mais do que nunca eu me sentia inútil. Ver toda a matilha quase desmaiando de cansaço por causa das rondas e eu aqui fazendo fisioterapia me deixava louca da vida.

É claro que os Cullen ajudavam nas rondas. Eles estavam pegando os turnos da noite para facilitar para os meninos dormirem um pouco, mas ainda assim eles estavam sobrecarregados. A matilha de Sam ficava constantemente dividida: metade aqui na tribo, a outra protegendo Forks. A de Jacob cuidava do território dos Cullen e Emmett, Jasper e Rosalie estavam praticamente acampados na fronteira esperando por um movimento de Joham.

E talvez fosse a sensação de inutilidade que estivesse me consumindo, mas eu estivera completamente paranóica na última semana, pensando que talvez isso tudo fosse exatamente o plano de Joham: separar-nos. Deixar-nos tão ocupados com a ameaça dele atacando Forks que não poderíamos realmente pegá-lo quando ele atacasse.

As teorias ficavam cada vez maiores. Se Joham quisesse tanto assim Renesmee por que ele ameaçaria os Cullen para entregá-la sabendo que eles nunca fariam isso? Jacob disse que era de conhecimento geral que uma grande matilha residia aqui... Por que Joham revelaria seu interesse em Renesmee com uma ligação pelo telefone? Quer dizer, aquele telefonema servira como um aviso para nos prepararmos. Para as matilhas se prepararem. Ele praticamente levantara uma bandeira dizendo: “Ei, nós estamos aqui e prestes a atacá-los!”. Isso não fazia sentido.

Eu não comentara nada disso com Jacob. Ele andava tão cansado que quando chegava aqui praticamente desmaiava no sofá. E depois logo tinha que voltar para a patrulha, por que ele não conseguia deixar a matilha sozinha, por mais que Edward dissesse que jamais deixaria qualquer coisa acontecer com eles.

Ainda assim, Jacob concordou em passar uma noite longe da matilha para ir comigo à casa da tal Margô. Eu disse a ele que não precisava fazer isso, mas Jacob estava ansioso para visitá-la. Só estávamos esperando eu tirar a tipóia.

***

Eu passara o dia seguinte inteiro me perguntando o que a tal curandeira iria dizer sobre o meu caso. A verdade é que eu tentava não demonstrar, mas estava ficando cada vez mais angustiada com minha condição.

Eu precisava voltar à ativa. Agora mais do que nunca, quando as minhas teorias estavam ficando cada vez maiores. Algo dentro de mim me dizia que tudo isso estava muito errado.

Na hora do almoço Leah esteve aqui. Nós estávamos meio que numa fase estranha. Nós nunca fomos muito amigas, mas agora ela tinha uma dívida comigo: eu salvara sua vida. Não sei bem o que se passava em sua cabeça quanto a isso. No dia seguinte em que eu me acidentara, ela me agradeceu por ter ajudado-a. É claro que ela fez isso do modo Leah – ou seja, estranha e meio brusca –, mas ainda assim agradeceu.

Quando a noite caiu, eu já estava ansiosa à porta de casa esperando por Jacob. Cinco minutos depois ele apareceu por entre as árvores. Ele vestia uma bermuda rasgada e estava sem camisa, mas ainda assim estava lindo. A coisa ruim que eu sentia quando ele ia desapareceu, substituída pelo alívio da sua presença. Era só quando Jacob chegava que eu conseguia sentir alguma paz. Ainda assim, não deixava de me preocupar com os outros que estavam na floresta neste exato momento. 

–Finalmente. – disse ao me jogar nos braços dele. Jacob me pegou pela cintura e me rodopiou no ar. Prendi meu braço bom em seu pescoço e dei um gritinho histérico enquanto ele ria. – Para! Chega!

–Só se você pedir com carinho! – disse ele ao continuar girando.

–Não! – gritei de olhos fechados.

–Então tá! – Jacob começou a girar mais rápido e tive que me render.

–Tá bom! Eu me rendo!

–Ah, agora sim. – ele me colocou no chão devagarzinho e eu mal tive tempo de me recuperar da tontura quando ele me beijou. Sempre que Jacob voltava de sua corrida, ele me beijava assim. O que me fazia pensar que ele sentia tanta a minha falta quanto eu.

–Assim eu fico mais zonza. – eu disse meio sem fôlego, assim que nos separamos.

–É essa a intenção. – ele disse um pouco presunçoso. Revirei os olhos.

–Ai, ai... O que eu vou fazer com você?

–Vai me dar mais um beijo. – disse ele se aproximando de mim e colando nossos lábios novamente. Coloquei minha mão em sua nuca enquanto Jacob me apertava junto ao se corpo. Poderíamos permanecer assim por um bom tempo se não fosse por Sue.

–Sem querer atrapalhar, mas se ficar mais tarde vocês dois não vão conseguir falar com Margô. – disse ela, lá da varanda.

Soltei-me de Jacob, um pouco envergonhada. Mas ele, ao contrário, sorriu descaradamente.

–Obrigada, Sue. Nós vamos indo, então.

Ela sorriu e entrou para casa.

Fomos até o pátio atrás da casa para pegar o meu Camaro. Eu não podia dirigir por causa do ombro e tampouco sabia aonde iríamos; então Jacob pegou o volante. As perguntas que me assolaram o dia inteiro voltaram com força total. Jacob pareceu perceber o que se passava em minha cabeça.

–Fica tranquila. A gente só vai conversar e ver o que ela acha.

–Mas e se ela disser que não tem cura? – perguntei ansiosamente. Ele também pareceu preocupado ao olhar para a estrada.

–Nesse caso Carlisle vai continuar procurando, então.

Jacob dirigiu até uma parte da aldeia que eu não conhecia. Era mais fechada e escura, devido as enormes árvores que cercavam a estradinha. Viramos em uma rua fechada, e no final dela tinha um casebre meio desgastado. Olhei para Jacob, meio apreensiva. Ele apenas fez piada:

–Buuu! Fantasma!

Fechei a cara e saí do carro. Jacob também saiu e deu a volta para pegar a minha mão. Subimos os degraus da varanda, que rangeram, e quando Jacob ergueu a mão para bater à porta, perguntei:

–Será que tem problema a gente chegar assim, do nada?

–Acho que não. – ele deu de ombros. – De qualquer maneira, ninguém vem ver ela há tanto tempo, que acho que ela não vai se importar.

Assenti e ele bateu. Deu-se um minuto onde não houve sinal de que alguém estivesse em casa. Pensei no que Jacob disse sobre ninguém nunca vir aqui.

–Será que ela morreu? – sussurrei. Jacob riu fazendo pouco caso e bateu mais forte.

–Oi? Dona Margô?

A porta se abriu de repente, revelando uma senhora muito velha que vestia roupas puídas. Ela continha um aspecto meio cadavérico, de modo que me assustei quando ela apareceu.

Ela olhou-nos de cima a baixo e disse com a voz extremamente rouca:

–O que o descendente de Ephraim Black poderia querer?

Arregalei os olhos. A impressão que eu tinha, de que Margô saíra de um conto de fadas, voltou a rondar minha mente.

–Meu nome é Jacob...

–Eu sei.

–... E eu preciso que você nos ajude com uma coisa.

A velha olhou para mim com os olhos incrivelmente astutos. Senti um ligeiro arrepio descer a minha espinha. De repente ela sorriu, mostrando faltar vários dentes.

–Finalmente, o filho perdido volta para onde pertence.

Com essa até Jacob ergueu as sobrancelhas.

–Mas há algo errado... – ela pendeu a cabeça de lado. – O que aconteceu com você, criança?

–É uma longa história. – respondeu Jacob. – Podemos entrar?

Ela abriu mais a porta e nos deu passagem, sem nada falar. Entrei seguindo Jacob, observando tudo a volta. Era uma casa pequena. Seguimos por um corredor que deu numa minúscula sala de estar. Bom, eu presumi que fosse uma sala de estar, já que os móveis sugeriam que o local era mais uma mistura de quarto com cozinha. Havia uma cama num canto e um fogão a lenha no outro. No meio, continha um sofá poeirento.

Margô fez sinal para que sentássemos nele. Ela sentou-se numa cadeira de balanço à nossa frente e nos encarou. Apertei mais a mão de Jacob.

–Então, o que aconteceu com você? – perguntou ela.

Pigarreei sem saber como contar.

–Bem, é meio complicado... Mas acho que podemos dizer que fui envenenada.

–Injetaram alguma coisa nela. Misturado com veneno de vampiro. – explicou Jacob.

Margô não expressou incredulidade ou horror, como a maioria expressou quando contei o que havia acontecido, apenas acenou com a cabeça.

–E acha que posso curá-la? – perguntou ela. Hesitei.

–Bem, estávamos na esperança de que você pudesse. – disse com a voz fina. Ela ponderou e fechou os olhos por um bom tempo. Eu olhava freneticamente para Jacob, e ele acariciava as costas de minha mão tentando me acalmar.

Margô levantou-se, ainda de olhos fechados, parou bem à minha frente e estendeu a mão. Hesitei fitando-a, então coloquei minha mão na dela lentamente. Ela abriu os olhos, e me olhou fixamente.

–Agatha Medeiros... Você veio parar aqui por que a magia reclamou a volta do filho perdido. Você estava destinada a isso desde o início...

Agora eu estava definitivamente apavorada. Eu não havia dito o meu sobrenome a ela... A mão de Margô apertou mais fortemente a minha ao continuar:

–Assim sendo, a magia que habita em você jamais poderá deixá-la. Você tem o controle sobre ela. Se você quiser se transfigurar, você vai conseguir.

–Quer dizer, que ela só precisa tentar? – perguntou Jacob, ansioso.

Margô o fitou, analisando a pergunta.

–Certamente. E creio que você ajudará.

–O que eu posso fazer para ajudar?

A velha sorriu.

–Apenas a sua presença irá bastar.

–Como assim? – perguntei.

–Qual a razão para você estar aqui? – ela voltou-se para mim novamente.

–Bom, eu estava destinada, não? Você mesmo disse...

Ela balançou a cabeça, impaciente.

–Qual a sua razão para estar aqui?

Olhei para Jacob, finalmente entendendo a pergunta de Margô. Era fácil. Eu só tinha um motivo para sequer considerar a possibilidade de não estar aqui. Sorri ao responder:

–Jacob. Ele é a minha razão.

Jacob sorriu ternamente ao olhar fundo em meus olhos. Por um momento esqueci que Margô estava presente e eu juro que poderia agarrá-lo ali mesmo.

–Então – disse ela, arrancando-me de meus devaneios. –, a magia que a prende ao descendente de Ephraim é a mesma que vai fazê-la voltar a se transfigurar.

–Mas como isso pode funcionar? – perguntei.

Ela soltou a minha mão e voltou ao sofá.

–Vocês terão de descobrir. – ela respondeu.

–Você poderia nos dizer como? – perguntou Jacob.

Ela balançou a cabeça impacientemente.

–Isso é algo muito profundo e pessoal para eu dizer como fazer. Só o que posso dizer é que eu senti o quanto vocês dois são ligados e é isso que dá forças para Agatha continuar. Use essa força para se transformar e dará certo.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando e se tiverem alguma crítica, podem falar, ok?
Beijos.