-Nica... – murmurei não acreditando no que via, Nica, a minha irmã mais nova descendo graciosamente da pequena elevação e parando com o olhar vazio na minha frente.

Eu e Nica éramos inseparáveis, nos meus 200 anos não me lembro de uma batalha que nós não estávamos juntos, tirando aquela que eu fugi, ela estava ocupada de mais protegendo o nosso pai quando quase me pegaram.

-Maldição... –murmurei, ela tinha um escudo tanto mental quanto físico quase impenetrável, nunca consegui ler seus  pensamentos, e agora isso se tornou uma franqueza, não saber o que ela ia fazer era perigoso.

O olhar dela estava frio como gelo me encarando quando sem mais nem menos me atacou,

Eu só desviei de seus ataques até que ela acertou o mesmo ombro que estava machucado, isso doeu imensamente, me controlei pra não gritar, então ela tentou de novo uma seqüência de golpes eu desviei com mais dificuldade do que da primeira vez, então ela não ia parar, ela continuaria até eu a matar como eu fiz com nosso padrinho agora a pouco,

mas mesmo que eu tentasse não conseguiria nem ao menos feri-la quanto mais matá-la,

pense, pense, fassa alguma coisa!ela já me acertou um soco na barriga e um chute no queixo, nunca apanhei assim, droga!, vamos lá, pense em alguma coisa!controle mental era uma boa mas como passar pelo seu escudo?deixa pra lá, fazer ela desmaiar pra depois controlar sua mente é mais fácil, pois enquanto ela dormia eu conseguia ouvir seus pensamentos, ela precisa de muita concentração para deixar o escudo impenetrável, mas fazê-la desmaiar também era um problema, precisaria de uma distração.

Ela parou de me atacar e se distanciou tomando uma posição defensiva, eu não entendi no começo mas depois ouvi um grito chamando meu nome, era a Amanda, eles a queriam, mas por que, eu realmente não sei, a distração perfeita vinha correndo pelas costas dela:o Paul.

Ele abocanhou seu pescoço e eu dei um soco na barriga dela e ela desmaiou, disse para Paul a vigiar enquanto eu ajudava a Amanda a se livra do meu primo de décimo terceiro grau, eu nem mesmo o considerava meu primo mas ele sempre me chamou assim, peguei meu arco e mirei na sua panturrilha esquerda, acertei em cheio, ele a soltou e caiu ajoelhado no chão aproveitei e acertei outra na cabeça dele, então o meu primo que nem era meu primo morreu, corri para ajudá-la, ela tremia incontrolavelmente quando a levantei com o meu braço bom.

-Te avisei que era pra controlar a sua curiosidade, você não acreditou. –disse a ela com um tom brincalhão, mas ela caiu em prantos em cima de mim.

-Eu...estou com medo Lion... eles a mataram na minha frente...foi aterrorizante... –ela disse ainda tremendo o choro havia parado.

-Mataram quem?

-A mulher que tava com alergia, eles a mataram sem piedade na minha frente. –lagrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto.

-............ –eu não tinha palavras, eu já matei muitas vezes mas sempre rápido para que quem eu mate não sinta dor, mesmo sendo o inimigo, eles também sentem, mas os orcs torturavam suas vitimas até elas pedirem para morrer, e assistir isso não deve ser muito agradável, me lembrei da minha irmã.

-Venha. –eu disse a puxando para a minha barraca a deixei lá dentro e fiu ver minha irmã,

ela estava caída no chão, a mordida de Paul não havia sido forte então Dam chegou.

-Quem é ela? –perguntou, sua voz parecia uma gaivota berrando no meu ouvido.

-Minha irmã, deixe que eu cuide dela.

-Não. –ele disse com uma autoridade impassível, mas eu nunca o iria obedecer, o juramento não me forçava a isso.

Levantei e o encarei sem medo algum, eu podia matá-lo se quisesse, então disse.

-Você pode ter liderado muitos exércitos e ganhado muitas guerras, trabalhado como conselheiro do rei que já morreu a algumas décadas e tudo mais, mas você nunca vai mandar em mim com essa escala de autoridade, mesmo porque eu tenho muitos anos a mais que você e como dizem os humanos você me deve respeito só por eu ser mais velho.

Ele estremeceu com o meu comentário recordando a época que havia um rei nessas terras,então ele abaixou a cabeça e murmurou:

-Eu tinha 24 anos naquela época, já faz quase 30 anos que o rei morreu, fassa o que quiser com ela. –disse saindo um pouco relutante. -Venha Paul. –o cachorro o acompanhou até a barraca principal eles entram lá mais logo saíram para ajudar a consertar as barracas, peguei a minha irmã e a levei para a floresta que ficava ali perto, então em vez de controlar sua mente eu simplesmente a apaguei, coloquei ela deitada no chão entre as flores de uma árvore e voltei para cuidar da Amanda, eu quase esqueci do meu próprio machucado, primeiro eu ia ter que cuidar dele, depois da Amanda.