Dusk (Sombrio) escrita por MayaAbud


Capítulo 1
01-Tique-taque, tique-taque, Tique-taque


Notas iniciais do capítulo

"Olhando para a perda
Procurando as causas
Mas nunca tem a certeza
Não há nada além de um buraco
Para se viver sem alma
E não há nada para aprender

Eu posso te dizer porquê
As pessoas enlouquecem
Eu posso te mostrar como
Você também pode enlouquecer
Eu posso te dizer porquê
O fim nunca chegará
Eu posso te dizer que eu sou
Uma sombra no sol"
—Shadow On The Sun, Audioslave



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Leah dormia e Seth corria um perímetro maior para garantir que os Cullen estariam seguros quando saíssem para caçar. E eu pensava... Se eles conseguissem sair em segurança, porque não iam de uma vez? Talvez devessem ter partido no instante em que os alertamos. Não seria difícil para eles se estabelecerem em outro lugar, eles tinham amigos no norte, não tinham?! Fugir parecia uma solução óbivia para os problemas que Sam e a matilha representava.

Eu devia sugerir isso; mas e se me ouvissem? Não queria que Bella sumisse e nunca mais saber dela_ se ela tinha conseguido ou não. Era idiotice! Eles deviam partir. Sim, eu sugeriria isso, era o melhor para mim, (não menos doloroso, mas melhor) que eles partissem de uma vez, no entanto longe era fácil falar, Bella não estava ali, parecendo toda animada por me ver.

“Perguntei a Edward sobre porque não tinham ido embora. Para a casa de Tanya ou outro lugar onde Sam não se arriscaria a ir”, pensou Seth. Lembrei a mim que eu mesmo acabara de decidir, não havia porque ficar com raiva do garoto.

“E o que ele disse?” minha respiração pareceu pesar.

“Carlisle ficou pensativo. Ele, Edward e Alice começaram uma conversa pesando os riscos de levar Bella, o estado dela é delicado. Cogitaram uma ambulância bem munida de todos os aparatos. Parece que Jasper tentaria conseguir uma e se conseguissem eles mesmos abasteceriam com o que mais fosse necessário”

“Então eles irão?” Senti raiva de Edward por não ter me dito nada

“Não estava nada certo ainda, depende de como o sangue a fará se sentir” É, ela estava melhor que antes “Mas a coisa chuta como o Diabo, Não sei se...” Seth se calou diante de minha náusea mental.

Entrei na casa como se fosse o dono, tomando um susto pois Bella não estava à vista. Edward me acalmou dizendo que ela estava “bem”. E lá estava ela novamente: vinda de baixo da escada, nos braços da psicopata, apesar de parecer sentir dor, sorriu como se eu fosse a melhor coisa da vida dela.

Se ela ao menos não se importasse, me quisesse longe... Mas ela sorria daquela forma linda e desconcertante toda vez que me via.

E com toda aquela situação era como se não pudéssemos evitar, todas as conversas acabavam lamurientas, taciturnas e... Triste, ao menos para mim.

—Nunca farei parte da sua família, Bella_ poderia ter sido. Eu teria sido bom nisso. Mas esse era um futuro distante que morrera muito antes de ter a chance de viver.

—Você sempre fez parte da minha família_ ela discordou.

Meus dentes rangeram.

—Esta resposta não vale.

—E qual que vale?

—Que tal, ‘Jacob, gosto de ver você sofrer’_ demandei e ela se encolheu.

—Se sentiria melhor?_ sussurrou.

—Seria mais fácil. Eu poderia tentar me acostumar. Poderia lidar com isso _Olhei seu rosto, perto do meu, e seus olhos estavam fechados, a testa franzida.

—Perdemos o rumo Jake. Perdemos o equilíbrio. Você devia fazer parte da minha vida... eu sinto isso, e sei que você também_ Ela parou por um segundo sem abrir os olhos e continuou:_ Mas não desse jeito. Fizemos alguma coisa errada. Não. Eu fiz. Fiz algo errado e nós perdemos o rumo..._ Sua voz falhou e o rosto, enrugado, relaxou, e se tornou só um repuxado nos cantos dos lábios.

—Ela está exausta_ murmurou Edward_ Foi um dia longo e difícil. Ela teria dormido mais cedo, mas estava esperando você.

Não o olhei enquanto falava: _Seth disse sobre os planos de partida_ minha voz falhou miseravelmente.

—Sim, Jasper, Alice e Carlisle estão tentando algumas fontes.

—E então? Bella está bem com isso?

—Ela não sabe . Se até amanhã, não conseguirmos todo o necessário, ficaremos. Mesmo com a melhora o estado dela complica cada hora mais.

Eu me dividi: a razão_ eles deveriam ir; e a emoção: eu nunca mais a veria. O que eu faria? Meus quatro dias se tornaram algumas horas. Tentei vê-la à distância, me afastar da atração... Sabia que não era minha imaginação o fato de precisar dela mais que nunca. Porque era assim? Era porque o tempo se esgotava? Porque ela partiria, de uma forma ou de outra?

A certa altura dos acontecimentos, o sanguessuga explicou a loucura que Bella pretendia em relação a Charlie, como a coisa ia sair de Bella e como ela pretendia sobreviver. Depois do discurso arrogante e insensível da Loura, joguei nela minha tigela de cachorro e tive de rir da cara perfeita e furiosa dela. Minhas gargalhadas a acordaram, apesar de Bella ter dormido durante o verdadeiro barulho.

—O que é engraçado?_murmurou.

—Joguei comida no cabelo dela_ eu ri mais.

—Deixe Rosalie em p..._ ela arfou, se arqueando no sofá, Edward inclinando-se sobre mim e tirando o cobertor do caminho, Bella parecia em convulsão.

Carlisle a examinou, segundo Bella o monstro estava apenas se alongando. Depois que as coisas se acalmaram e Bella voltou a dormir, voltei à patrulha. Voltaria pela manhã, para saber se eles ficariam ou não...

Tudo estava tranqüilo durante a noite. Pela manhã retornei a casa branca. Edward me esperava na varanda, o rosto frio e distante. Meu coração pareceu inchar, invadir meus pulmões espremendo-o contra as costelas de maneira desagradável.

—Ela está... Bem. Dormindo_ disse ele descendo os degraus.

—Devo pedir algo_ se aproximou_ Implorar se necessário. Sei o quanto fez por nós, mas é algo que só você pode fazer._ Esperei e ele continuou:

—Sei o que pensa sobre a transformação dela, mas você também sabe o que Sam pensa sobre o que ela carrega, e sabe sobre os planos dela para Charlie. Quando essa criança nascer, as coisas podem se complicar ainda mais com Sam, Jacob, falo do antigo tratado. Então nós partiremos.

Cambaleei um passo para o lado, buscando equilíbrio, Edward avançou oferecendo apoio e então desistiu.

—O que quer?_ perguntei.

—Que como o Alpha, herdeiro de Ephraim Black, você autorize a transformação de Bella, pois... Se tudo for como Bella espera, Jacob, ainda temos o pai dela aqui. Um dia precisaremos voltar e não queremos uma briga com você ou seus descendentes por isso.

—É ao Sam que quer, não cabe a mim.

—Cabe a você, ninguém contestará sua decisão_ minha cabeça girava_ Jacob ela vai sobreviver_ pela primeira vez havia esperança, uma esperança fervente e até violenta em seus olhos negros.

—Quando partirão?

Ele suspirou antes de responder:

—Por volta do meio dia_ e eu me senti oscilando novamente.

—Sabe que vou fazer o que for preciso para salvá-la, apenas não quero agir por suas costas nem quero ter uma guerra nas mãos.

Eu não consigo pensar, me dê um tempo ok?”

—Lamento verdadeiramente seu sofrimento, admito que o ódio que sente por mim não é recíproco, mas não temos muito tempo_ assenti meio ensandecido e segui para a casa, ele me seguindo.

—Finalmente_ Alice falou, e os olhos de Bella seguiram os dela, parando em mim. Ela abriu um sorriso irresistível e arrasador, antes que seu rosto caísse um pouco.

—Pensei que estivesse dormindo, amor_ Edward sentava colocando os pés dela em seu colo. Sentei no chão próximo a cabeça de Bella.

—Estava com muita sede, foi isso que me acordou_ e voltou a me olhar, os olhos tristes. Porque ela tinha que me olhar assim? Como se... me amasse. Seus olhos umedeceram e os lábios tremeram.

—Não queria ir, Jake. Mas terá mais problemas se ficarmos. Lamento muito_ ela chorava como uma criança. Edward franziu o cenho afagando seus pés.

—Shhh... Não chore, Bells_ acariciei seu rosto e ela pôs a mão sobre a minha, mantendo-a ali.

—Ah, Jake! Vou sentir tanto sua falta!

—Vai ficar tudo bem, Bella_ recostei minha testa na lateral de sua cabeça.

—Quero tanto que seja feliz!_ sua voz soava desesperada_ Perdoe-me, Jake_ Afastei-me para olhá-la, ela estremeceu de leve e afagou a lateral da enorme e maltratada barriga, onde a coisa deve tê-la chutado. Bella sorriu e me olhou.

Senti-me afundando num oceano de tristeza, nem queria nadar e chegar ao outro lado, não haveria nada lá para mim. Só o que eu tinha agora era o amor impossível por Bella e a consciência de que ela era_ e de alguma forma ainda seria_ minha melhor amiga. A pessoa que me conhecia melhor que qualquer uma que não tivesse livre acesso a minha mente.

Naquele momento eu não conseguia ter qualquer perspectiva de futuro, mas tanto quanto eu temia por sua vida, não conseguia imaginá-la como minha inimiga, ou do meu povo.

Suspirei, entregando a ele o que me restava: “Tudo bem. Salve-a! Como herdeiro de Ephraim Black, voce tem minha permissão, minha garantia de que isso nunca será razão para guerra alguma. Os outros terão que me culpar. Você tinha razão: eles não podem negar que é meu direito concordar com isso”

—Obrigado_ sua voz era baixa o bastante para que Bella não ouvisse, mas fervorosa o bastante para que os outros vampiros presentes se virassem para olhá-lo.

—Como será agora, Jake?_ com uma mão ela afagou meu cabelo, a outra ainda repousava sobre a barriga.

—Bella ainda será a melhor amiga que já tive.

—Uma amizade à distância, como disse antes?

—Acho que sim, de qualquer forma_ senti como algo dentro de mim se despedaçasse, quebrasse em pedaços incontáveis. Era eu mesmo, tudo o que me fazia ser Jacob Black.

Voltei à forma lupina para pedir ajuda a Leah e Seth, tentava organizar meus pensamentos, deixando o animal em mim administrar a dor quando os pensamentos de Leah inundaram os meus.

“Você não faria isso” minha afirmação soou como uma pergunta. Leah hesitou e então admitiu: “Ela devia saber o mal que faz a você, Jacob. Não é justo, ela tem o sanguessuga e agora o filhote de monstro”.

“Você deu a entender que faria a mesma escolha”

“Não se trata disso...” Leah não quis verbalizar o restante, mas vi em sua mente como ela pensava sobre o que queria dizer... Ela achava menos cruel, não menos doloroso, porém menos cruel que Sam, apesar de querer seu bem, a quisesse longe. Ao contrário de Bella que me mantinha por perto.

“Não importa, Leah”, foi só o que consegui pensar, ainda chocado com a coragem de Leah ao querer, e ela esteve decidida, ir na forma humana e falar umas ‘verdades’ para Bella, como ela pensava. Nunca nos gostamos, Leah e eu, então vê-la pensar em me defender era no mínimo chocante.

“Você merece, Jacob. É um bom garoto e um bom líder, não como Sam, mas à sua própria maneira” ela pensou sinceramente, desconcertada ao admitir “Mas ainda não morro de amores por você, oh alpha!”

“Ainda”, tentei fazer piada, e ela bufou “O que queria mesmo?”

“Preciso que proteja nossa retaguarda enquanto Seth e eu acompanhamos os Cullen para fora da Cidade” em minha mente o rosto de Bella “Vou acordá-lo”, pensou Leah resignada.

Leah talvez fosse uma boa amiga, não minha melhor amiga, mas uma amiga de verdade, alguém que tomaria meu partido, que sairia em minha defesa. Seus pensamentos não negaram os meus enquanto ela corria até onde Seth estava enroscado e babando embaixo de um grande pinheiro, ela já era fiel a mim, estava confortável com isso, eu diria.

Bella parecia estar indo para a Forca, ou algo do tipo, enquanto Edward a entregava para a Loura que estava dentro de uma ambulância de última geração. Lembrei de um tempo em que eu teria rido da expressão no rosto dela. “Vamos lá, Bells, não seja covarde, você namora um vampiro e anda com lobisomens”, eu teria dito. Mas naquela ocasião, eu era mais covarde. Senti como se estivessem amarrando meu coração a algo para então arrancá-lo.

Bella se inclinou um pouco na maca enquanto Carlisle fechava a porta, eu dei alguns passos até que não havia mais fresta alguma por onde vê-la. Lá dentro Bella arfou.

—Calma, E.J, está tudo bem_ falou ela, sua voz chorosa.

—Está tudo bem, pessoal_ Rosalie avisou de dentro da ambulância.

—Vamos lá_ disse Carlisle e eu dei espaço para que ele passasse. Edward me lançou um olhar de gratidão e eu desviei meus olhos. Não queria sua gratidão, não fazia nada por ele e já lhe dera tudo o que tinha.

Da floresta, atentos a tudo, seguíamos acompanhando a comitiva. Quando estávamos longe o bastante para não haver mais árvores para nos encobrir, fui obrigado a parar, Seth ficara para trás e Leah mais atrás ainda. Deixei minha alma escapar enquanto meu peito se rasgava em um uivo de agonia. Ao mesmo tempo a voz de Carlisle soou:

—Obrigado, filho, por tudo_ ouvi também um soluço.

E deixei-me cair de bruços sem forças nem para respirar. Senti Seth e a irmã deixarem minha mente, aquela dor era de mais para eles.

Já era noite e eu estava da mesma forma chorando como uma criança, como na noite em que me transformei pela primeira vez e Sam me explicou o que havia acontecido e como as coisas seriam... A sensação de ter minha vida arrancada de mim, de tê-la fora de meu controle se repetia agora, mil vezes intensificada.


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