Cinzas do Crepúsculo escrita por Lady Slytherin


Capítulo 28
Pequeno Lorde


Notas iniciais do capítulo

De volta! Gente, foram 39 reviews no último capítulo. Muitíssimo obrigada!

Respondi todos os reviews. Temo que disse 'spoilers' para muitos deles, mas se eu disser tudo que acontece, a história perde a graça (o melhor é poder surpreender vocês).

O capítulo 40 está feito, então, eis o capítulo 28, chamado Pequeno Lorde, um que adorei escrever. Espero que gostem de lê-lo tanto quando gostei de criá-lo.



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CAPITULO 28

LITTLE LORD  

“Você é o segundo em commando das Trevas” confirmou Theo, examinando seu amigo. Era Revan, tinha que ser.

“Positivo.”

“E também é responsável por todos os danos causados a Nicholas Potter, incluindo seu atual estado.” Theo pensou nas fotos dos jornais do Menino que Sobreviveu em um estado catatônico mesmo depois da mandrágora e sentiu um arrepio correr pelo corpo. Apenas alguém muito poderoso conseguiria fazer um feitiço daquele tipo, que nem Dumbledore conseguira decifrar ainda.

“Positivo também.”

Nott não conseguia acreditar. “Vai matar Nicholas Potter?”

“Ainda não.”

Ele tinha uma expressão incrédula no rosto. “Há mais alguma coisa que você queira me contar, oh senhor Nemesis?”

Revan caiu na gargalhada e naquele momento ele não parecia o ser misterioso de alguns minutos atrás, todo engomado e elegante, ele parecia apenas o jovem que Theo conhecia de Hogwarts, a criança reservada e amigável até com pessoas da casa inimiga. “Sim, Theo, mas não é hoje que você vai saber.”

O moreno apontou para um jornal que estava em uma mesa lateral e leu a notícia principal em voz alta:

GILDEROY LOCKHART: AUTO OBLIVIADO OU VÍTIMA DE UM FEITIÇO MAL USADO?

Depois de dias de agonia para todos os fãs do famoso bruxo Gilderoy Lockhart ( ganhador do melhor sorriso, Ordem de Merlin e lutador contra as artes das trevas por iniciativa própria), após ele ser encontrado em Hogwarts desacordado, os medibruxos deram um diagnóstico final para ele de modo que Gil Gil comece a ser tratado o mais rápido possível.

Quem quer dar o primeiro palpite? O feitiço Obliviate foi o responsável por todo o estrago causado no nosso autor favorito. Acreditam nisso? Nem eu. Por isso eu, Rita Skeeter, fui ao Hospital St. Mungus onde Gilderoy Lockhart está internado e conversei em secreto com o medibruxo responsável por Gil Gil. Aqui está um pedaço da conversa:

PD: Então foi mesmo um feitiço da memória? Quando Lockhart acordará?

Medibruxo: Sim, Rita, exatamente. Foi um Obliviate lançado de maneira errada. Quando ao coma, só Merlin sabe. Estamos fazendo o possível para acordá-lo sem que mais danos apareçam, mas isso se provou uma tarefa complicada. Temos que esperar.

PD: Vocês têm suspeitos?

Medibruxo: Estamos investigando. O perfil é de um jovem estudante de descendência bruxa sem experiência com feitiços de memória e que estava constantemente em problemas. Em uma de suas aventuras, o estudante foi pego pelo paciente e, com medo de receber uma punição, tentou obliviar o professor.

O que vocês acham? Eu sou a única que pensei em Nicholas Potter, o Menino que Sobreviveu que está sempre em confusões? Nesse momento sr. Potter está na Ala Privada do hospital, junto com sua mãe, também internada. Os aurores suspeitam de uma conspiração contra a família Potter e todos estão sendo vigiados pelos mais competentes lutadores da Inglaterra. Tudo pelo Menino que Sobreviveu.

“O que quer dizer com isso, Theo?” perguntou Revan, colocando o jornal de volta. Theo olhou para ele como se fosse óbvio. “Oh. Não, eu não tive nada a ver com isso. Juro. Bom, nada a ver com Lockhart. Nicholas, bem...” Ele tentou parecer embaraçado.

Os dois compartilharam uma risada, mas Theo ficou sério ao ver o amigo inspecionando a sala. “Revan? Por que você me contou isso tudo? Como pode ter certeza que não vou avisar a Ordem da Fênix?”

O herdeiro Black segurou o medalhão do pescoço e se preparou para se tele transportar de volta para a sala subterrânea. “Porque, Theo, antes que você alcance Dumbledore, você vai estar morto.”

_

Revan inspecionou cada uma das fileiras de comensais da morte, incluindo as de vítimas da maldição Imperius. Eles olhavam para frente com olhos opacos, prontos para seguir as ordens do menino. Não eram bons lutadores, mas serviriam como bodes expiatórios, atraindo os aurores para o lado errado da ilha onde ficava Azkaban enquanto dois outros esquadrões entravam para libertar os presos.

Eles estavam perdendo nos números. Cada esquadrão era composto por dezesseis lutadores, muitos deles filhos de Comensais da Morte ou com parentesco próximo o suficiente para guardarem o segredo da volta do Lorde das Trevas.

“Posição!” ordenou Revan. Ele não sabia se era a tatuagem ou a capa, mas ele parecia assustar a todos. “Atenção! Vamos entrar, liberar os presos e sair de lá. O trabalho será limpo e vocês evitarão mortes até o último instante. Sem tortura. Pensem em suas ações e apenas soltem os antigos comensais, entendido?”

Todos assentiram, alguns contrariados, porém ninguém se pronunciou.

“Cada um de vocês carrega nas vestes uma chave de portal que levará você e seus presos para uma praia qualquer no continente. Na respectiva praia, haverá um crânio. Esse crânio é a segunda chave de portal que levará vocês para um lugar seguro. Eliminem o crânio. Depois dessa operação vocês serão liberados de volta às suas vidas cotidianas. Os presos ficarão sob a responsabilidade de Black.”

Todos voltaram a assentir.

“Esquadrão 1 e 2, aparatem para os barcos. Bodes, seu trabalho começou. Boa sorte.” Revan aparatou com um pop, seguido dos outros.

Agora como Nemesis, ele se segurou na borda do barco. O vento estava particularmente forte aquele dia, criando ondas imensas que ameaçavam engolir o barco. De lá, podiam ver a fortaleza de Azkaban erguida com pedras negras e frias, dementadores vigiando o centro e aurores patrulhando as bordas.

Nemesis observou os Bodes Expiatórios caírem em cima dos aurores e começarem um duelo feroz com eles. Um a um, eles caíram. Poderiam estar sob efeito da maldição Imperius, mas isso não os tornava lutadores exímios. Os aurores estavam lá porque eram competentes, e os bodes eram apenas uma distração.

Eles esperaram uma hora. “Dois minutos” ordenou Nemesis respirando fundo. “Até vocês entrarem com tudo.” Ele pulou do barco, aparatando antes de atingir a água e chegando a um rochedo a apenas alguns metros da fortaleza.

Sem dar um pio, ele começou seu trabalho, estuporando os aurores que já estavam de volta em suas posições, quebrando suas varinhas e os amarrando um ao outro em uma posição característica. Nemesis deslizou entre o mato ralo que havia, encontrando feitiços de rastreamento e dementadores aqui e ali, nada que ele não pudesse lidar fugindo.

“Estupefaça” sussurrou, derrubando o auror mais próximo. O menino roubou a varinha e continuou, caminhando para a fortaleza e estendendo a varinha do auror para verificação.

“Sinto muito, a assinatura mágica não confere” disse o auror do lado de dentro.

Nemesis deu um sorriso para ele. “Não era para conferir. Estupefaça.”

Um grito soou ao longe e seu esquadrão de dezesseis lutadores apareceu na praia, correndo em sua direção. Sem tempo, Nemesis esquentou as barras até que elas se deformassem o suficiente para permitir a passagem de cada um dos Comensais. Os melhores foram na frente, descendo para os subsolos onde ficavam os presos mais perigosos, entre eles os Lestrange.

O seguidor das trevas apertou o braço de Regulus que surgiu pela entrada depois dele, conduzindo seus dezesseis lutadores. “Você, tome conta deles. Nos encontramos em casa. Boa sorte.” Ele levantou sua voz. “Esquadrão 1, subindo!”

Os comensais voltaram a gritar e o seguiram pelas escadas estreitas, correndo na direção dos aurores sem medo de serem atingidos. Quando se chocaram, foi caos. Sangue jorrou de alguns deles, outros caíram mortos e ainda haviam aqueles que foram espancados até a morte. Tudo parecia estar em câmera lenta na visão de Nemesis, ocupado demais liberando presos e distribuindo varinhas para notar quem eram os mortos.

Naquele momento o menino estava ocupado com dois aurores extremamente bem treinados que guardavam a cela de Pettigrew. Em trinta segundos, os seguidores da luz foram para o chão. Nemesis pegou a chave do bolso de um deles e abriu a cela. “Não corra, rato, ou eu vou te pegar. Fique e lute.”

Rosnando, ele voltou a lutar por alguns instantes antes de se inclinar contra a parede, lembrando:

Um ruivinho tentava subir as escadas cambaleando depois de algumas semanas caminhando pela casa. Ele tinha um dragão de pelúcia nos braços e caía toa vez que tentava subir um degrau. Lily e James estavam entre tapas e beijos na cozinha, preparando o jantar, e Padfoot, que deveria estar vigiando os meninos, roncava em sua forma animaga no sofá.

Harry encarou pequeno Nicholas, que finalmente conseguira subir o primeiro degrau. O moreno conseguira completar a árdua jornada das escadas na semana passada, antes de perceber que todos estavam no andar debaixo e refazer a árdua jornada das escadas, dessa vez descendo. Nick olhou para Harry e deu um sorriso capeta, desafiando o irmão a fazer o mesmo.

Mamãe disse para não subir, tentou falar Harry, mas ele ainda não tinha coordenação suficiente para falar. Tudo que conseguiu foi balbuciar: “Não pode, não pode.” Para garantir a segurança do irmão, ele subiu na frente, chegando no topo em poucos minutos.

Nick o ignorou. Não deveria, porque no sétimo degrau, ele perdeu o equilíbrio e caiu para trás. Seus berros acordaram Padfoot, que latiu alucinado até atrair a atenção dos pais. James segurou o braço de Harry dolorosamente, deixando uma marca:

“Seu incompetente” rosnou o auror, beliscando o ombro de Harry e lhe dando duas palmadas na bunda. “Dando exemplos estúpidos para seu irmão. Não, não e não! Quarto!”

Nemesis se encolheu. Ele não deveria ter feito isso, merecia mesmo ir para o quarto... Ele sentiu a pouca felicidade que residia dentro dele escorregar para fora do seu corpo. Sue, a bruxa má do primeiro orfanato que ele vivera como uma criança… O carro.

Harry olhou pela janela e suspirou. Ele tinha lágrimas nos olhinhos verdes e tentou inutilmente enxugá-las com a manga da camiseta. O menino não foi rápido o suficiente, Sue o viu e deu um sorriso cruel que pareceu torná-la ainda mais feia.

“Chorando, hein?” ela caçoou. “Nenhum papai ou mamãe gosta de crianças choronas.”

O menino fungou e murmurou algo.

“O que?” Sue forçou a cabeça de Harry em sua direção. “Se vai dizer algo, diga na minha cara.”

“Sra. Morgan disse que eu sou especial” sussurrou ele, pensando na bela senhora que tomou conta dele por um ano.

Sue gargalhou. “Não se empolgue, Harry Sem Sobrenome. Especial é apenas outra maneira de dizer retardado.”

O taxi parou suavemente na frente de um orfanato de grades de ferro e concreto no lugar onde deveria haver grama. Quando Harry olhou para aquele lugar, ele sentiu que sua infância estava perdida.

“Nemesis!” berrou Regulus, o chacoalhando. “Não é hora para ficar perdido em memórias!”

Antes que Nemesis pudesse se conter, ele abraçou o mentor. “Os Potters e Sue, Regulus, eles estão de volta...” Nemesis tremia. Ao redor deles, só havia batalhas.

Gritos de raiva de seu pai enchiam seus ouvidos e Nemesis os tapou inutilmente tentando abafar o som. “Me tire daqui” ele implorou, sentindo a garganta se apertar. “Eu não consigo fazer isso.”

Regulus mordeu o lábio inferior, pensando. Eles estavam no que parecia ser um dos lugares mais seguros do mundo, em uma revolta. Só ali havia três corpos, dois aurores e um comensal. O seguidor das trevas estava certo, aquele não era um espaço adequado para crianças. Ele mesmo podia ouvir as risadas cruéis do irmão, chamando-o de Maria Vai Com as Outras.

Não era hora para aquilo. Regulus balançou a cabeça para limpar seus pensamentos e decidiu: “Saia daqui e guie os presos para Normandia. Vá, agora!” Ele se levantou e voltou a duelar.

Sozinho, Nemesis agarrou o pendente do pescoço para lhe dar forças e saiu correndo dali, descendo as escadas como se estivesse sendo perseguindo e evitando os dementadores a todo custo. Em todo o trajeto até a saída, as vozes não pararam na cabeça do pequeno comensal. O grupo com Avery esperava do lado de fora.

“Vamos” ordenou ele. “Hora de ir para casa.”

_

A primeira coisa que Nicholas notou foi que ele estava na mais complete escuridão. Ao olhar para o chão, o ruivo não podia dizer onde pisava ou onde estavam as paredes ou até mesmo o teto. Era tudo preto, preto demais. A segunda era que ele corria, Nicholas não sabia de que, mas ele sabia que correr garantiria sua sobrevivência.

A parte racional de si se perguntou onde estava, mas o pânico foi mais forte e o Menino que Sobreviveu apressou o passo.

Uma voz soou pelo imenso espaço vazio, a única voz que Nicholas desejava nunca mais ouvir em toda a sua vida. Nemesis, bem atrás dele. Com o coração disparado, ele olhou para trás. Não havia nada, mas agora atrás dele, a voz parecia mais próxima.

Essa foi a terceira coisa que ele percebeu: Nicholas corria de Nemesis, e definitivamente corria por sua vida. A quarta e talvez mais desesperadora foi que ele estava sem varinha ou outros métodos de defesa. Tudo que restava eram as pernas já muito ocupadas.

Um ponto apareceu na escuridão e o menino que sobreviveu se apressou na direção dele. O ponto cresceu, revelando a forma de uma casa. Não qualquer casa, a casa que Nicholas costumava morar quando era um bebê.

“Mamãe!” ele chamou. Sim, alguém para ajuda-lo, aquilo seria ótimo. “Papai! Padfoot, Moony!”

Não ouve resposta.

 O ruivo voltou a chamar pelo nome dos entes queridos. No caminho, mais coisas apareceram. Outro ruivo ensanguentado que ele reconheceu como Ron. Uma morena, Hermione, sem a cabeça. Atrás dela estava Neville, com o corpo cortado ao meio. Professores mortos cercavam a casa, Flitwick, McGonagall, todos eles.

A porta havia sido arrombada e na sala de estar parecia estar ocorrendo uma luta.

“Nick!” chamou alguém. Seu pai, sim, seu pai! “Me ajude, Nick!” O Menino que Sobreviveu o encontrou em uma poça do que parecia ser ácido e sangue. “Nicholas... Você é uma decepção. Não salvou nem o próprio pai...” James tossiu, tentando pegar mais ar. “Como espera... Salvar o mundo bruxo?”

Com um suspiro, o auror fechou os olhos pela última vez.

Um grito soou escadas acima. Sua mãe! Nicholas pegou a varinha do pai e subiu as escadas determinado a salvar a mãe.

Tarde demais. O corpo de Lily Evans bloqueava a porta e quando finalmente o ruivo conseguiu entrar no antigo quarto dele, a ruiva já estava até fria. Seu sangue também gelou ao ver a cena:

Nemesis estava ao lado da janela com um embrulho no colo, balançando-o suavemente. A criança (era uma criança?) sorria, espiando Nicholas pelo ombro do comensal, e se ajeitou melhor para dormir. Bastou Nicholas piscar para que a carne da criança apodrecesse e só restasse seu esqueleto nos braços do bruxo das trevas.

Aquele era Harry, percebeu o ruivo. Seu irmãozinho psicopata, morto.

Outro som chamou sua atenção. Voldemort, do jeito que Nicholas se lembrava, também tinha um embrulho nos braços e cantava uma canção de ninar. Ao que seus olhos se encontraram, o menino que sobreviveu notou o embrulho. Era ele mesmo, se divertindo no colo de seu maior inimigo.

“Você era tão adorável” falou Nemesis com uma voz infantil. “Ruivinho, gordinho, fofinho. E pequeno Harry?” O bruxo jogou o esqueleto do irmão aos pés de Nicholas e alguns ossos se quebraram com o impacto contra o solo.

“E seus amigos?” completou Lily atrás dele, se levantando do leito de morte. Um de seus olhos verdes era agora um azul doentio, o azul de pessoas cegas. A carne ao redor do olho estava comida, como se um corvo tivesse passado por lá.

James apertou seu ombro. “E o resto do mundo?”

Nemesis apontou a varinha para ele. “Avada Kedavra.”

E Nicholas estava correndo, ele não sabia do que, mas sabia que precisava correr...

Ele saiu da posição deitada que estava, sentando-se abruptamente. Um sino começou a tocar e três curandeiras entraram em seu imenso quarto branco, cheio de presentes, e começaram a fazer perguntas para ele, rápido demais, intenso demais. O Menino que Sobreviveu se sentia fraco, tão fraco, mais fraco do que já se sentira em toda a sua vida, como se não comesse por semanas.

“Que dia é hoje?” perguntou. Um vulto se aproximou dele e, pego de surpresa, Nicholas se jogou da cama, fazendo mais sinos começarem a tocar. Uma das curandeiras o levitou de volta para a cama e colocou um feitiço que o impediria de sair de lá. Nicholas se debateu, contrariado. Aquele vulto podia ser Nemesis, Nemesis precisava ser destruído!

Outra curandeira estendeu um jornal para ele. O ruivo olhou a data e piscou. Não podia ser. “Eu dormi por um mês?”

“Vinte e seis dias” corrigiu alguém. Nicholas pulou, mas era apenas Moony, lhe dando um sorriso cansado. “Bem vindo de volta ao mundo dos vivos, Nick.”

Eles trocaram um rápido abraço.

“Coloque roupas confortáveis e prepare seu melhor sorriso” alertou Moony. “Você vai precisar.”

Nicholas não entendeu. “Por que, Moony? Quero abrir meus presentes.”

Remus revirou os olhos. “Você terá tempo para presentes depois. Os aurores estão vindo. Eles querem te interrogar sobre o coma de Gilderoy Lockhart.”

_

Revan encarava o chão, mas ouvia os passos irritados do Lorde das Trevas ao redor da sala.

“Tantos anos de treinamento, todos os feitiços que pude imaginar, aulas privadas, tolerância...” Voldemort listava. “E você não resiste a dementadores? Dementadores?”

O herdeiro Black corou, envergonhado. “Eu sinto muito, meu lorde. Não acontecerá novamente.”

Furioso, o Lorde das Trevas carbonizou uma borboleta que passava por lá. “É claro que não acontecerá. Você não vai mais coordenar ataques.”

“Meu lorde!” protestou Revan, se levantando e fechando os punhos. “Eu falhei uma vez, meu lorde.”

“Agora duas, ao se levantar contra mim” sibilou Voldemort. O herdeiro Black recuou, dando suas mais sinceras desculpas. “Você era o responsável. No orfanato tínhamos um ditado que era, se não me engano, um capitão sempre afunda com seu navio. Mesmo se a derrota for óbvia, morra lutando. De nada adianta ser capturado pelos inimigos. Entende?”

“Sim, meu lorde” disse Revan com os dentes cerrados. Sua face queimava de vergonha.  Ele ainda tinha uma carta na manga. “Mas nossa operação foi um sucesso.”

“Definitivamente, mas não por causa de você. Regulus teve que controlar o grupo de aurores que chegou ao local depois de você sair. Tivemos perdas significativas. Treze de seus dezesseis lutadores ainda estão vivos, os outros estão mortos. Regulus perdeu sete lutadores, entre mortos e permanentemente incapacitados.”

“Os ganhos superaram as perdas” insistiu Revan, sabendo que estava chegando no limite do mestre. “Olhe ao seu redor, essa casa está abarrotada de comensais que foram condenados à vida em uma prisão por sua lealdade ao senhor.”

O Lorde das Trevas revirou os olhos vermelhos. “Ganhamos três soldados para cada um que perdemos. Metade dos soldados ganhos tentarão escapar e morrerão tentando. Da metade que resta, metade se matará em brigas, e temos pessoas como Bella.”

Ali o herdeiro Black viu uma oportunidade para se redimir, dando um sorriso inocente que o Lorde das Trevas conhecia muito bem. “Bella vale por dez.”

“Como assim?” Voldemort não gostava de ficar por fora do assunto.

“No meu orfanato” Revan frisou o pronome possessivo. “também tínhamos um ditado: um homem louco tem força equivalente a dez homens sãos. Acho que o mesmo se aplica a mulheres.”

Os olhos do Lorde das Trevas ficaram mais suaves e ele sorriu, satisfeito com a resposta do aprendiz. Havia algo mais importante para conversarem, porém, algo que, se bem sucedido, ocultaria os problemas no ataque a Azkaban. “Se lembra da abordagem diferente com Hogwarts que discutimos semana passada?”

O menino assentiu rapidamente.

“Amizades te darão seguidores. Seus seguidores são meus seguidores. Comece sua política hoje. Aqui” Voldemort estendeu um pergaminho e uma pena elegante para Revan. “Eu quero que você escreva uma carta para Draco Malfoy se desculpando por suas ações nesses dois primeiros anos. A partir de Setembro, Malfoy será seu melhor amigo.”

Obediente, Revan se pôs a escrever:

Caro Draco,

Por favor não queime a carta ainda. Pelo menos ouça o que eu tenho para lhe dizer.

Quero me desculpar por meu comportamento em nossos primeiro e segundo anos, por conspirar com o inimigo e fazer amizades fora da nossa casa. Você estava certo, não se pode confiar em leões. Não vou cometer o erro duas vezes, vou fazer tudo certo dessa vez.

Gostaria de pedir por seu perdão e te dou meus melhores votos de que o ano que começa será muito melhor que os anteriores.

Revan.

 Ele fechou a carta com a cera que continha o símbolo dos Black e a amarrou na pata esquerda de Eyphah, que grasnou e decolou, logo sumindo de vista.

Sem nada para fazer, Revan foi até a parte da casa que hospedava visitantes e contou os quartos até chegar a um em particular. Gritos vinham do outro lado da porta, e ele podia ouvir o som de alguém se debatendo. O herdeiro Black abriu a porta devagar, se certificando que o habitante não jogasse nada nele.

“Boa tarde, Bella” sorriu o menino, liberando um pouco as amarras que prendiam os pés e mãos da bruxa louca. “Como você está?”

Bellatrix lhe deu um olhar mortal que deixou seus olhos violetas ainda mais belos.

“Eu também estou bem. Escute, você não deve estar muito confortável aí. Se eu soltar suas mãos, posso confiar que você não vai fugir?”

A bruxa lhe deu um sorriso que muitos anos atrás poderia ser considerado bonito e até mesmo sedutor. “Prometo não te matar, garoto.” Sua voz era rouca por causa da gritaria diária.

Revan prestou atenção nas palavras dela. “Prometa não matar ninguém” exigiu, em uma voz que deixava claro o que aconteceria se ela não concordasse com seus termos.

“Isso eu não posso prometer, garoto” ela deu uma gargalhada histérica e tentou levar as mãos amarradas para a garganta, por onde o ar havia parado de passar. Ela começou a ficar de um violeta similar a seus olhos e derrubou a cabeça em submissão.

O herdeiro Black removeu o feitiço e desamarrou as cordas que a prendiam na cama.

 “Sei que você esperaria até o fim dos seus dias para o Lorde das Trevas vir te resgatar, mas fui eu que te resgatei.” Bella revirou os olhos como se aquilo não fosse importante e o menino continuou: “Eu coordenei o ataque. Desse modo, você deve lealdade tanto ao Lorde das Trevas quanto a mim. Você me vê sem meu capuz e minha tatuagem, e esse segredo pode custar a sua vida.”

“Meu pequeno lorde” caçoou Bellatrix. Dessa vez não houve sufocamento, mas as cordas que prendiam seus pés se apertaram dolorosamente ao redor dos tornozelos.

Mas o nome pegou, e quando a carta de retorno dos Malfoys finalmente chegou no próximo dia, todos os novos comensais tratavam Revan como seu pequeno lorde.

A carta não continha uma resposta completa, apenas a mensagem: Isso é uma carta de suicídio?

Anexada a ela, estava um convite formal escrito no que o herdeiro Black considerava uma caligrafia perfeita em um papel pesado e caro. O selo dos Malfoy, um pavão branco, se destacava no pergaminho. Depois de verificar por possíveis maldições, a carta foi aberta. Dizia o seguinte:

Draco Malfoy te convida para o ENCONTRO ANUAL DE ESTUDANTES SLYTHERINS a acontecer na Mansão Malfoy entre 10 de Julho e 25 de Agosto. Convidados disporão de moradia, alimentos e roupas apropriados fornecidos pelo Lorde Malfoy. Sua presença será apreciada.

Junte o desejo do Lorde das Trevas de Revan se enturmar com outros companheiros Slytherins e o fato da Mansão Black estar hiperlotada por causa dos fugitivos, o herdeiro Black há tinha suas coisas prontas no final de junho. Trocando mensagens com Theo ele descobriu que fora o único não convidado da casa Slytherin no ano anterior, devido ao seu envolvimento com Nicholas Potter, o queridinho da luz.

Os dias passaram, devagar, mas passaram, e o dia tão esperado chegou. Revan vestia vestes negras que destacavam seus incríveis olhos verdes e carregava consigo apenas o essencial: O diário para manter contato com Voldemort e livros para se divertir em qualquer tempo livre que tivesse.

Realmente, ao entrar na casa dos Malfoy, Revan percebeu que todos os membros da casa haviam sido convidados. Lá haviam pelo menos duzentos estudantes e mais algumas dezenas de formandos, todos com Whisky de Fogo na mão e se comportando polidamente, trocando assuntos sobre política de guerra e as mais novas notícias da lenta recuperação de Nicholas Potter e a fuga de Azkaban.

E as coisas ficaram calmas e tumultuadas por duas semanas, até Lucius Malfoy sair de férias ao Caribe com a esposa... Deixando Draco como o responsável pela mansão, junto com os alunos do ano deles.

O lago foi aquecido até o limite, formando uma grande hidromassagem para eles. Draco fez com que Dobby ampliasse seu quarto dez vezes, criando um espaço que cabia facilmente os dez estudantes e suas famílias. As camas (king size, lençóis de seda egípcia) foram empurradas até estarem lado a lado, apesar dos estudantes realmente não dormirem nelas. Eles preferiam ficar acordados até tarde, tomando rum do século XVI de Lucius e destruindo a propriedade.

“Você vai mesmo ficar conosco esse ano, Black?” perguntou Pansy dando um olhar para Revan que ela pensava ser sedutor. O jantar se remexeu dentro do estômago do menino. “Não vai correr para o seu namoradinho no primeiro dia de aulas?”

Um elfo doméstico desconhecido deixou mais uma taça de champagne nas mãos de Revan. Ele submergiu mais na água, até que apenas sua cabeça ficasse de fora. Como quem não queria nada, ele tomou um gole. Os filhos de comensais que estavam na hidromassagem improvisada olhavam para ele com expectativa.

“É claro” ele respondeu para o alívio de todos. Ele recitou seu mentor: “Tempos difíceis estão chegando. Essa é a hora de formar aliados e ter certeza que você está do lado certo da guerra”.

Tensão surgiu entre eles. Draco se inclinou para frente. “Então você soube também? Do Lorde das Trevas?”

Revan riu e tomou mais um gole do champagne. “Duvido que alguém aqui não tenha ouvido falar do Lorde das Trevas.”

Theo pulou na oportunidade para entrar na conversa. “Meu pai mesmo me contou, e eu contei para Revan.”

O herdeiro Black suspirou, aliviado. Agora não precisava inventar explicações.

“Revan?” chamou Pansy novamente. Ela sorriu ao sentir a mão de Draco deslizou para a coxa submersa dela. “Isso significa que você apoia o lado das trevas?”

O moreno deu seu sorriso mais brilhante para ela. “Ora, Pansy, é claro que sim. Eu sempre gosto de apoiar o lado vencedor, e sabe de uma coisa? Até hoje, eu não errei.”


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Notas finais do capítulo

E então?

Reviews são muitíssimo apreciados. Eles me inspiram a escrever com rapidez e qualidade, e fazem com que mais pessoas descubram a fanfic.

E... Pensei em fazer um jogo com você. No review, diga-me UMA coisa que você NÃO quer que aconteça. No início do próximo capítulo, direi QUANTAS dessas coisas vão acontecer, não onde, não quando. Isso, vocês vão descobrindo conforme leem a fanfic.

PS: Beber aos treze anos é um comportamento irresponsável. Favor não se inspirarem nos Slytherins :P

—Lady A.