Pov da Melany

Todos já podíamos ouvi-los. Seus passos suaves e ritmados eram como uma música.

— Os casacos vermelhos estão vindo! Os casacos vermelhos estão vindo! Disse Garret com certa agitação.

Me concentrei na floresta a nossa frente. Apenas alguns segundos se passaram e mantos negros surgiram por entre as árvores. Estavam enfileirados e se moviam em perfeita sincronia, os rostos cobertos pelo capuz das capas.

Os Volturi continuaram sua aproximação lenta, Irina estava com eles. Aos poucos a fila se abriu e do centro dela saíram algumas figuras se projetando mais a frente em uma espécie de triângulo. No centro estava Aro, ao seu lado direito, Marcus e ao esquerdo, Caius. Logos mais atrás deles, espalhando-se de forma uniforme, estavam Jane, Alec, Demitre e Félix.

Enquanto avançavam vi os olhos de Aro percorrer nosso grupo. Assim que seu olhar passou por mim um sorriso presunçoso surgiu em seu rosto. Ele continuou a nos vasculhar, de repente seu sorriso desapareceu. Os olhos dele se arregalaram em surpresa, segui seu olhar e vi John o encarando de volta. Aro se recompôs e continuou sua inspeção, sua expressão agora parecia desapontada.

— Ele está procurando Alice. Explicou Edward.

Fiquei grata por Alice ter fugido. Não que ele fosse conseguir o que pretendia, mas ainda sim eu queria que ele tivesse cada desilusão que pudéssemos proporcionar.

Antes que eu pensasse mais sobre o assunto, uivos preencheram o ar. Da floresta atrás de onde estávamos os lobos apareceram. Não precisei olhar para saber que eles estavam se juntando a nós. Três lobos em particular se aproximaram mais do que os outros. Leah seguiu para o lado de John, enquanto Seth e Jacob vieram para a primeira fileira. Jacob ficou ao lado de Bella, ele lançou um rápido olhar para ela e Nessie. Seth também veio para perto de mim, se posicionando parcialmente a minha frente. Troquei um olhar com ele, quando voltei meus olhos a diante vi que Os Volturi tinham parado. Os que estavam no centro da formação tiraram o capuz.

O primeiro olhar que encontrei foi o de Marcus. Ele me encarava com um sorriso, foi impossível retribuir de outra forma. Só agora, cara a cara com ele, notei o quanto sentia sua falta. Minha vontade era ir até ele e abraçá-lo.

O segundo rosto que me encarava não era ninguém menos que Alec. Minha primeira emoção foi a surpresa, Alec tinha cortado o cabelo. Sua linda franja se fora, mas o corte mais moderno lhe caiu muito bem. Sua expressão estava inteiramente composta, mas seus olhos o traíam. Neles eu podia ver um misto de sentimentos. Involuntariamente acabei sorrindo, assim como aconteceu com Marcus, eu estava muito feliz em vê-lo. Alec respondeu com um meio sorriso afetado.

Em seguida meus olhos passaram a Demitre, Jane e Félix. Eles não tinha mudado nada desde a última vez que os vira, exceto pelos cortes de cabelo. A expressão de Demitre era imparcial. Já Félix e Jane... Seus olhares em minha direção eram raivasos.

Por último deixei Caius e Aro. Parecia que nenhuma mudança tinha ocorrido aos dois também. Caius mantinha sua postura cruel e soberba, enquanto Aro aparentava o mesmo cinismo de sempre. Terminei olhando os demais vampiros, que de modo geral expressavam arrogância e indiferença. Vislumbrei Renata e Chelsea em uma das fileiras. Renata saiu de sua posição para ficar mais próxima de Aro.

Meu pai, que estava um pouco mais atrás ao lado de minha mãe, tomou a dianteira. Ele que começaria a conversa. Enquanto meu pai dava mais alguns passos reparei que estávamos em desvantagem numérica, uma grande desvantagem. John deu um passo a frente.

— Como vai, Aro? Perguntou sarcástico.

A expressão de alguns Volturi mudou para o espanto. Até porque, não é todo dia revemos alguém que julgávamos estar morto.

— John... Que visão surpreendente! Respondeu Aro.

John sorriu de forma sombria.

— Não nos vemos desde a morte de William. Falou.

Nesse momento a expressão de Aro era de apreensão, e incrivelmente a de Caius também. Meu avô observava a cena atônito. Caius e Aro estavam com medo porque sabiam das consequências caso John continuasse.

Meu pai percebendo a tensão, procurou mudar de assunto.

— Aro, vamos fazer como antes, conversar de um jeito civilizado. Começou meu pai.

— Palavras amáveis, Carlisle. Mas um pouco fora de contexto considerando o batalhão que reuniu contra nós. Respondeu Aro voltando sua atenção para ele.

— Eu posso prometer a você que essa nunca foi minha intenção. Nenhuma lei foi violada. Disse meu pai.

— Estamos vendo a criança, não nos trate como idiotas. Intrometeu-se Caius. Sua voz agressiva como sempre.

Dei um passo a frente. Ele estava muito enganado se pensava que podia falar com meu pai nesse tom. Meu movimento atraiu as atenções. Seth se moveu comigo.

— Minha doce, Melany! Não imagina o quanto estamos felizes em vê-la! Exclamou Aro com animação exagerada.

Seth grunhiu.

— Não posso dizer o mesmo. Retruquei.

No lado dos Volturi surgiu uma onda de rosnados.

— Continua espirituosa. Respondeu Aro sem se abalar.

— E você, um ótimo ator. Falei.

Aro me encarou e sorriu falsamente antes continuar.

— Não sabe o quanto faz falta! Deveria nos vistar com mais frequência, considerando que faz parte da família.

Dessa vez os rosnados vieram do meu lado. O encarei perplexa. Onde ele arranjava tanto fingimento?

— Está enganado. A única família da qual faço parte está nesse exato momento ao meu redor. Falei, respondendo a altura.

Aro continuou sorrindo. Caius, que até então me fulminava com o olhar, resolveu se meter.

— Vamos, Aro. Deixe essa insolente de lado e concentre-se no que viemos fazer aqui.

Achei que era a hora de começar uma conversar mais franca como meu estimado tiozinho. Entrei em sua mente.

Pensei que vampiros tivessem excelente memória.

Pode apostar que sim, minha cara.

Então como se atreve a estar aqui depois do aviso que te dei em Volterra?

Adorável sobrinha, eu não seria quem sou hoje se me abala-se com simples ameaças.

Já que prefere pagar para ver... Depois não se arrependa com o desfecho do espetáculo.

Oh não, minha querida, tenho certeza de que irei amar.

Seus pensamentos estavam confiantes de mais. Procurei a origem de tanta confiança e vi uma imagem minha refletida como um espelho. Antes que pudesse ir a fundo nesse pensamento, a voz de Aro fora da minha cabeça me fez prestar atenção ao que ele dizia e esquecer nossa conexão mental.

— Vejam que acontecimento maravilhoso! Marcus, creio que não tenha observado com bastante atenção sua neta, pois se tivesse, estaria vendo o mesmo que eu. Disse ignorando completamente a fala anterior de Caius.

A confusão atravessou o rosto de Marcus e ele voltou a me encarar, dessa vez me olhando de corpo inteiro. Seus olhos se arregalaram de surpresa, e depois um sorriso de felicidade surgiu em seu rosto.

— Nossa família irá aumentar! Exclamou Aro com alegria.

Mais rosnados por parte da minha família. Seth colocou uma de suas imensas patas na minha frente e arreganhou ainda mais os dentes, meu lobinho estava assustador. Os olhos dos Volturi se fixaram em mim.

A expressão de Alec não estava mais composta. Ele alternava os olhares entre mim e o grande lobo ao meu lado. Agora eu podia ver raiva, dor e algo mais que eu não consegui identificar. Caius me olhava com frieza e desinteresse, assim como o resto da guarda.

— Isso não é esplêndido, Marcus? Você, bisavô! Falou Aro rindo.

Senti um arrepio percorrer minhas costas. Eu não precisava entrar em sua mente doentia para saber o que ele estava pensando. Certamente já maquinava seus planos sujos e ambiciosos. E o pior, envolvendo meu filho. Um rosnado por parte de Edward me fez confirmar meus pensamentos.

— Não estamos aqui para discutir a gravidez de minha filha, Aro. Interferiu meu pai em um tom duro.

— Exatamente. Estamos aqui para destruir a abominação que criaram. Disse Caius concentrando seu olhar em Renesmee.

— Ela não é uma imortal. As testemunhas podem afirmar isso. Vejam a cor do sangue em seu rosto. Meu pai respondeu.

— É um truque! Contestou Caius.

— Calma, irmão. Eu terei todos os aspectos da verdade. Interveio Aro.

Ele especulou por um momento e depois prosseguiu.

— Mas vai ser alguém mais central nessa história. Edward, como a criança está garrada a sua esposa recém-criada, presumo que esteja envolvido.

Aro parecia focado no seu propósito inicial, mas eu sabia que ele estava arquitetando algo muito mais perigoso.

Meu irmão virou para Renesmee e alisou seu cabelo. Bella e Nessie olhavam de forma angustiada enquanto ele percorria o espaço em branco até o lado inimigo. Bella rapidamente passou Nessie para o lado de Jacob.

Edward alcançou Aro alguns instantes depois. Odiei vê-lo tão exposto. Me concentrei, queria estar pronta para protegê-lo caso necessário. Assim que Edward estava a sua frente Aro pegou sua mão. Depois de algum tempo a soltou, dirigindo seu olhar para Renesmee.

— Gostaria de conhecê-la. Falou com os olhos vermelhos cintilando.

Edward não parecia nada feliz quando virou para nos encarar. Com apenas uma troca de olhares Bella segurou a mão de Renesmee e começou a andar em direção a Edward, Jacob a seguiu. Mais uma olhada para trás e logo Emmett tinha se juntado a eles. Observei ansiosa enquanto mais membros da minha família ficavam em perigo eminente. Eu estava preparada para defendê-los.

— Jovem Bella, a imortalidade lhe cai bem. Elogiou Aro.

Me mantive ainda mais alerta. Quanto mais gentil ele parecia ser, mas atenção exigia. Ao olhar para Renesmee, como bom fresco que é, Aro fez uma cena.

— AH! Escuto seu estranho coração. Pronunciou parecendo fascinado.

Depois de receber o consentimento de Bella, minha sobrinha se aproximou mais de Aro.

— Oi, Aro. Cumprimentou Renesmee em voz alta.

Aro estava com a mão estendida, a espera para ler os pensamentos de Renesmee, mas para sua surpresa Nessie ignorou sua mão e tocou seu rosto. A expressão de Aro era de pura admiração.

— Magnífico! Exclamou após Renesmee encerrar o diálogo mental que estavam tendo.

Aro se endireitou e encarou sua guarda.

— Metade mortal, metade imortal. Concebida e carregada por essa recém-criada enquanto ainda era humana. Falou.

Observei o reação dos vampiros a minha frente. Todos fitavam Aro com descrença, exceto Alec e Marcus, que estavam alheios a discussão. Marcus parecia imerso em pensamentos, já Alec estava com a mesma expressão de antes. Ele e Seth se encaravam de forma intensa.

— Impossível! Contradisse Caius.

— Você acha que me enganaram, irmão? Perguntou Aro virando completamente para ele.

Enquanto os dois discutiam Edward, Bella, Emmett e Renesmee retornaram rapidamente para o nosso lado. Jacob, depois de rosnar ameaçadoramente para Aro e Caius, fez o mesmo.

— Tragam a informante pra cá. Disse Caius.

Irina foi levada por Félix e outro vampiro até ele. A formação dos Volturi mudou, todos os vampiros se aproximaram mais.

— Aquela é a criança que você viu? Indagou Caius.

— Eu não tenho certeza. Respondeu Irina.

— Jane. Chamou Caius.

Antes que Jane começasse a tortura Irina continuou.

— Ela está diferente. Essa criança está maior.

— Então as alegações eram falsas? Caius voltou a questionar.

— Os Cullens são inocentes. Eu assumo total responsabilidade pelo meu engano. Afirmou Irina.

Ela então olhou para as irmãs.

— Eu sinto muito. Sussurrou.

Félix e outro vampiro rodearam Irina. Eu não estava gostando nada daquilo.

— Caius, não! Gritou Edward.

Foi tão rápido que se eu piscasse teria perdido. Félix e o outro vampiro desmembraram Irina, Demitre que estava com uma tocha acesa a entregou a Caius, que ateou fogo no corpo.

Eu ainda me recuperava do choque quando Kate e Tanya gritaram enlouquecidas, correndo em direção aos Volturi. Tudo aconteceu simultaneamente. Bella colocou Renesmee sobre as costas de Jacob enquanto as Denali prosseguiam em sua corrida furiosa. Tanya foi segurada por Eleazer e Emmett, Kate foi mais difícil de ser detida. Rose tentou segurá-la, mas caiu após receber uma descarga elétrica da mesma. Ela estava derrubando todos que atravessavam seu caminho. Recuperada do choque coloquei meu escudo ao nosso redor, agora mesmo se quisesse ela não conseguiria sair. Antes que Kate esbarrasse na barreira que eu tinha criado, Garret a segurou.

— Cega elas! Gritou Edward para Zafrina.

Alguns segundos depois as irmãs pararam de se debater.

— Devolva minha visão. Ordenou Tanya.

— Tanya, é isso que eles querem. Se atacar agora nós todos morremos. Disse Edward.

Tanya pareceu assentir. Edward fez um aceno com a cabeça para Zafrina, ela devolveu a visão de Kate e Tanya.

Do outro lado todos assistiam a cena em expectativa. Como não tínhamos dado a desculpa que eles precisavam, Aro fez um sinal para Jane. No momento seguinte Edward estava no chão.

Bloqueei a mente dele, mas ela já estava protegida. Olhei para Bella e sorri, ela estava cobrindo a todos com seu escudo mental. Os olhares de Jane alternavam entre nosso grupo tentando a todo custo nos afetar, mas sem atingir nenhum de nós. Ela focalizou o olhar em Bella que sorriu, de forma presunçosa. Jane assumiu uma expressão furiosa e deu um passo a frente.

Foi minha vez de sorrir. Adoraria vê-la voando a metros de distância e paralisada quando encostasse no meu escudo. Mas minhas expectativas foram desfeitas por Alec que segurou o braço da irmã, a restringindo. Aro nos encarava com certa descrença. O clima estava sobrecarregado. Parecia que a luta estava cada vez mais próxima.

— Aro, pode ver que nenhuma lei foi violada. Disse meu pai na tentativa de manter a paz.

— Mas será que isso significa que não há mais perigo? Indagou Aro em resposta.

Me endireitei esperando pelo discurso que eu sabia que estava por vir.

— Pela primeira vez em toda a nossa história, os humanos são uma ameaça para nossa espécie. Sua tecnologia fez nascer armas capazes de nos destruir. Proteger nosso segredo nunca foi tão importante. Em tempos tão perigosos, só o conhecido é seguro, só o conhecido é tolerável. E não sabemos nada sobre o que esta criança se tornará. Podemos viver com tal incerteza? Nos pouparemos de uma luta hoje, somente para morrermos amanhã?

A fala de Aro fez com que os vampiros do seu lado se agitassem. Uma coisa eu tinha que admitir, ele era um ator e tanto!

Me preparei mentalmente, a única coisa que eu precisava fazer era tirar Alec e Marcus do caminho. O resto estava incluindo na minha lista de execução.

Olhei para frente e vi que Alec me encarava. Em seu rosto estava claro sua apreensão quanto a luta. Ele não queria me atacar, apesar de tudo. Mas havia algo estranho nele, como se estivesse concentrado em alguma coisa. Seus olhos focaram em Seth novamente.

— Alice! Disse Edward.

What?!

Passei meus olhos pela campina e vi Alice surgir junto com Jasper a direita de onde estávamos. Os encarei incrédula. Estava tão feliz por vê-los que teria corrido para abraça-los, mas então me lembrei que não podia me distrair.

Alice nos lançou um olhar e seguiu com Jasper para os Volturi. A expressão de Aro ao vê-la era de pura surpresa e felicidade.

— Alice! Exclamou.

Antes que ela se aproximasse dos reis, Demitre e outros dois vampiros barraram seu caminho.

— Minha tão querida, Alice! É uma imensa alegria ter sua companhia, afinal. Disse Aro.

Mais uma vez houve uma movimentação por parte dos Volturi.

— Tenho evidências de que a criança não será um risco para nossa espécie. Falou Alice ainda segurada por Demitre.

Aro a olhou com desconfiança.

— Eu vou te mostrar. Continuou estendendo a mão na direção dele.

— Irmão? Chamou Caius.

Aro assentiu. Fez um gesto com as mãos fazendo Demitri e os outros liberarem a passagem dela. Demitre virou se para observar Alice, mas os outros dois vampiros continuaram a segurar Jasper. Alice andou até Aro, ele pegou sua mão de forma urgente.

Os segundos se arrastavam enquanto Aro segurava a mão de Alice. Resolvi me juntar a conversa dos dois. Alice mostrava a Aro o que aconteceria caso brigássemos, foi então eu que eu tive uma brilhante ideia. Eu o faria passar um inferno dentro de sua própria mente.

Comecei por sua guarda, imaginei o que aconteceria se nos atacassem. Mostrei os vampiros incapacitados enquanto minha família e nossos aliados os esquartejavam e empilhavam, colocando fogo logo em seguida. Depois passei a Félix, imaginei o imenso vampiro sendo destroçado e reduzido a pó, assim como eu tinha feito com a mesa em Volterra.

Aro parecia aterrorizado, mas mesmo assim prossegui como minha tortura mental. Para Demitre imaginei um final mais brando. Sua cabeça sendo arrancada e jogada no fogo assim como o resto do seu corpo. Já para Jane pensei que ela merecia provar um pouco do seu próprio veneno. Kate lhe dava choques enquanto seu corpo era desmembrado de forma lenta por alguns dos lobos. Agora vinha a melhor parte, sua própria morte e a de Caius. Imaginei os dois pegando fogo, mas não pelo dom de Benjamin, e sim pelo meu. Eu os faria arder aos poucos, depois entregaria Caius as Denali, que vingariam Irina. E quanto a Aro, o queimaria e por último o entregaria a Bella e Edward, afinal era filha deles que ele pretendia destruir. Imaginei meu irmão e minha cunhada o desmembrando e logo em seguida ateando fogo em sua cabeça.

Ao final de tudo todos os Volturi estariam extintos, exceto por Marcus e Alec que observavam ao fundo os restos mortais de sua antiga família.

Minha cabeça latejava pelo esforço, mas tinha valido a pena. A expressão de Aro era toldada pelo pavor. Seus olhos vermelhos estavam arregalados.

Espero que mude de ideia depois disso, porque caso contrário, essa foi uma pequena demonstração dos próximos minutos. Falei antes de sair de sua cabeça.

— Agora você sabe, esse é seu futuro. A menos que escolha seguir outro caminho. Disse Alice.

— Não podemos seguir outro caminho. A criança ainda é uma grande ameaça. Intrometeu-se Caius.

Aro não respondeu. Ainda estava em choque.

— E se tiver certeza de que ela pode se manter escondida do mundo humano? Nos deixariam em paz? Perguntou Edward.

Ele, assim como Alice, tinha assistido a tudo.

— Claro, mas não tem como saber disso. Respondeu Caius.

— Na verdade, tem. Contradisse Edward sorrindo para Alice e depois para mim.

Ambos os lados pareciam confusos. Do mesmo lugar que Alice e Jasper apareceram, surgiram duas figuras. Um homem e uma mulher, de aspecto tão selvagem quanto as Amazonas. Eles seguiram para perto de Alice e pararam um pouco atrás dela.

— Eu procurei minhas próprias testemunhas nas tribos ticuna, no Brasil. Começou Alice.

— Já tivemos testemunhas o suficiente. Interrompeu Caius.

— Deixe que falem. Interveio Aro de forma rápida.

Quase ri com a cena. Ele estava se borrando de medo.

— Sou metade humano e metade imortal, como a criança. Um vampiro seduziu minha mãe que morreu quando eu nasci. Minha tia, Huilen, me criou como filho. Eu fiz dela uma imortal. Disse o rapaz.

— Quantos anos você tem? Questionou Bella.

O rapaz virou-se para encará-la.

— Eu tenho cento e cinquenta anos. Respondeu.

Bella suspirou aliviada e trocou um olhar com Edward.

— Com que idade chegou a maturidade? Dessa vez foi Aro quem perguntou.

— Me tornei adulto sete anos após o meu nascimento. Não mudei desde essa época.

— E sua dieta? Voltou a indagar Aro.

— Sangue, comida humana. Posso sobreviver com os dois.

— Essas crianças... Se parecem com a gente. Opinou meu avô.

— Mesmo assim. Os Cullen se associaram a lobisomens, nosso inimigos naturais. Disse Caius.

Aro virou se para ele e tocou lhe o ombro balançando a cabeça. Caius o encarava incrédulo, mas Aro ignorou.

— Meus queridos, não existe perigo aqui. Nós não vamos lutar... Hoje. Falou.

Os vampiros que seguravam Jasper o soltaram. O ênfase que ele deu a palavra “hoje” me fez achar que ele não tinha entendido totalmente o recado.

Caius o olhou furioso, mas deu as costas e começou a caminhar. Depois de nos fitarem por alguns segundos a guarda fez o mesmo, Alec me olhou uma última vez e os seguiu. Marcus antes de sair, assentiu para Aro. Ele sorriu para mim e se foi.

Em poucos instantes a clareira estava praticamente vazia. Aro foi o último a sair, ele encarou a mim, Bella e Alice.

— Isso é que é um prêmio. Sussurou em seguida virando-se para floresta.

Entrei em sua mente. Eu ainda tinha coisas a resolver.

Espere. Falei.

Me siga. Respondeu antes de sair do meu campo de visão.

— Fizemos eles recuarem, agora é hora de atacar. Disse Vladimir.

— Hoje não. Respondeu meu pai enquanto voltava para o lado de minha mãe.

— Vocês são uns tolos! A oportunidade pode ter passado, mas eles nunca esquecerão o que aconteceu aqui. Falou Stefan.

Eu sabia que eles tinham razão e era por isso que eu precisava falar com Aro. Todos os ignoraram e continuaram com a comemoração. Vladimir e Stefan nos encararam por alguns minutos e depois partiram.

Edward e Bella carregavam Renesmee juntos. Os casais se beijavam. Tanya e Kate estava abraçadas a Garret, Carmem e Eleazar. O clima geral era de alívio, menos pelas Denali por causa da morte de Irina. Enquanto todos comemoravam os lobos se encaminharam para floresta. Antes de ir, Seth me encarou e depois seguiu Jacob.

Aproveitei a deixa, tinha que alcançar Aro.

— Melany, nem pense... Começou Edward.

— Eu tenho que fazer uma coisa. Prometo não demorar. Interrompi começando a correr.

— Melany! Gritou minha mãe.

Não respondi. Ao invés disso, criei uma barreira para que não me seguissem. Precisava ter uma conversa particular com meu querido tio.