POV’Hermione.

– Vamos? – Sirius estendeu o braço pra mim, no corredor. Fazia muito frio lá fora, e eu deduzi que seria terrível ir até o salgueiro lutador para usar a passagem, mas ele me guiou até o segundo andar, onde uma das paredes era na verdade oca por dentro , revelando um túnel praticamente da nossa altura.

–Onde vai dar? – perguntei.

–Nunca usei essa. Provavelmente no caldeirão furado ou algum outro lugar.

–Não era melhor usarmos outra? Vai saber que o há aí dentro. – Declarei. O túnel era completamente escuro, e ouviam-se alguns pingos d’água lá dentro.

–Bem, se você quiser... – Ele disse, e então segurou a minha mão. – De qualquer modo, eu estou aqui.

Esse simples toque me tranquilizou completamente.

–Tudo bem. Vamos por aqui.

Entramos no túnel em silêncio, enquanto Sirius o iluminava com a varinha. A luz iluminava nossos rostos. Sirius estava completamente normal, e mesmo assim, eu ainda o achava estonteante. Eu apenas arrumara o cabelo, que mesmo assim continuava um pouco frisado. Sinceramente, eu não fazia idéia do que ele via em mim.

–Hã, Sirius? Aonde exatamente nós vamos, em Hogsmeade?

–Ah, sim. Você é quem decide.

–Hum... Três vassouras?

–Qualquer lugar, desde que você esteja comigo. – Ele sorriu. Eu esperava que não tivesse visto o quanto eu corei à luz fraca.

Ok Hermione, Você tem que parar com isso. A cada elogio você fica vermelha feito um pimentão? Já chega não é? Dê uma resposta sensata pelo menos uma vez , pensei.

–É, não importa o lugar Sirius. Desde que estejamos juntos.

Ok, isso foi razoável, pensei. Sirius sorriu, e me abraçou pela cintura, como sempre, mas fez algo que eu definitivamente não esperava. Ele me beijou.

Um pequeno beijo rápido, que me deixou completamente desligada do mundo ao redor. Novamente, eu dei sorte que estivesse escuro, para que ele não visse o sorriso bobo que eu tinha no rosto quando ele se afastou.

–Olha só, - Ele apontou para a saída. Algumas linhas de luz entravam pela fresta de uma porta. – Chegamos.

POV’Gina.

–James, eu estou me divertindo muito. – Declarei, sentada ao lado de James no Três Vassouras. Poderia não ser o lugar mais romântico, mas era o que estava mais vazio em Hogsmeade, fora o cabeça de Javali, e ali, definitivamente, era um péssimo lugar.

Estávamos sentados em uma mesa redonda, no canto do salão, conversando. Duas cervejas amanteigadas estavam intocadas na mesa à nossa frente.

–Eu também estou. Você é simplesmente... Incrível. – Ele disse. Já conversávamos à um longo tempo, desde que ele me buscara no almoço e usara uma passagem secreta no primeiro andar.

James olhou para a minha mão, intocada na mesa, e eu deixei que ele pusesse a sua por cima.

–Eu quero tentar uma coisa. – Ele disse, um sorriso travesso em seu rosto.

– O que?

–Feche os olhos. – Pediu, e eu obedeci. Um segundo depois, eu sentia sua respiração lenta em meu rosto. Ele tinha hálito de menta, com um toque de cerveja amanteigada. Lentamente, eu o sentia chegando mais perto, mas eu não abria os olhos. Logo senti seu beijo, e então o resto do mundo deixou de existir.

Assim que nos separamos, eu olhei em seus olhos castanhos. Eles deixavam clara a felicidade que sentia.

Olhei em volta do salão. Ele poderia ter explodido enquanto nos beijávamos, e eu não teria percebido. Mas não foi uma explosão que em deixou chocada. E sim Hermione, parada na porta, olhando cética pra mim.

Oh meu Deus. O que eu fui fazer?

–Eu preciso ir, James. – Disse, me levantando da mesa. Ele me olhou confuso, mas eu não conseguiria olhar de novo para ele.

Merda, merda, merda, merda. Não conseguia parar de repetir palavrões em minha cabeça. O que eu estava fazendo? Ele era o pai de Harry! Isso era mais que errado, era impossível. Eu já ouvia a voz irritada de Hermione gritando comigo horas depois.

Saí e peguei a passagem secreta que havíamos tomado, em um beco atrás da loja. Corri depressa ao castelo, decidida que isso nunca iria acontecer de novo. Não podia acontecer.

Saí no corredor de Hogwarts, e ouvi passos na passagem. Droga, ele devia ter me seguido. Sem saber o que fazer, corri em direção à sala comunal, e subi ao meu dormitório feminino, ouvindo alguém chamando pelo meu nome.

E então, não aguentei mais as lágrimas.