Ilha Astrid escrita por RoxyFlyer21


Capítulo 7
Capítulo 7 - A casa abandonada


Notas iniciais do capítulo

Eu to postando esse capitulo, mas eu realmente gostaria de um pouco de divulgação! Tambem para a minha outra fic, Agente McVeith, da uma lidinha nela e veem o que acham! Obrigada!! :DD



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O mar revolto, atingindo violentamente as rochas e a praia, os sons das copas das arvores dançando conforme o vento e os barulhos dos insetos noturnos: tudo isso ficava muito mais nítido conforme subiam a inclinação da ilha.

Will desviava de algumas pedras pelo caminho, e suas costas completamente desprotegidas arrepiavam-se ao vento salgado e gelado. Essa era uma das primeiras vezes que o garoto sentira a ilha tropical tão gelada, com a sensação térmica polar.

O cansaço extremo abalou Astrid por completo e, enquanto sentia o vento balançar seus cabelos e o tornozelo latejar dolorosamente, ela deitou sua cabeça no ombro de Will.

Para a surpresa dele, a testa quente de Astrid estava colada em seu pescoço, e seus lábios semi-abertos expiravam hálito doce. O que antes faria seu coração disparar, agora é motivo de preocupação: a testa da garota não estava esfriando, apenas aumentando os indícios da febre.

Ao meio de algumas ralas arvores, em uma região descampada do topo da ilha, uma pequena casa pálida se sobressaia sobre a iluminação da lua e das estrelas, no céu negro.

- Você me disse que não morava ninguém aqui. – Ela esperou até que a adrenalina e o medo dessem as caras, o que não ocorreu. Will seria a razão daquela segurança toda.

- Bem, na pratica ninguém mora. Porem alguns anos antes de meu pai morrer, uma construtora tentou vender alguns terrenos na ilha. Essa era a casa modelo, acho.

Ela não se interessou pela construção ou a casa, mas ficou infinitamente triste pelo pai de Will. Ergueu a cabeça e olhou fixamente para os olhos dele, que relutavam em não olhar de volta.

- Sinto muito pelo seu pai.

- Tudo bem. Já faz um tempo.

Como Will respondeu rapidamente, esforçando-se a não prolongar o assunto, ela mudou a direção do seu olhar e observou a casa, agora tão perto.

Era uma construção térrea, e não havia arvores ou arbustos no quintal da frente. Um branco desbotado revelava alguns tijolos sem reboco da parede, algumas samambaias cresciam no telhado e uma grande porta de madeira clara que não fora devidamente lixada estava fechada. Estranhamente, não havia cercado algum. Olhando pela esquerda, uma ladeira de grama farta descia até a floresta, e então o oceano no horizonte. Definitivamente, era uma vista e tanto.

- Só espero que eles a tenham abandonado sem trancá-la.  

Enquanto Will equilibrava Astrid e checava a porta com a outra mão, ela notou que as janelas, compridas e que preenchiam algumas partes da casa de cima a baixo, estavam terrivelmente empoeiradas e demarcadas por um “x” de fita adesiva. Uma pena, ela pensou.

A porta rangeu quando Will a empurrava com o pé. Eles adentraram num espaço completamente vazio e inacabado: algumas pranchas de madeira escorrida faltavam na composição do chão da casa, os papeis de parede claros estavam rasgados e, na parede oposta, uma grande porta envidraçada abria para um quintal cheio de tijolos e montanhas de areia e cimento empilhados.

A luz dentro da casa era mais escassa que lá fora; ainda assim Will apressou-se em sentar Astrid em uma das bancadas de granito da cozinha, o único lugar ao menos parcialmente mobiliado da construção.

Estava gelado e imediatamente sua pele se arrepiou. Will começou a remexer ávido a procura de uma lanterna. Abriu gavetas de madeira pintadas de branco, abriu armários da parede e debaixo das bancadas da cozinha. Finalmente, encontrou uma grande lanterna amarela, daquelas de cinco lâmpadas.

- Nossa, demos sorte! – ele apertou o botão, e então esmurrou o aparelho até que ele ligasse. – Aqui, segure.

Astrid pegou e iluminou as costas do garoto, que voltara a remexer algumas gavetas esquecidas, do lado esquerdo ao buraco onde deveria ficar o fogão.

- O que você esta procurando?

- Isto.

Ele jogou o cabelo para trás e mostrou um pequeno rolo de esparadrapo. Os dedos começaram a achar a ponta, então Astrid pode notar pela primeira vez um risco vermelho que cortava a palma da mão do garoto.

- Onde você se machucou? – perguntou, em sobressalto.

- Na subida. Acho que eu me apoiei em uma rocha afiada, ou coisa do tipo. – ele respondeu, circundando a palma da mão com a fita.

Um silencio seguiu, cortado apenas pelo ruído do esparadrapo e do vento roçando na vidraça e adentrando mais frio ainda pela porta escancarada e por pequenos buracos nas paredes. Astrid sentiu seu coração fraco, a dor de cabeça estava exaurindo suas ultimas forças.

- Sua vez.

Ele desamarrou o pedaço de pano, umedecido pelo ar salgado da ilha e pela vodka, e colocou-o sobre a bancada. Astrid lutava contra a dor em estender o tornozelo.

Will pegou o pé delicadamente e o avaliou. A vermelhidão tinha diminuído um pouco, porem o inchaço estava excessivamente maior e agora, algumas regiões haviam arroxeado. Se não fosse fratura, então uma tremenda luxação.

- Muito feio? – ela levantou o olhar para o teto, evitando que seus olhos molhados derramassem lagrimas de dor.

- Que nada. Você supera.

Com a outra mão, ele pegou o esparadrapo e começou a enrolá-lo, tomando cuidados extras em não machucá-la. Alguns instantes depois todo o pé estava enfaixado, a não ser pelos dedos pintados de preto.

- Pronto – Will colocou o tubo vazio ao lado do pano da camiseta e, ainda segurando delicado o tornozelo, prendeu a atenção da garota.

Em um silencio calmo, com as cigarras chiando lá fora, a luz da lanterna iluminava obliquamente o rosto pálido e atraente. Passando o polegar pelas ataduras, ele abaixou-se e beijou meigo o pé de Astrid. Longo, ao final repousou a tornozelo na continuação da bancada de granito, ao lado da garota.

- Muito obrigada, Will. Por tudo.

Ele, encostado na bancada oposta, finalmente levantou seu olhar apertado e esboçou um sorriso, assentindo:

- Disponha.

Dizendo isso, ele se aproximou vagarosamente dela, apoiando suas mãos ao lado das coxas nuas de Astrid. Olhando bem em seus olhos, agora tão pertos, ele controlou um forte desejo em beijá-la para levantar uma mão e checar a temperatura na testa dela.

Repentinamente, a porta envidraçada bateu na parede exterior devido ao vento, e ambos olharam para fora da casa, no quintal.

Will avistou, no meio da areia e tijolos, algumas toras de madeira virgem, ainda não lixadas. Se afastando das pernas da garota e de seu rosto, ele começou a caminhar quintal afora.

- Você vai ter que se aquecer esta noite, e minha camiseta rasgada não vai ter garantir isto.

Enquanto observava o corpo forte e alvo arrumando alguns pedaços de madeira, ela flagrou seu coração batendo mais rápido do que nunca. O que era esse sentimento, essa sensação tão forte, e ao mesmo tempo tão irresistível e doce dentro dela? Já tinha ficado a fim de outros caras, Tom por exemplo, mas não recordou de nada tão intenso assim. No meio de dores de cabeças extremas, o tornozelo latejando e o corpo fraco e debilitado pela febre, havia algo mais forte que a dava forças. Por mais que ansiasse por uma noite de sono e um banho quente, ela desejava mais ardentemente que essa noite nunca acabasse.

Sempre surpreendente, Will tirou da bermuda preta um isqueiro de metal e, sem piedade o jogou na pilha de toras. Uma chama primeiro, e então logo o som de madeira estalando no fogo e as cinzas subiam pelo céu.

Depois de observar um instante sua criação, ele adentrou na cozinha e passou suas mãos pelas costas e pelas coxas de Astrid, levando-a ao encontro do calor.

- Você é meu salvador.

Pensando alto, ela corou as bochechas de Will. Como não tinha resposta, ele apenas sorriu e Astrid pode notar brilho em seus olhos tão escuros.

Perto da fogueira, ele insinuou em deitá-la encostada na pilha de tijolos.

- Não... quero ficar perto de você...

- Como quiser.

Ele sentou no chão semi-pavimentado do quintal, e então ajeitou Astrid ao seu lado. Ela tentava descansar no ombro do garoto, porem tudo o que conseguia fazer era tremer incontrolavelmente de frio. Por mais que a fogueira cumpria razoavelmente o papel de aquecê-los, a camiseta cinza que funcionava como um escudo contra o vento estava rasgada ao meio, expondo sua barriga nua. Seus dentes rangiam fervorosamente e a preocupação de Will era cada vez maior.

- Olha, sei que isso vai parecer como se eu estivesse me aproveitando da sua fraqueza mas....

- Seja direto...

- Calor corporal.

Ao dizer isso, as costas do garoto que estavam contra a corrente de ar, para protegê-la é claro, se arrepiaram finalmente.

Astrid, cansada e febril, deixou-se levar. Afastando-se por um momento, a fim de retirar o resto de pano que escondiam seu busto, fez com que Will corasse ao se deparar com o biquíni provocador da garota.

- Pronto.

Ele notou fadiga e cansaço no olhar amendoado dela. Will, agindo como um irmão mais velho, tomou a cintura gélida e suas coxas, colocando Astrid sentada em seu colo.

Ela se ajeitou imediatamente a forma do corpo quente do garoto, fazendo com que ele se assustasse inicialmente. Seu tórax estava espremido contra o biquíni decotado, e as mãos de Astrid envolveram o pescoço de Will, onde os lábios semicerrados encostavam suavemente. 

Sentindo-se mais confortável, ele finalizou rodeando os ombros e as costas nuas da garota, tomando o cuidado para não desfazer o laço do biquíni.

Ambos cerraram os olhos, mergulhados em um oceano de sensações novas. Astrid finalmente sentiu calor eficaz passando pela sua pele, e já se sentia mais forte para superar febre, inflamação e cansaço, contanto que seu salvador estivesse sempre ao seu lado. Espantosamente, Will se reconheceu mais completo e vivo do que nunca, e junto da pessoa mais inesperada.

Nada mais foi dito, porque não necessita palavras quando o silencio e o calor de ambos confirmam tudo. Dormiram juntos sobre as estrelas, o sono embalado pela respiração calma de Astrid.


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