Faz quatro meses desde que eu me declarei para InuYasha e ele sorri para mim dizendo:

     "Então vamos começar a namorar."

     Desde então, venho desejando que nossa relação progrida. Não que seja ruim, nem que InuYasha tenha me feito algo ruim, o problema é o que ele NÃO faz.

     Minha amiga, a Sango me disse:

     "Na primeira semana, eu fiz beeeeeeep e beeeeeeep com meu namorado. Então fomos para o hotel e fizemos beeeeeep, beeeeeeep, beeeep e beeeeep."

     Quase morri. Eu, Kagome Higurashi, uma estudante de 15 anos, com os hormônios a flor da pele, louca por um beijo, conseguiu um namorado lindo, maravilhoso, gostoso, gentil e carinhoso, mas desligado a ponto de não ter me beijado. Ainda.

     Semana que vem, é Dia dos Namorados, e com certeza, eu vou ganhar meu beijo. Na verdade, primeiro beijo.

     [...]

     -O que eu faço, Sango-chan?

     -Você terá que seduzi-lo.

     -O que?

     -Vamos fazer assim: primeiro você o leva a um hotel, então vai para o banheiro, fique peladinha e se enrole em uma toalha, então, InuYasha te ataca. E bem, você sabe o que acontece depois.

     -Sango-chan, você é idiota ou quer um real?

     -Eu quero um rela.

     -Meu Deus! Depois eu penso em alguma coisa.

     -Kagomeeeee~

     -Hum? Ah, InuYasha!

     -Vim te buscar! Vamos almoçar?

     -Sim! Até depois, Sango-chan!

     [...]

     -Kagome, semana que vem é Dia dos Namorados?

     -Sim, é sim.

     -Hum...

     -Por quê?

     -Quer ir para algum lugar?

     -Eu não sei... - corei.

     -Então vamos ao parque.

     -S-Sim.

     -Eu te busco na sua casa duas e meia, ok?

     -Ok!

     INUYASHA ME CONVIDOU PARA SAIR! VIVA! KYAAA! OBRIGADA MINHA SANTA CADELA DAS DESESPERADAS!

     [...] Uma semana depois...

     -Então...

     -Então o que, Sango-chan?

     -Como vai seduzi-lo?

     -Seduzir quem?

     -O InuYasha, sua anta nordestina!

     -Ah, eu me esqueci de pensar nisso!

     -Como assim "esqueci"?

     -Estava tão feliz por ele ter me convidado que simplesmente me esqueci!

     -Ai, Kagome...

     [...] Dia dos Namorados.

     O dia passou tão rápido, que eu nem percebi. Eu e InuYasha nos divertimos muito, mas ele ainda não me beijou.

     Não estou arrependida de ter me declarado para o InuYasha, nem de ter saído com ele hoje, muito menos de amá-lo. Um beijo não é uma coisa tão importante assim, não é?

     -Kagomeee! Hey está me ouvindo?

     -Hã? Ah, me desculpe!

     -Não foi nada. Quer que eu te leve para casa ou você vai sozinha?

     -Não se preocupe, eu vou sozinha.

     -Tudo bem então. Eu te levo até a ponte, aquela que passa pelo rio. Tudo bem?

     -Sim.

     Caminhamos em silêncio, durante 10 minutos, então chegamos à ponte. Fitei InuYasha e ele aproximou seu rosto do meu. O beijo! O beijo! Ele vai me beijar!

     -Feliz Dia dos Namorados, Kagome. Eu te amo. Tenha uma boa noite.

     Eu achei que ele fosse me beijar... Então ele saiu andando, pela rua... Até desaparecer entre a multidão. Então fiquei ali, parada, imóvel, enquanto tentava digerir o que aconteceu.

     Encostei-me na cerca vermelha da ponte, e depositei todo meu peso ali. Fechei os olhos, e quando percebi, estava caindo. Abri os olhos e vi um homem, ele estava gritando algo como "Desculpe!", as outras pessoas se aglomeravam aos poucos, e gritavam "Salvem-na", mas ninguém estava fazendo nada. Eu morreria, já que eu não sei nadar.

     Encostei o corpo na água fria do rio, estava gelada, mas era aconchegante. Morreria ali, pois ninguém pularia para me salvar. Ninguém. Então fechei os olhos, a água entrou pelas minhas narinas e eu parei de respirar.

     [...]

     -Salvem-na!

     -Chamem ajuda!

     -Ela está se afogando!

     [...]

     -Kagome!

     [...]

     -Veja se ela está respirando, garoto!

     -Não, primeiro tem que tirá-la daí!

     [...]

     -Pode me ouvir, Kagome? Sou eu, InuYasha.

     Ah, essa voz. Eu preciso responder. Mas eu não respiro... Como vou dizer que o amo, se não respiro? Como vou beijá-lo, se não respiro?

     Senti o corpo quente de InuYasha colado ao meu. Tão bom, muito melhor que a gélida água. E então, o ar entrou pela minha garganta. Alguns minutos depois, já conseguia distinguir tudo. Os sons, as pessoas, InuYasha.

     -Tudo bem Kagome?

     -InuYasha! Eu achei que ia morrer!

     -Não diga isso!

     -Obrigado por me salvar! Você sempre vai estar perto de mim, não é?

     -Sempre.

     Então me beijou. Aquele beijo doce, em meio ao frio e desespero, felicidade e amor. Foi o primeiro de muitos, não, de milhares, ok. O primeiro de milhões.