“ Bons Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor”

Essa é a frase que não conseguimos tirar da cabeça, é a frase que ao ouvi-la deixa qualquer um com o coração palpitando. Pois quando somos escolhidos para a arena, o que mais desejamos ao nosso favor é a sorte.

–Vamos acordando que hoje o dia vai ser longo – Acordo com minha mãe abrindo a janela do meu quarto deixando a claridade bater em meu rosto fazendo meus olhos arderem.

– Mais cinco minutos? – Pergunto erguendo a mão.

– Nem pensar. Hoje é dia de colheita e temos muito a fazer, preciso que vá ao mercado, vou fazer um banquete especial para hoje à noite.

– Especial por quê? – Pergunto olhando-a confuso.

– Seu pai Kramer, seu pai chega hoje da caçada e trará alguns amigos para o jantar – Ela diz me olhando com uma cara de poucos amigos.

– Deveria me importar? – Pergunto friamente.

– Sim Kramer deveria. Apesar de não ter muito tempo para você, ele nunca deixará de ser o seu pai. – Ela diz com um tom de voz que me da medo e sai do quarto.

Levanto da cama, visto uma roupa qualquer e desço as escadas ao encontro de minha mãe.

– O que você acha de peru? – Ela pergunta lendo um livro de receitas.

– Pra mim tanto faz mãe – Não estava dando a mínima para esse jantar, na verdade eu não dou a mínima para o meu pai, por causa da negligência dele sempre focado no trabalho, um ódio foi crescendo dentro de mim e agora não suporto ficar nem um minuto perto dele. Tínhamos combinado de ir para uma aventura pai e filho nessa semana com a esperança de nos reconciliarmos, mas seus amigos interferiram nos nossos planos e eu desisti de tentar conquistar o meu pai.

No caminho do mercado encontro vários amigos, nosso principal atrativo é a escalada, subimos em qualquer coisa e somos bons corredores. Treinamos muito durante o dia, pois achamos que é algo útil caso alguém seja escolhido para os Jogos.

– Nervoso? – Pergunta Satt.

– Nervoso? Estou tendo é um infarto – Respondo.

Continuo caminhando em direção do mercado quando a vejo, a mais linda e minha melhor amiga Kândice.

Ela corre em minha direção e pula em meus braços.

– Promete que não vai ser você? – Ela diz com uma voz meiga.

– Como poderia prometer? É tudo uma questão de sorte – Digo com um sorriso.

Ela me abraça forte como se aquilo fosse um último abraço.

– Agente ainda tem muito tempo para passar juntos – Digo acariciando seus cabelos.

– Sei disso.

Vou para o mercado e compro tudo na lista que minha mãe pediu. Quando chego em casa aproveito o tempo que me resta antes da colheita para passar um tempo com os amigos. Treinamos nossos saltos e escaladas o resto da manhã até que minha mãe diz que o almoço está pronto. Convido meus amigos para almoçar na minha casa e eles logo aceitam, pois minha mãe é conhecida no distrito por ser uma ótima cozinheira.

Durante o almoço rimos e nos divertimos. Tentava não pensar muito que daqui a algumas horas algum de nós pode ser escolhido para ser trancado em uma arena e forçado a lutar com mais 23 pessoas até a morte.

Acabamos de comer e me despeço de meus amigos, vou direto tomar uma ducha enquanto minha mãe separa uma das minhas melhores roupas. Saio do banho visto a roupa e desço ao seu encontro. Ela parece nervosa.

– Ele não vem, não é? – Pergunto com a cabeça baixa.

Ela balança a cabeça negativamente.

– Eu sabia! Ele me abandonou de novo!

Não que gostaria que ele estivesse lá, mas caso eu fosse escolhido gostaria de estar com meus entes queridos por uma última vez.

Dirigimos-nos para a praça e lá encontro todos os meus amigos novamente.

– Esse ano é sua vez Kramer – Diz Satt rindo.

Kândice dá um tapa bem dado no seu braço.

– Que foi? To só zoando ele.

Entramos na fila para fazer a inscrição. Uma mulher espeta uma agulha em meu dedo colhendo uma pequena quantia de sangue. Dirijo-me junto aos outros.

Uma mulher com um cabelo esquisito aparece no palco.

– Sejam bem vindos! Sejam todos bem vindos à 27 edição dos Jogos Vorazes. – Ela diz.

Aí começa a mesma coisa de sempre. O hino toca, assistimos a aquele filme entediante sobre os Dias Escuros e o mentor Merle Simons, o único vivo de nosso distrito se apresenta. Um homem jovem aparentando ter uns 27 anos cujo só ganhou os jogos tendo como protetora sua irmã, que no final se matou para dar a ele o título de vencedor. Não sei o que aprenderemos com ele, mas é melhor que nada.

A mulher se movimenta no palco e como sempre diz;

– Primeiro as damas.

E enfia a mão na bola de vidro e retira um papel.

– Michaella Benedetti.

Lembro dela, estudou comigo no quinto ano, e vejo ela indo no palco e noto sua vontade de chorar.

– Isto mesmo querida, venha - Diz a mulher pegando na mão da menina.

– Agora os cavalheiros.

Começo a soar frio, ela meche os papéis dentro da bola de vidro e pega um. Ela hesita um pouco e enfim fala.

– Kramer Trybiani.