O Outro Lado Da Lua escrita por Marie Caroline


Capítulo 16
Pronto – socorro




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Sentia meu corpo chacoalhar e uma horrível dor latejava em minha cabeça. Abri os olhos.

A origem do chacoalhar era do carro em movimento. Olhei para o banco do motorista e encontrei Jacob dirigindo com uma expressão tensa.

–Ainda bem que acordou, estava ficando preocupado.

–O que houve? – eu estava zonza.

–Você caiu e bateu a cabeça. – Eu percebi que ele havia colocado uma camisa.

–Para onde estamos indo?

–Para o hospital. – seus olhos estavam fixos na estrada.

–Não, pra quê? – protestei.

Ele finalmente me olhou.

–Esse corte vai levar pontos.

Ugh. Eu odiava agulhas, médicos e qualquer coisa relacionada.

–Ah, por favor, Jacob eu não posso apenas colocar um band – aid?

–Nem pensar! – ele me olhou como se eu fosse louca.

Suspirei recostando-me no banco, meu corpo ainda doía. Olhei pela janela, a estrada que estávamos me era desconhecida.

–Onde estamos Jacob?

–Em Forks. Já estamos chegando.

–Que ótimo. Mal posso esperar para ser perfurada por agulhas gigantes.

Ele riu.

Jacob continuou dirigindo e eu permaneci emburrada.

Ele estacionou perto de um prédio branco, saiu do carro e eu abri a porta cambaleando.

–Ei, calma. – ele me segurou.

–Pode deixar. Eu sei andar. – eu disse mal-humorada.

–Você não deve gostar muito de hospitais, não é?

–E você deve ser muito perceptivo, não é?

–Não me diga que tem medo de médico... – ele debochou.

Fechei a cara para Jacob o que o fez rir ainda mais.

–Peraí. – eu me lembrei de repente. – Eu não posso fazer uma ficha no hospital. Não tenho documento nenhum!

–Ah. – ele pensou um pouco. – Tá tudo bem, eu conheço o médico.

–Conhece? – Dã! É claro que ele conhece. É Carlisle! A fã louca em mim despertou. Conhecer Carlisle Cullen!

–É, eu conheço. – começamos a andar em direção ao hospital. – Ele cuidou de mim há alguns meses.

–Quando você foi machucado por um vampiro? – disse sem pensar.

–Como você sabe disso?

–Seth me contou. – Bem, tecnicamente Seth havia me contado sobre o clã de vampiros em Seattle... Mas não sobre o ferimento de Jacob.

Jacob me ajudou a subir os degraus.

–Por acaso ele te contou sobre os Cullens?

–Na verdade não. – como se isso importasse.

–Tudo bem. – ele parou antes da porta. – O nome do médico é Carlisle Cullen e ele é um vampiro. – ele disse a última parte com um sussurro.

Tentei fazer a maior cara de surpresa que pude.

–Sério?

–Você não parece muito surpresa. – ele acusou.

–Bem, digamos que Seth me contou muito mais coisas. – admiti.

–Ele contou? – ele balançou a cabeça reprovando – Ele não deveria ter feito isso. Essas coisas deviam ser ditas no conselho.

Olha quem fala! O garoto que falou tudo sobre vampiros para Bella.

As luzes brancas e fortes do hospital aumentaram minha tontura. Jacob me apertou mais junto ao seu corpo. O estranho é que Jacob sempre pareceu quente demais e agora sua temperatura parecia normal para mim...

Ele parou no balcão da recepção e perguntou à moça sobre Carlisle.

–Ele está ocupado. – ela olhou para meu corte. – Mas há outros médicos, preencha a ficha...

–Não, tem que ser Carlisle. – Jacob a interrompeu. – É urgente.

–Eu já lhe disse, o Dr. Cullen está ocupado...

Jacob me arrastou pelo braço, deixando a moça falando sozinha.

–Ei, voltem aqui! – ela gritou.

–Jacob, o que está fazendo? – perguntei.

–Procurando o doutor. – ele disse calmamente enquanto percorríamos o corredor.

–Ah que ótimo! – disse sarcástica.

Ele virou à esquerda e demos de cara com um homem incrivelmente branco e louro. Carlisle segurava raios X e sorriu educadamente ao ver Jacob.

–Olá Jacob, o que faz por aqui?

–Ela precisa de cuidados e só você pode fazer isso.

Carlisle olhou para mim, focalizando meu corte. Eu estava meio atônita por conhecê-lo, pisquei os olhos.

–Eu sou Agatha.

–Carlisle Cullen. – depois ele se dirigiu a Jacob. – Alguma razão especial para eu ser o único a poder cuidá-la?

–Sim, ela é uma de nós. – Jacob baixou a voz.

Carlisle pareceu confuso, mas concordou.

–Ah, entendo. Venham minha sala é por aqui. – Carlisle nos guiou até o fim do corredor.

Entramos em sua sala, e Carlisle fez um gesto pedindo que eu sentasse. Sentei-me enquanto o doutor pegava algumas coisas em sua maleta. De relance vi uma agulha e segurei a náusea.

–Pensei que sua espécie pudesse se curar. – disse Carlisle.

–É, Agatha é meio que um caso especial. – respondeu Jacob.

–Suponho que eu não tenha permissão para saber que caso especial é esse. – ele deu um meio sorriso.

–É, acertou. – Jacob também sorriu, porém era um sorriso duro.

Primeiro Carlisle limpou o sangue do ferimento, – ardeu um pouco – depois pegou a agulha e a sutura e começou a trabalhar. Os puxões em minha pele incomodaram.

Percebi que Carlisle tentava não tocar em minha pele, mas foi inevitável ao cortar a sutura. Sua mão era muito fria, como colocar a mão num pote de gelo. Esquivei-me sem pensar.

–Desculpe-me. – ele disse.

–Não, não foi nada. – apressei-me a dizer.

Enquanto isso Jacob parecia estar em um conflito interior, passava o peso de um pé para o outro.

–Você disse que ela era um caso especial. – disse Carlisle. – Mas, a temperatura corporal é a mesma que a sua.

–O que? – deixei escapar.

–Você está se sentindo bem? – perguntou Jacob rapidamente.

–Eu tô meio estranha, sei lá. É por causa da batida não é? – eu disse insegura.

Jacob e Carlisle trocaram um olhar significativo.

Minha cabeça girava. Eu não podia acreditar que estava mesmo acontecendo. Eu ia me transformar.

–Eu já terminei. Se estiver tendo dores de cabeça, posso receitar um remédio. – Carlisle escreveu algo num papel e entregou a Jacob. – Pode passar na farmácia ao lado.

–Tudo bem, doutor. Obrigado. – o esforço de Jacob era visível ao apertar sua mão.

–Obrigada, tchau. – eu disse.

–Adeus Jacob. Agatha foi um prazer conhecê-la. – disse Carlisle. Saímos da sala.

Caminhamos em silêncio, de relance vi a recepcionista nos olhar torto. Passamos à farmácia e ao chegar ao carro ainda estávamos em silêncio.

–Jacob? – sussurrei.

–Sim?

–Eu estou com febre.

Jacob suspirou.

–Eu sei.

–Isso é ruim?

–Se é ruim, eu não sei. Mas quer dizer que você está mesmo se transformando.

–Vai... Doer? – a pergunta idiota escapou de meus lábios.

–O quê? A transformação?

–Ahan.

–Você vai sentir dores no corpo no começo. – ele me olhou solidário. – Mas passa com o tempo.

Eu não sabia o que dizer. O problema real nem era a transformação, e sim no que isso implicava. Eu estava envolvida demais neste mundo. E por mais que eu tentasse esconder isso de mim mesma, eu estava mais e mais envolvida com Jacob. O que era além de estúpido, proibido.

Ele ligou o carro e saímos do estacionamento. Já estava escuro, e de repente lembrei-me de Sue.

–Sue deve estar imaginando onde estou.

–Não, eu avisei meu pai.

–Avisou?

–É, quando você desmaiou. Eu fui pegar o carro e falei com ele.

–Ah. – suspirei aliviada.

As árvores passavam pela janela num borrão verde. Jacob dirigia muito rápido.

–Então, isso tudo é pressa ou está treinando para entrar num circuito automobilístico? – eu brinquei olhando para o velocímetro.

–Você quer que eu diminua?

–Não, eu gosto assim. – eu sempre gostara de correr. Bernardo costumava pegar o carro de seu pai escondido, ele até me ensinara algumas coisas. – Sempre gostei de carros, velocidade...

–Sério? – o sorriso iluminado apareceu.

–É, quer dizer, eu não entendo muito, mas eu gosto.

–Nossa, você vive me surpreendendo.

Encolhi-me. Bernardo uma vez dissera isso para mim. Fora logo depois de eu ter aprendido rapidamente como se ligava o carro.

–Você está bem? – perguntou Jacob.

–Estou ótima. – menti.

–E a sua cabeça?

–Não está doendo. – menti de novo.

Ele suspirou.

–Você é uma péssima mentirosa. Parece uma amiga que eu tive.

Sua voz era um misto de amargura e saudade quando falou de Bella.

–Que você teve? – eu reparei no pretérito.

Ele não respondeu de início. Temi estar sendo intrometida novamente.

–Eu tive uma amiga... Ou tenho, sei lá. Ela se casou e, tá em lua de mel... – Eu não sabia por que Jacob estava me contando aquilo se o fazia sofrer tanto.

–Você não fala dela como se fossem apenas amigos. – soltei e logo me arrependi. Era difícil segurar a língua. A questão é que eu sempre tive curiosidade para entender melhor o amor de Jacob por Bella.

Ele me olhou sem saber o que dizer, seus olhos negros me perfuravam.

–Desculpe-me, estou me intrometendo novamente não é? – eu fiquei nervosa. – Você não precisa me contar nada.

Só percebi que já havíamos chegado quando Jacob parou o carro na frente de sua casa. Sue devia estar lá com Billy.

–Não, tá tudo bem. – ele recostou no carro parecendo cansado. – Não vou poder ficar muito, daqui a pouco eu vou ter que fazer patrulha.

As olheiras estavam presentes debaixo de seus olhos. Senti-me culpada por ter o ocupado por quase toda tarde no hospital.

–Jacob?

–Hum? – ele estava de olhos fechados.

–Obrigada por tudo. – imprimi o máximo de gratidão em minha voz. – Por ter me levado ao hospital e estar sendo tão legal comigo.

Ele se endireitou no banco e olhou para mim com gentileza.

–De nada. – ele sorriu e meu coração inchou. – Quer saber de uma coisa?

–O quê? – fiquei curiosa.

–Quando eu te conheci, eu não sabia muito bem o que pensar. Você era meio estranha para falar a verdade.

–Eu era estranha? – ri.

–É, só que agora que eu estou conhecendo você melhor... Eu percebi que você é uma estranha legal.

–Devo considerar isso um elogio?

–Claro. – ele sorriu

–Bom, já que estamos trocando elogios... Eu também acho você legal.

Saí do carro com uma sensação estranha... Não, não era estranha. Era diferente. Algo que eu nem sequer lembrava que havia sentido alguma vez.

Uma voz em minha mente dizia que eu estava entrando por um caminho perigoso. O instinto de autoproteção – que desenvolvi quando Bernardo me deixara – estava gritando: Não se apaixone novamente, você vai se arrepender.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam, pessoas lindas? *___*