Abandono Imprudente escrita por dyingbreed


Capítulo 20
Saudades e arrependimentos.




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Acordei de mau humor, péssimo dia. Tomei duas xícaras de café cheias até a boca e fui trabalhar. Comprei café no caminho do trabalho. Só comprei porque, bom, em dias ruins eu tenho muita, mas muita tendência a dormir e então eu simplesmente tomo muito café pra me manter acordada.

Pela manhã a Charlie recebeu uma ligação e a pesquisa dela foi adiada ainda mais. Ela poderia ficar de folga por alguns meses e agora ela tem praticamente um ano aqui comigo em NY. E tem mais! O campus em que ela trabalhava vai ter uma nova filial e será novaiorquina. Ela é a gerenciadora das pesquisas por aqui durante um tempo e depois vão prestar concursos em todo o país pra ver quem fica com a vaga mas, como a Charlie conhece tudo na área a muitos anos creio que ela vai se mudar pra NY logo logo. Feliz? Sim, estou radiante.

Fico pulando pela sala durante um bom tempo. Creio que as pessoas lá fora achem que eu sou louca. Foda-se. Na minha mente já bolo uma roupa e tudo que for necessário. Vamos pra todos os lugares aqui em NY. Vamos assistir um show na Broadway, ver as luzes na Times Square, vamos pro bar, pra praia, vamos dançar na pista de dança de uma boate qualquer. Hoje a noite é nossa.

O dia passou rápido. Cheguei em casa, tomei banho, coloquei um vestido todo brilhante e um oxford de verniz, prendi meu cabelo em um rabo bem alto que deixava a minha franja solta, me maquiei, coloquei umas pulseiras, peguei minha jaqueta de couro e saímos. Charlie estava com uma calça rosa bem escura, uma camiseta bem larga preta com uma estampa diferente na frente, uma sapatilha preta no pé e os cabelos soltos. Consegui entradas para um musical chamado “What if?”.

Assistimos o musical e eu nem preciso comentar que a Charlie chorou o musical inteiro. Não sabia se ouvia o musical ou se batia nela. Deus. Depois disso fomos ver as luzes da cidade e acabamos parando em uma boate estranha. Nem me pergunte o que isso significa... só sei que a boate era louca. Tinha gente insana demais lá dentro, bebemos horrores e dançamos feito idiotas. Quando eu saí da boate não sei se eu é que estava transtornada demais ou se eu realmente o vi ali parado da frente da boate. Nolan. Nolan Fall.

Eu o vi como em um passe de mágica mas como se fosse mesmo um show de ilusionismo logo que eu olhei com mais calma não havia mais nada. Coisa da minha cabeça ou... bom, eu não estou muito ok pra dizer que eu estou certa então preferi esquecer disso. Fomos pra casa de táxi porque nem eu nem a dona Charlotte estávamos em condições de dirigir. Então eu cheguei em casa, paguei o táxi, fiz um café amargo pra ver se amanhã acordo com menos ressaca, tomei um remédio pra dor de cabeça (porque o café não resolveu), passei uma água no corpo e, por eu ser tão idiota de tomar café de madrugada, fui na sacada no meu quarto, onde eu amo demais ler pois a vista pras estrelas é realmente linda e fiquei ali, observando o céu como a muito tempo eu não fazia.

Fiquei ali contemplando a luz que a Lua produzia. Olhei as luzes da cidade e olhei o meu jardim. Em uma ávore então estava ele, o Nolan, o que me fez pensar que talvez eu não estivesse tão louca de achar que ele estava me seguindo o tempo todo. Não consegui esconder o sorriso que se colocou em meus lábios involuntariamente assim que o vi. E ali ele permaneceu por um longo tempo. Então eu desviei o meu olhar pras estrelas e o ignorei por um longo tempo. Então o encarei novamente, ergui uma das sobrancelhas, fechei os olhos, abaixei a cabeça e entrei.

Ranquei as meias que estavam me encomodando e me sentei na cama. Apoiei a cabeça nos joelhos e uma lágrima escorreu de meus olhos. Senti uma mão em minha costas e congelei na hora. Será que era um daqueles matadores que veio terminar a serviço daquele outro dia? Tentei pensar no melhor e, quando fui chamar a Charlie fui interrompida.

- Chaaaar...

- Sério que você quer estragar tudo assim? - e lá estava a voz rouca. Quanto tempo eu não a escutava.

- Nunca. - eu lhe dei um abraço e nunca foi tão aconchegante estar nos braços de alguém. - Eu não acredito que você subiu mesmo, você me surpreende cada vez mais, eu... - então ele me beijou. Quente e doce como o esperado. - Cara, você tem que parar de fazer isso!

- O que?

- Me calar com beijos.

- Como se você não amasse o jeito como eu te calo com beijos. - ele beijou meu pescoço.

- Para com isso. Mas que demônio está te perseguindo hoje? Deus do céu!

- Estou com saudades, só isso.

- Nolan, eu estava quase morrendo. Você sumiu por um mês.

- Você estava em boas mãos até onde eu sei.

- Em boas mãos mas não nas suas mãos.

- E então agora você quer as minhas mãos? Porque aquele dia parece que eu ouvi em alto e bom som que a senhorita não queria mais me ver.

- Eu disse que te amava.

- E também disse que queria conseguir me odiar. Essa parte foi uma prova de amor? Me explique porque... - lhe dei um beijo. - Você tem razão, ser calado com beijo é realmente irritante.

E nós rimos e rimos por horas. Eu tinha me esquecido de como ele me fazia bem. Então eu comecei a me aconchegar em seus braços e la estávamos nós, separados a mais de meses e meses. Brigando e se ignorando a mais de um mês. Mas apresentando sempre uma sincronia descomunal quando juntos. E é isso, ele me faz sentir como se não houvesse erros, como se não existisse nada além do que nós temos.

Ele me aprenta todo o perigo do mundo e ao mesmo tempo, a calmaria de um final de tarde de verão chuvoso. Ele representa todos os meus medos de me apaixonar e me entregar e ao mesmo tempo representa tudo o que eu mais quero nessa vida. Ele me provaca feridas, essas quais só ele consegue curar. Ele é o mal, ele é o bem. Ele é o correto, que me soa tão errado.

Ele então me abraça forte e beija minha testa com a ternura de um zilhão de apaixonados. Mas não, eu não consigo simplesmente retribuir como se tudo tivesse virado um conto de fadas da noite pro dia. Não dá pra se enganar mais de uma vez. quando você sofre uma vez o seu corpo treme quando se aproxima novamente da emboscada. Com o impulso do medo de se envolver eu falo a última frase que poderia dizer em sã consciência:

- Não se anime, eu ainda estou com o Declan.

Preciso dizer que estreguei a noite?


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Notas finais do capítulo

Postando um novo capítulo enquanto curto um Guns aqui. Deussssssssssssssssssssssss....



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