Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 27
O Lado Negro


Notas iniciais do capítulo

*aparata*

Gostaria de agradecer os reviews que recebi. Por mais que não houve uma reação tão grande quando à do capítulo "Nemesis", sei que cada um fez a sua parte comentando.

E aqui, senhoras e senhores, começa o terceiro ano:



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CAPÍTULO 27

THE DARK SIDE

As salas impecavelmente brancas do hospital nunca perturbaram tanto Lily. Depois de anos trabalhando como voluntária na preparação de poções simples para o hospital St. Mungus, a situação deveria ser oposta. Pelo menos não haviam tantos espelhos, pensou dando um suspiro, mas nem isso era uma consolação. Ela não precisava de um espelho para ver o dano feito pelo corvo.

Ela balançou a cabeça e se concentrou. Branco no branco, a ruiva olhou uma foto do filho presa na parede e jogou uma bolinha de papel na direção da imagem. Lily errou feio. O Nicholas da imagem sorriu para ela como se dissesse, tente outra vez!

O mundo agora, ela decidiu se levantando da cama branca e entrando em vestes também brancas, era triste, frio e escuro.

Uma batida soou através da porta (branca) e duas enfermeiras entraram no quarto para checar a situação de Lily. Uma delas apontou a varinha para o olho direito da ruiva, a outra preparou testes e colocou cartas de fãs na mesinha. Margaret franziu a testa.

“Está tão ruim assim?” perguntou Lily desanimada. Nove dias naquele cubículo branco e ela ainda tinha esperanças de recuperar os 50% que faltavam de sua visão.

Atrás dela, Anne deu um sorriso nervoso e balançou a cabeça para Margaret sem que Lily visse. “Está melhorando” afirmou Margaret. “Mas não tanto quanto você gostaria.”

Os ombros da ruiva caíram e foi a vez de Anne examinar a ferida. “Bom o suficiente para visitar seu filho!” anunciou ela em uma voz tão empolgada que Lily revirou os olhos.

A notícia, porém, atraiu a atenção dela. “Nick? Nick ainda está aqui?”

Seu filho havia sido encontrado nos corredores de Hogwarts ao lado de Gilderoy Lockhart no final de maio, os dois em um aparente coma mágico. Lily não tinha muitas informações sobre o que acontecera de verdade. Lockhart fora acusado como uma farsa por Ron, amiguinho de Nick, mas a notícia não substituía o escândalo das suspeitas de que um grande duelo ocorrera entre professor e aluno.

Sirius, no dia anterior, dissera que alguns fãs haviam dado Nicholas como morto depois que as mandrágoras não o trouxeram de volta. Os jornais com teorias estavam por toda a parte.

“Sr. Potter está te esperando no quarto do filho. Vamos.” Anne tomou sua mão e caminhou ao seu lado pelos corredores brancos, quase vazios, da área VIP do St. Mungus. Apenas celebridades costumavam ficar ali.

Atrás de uma porta que na opinião de Lily era como todas as outras estava Nicholas Potter. Dois aurores anotavam todos que entravam e saíam. Nicholas estava deitado encarando o teto, olhos castanhos arregalados que não pareciam ver nada. James estava sentado ao lado dele, assim como Remus e Sirius. Os três sorriram quando Lily entrou.

“Nada?” perguntou ela, checando a temperatura do ruivinho e alisando seus cabelos. “Mamãe está aqui, querido. Mamãe não vai sair do seu lado até você acordar.”

Anne abriu a boca para discordar, mas foi impedida por Margaret. Silenciosamente as duas saíram do quarto, deixando a família sozinha. James beijou a testa de Lily e as bandagens que cobriam seu olho esquerdo. Aquilo foi o suficiente para Lily quebrar. Lágrimas caíram pelo olho livre e ela abraçou os três homens do quarto com toda a sua força.

“Eu não consigo mais enxergar.”

_

“Família Malfoy.”

“Conservadores que apoiam as trevas.”

“Família Greengrass.”

“Conservadores neutros.”

“Família Potter.”

Revan revirou os olhos. “Liberais da luz.”

Voldemort sorriu para ele e bagunçou os cachos impecáveis do herdeiro Black. “Vejo que fez algo útil enquanto eu estava indisponível. Muito bem. Venha, sente-se comigo. Temos coisas a discutir.”

Os dois se sentaram em uma mesa com o formato do Reino Unido. Regulus já os esperava lá, lendo um exemplar do Profeta Diário que Revan coletava quando podia sair de casa.

“Andei discutindo algumas coisas com seu mentor, aqui. Tudo mudou de agora em diante, concorda? Comigo por perto e tudo mais. Por isso, eu e Regulus chegamos à mesma conclusão, de tentar uma abordagem diferente” explicou o Lorde das Trevas.

“Comigo?”

“Com Hogwarts” falou Regulus, se pronunciando pela primeira vez. Ele tinha olheiras e parecia mais pálido que o normal agora que Voldemort estava de volta. Medo de ser exterminado, talvez. “É hora de mostrar para todo o seu carisma e inteligência.”

“E poder” frisou Voldemort. Aquele tom de voz indicava que o lorde das trevas não estava brincando. Nenhuma vez em todos aqueles anos Revan havia desafiado Voldemort. “Mostre o quão poderoso você é sem se revelar. Feitiços, política, aliados, conexões, não apenas com Slytherins, mas primeiro com eles.”

Havia uma coisa que Revan não entendia, porém. “E todo aquele papo de não chamar a atenção para mim mesmo?” ele pensou em Nicholas, sempre roubando seus momentos de glória. Não era justo, e o herdeiro Black não queria todos os professores querendo saber de onde ele havia tirado todas aquelas informações. Em hipótese nenhuma ele poderia dizer que aprendera com um comensal da morte supostamente morto e seu lorde, também supostamente morto.

A resposta de Voldemort foi curta e direta ao ponto: “Esqueça aquilo. Comece do zero.”

O Lorde das Trevas fez com que pontos coloridos aparecessem na mesa com o formato da Grã Bretanha. Pontos brancos eram bases conhecidas da luz, pontos vermelhos eram reforços, e pontos negros eram bases das trevas. A quantidade de pontos brancos e vermelhos era imensamente maior do que a quantidade de pontos pretos.

De repente, pontos cinzas apareceram espalhados pela imensa ilha, com legendas: Mansão Nott, Mansão Greengrass, Mansão Malfoy, Mansão Parkinson, Mansão Avery. Eles ainda estariam perdendo, mas teriam mais chances de ganhar do que antes.

Finalmente apareceram minúsculos pontos verdes, com as legendas com nomes de prisioneiros de Azkaban conhecidos. Os olhos verdes de Revan se arregalaram em realização.

“Uma fuga em massa?” confirmou. Ele olhou para a ilha no mar negro onde ficava a prisão e de volta para o Reino Unido. A Mansão Nott era quase na praia. “Meu lorde, Isso não acabará por revelar o seu retorno?”

Regulus soltou uma gargalhada. “Eu dividi a casa com Sirius Black, um dos melhores aurores do mundo, até a minha suposta morte. Comecei a espiar para o Lorde das Trevas aos quatorze anos. Ele só me descobriu com dezesseis, quando a guerra estourou. Confie em mim, Revan, ninguém vai suspeitar de nada.”

E Dumbledore? O herdeiro Black explicou seu ponto. O ministério podia ser tolo, mas Dumbledore não seria tão estúpido quanto o Ministro. Ele ficaria de olho, possivelmente entraria na casa dos comensais mais conhecidos com suas fieis tropas da luz... E Nott foi um dos seus maiores apoiadores na Grande Guerra Bruxa.

“Nott é inteligente. Dará um jeito. Essa não é nossa prioridade.” Voldemort se virou para Revan, levantou-se e foi até o gramado, levantando paredes de pedra e os bons e velhos  bonecos animados. “Você tem que estar em forma para lidar com os aurores. Teremos uma pequena tropa e estaremos em desvantagem. Se todos os velhos comensais atacarem, ainda assim teremos que lidar com dez ou quinze aurores, cada. Preste atenção.”

Um dos bonecos tirou uma varinha de plástico e lançou um raio verde na direção de Revan, que pulou para se desviar. Ele lembrou-se que os aurores de Azkaban tinham autoridade máxima, podendo usar as maldições imperdoáveis sem medo, desde que preenchessem um relatório depois. Mais uma vantagem perdida.

Antes que o herdeiro Black se desse conta, não era um boneco animado, eram cinco, dez, trinta bonecos lançando maldições sem parar. Regulus se colocou ao lado dele e começou a incinerar um por um até que tudo que restava era o plástico derretido. Pelo menos até eles começarem a se refazer.

Regulus era um lutador melhor do que Revan teria esperado depois de tantos anos preso. Ele era rápido e tinha uma pontaria muito boa, mas lhe faltava resistência. Só sete bonecos foram considerados mortos antes dele começar a ofegar. Regulus, porém, não se tornou um comensal por nada. Um a um, os inimigos caíram com a ajuda do aprendiz.

Um minuto de descanso, e o desafio final: Os dois contra Voldemort em pessoa. Elementos foram usados, pedras serviram de escudos, torres foram desmoronadas e cobras chamadas à batalha, lutando umas contra as outras na frente do campo.

“Dois contra um” zombou Voldemort, dando um sorriso aristocrático para eles. O Lorde das Trevas nem mesmo parecia cansado depois de dez minutos de combate. “E vocês não conseguem me derrotar. E se estivessem sozinhos?”

Revan assoviou e Eyphah, ampliada para o tamanho de um grifo, pairou sobre Voldemort e soltou uma grande pedra na cabeça dele. A distração permitiu ao herdeiro Black escalar uma corda até a torre e se esconder. Quando Regulus atacou de um lado, Revan atacou do outro.

Ambos desfizeram o feitiço antes que atingissem Voldemort, mas a vitória estava dada. Com grandes sorrisos no rosto, eles cambalearam para dentro da casa para se arrumar. Eles tinham algo importante a fazer.

_

Voldemort escolheu vestes negras de seda não inflamáveis para o encontro e cobriu sua face com um imenso capuz. Deixando-as na porta do banheiro, ele abriu o chuveiro e entrou na água gelada, fechando os olhos ao sentir o contato da água na pele quente. Seus seguidores, pensou empolgado, todos eles juntos pela primeira vez em anos!

Depois de vestido ele penteou os cabelos como costumava fazer décadas atrás. Antiquado, de fato, mas era como Tom Riddle se vestia e Voldemort queria ser reconhecido por seus velhos companheiros.

Seu pequeno Harry já esperava por ele na sala, observando um mapa detalhado de Azkaban feito por um ex prisioneiro. Revan, ele se corrigiu, não Harry mais, vestido como Nemesis parecia uma mini versão de si mesmo, vestindo preto e com olhos verdes que ora brilhavam e ora pareciam tão mortos quanto os de um cadáver.

Voldemort caminhou até Revan. “Algo está faltando” ele afirmou, colocando seus longos dedos pálidos na face do menino. “Nenhum deles vai me respeitar se você não portar a marca negra. Morsmordre!”

Os joelhos de Revan cederam e o menino fechou os olhos em dor, mas além disso, ele não vacilou ao que uma impressão mágica era gravada em sua pele, não importava o quanto doía, como se uma agulha corresse por todo o seu corpo, rompendo-o em dois. Por seu Lorde, ele faria tudo. Aquela era uma mera demonstração de poder, repetiu para si mesmo. Como qualquer outra tortura que sofrera em toda sua vida, um dia acabaria.

Dessa vez a dor não durou. Um, dois minutos, e seu coração voltou para o batimento normal de sessenta por minuto. Seu corpo, antes rígido, relaxou e ele se inclinou para frente. Revan suspirou aliviado e levou a mão até a testa, deslizando-a pelo rosto.

“Meu primeiro novo Comensal.”

Quando seus olhares se encontraram novamente, por trás do capuz estava uma face tatuada: A marca negra começava na testa, descia cobrindo o olho esquerdo no que era o olho de uma cobra e continuava a descer, pelo ombro, onde as escamas da cobra eram bem representadas, e pelas costas, envolvendo seus ossos e terminando no quadril. Seu crânio era visível, a pele parecendo ter ido embora para sempre. Orgulhoso, Revan se levantou, sentindo-se como uma Marca Negra viva.

“Agora tire a capa” pediu Voldemort. Revan o obedeceu e no instante em que a capa estava fora do seu corpo, a Marca Negra desapareceu. O Lorde das Trevas assentiu, satisfeito com o seu trabalho.

Regulus estava na mesa de combate, movendo pequenos soldados e estimando o tempo até que saíssem da casa dos Nott para irem a um lugar seguro. Ele também se levantou ao ver Voldemort.

“Vamos, eles estão esperando há anos.” O moreno olhou para o aprendiz. “Revan... Uau.”

“Com inveja?” o menino lançou um sorriso para o mentor, que olhou para a pequena marca em seu pulso e suspirou, se sentindo como uma criança querendo o maior brinquedo.

Voldemort colocou a mão no ombro de Revan. “Hora de ir.”

“Para onde?” perguntou o menino. 

“Para o cemitério onde está meu pai.”

Houve dois pops (longa distância, aparatação complicada, mesma conversa de sempre) e os três pousaram suavemente na frente do que parecia ser um anjo da morte. TOM RIDDLE, dizia o túmulo. Voldemort examinou a tumba do seu pai. Não havia vestígio de flores ou fotos ou qualquer tipo de recordação, quando as tumbas mais próximas eram, pelo menos, mais trabalhadas.

Revan parecia uma criança em uma loja de doces, olhando para o túmulo e para a casa abandonada dos Riddle no alto da colina. O Lorde das Trevas moveu o dedo indicador em sua própria direção para que Revan se aproximasse. Quando a proximidade foi suficiente, Voldemort pressionou seu dedo contra a testa do menino e pensou no nome dos comensais que eram desejados.

Algo dentro do herdeiro Black fez com que a queimação se tornasse prazerosa, como quando ele tocava o basilisco. Partes de um todo.

“Quanto mais queimar” explicou Voldemort, removendo o dedo e se posicionando debaixo do anjo da morte. “Maior é a urgência. Melhor não me fazer esperar, pequeno Harry.”

“Nemesis” corrigiu Revan. “Aqui sou Nemesis.”

Nemesis, pois bem, percebeu seu erro e completou: “Meu lorde.”

Armados, eles esperaram. Depois de um determinado tempo Regulus se sentou, entediado. Quanto tempo havia se passado, dez, vinte minutos? Ele esperava que aquela reunião fosse mais rápida. Anos confinado à mansão haviam deixado ele com medo de lugares que ele não conhecia. Quando Voldemort começara a se frustrar (a marca em Revan queimou) um pop apareceu, seguido de outro e outro, até que os três estivessem cercados por figuras mascaradas.

O Lorde das Trevas sorriu quando todos se curvaram para ele. Ele lentamente caminhou entre os mascarados, reconhecendo a feição por trás das máscaras e os cumprimentando: “Avery, Mulciber, Malfoy, Nott, Crabble, Goyle... Onde estão os outros?”

Avery deu um passo para frente. “Não acreditaram no seu retorno, meu lorde. Eu sinto muito.”

“Não sinta.” Por mais realista que aquelas palavras soassem, Voldemort sabia melhor. “Eles é que sentirão muito, logo. É bom saber em quem posso contar, não é, Malfoy? Um passarinho me contou algumas coisas interessantes.”

O loiro engoliu em seco.

Voldemort estreitou os olhos para ele. “Espero, pelo seu bem, que seu cargo tenha sido conseguido puramente para nossos fins. Clamar a maldição Imperius, oh, Lucius, quem realmente acreditaria nisso?”

Lucius baixou os olhos e não respondeu. Pacientemente ele esperou sua punição, que veio na forma de fogo ao redor da marca negra, queimando seu braço ao ponto em que ele estava pronto para implorar. O loiro mordeu a língua e esperou. Quando a maldição foi retirada, não haviam vestígios do fogo que antes consumira a marca negra, apesar da tatuagem estar mais negra do que o habitual.

“Esse não é o lugar adequado para conversarmos. Vamos todos para a sede número 2. Agora.”

Ele foi o primeiro a desaparatar, seguido por Nemesis, Regulus e finalmente os outros. Na sede número 2, a mansão Nott, Voldemort se fez confortável, escolhendo a melhor poltrona e a situando no canto da sala subterrânea de modo que pudesse ver todos. O pequeno comensal se sentou atrás dele em seu lado direito. Regulus ficou com o resto dos comensais.

Ali eles poderiam falar mais livremente. Construído quando Nott Pai apoiou Gellert na segunda guerra mundial, aquela sala só era conhecida por membros da organização. Depois da queda de Gellert, o segredo passou para a geração seguinte, servindo como um abrigo para fugitivos, sem portas ou janelas.

Nott em questão se aproximou e removeu a máscara prateada. “Meu lorde, seja bem vindo de volta. Saiba que minha casa e minhas posses estão a sua disposição.” Ele se curvou e voltou para seu devido lugar, não notando Nemesis atrás do Lorde das Trevas.

A pergunta pairou no ar: Onde você esteve por todos esses anos?

Aquilo seria respondido depois, decidiu o Lorde das Trevas. 

“É hora de mostrarmos que a luz não venceu a guerra” anunciou Voldemort com a voz alta e clara de modo que todos o ouvissem. “Nós deixamos que eles pensassem assim por anos, e todos esses anos eles relaxavam, e nós nos preparávamos, nos infiltramos no Ministério e em Hogwarts e todos os lugares importantes da Europa. Vamos mostrar nossa superioridade para eles!”

Os comensais da morte gritaram entusiasmados, batendo com os punhos na mesa de madeira com aprovação. Malfoy, com seus olhos treinados, foi o primeiro a localizar Nemesis, que não havia pronunciado uma palavra desde que saíra da mansão dos Black.

“Quem é a criança?” Malfoy perguntou antes que pudesse se impedir. Os outros olharam para onde o loiro apontava e perguntas começaram a sair das bocas de todos. Quem era ele, por que estava lá, qual era seu papel, deveriam obedecê-lo?  Eles pareceram esquecer seus lugares, sempre inferiores.

Nemesis riu sombriamente. “Que criança?”

Um arrepio passou pela espinha de cada comensal da sala. Satisfeito com a atenção que havia recebido, o herdeiro Black derrubou o capuz, mostrando seu rosto tatuado para todos. Goyle deu um passo para trás e alisou sua barba crespa, pensando.

Com um pulo, Nemesis se levantou e encarou a todos. “Não sou uma criança. Posso parecer uma criança, mas penso e ajo como um Comensal da Morte e devo ser tratado como tal.”

“Menino, você não tem ideia no que está se metendo” falou Crabble. “Isso não é um jogo de polícia e ladrão.”

“Me chamo Nemesis, não menino.”

Os comensais da morte gargalharam e Nemesis teve a impressão de que todos queriam alisar sua cabeça e dar um doce para ele. Os risos pararam abruptamente quando o Lorde das Trevas se levantou e lançou a maldição da morte a alguns centímetros do rosto de Mulciber. Não havia uma alma naquela sala que não sabia que Voldemort errava de propósito, e que o próximo tiro seria certeiro.

“Nemesis foi o responsável por meu retorno” explicou o Lorde das Trevas. “Ele roubou a Pedra Filosofal, soltou o basilisco e me trouxe de volta. Querem mais prova do que isso que ele é mais do que uma criança?”

Avery estava como um peixe fora d’água. “Mas meu lorde... Confiar em alguém tão pequeno... Você tem certeza que é uma escolha sábia?”

Se Avery não fosse um dos companheiros de Tom Riddle na escola, ele teria sido torturado naquele momento até a loucura. “Você era mais jovem que ele quando começou a me seguir fielmente, atualmente o único que resta da velha geração.”

Avery recuou. Aquele era um ponto mais do que justo.

“Seu filho, Nott. Ele tem a mesma idade que o meu... aprendiz. Devem se conhecer, explicaria porque Nemesis já saiu da sala.”

E definitivamente, quando os comensais procuraram, o aprendiz do Lorde das Trevas não estava mais lá.

_

Theo atingiu o manequim o mais rápido possível, em sequência, até que o alvo estivesse em pedaços. Ele não entendia por que seu pai subitamente exigiu que ele se tornasse um dos melhores, se não o melhor, duelista de Hogwarts. Duas semanas atrás, quando o fim do ano letivo foi antecipado em razão do desaparecimento de Perks, a ansiedade começara.

Agora Theo não tinha tempo para livros ou trabalhos escolares. Sua vida girava em torno dos feitiços que aprendia todos os dias com um amigo de seu pai, Selwyn, jovem e sem paciência porém poderoso o suficiente.

 O jovem checou o novo feitiço no cronograma diário e o experimentou no manequim. “Diffindo!” bradou. O manequim se partiu em dois e sangue falso jorrou do ferimento. “Reparo.”

Outro jato roxo atingiu o manequim, fazendo um corte limpo em sua cabeça. Theo sorriu, orgulhoso, até perceber que ele não havia lançado nenhum feitiço. Lentamente ele se virou para a porta com a varinha pronta para atacar.

Um menino que não podia ser mais velho do que ele balançava a varinha entre os dedos com um sorriso no rosto. Ele parecia familiar, mas Theo não pôde ter certeza. Tinta preta de tatuagem cobria metade de sua face, e a outra metade estava oculta debaixo do capuz.

“Esse não é o melhor feitiço para decepar alguém” instruiu o estranho, indo até o manequim e colocando a cabeça de volta no corpo. “A menos que você queira um banho de sangue. Congele primeiro, depois corte, ou simplesmente mate antes de cortar.”

O estranho fez uma demonstração, congelando o corpo e realizando um segundo corte limpo de cabeça. Dessa vez não houve sangue. “Gargantas são os melhores lugares para se mirar. Corte a traqueia e a vítima não conseguirá gritar. Erre o corte e destrua a cabeça, ou o peito. Você ganha de qualquer jeito.”

“E quem é você para me dizer o que fazer?” desafiou Theo. Nomes eram importantes. Sobrenomes eram mais importantes ainda.

O outro menino deu agora um sorriso cansado e revirou os olhos, como se já tivesse se acostumado àquela pergunta. “Sou Nemesis.”

“Que tipo de nome é esse?” perguntou Theo. Não havia nenhum Nemesis nos livros que ele costumava ler antes do treinamento intensivo. “A quem você serve?”

Aquela pergunta Nemesis respondeu. “Sirvo as trevas. Você poderia parecer um pouco menos relaxado, Theo. Assim você diz para todo mundo a sua lealdade.”

Theo? “Você me conhece?”

“Conheço” assentiu Nemesis, começando a desabotoar a capa negra. “Você também me conhece. Somos grandes amigos, Theo.”

E com aqueles dizeres, Revan removeu a capa do corpo, e se revelou para o melhor amigo.


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Notas finais do capítulo

Capítulo introdutório. Algumas coisas:
*Perguntei para um amigo cego: Quando se é cego de um olho, perde-se a noção de força necessária para atingir um objeto = Lily não duela tão bem.

O mais importante: Notei que o número de reviews está caindo. Vocês, leitores, que por algum motivo não comentaram no capítulo anterior, podem me dizer o que querem?

Se todos puderem responder a pergunta "Como melhorar Cinzas do Crepúsculo", tendo em mente que a revelação acontece no final da história e que não posso matar ninguém importante AINDA, eu ficaria muito agradecida.

Não se esqueçam dos reviews. A média atual por capítulo é de 31,5 reviews. Será que conseguimos chegar aos 32?

Perguntas e sugestões são sempre apreciadas.

—Lady Slytherin aka Ana Black.