Voltamos à escola. Eu me sentia terrível.

Eu não imaginei que ele talvez pudesse chegar a sentir tanto a minha falta. Quero dizer, eu sabia que ele gostava de mim, até demais, mas ele tinha sua própria vida. Eu tinha a minha. E tínhamos que voltar a realidade.

Ele segurava minha mão firmemente enquanto atravessávamos a passagem. Estava cabisbaixo, o que estava me deixando arrasada.

–Sirius? - Chamei. ele se virou pra mim. - Você vai ficar bem depois que eu for?

–O que você acha? - Ele respondeu, sarcástico. É, eu já deveria saber a resposta. Mas precisava perguntar aquilo, para dizer o que eu queria dizer.

–Eu... Sirius, eu preciso que você fique bem. - Falei. - Senão eu não fico.

Ele me olhou profundamente. E então, desviou o olhar para o chão úmido do túnel.

–Eu vou tentar. Não vai ser fácil. - Respondeu. Sua voz estava um tanto rouca.

– Eu vou propor uma coisa. Vamos esquecer tudo que eu disse sobre ir embora. Vamos continuar como se nada tivesse acontecido. E então, na hora, nos preocuparemos, certo? - Falei.

Ele me olhou confuso, mas depois de alguns segundos concordou. Continuamos caminhando na escuridão profunda do túnel.

–Quando você vai contar à ele? - Perguntou.

–Ele quem? - Perguntei, sem entender.

–Aluado.

Eu... Não sei se vou contra à ele. - Respondi, evasiva. Não queria que ele soubesse o que aconteceu realmente entre nós.

Ele me olhou, cético.

–Você acha que eu sou cego, ou algo assim?

–O quê?

–Ele gosta de você. Aliás, gostar é pouco. Eu sei disso. Eu percebi. - Explicou. Então, acrescentou baixinho: - Afina, quem não gostaria?

–Eu sinto o mesmo por ele. - Ele me olhou surpreso. - Ah, quero dizer... Não o vejo do mesmo modo que ele me vê, mas gosto dele também.

–Então responda: Quando vai contar à ele?

–Eu pretendia... Hoje. ou talvez amanhã...

–Porquê tanta pressa?

–Eu tenho apenas uma semana.

Ele teve um lapso de angústia em sua expressão, mas logo desapareceu, e foi substituída por sua máscara de indiferença.

–S-só isso? - Tentou manter o tom tranquilo, mas não conseguiu. Novamente, senti meu coração sendo despedaçado.

–Sim.

–V-Você não tinha me falado isso. - Respondeu. Eu acho que eu já devo ter mencionado, na noite em que eu disse tudo à ele. Vai ver ele não prestou atenção.

Agora seus olhos negros me olhava, como se tentassem gravar uma última imagem minha.

–Certo. Eu vou te deixar livre hoje à tarde. Trate de falar com ele.

–Como você acha que ele vai reagir?

–Não tão bem quanto eu, isso eu tenho certeza. - Sirius disse, seriamente.

Senti aquele enjôo de nervosismo que eu não sentia desde a noite em que eu contara a Sirius. Ele iria reagir pior que ele? Isso era possível?

Descobri que eu era uma granada. Seu eu explodir, iria afetar todos à minha volta.

Eu detestava isso.

* * *

–Como eu vou contar isso à ele? - Pergunto à Gina.

–Do mesmo modo que você contou ao Black, simples. - Deu de ombros.

–Não, não é nada simples Ginny. São pessoas diferentes. Jeitos diferentes. Sentimentos diferentes, Tudo.

–Hum, é verdade. Que bom que eu não sou você.

Ela se levantou da cadeira e foi buscar seu material para a próxima aula. ótimo, quem precisa de inimigo, com uma amiga dessas?

Certo. Eu tinha cerca de meia hora, até ter que ir pra aula. Ele estava ali, sentado, do outro lado da sala comunal.

Obriguei-me a levantar e caminhei até ele.

–Será que podemos conversar?

Ele sorriu pra mim.

–Claro.