O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 24
Desentendimentos


Notas iniciais do capítulo

Oii! E ai como estão? :)Argh! Eu não estou nada feliz. Acho que estou com tendinite na mão direita! E logo agora que eu precisava escrever a segunda temporada da fic! (sim, vai ter uma segunda temporada hohoho)enfim, alguém sabe como curar essa dor maldita na mão???Beijos seus lindjos ! s2



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–Sabe, estou começando a achar que eu só tenho inspiração para trabalhar no Camaro quando você está por perto. – disse Jacob enquanto remexia em suas ferramentas.

–Sério? – ri.

–Sério. – ele me olhou intensamente. – Mais um motivo para você ficar.

Fiz uma careta.

–Em todo o caso, esse carro não vai ser meu. – ele continuou dessa vez mais brincalhão.

–É mesmo? De quem vai ser? – perguntei curiosa.

–Seu. – ele respondeu simplesmente.

–Como é? – ri, me engasgando.

–Você ouviu. Vai ser seu. – ele pegou uma chave inglesa.

–Jake, você está brincando, não é? – eu disse meio histérica. Qual é! Ele queria me dar um carro de presente!

–Claro que não. Por que eu iria brincar? – ele deu de ombros.

Eu olhei em seu rosto e vi que não havia nenhum vestígio de piada.

–Eu percebi que você anda para lá e para cá a pé, então...

Era como se ele tivesse adivinhado. Hoje mesmo eu estava pensando como era ruim não ter locomoção...

–Jacob, eu não posso aceitar.

–Não seja boba. – ele foi até o carro e começou a mexer no motor. – Eu vi que você gostou dele.

–Mas é um carro! – aproximei-me dele.

–Obrigada pelo aviso, Capitão Obvio. – ele me olhou, agora mais sério. – Eu quero fazer isso por você. O carro estava aí há dias e eu não tinha motivação nenhuma, não era brincadeira quando disse que você me inspirava.

Fitei-o em dúvida. Eu gostara mesmo do carro.

–Fala sério, Agatha. Você já aceitou e só está fazendo charme.

Cerrei os olhos fingindo estar ofendida.

–Eu não faço isso!

–Faz sim. – ele tocou a ponta de meu nariz com o indicador, sujando-o de graxa.

Jacob passou o resto da tarde trabalhando no Camaro enquanto eu aprendia uma coisa ou outra. Depois fizemos um lanche – onde Jacob falara horrores de Paul por ter devorado a comida. – E fomos ver um filme na tv.

–Esse cara é um idiota. – Jacob criticou o personagem principal pela décima vez.

Revirei os olhos.

–O que ele fez agora?

–Ele é tão molenga. – ele riu.

–Por quê? – perguntei mortificada. O personagem era um cara muito legal em minha opinião...

–Porque ele é muito meloso.

–Como assim meloso? Ele é romântico! – disse meio ofendida. Eu gostava de caras românticos.

–Ah, fala sério. – ele continuou criticando.

–Você quer trocar de canal?

–Não. Agora quero ver como essa bobagem termina. – ele riu, rouco.

Suspirei e continuei vendo o filme. Jacob estava completamente impaciente do meu lado. Ficava bufando a cada ato de romantismo dos protagonistas e comecei a achar que não tinha nada a ver com sua preferência por filmes.

Ele parecia se incomodar com até mesmo os pequenos gestos de amor. Eu sabia que Jacob estava sofrendo por Bella e não suportava ver um casal feliz.

Eu mesma fiquei por meses sem poder encarar um romance depois do que houve com Bernardo. Consegui superar – graças em grande parte pelo próprio Jacob que na época era apenas um personagem de meu livro favorito. – Mas ainda assim, eu sentia um vazio terrível no peito. Um vazio que era estranhamente suprido por Jacob. E um vazio que voltaria a me consumir assim que eu fosse embora para sempre...

–Tudo bem, pode trocar de filme. – eu disse de um modo meio nervoso.

–Por quê? – ele perguntou surpreso.

–Bem, eu decidi que você tem razão. O filme é péssimo.

–E o que causou tudo isso? – ele continuava surpreso.

Não respondi. Decidi mudar de assunto.

–À que horas o seu pai chega da pescaria?

–Eu não sei. Antes de escurecer, eu acho. – ele começou a zapear pelos canais.

–Ah.

Jacob desistiu de achar algo interessante na TV e desligou-a.

–Então Agatha, eu estava pensando... Já que você vai ter um carro em breve, você vai precisar aprender a dirigir.

–Bem, eu já sei algumas coisas. – argumentei.

–É mesmo? Quem lhe ensinou?

–Hã... – Hesitei. Eu não queria falar sobre Bernardo. Não queria mesmo. Pigarreei. – Um amigo.

Ele uniu as sobrancelhas.

–Amigo?

–É. – confirmei, desviando meu olhar do dele.

A expressão de Jacob ainda era um pouco curiosa, mas parece que ele havia decidido não perguntar mais nada.

–Bom, então... Quer que eu te ensine?

Dei um meio sorriso. Jacob estava sendo tão legal comigo. Mas não podia abusar de sua boa vontade.

–Tem certeza? Eu não vou atrapalhar seus compromissos. não é?

Ele riu sarcástico.

–Hum, deixe-me ver... – ele fingiu pensar. – Acho que posso encaixar você na minha agenda lotada.

Ri.

–Você entendeu o que quis dizer. Não vou mesmo atrapalhar?

–Claro que não, Agatha. Por que você sempre pensa que está atrapalhando?

–Hum, sei lá. – encolhi os ombros. Eu tinha essa mania, mas era só porque você nunca sabe quando de repente você se torna um estorvo na vida de alguém. E eu tinha bastante experiência neste assunto. – Tá legal, eu quero que você me ensine. – decidi.

–Ótimo! Quando começamos? – ele disse animado.

–Bem, amanhã é sábado, então tenho que trabalhar. Pode ser domingo?

–Claro, claro.

Ouvi um barulho vindo da porta e viramos para ver Billy entrando com alguém em seu encalço.

Charlie.

–E aí Jake. – cumprimentou Billy. – Agatha, que bom vê-la aqui. – ele tinha um saco de peixes no colo.

–Olá Billy. – sorri.

–Este é Charlie Swan, você deve tê-lo conhecido na casa de Sue.

–Ah, prazer Sr. Swan. – eu disse meio tímida. Era incrível conhecer o pai de Bella.

–Olá Agatha. – ele estendeu a mão. – Você é a sobrinha de Sue, não é?

Fiz uma careta involuntária e olhei para Billy, ele fez um aceno discreto com a cabeça.

–É, sou. – esperei que a mentira fosse convincente. Então era essa a história oficial que estava sendo contada. Sobrinha da Sue? É, acho que era convincente.

– Eu vou pegar as cervejas na geladeira. O jogo vai começar. – disse Billy virando sua cadeira para a cozinha.

–E então Charlie – disse Jacob que até agora estivera quieto. – Teve notícias de Bella?

Olhei rapidamente para Jacob. Eu não devia ficar chateada com sua pergunta, mas mesmo assim fiquei. Por que ele não deixava Bella em paz, afinal ela estava casada, pelo amor de Deus!

–Ela ligou ontem mesmo. Parece que está aproveitando a lua de mel. – respondeu Charlie meio contragosto.

–Ela parecia bem? – insistiu Jacob.

–Sim, parecia bem. – Charlie enrugou a testa. – Por que não estaria?

Por que ela vai se transformar numa sanguessuga, e Jacob ainda a ama! – pensei ferozmente e saí da sala em direção a cozinha a passadas firmes.

Encontrei Billy temperando o peixe.

–Quer ajuda, Billy? – perguntei. Eu precisava fazer alguma coisa para esquecer aquele ciúme ridículo.

Isso é totalmente contra as regras Agatha Medeiros!

–Ah, não precisa. Você é visita.

–Eu insisto. – eu precisava mesmo de distrações. – Eu não gosto muito de jogos.

Ele estudou minha expressão. Seus olhos eram do mesmo tom negro de Jacob, o que não me ajudou a manter a calma.

–Tudo bem, se você insiste. – ele disse por fim. – Vou chamar Jacob para lhe ajudar, ele também não é fã de esportes.

Não! – eu quis gritar. O único motivo para eu ir para a cozinha era ficar longe de Jacob!

Billy saiu da cozinha e eu pude ouvi-lo falando com o filho no outro cômodo.

–Que droga. – sussurrei. Comecei a procurar os utensílios necessários para cozinhar o peixe. Atrapalhei-me um pouco com a frigideira e deixei-a cair no chão provocando um barulho estridente.

–Ah, foi por isso que Billy disse que você precisava de ajuda. – virei-me e encontrei Jacob na soleira da porta com uma expressão zombeteira. Não disse nada apenas levantando uma de minhas sobrancelhas.

–Quer ajuda? – disse ele.

–Não, obrigada. – disse seca. – Pode voltar, eu preparo tudo.

Finalmente Jacob percebera meu estado de humor.

–Você está bem?

–Claro que estou. – respondi começando a preparar o peixe.

Jacob soltou o ar pesadamente e encostou-se na bancada. Continuei fazendo a comida sem dar importância à sua presença. Sabia que era ridículo de minha parte comportar-me assim, mas era inevitável.

–Ela está se divertindo. – ele disse com amargura depois de um momento de silêncio. – Se divertindo.

Fechei a cara. Não podia acreditar que Jacob estava mesmo falando de Bella para mim. Não foi ele que disse que iria facilitar?

–Jacob, ela está feliz, está casada... Era de se esperar que ela estivesse se divertindo, não? – as palavras saíram atropeladas. Arrependi-me de ter dito no segundo em que as proferi.

Jacob me olhou furioso.

–Ela vai se transformar num... – interrompi-o.

–É eu sei! – tentei não gritar. - E isso foi escolha dela não foi?

–Você... – suas mãos estavam tremendo, sua expressão era de raiva. – Você não faz ideia do que é isso.

Ri sarcasticamente. Eu sabia exatamente o que era tudo isso.

–Jacob, o que você quer que eu diga? Que sinto muito? Quer que eu ajude você a falar mal do tal do Cullen por roubar ela de você? Eu sinceramente não sei.

Jacob estava estupefato, eu tremia de raiva.

–Eu não quero que você diga nada. – ele passou a mão no cabelo. – Caramba, eu não fazia ideia de que você era tão hipócrita! Você mesmo sempre pede para eu te contar mais coisas e agora que eu faço você fica aí toda bravinha?

Senti toda minha raiva se esvaindo. No lugar dela ficara a decepção. Jacob achava que eu era hipócrita?

–Tudo bem – eu disse friamente enquanto desligava um queimador no fogão. – se você acha mesmo que eu sou hipócrita, eu não posso fazer nada. – caminhei em direção a ele ficando a centímetros de seu rosto. – Pelo menos eu não quebro minhas promessas. Achei que fosse facilitar as coisas para mim. – minha voz saiu ácida.

Ele levou alguns segundos para responder.

–Eu não tenho culpa nenhuma do que você sente por mim. – ele disse baixo. Parecia que ele havia jogado sal em minhas feridas abertas. O impacto dessa dor me fez dar um passo para trás.

–E não tem mesmo. – sussurrei. Era aterrador olhar nos olhos de Jacob e encontrar apenas raiva. Não havia resquício algum de amizade ou carinho.

–Você sabia onde estava se metendo. – ele me olhava com frieza. Aquele definitivamente não era o Jacob que eu conhecia.

–Eu nunca lhe pedi nada, Jacob. – minha voz estava trêmula. – E quando eu quis ir embora, você me pediu para ficar lembra?

–É verdade. Talvez tenha sido um erro então. – ele não me olhou nos olhos quando disse isso.

Saí porta a fora em silêncio. Billy e Charlie estavam vendo o jogo. Não me despedi quando passei pela porta da frente. O vento agitou meus cabelos, a garoa me impedia de ver com clareza. Continuei caminhando sempre rápido sem olhar para trás e me distanciei cada vez mais de La Push.

Havia um nó em minha garganta que parecia impossível de se desfazer. Por alguma razão eu não conseguia chorar. Uma vez que eu não sentia frio, era irônico que tudo estivesse congelado dentro de mim.

Não acreditava que Jacob tivesse sido tão cruel comigo, mas ainda assim sabia que a culpa era minha. Ele tinha razão: eu sabia no que estava me metendo. E mesmo assim me deixei levar pelo o que eu sentia. Agora estava tudo arruinado.

A chuva aumentou e logo fiquei ensopada. Nem mesmo isso me fez parar de caminhar.

Depois de um tempo, ouvi o ronco do motor de um carro aproximando-se. Não reuni forças o suficiente para olhar para trás. Apenas consegui identificar quem era quando o carro parou do meu lado. Era o carro de Sue, mas não foi ela que eu vi quando o vidro do carro foi baixado.

–Leah? – sussurrei. Seu olhar era duro, mas não havia o costumeiro desprezo.

–Está esperando o quê? Entra aí.

Olhei para os lados em dúvida. Era algum tipo de brincadeira?

–Ei? Ficou surda? – ela chamou.

Decidi entrar, por fim. Leah arrancou o carro sem dizer nada ou perguntar algo sobre meu estado deplorável. Podia sentir a água escorrendo de minhas roupas.

Ela dirigiu em silêncio e eu tampouco quis falar algo. Ela estacionou do lado da casa e não fez movimento algum para sair.

Fiz menção de abrir a porta quando Leah impediu-me.

–O quê? – perguntei com a voz fraca.

–Bem, tá na cara que aconteceu alguma coisa. – ela estava sendo... solidária? Precisei de um minuto para responder.

–É, e daí?

–E daí que eu quero saber. – ela respondeu arrogante.

–Desde quando isso é da sua conta? – eu quis ser agressiva, o que era difícil com minha voz morta.

–Tudo bem, você não vai contar. Tanto faz, vou descobrir tudo na mente do cabeça oca do Jacob...

–E por que você acha que tem a ver com Jacob? – desafiei inutilmente. Ela iria mesmo ver.

–Por que será, não é? – ela disse sarcástica. – É óbvio que tem a ver com Jacob, uma vez que ele viu todas as coisas que eu lhe disse. – seu olhar continuava duro, mas eu não deixaria me intimidar.

–Quer saber de uma coisa? Você tinha razão: ele não se importa comigo. – eu disse isso de um modo feroz, com a completa certeza de que Jacob ouviria exatamente o que eu acabei de dizer. – Aposto que está contente, não é? Agora não é a única infeliz por aqui.

Saí do carro batendo a porta. Antes de entrar em casa, tentei recuperar o controle. Sue não podia saber o que havia acontecido. O que era inútil – depois me lembrei. – Ela saberia assim que falasse com Billy ou Charlie.

Abri a porta esperando não encontrar ninguém, para minha decepção Sue estava sentada no sofá com uma expressão tensa. Olhei timidamente para ela.

–Oi.

–Agatha, eu estava preocupada. – ela falou num tom não muito diferente do que minha mãe usaria. Pensar em minha mãe me fez ficar pior ainda.

–Eu sei. Desculpe se saí sem avisar. – Não conseguia olhar nos olhos de Sue. Ela havia me recebido aqui de boa vontade, e eu só faço trazer problemas.

–Esse não é o problema. – ela continuava naquele mesmo tom. – Billy me ligou e disse que você saiu da casa dele transtornada, o que aconteceu?

Engoli em seco. Não podia dizer o motivo real, mas também não queria mentir. Sue olhou-me desconfiada pela minha demora em responder.

–Eu tive um desentendimento com Jacob. Nada para se preocupar, é sério.

–Olhe, sei que não sou sua mãe nem nada. Mas sabe que pode contar comigo não é?

Fitei-a sem saber exatamente o que dizer. Pigarreei.

–Obrigada Sue.

Não esperei por uma resposta. Fui para meu quarto, peguei um moletom velho que Sue me dera e fui ao banheiro, ansiosa por tomar um banho e cair na cama.

Antes de adormecer, imagens de minha briga com Jacob assaltaram-me fazendo-me finalmente conseguir chorar.

Esta seria a última vez que iria chorar por alguém, pensei ferozmente. E se Jacob pôde quebrar sua promessa por que eu teria que cumprir a minha?

Eu iria dar o fora daqui logo que o dia começasse.


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