Nolan – ainda com Verônica em Coney Island

Eu pensei que ela fosse falar alguma coisa, talvez responder um “Eu te amo Nolan” mas, não posso reclamar. Ela levantou o corpo e juntou nossos lábios. O beijo começou a ficar mais intenso, eu já estava perdendo o fôlego quando senti seu sorriso parando o beijo - era estranho, sua boca ainda estava na minha.

– Senti sua falta sabia? - eu disse. Suas pupilas estavam dilatadas e seus olhos se moviam rapidamente olhando tudo. Parece até que ela não acredita que sou eu ali.

– Sentiu falta disso? - ela disse e começou a dar leves mordidas no meu pescoço.

– Muito. - as mordidas se estenderam até a minha orelha onde ela sussurrou.

– E disso? - ela arranhou minhas costas e tirou minha camisa.

– Como se você não tivesse sentido falta de fazer tudo isso em mim. - eu ri.

Ela me empurrou pro lado e levantou.

– Pena que tem luau hoje e já tenho que ir pra casa me arrumar. Preciso estar gata, sabe como funciona!

– Então é assim? Você bota fogo na casa e não quer apagar? - disse maliciosamente

– Eu nunca disse que ia apagar o incêndio! - ela riu enquanto pegava suas coisas. - Dá pra sair de cima da minha canga, por favor? - eu levantei. Ela pegou a canga, dobrou e enfiou dentro da bolsa.

– Já tem acompanhante pra festa, senhorita? - a segurei pela cintura.

– Porque você não vem ver com seus próprios olhos? - ela levantou uma das sobrancelhas e se soltou de mim, se direcionando até o metrô.

– Em que praia é esse luau? - perguntei

– Coney Island babe. - ela remexeu o corpo e cantarolou.

– Nem um beijo de despedida? - eu levantei meus braços no ar.

– Só quando você merecer.

Ela marchou direto ao metrô e me deixou ali. Eu pensei em sair correndo e sequestrá-la mas desisti. Ela ia me achar um completo idiota. Um sorriso bobo brota em meus lábios. Que efeito mágico você tem sobre mim, Verônica Maine.

Estou considerando a possibilidade de ir a esse luau. Não tenho nada pra fazer hoje e no final, o máximo de trabalho que eu teria era o de voltar pra casa, tomar banho e vir pra cá de novo. Que hora será que é essa festa? Bom, pra ela estar indo se arrumar agora, a festa deve começar lá pra umas 11 da noite! Lá pra meia noite eu apareço.

A noite promete.

***

Verônica– pós Coney Island

Foi um erro. Eu não devia ter me deixado levar ou ter convidado ele pro luau. E se ele resolve mesmo ir? Se bem que o Nolan não curte essas paradas de praia, festa havaiana e tal. Cheguei em casa e fui direto pro meu quarto e Charlie estava sentada na minha cama, provavelmente me esperando. Eu a ignorei e fui pro banho.

– Sério? Vai me ignorar mesmo? Ok, mas isso só prova que eu fiz a coisa certa. A festa começa as 11:30, esteja pronta.

Escutei o barulho da porta batendo. Ela estava certa? Sim, mas... depois de tudo o que Nolan fez, ela devia compreender que me afastar é o melhor a se fazer. Eu não parei de confiar nela, mas, eu quero ver até onde ela aguenta sem pedir desculpa, afinal, é o mínimo que ela pode fazer.

Saí do banho e coloquei um short preto todo detonado e uma camisa de um tecido bem fininho da cor azul claro. Fiz uma maquiagem básica de tudo, soltei meu cabelo e desci. Charlie estava com um vestido verde esmeralda bem soltinho da cintura pra baixo e com um coque no cabelo.

– Vê, eu … - peguei a chave do carro e saí pela porta. Ela entrou no carro e sentou no banco da frente. - Tenho o caminho inteiro pra te pedir perdão até você aceitar e eu já pensei em todos os argumentos pra...

– Charlotte, eu te perdoo sua idiota vadia. - interrompi. - Nunca mais faça isso.

– Me conta o que aconteceu! - ela disse eufórica.

– Nada que te interessa. - ela me olhou espantada - Eu te conto depois.

– Ok, nem vou contrariar.

Não falamos mais nada até chegar na festa. Charlotte chegou e foi conversar com Sammy - Nolan deve estar aqui então. Vasculho a festa com meus olhos, mas não o encontro. O luau é realmente lindo, mais chique do que pensei. Avistei Declan sentado no balcão com um copo de um liquido laranja, óbvio que não era Fanta. Ele estava lindo essa noite, mais do que o normal. O cabelo estava desajeitado como eu gostava e... nossa, era a primeira vez que eu o via de bermuda. Fui em sua direção.

– Fala gato, como tá? - deixei minha voz zoada pra ficar engraçado. Ele deu uma risada baixa.

– Pô gata, tava te esperando porra. - Ele me puxou pelo passante do short e me aproximou de seu corpo. Coloquei minhas mãos em torno do pescoço dele.

– Posso saber o que tem no seu copo?

– Experimenta. - peguei o copo e bebi. Tinha um gosto doce mas descia fervendo na minha garganta. Não posso negar que gostei da sensação. - Bom, não?

– Sim, quero um pra mim.

Declan comprou e fomos andar. Tinha algumas redes e tendas ao longo da praia e resolvemos ir a uma tenda branca que imitava um barco... Não tinha ninguém, só nós dois.
Eu me deitei e ele se sentou aos meus pés. Jurei que ele ia se deitar comigo ou algo do tipo mas não, ele sentou e ficou me olhando.. Engatinhei até ele e fui subindo devagar até sua boca.

– Verônica...

– Declan...

– Eu …

– Shhhhh... fica quieto. - contornei a cintura dele com as minhas pernas.

– Ficar quieto porque?

– Porque quero sentir o momento. - "que estranha eu sou", pensei.

Eu o abracei e ficamos ali por um bom tempo. Ele então me deitou e veio por cima de mim. Declan me beijou - calmo como sempre. Eu pensei em afastá-lo e começar uma conversa sobre eu me sentir atraída por ele mas isso não ser exatamente amor mas, a única coisa que eu consegui fazer foi corresponder de forma ardente. Podia sentir todos os pelos do meu corpo se arrepiando. Coloquei a minha mão por dentro da camisa dele e apertei sua pele.

– Calma! - diz o cara com quem eu quase tranzei no primeiro encontro.

– Fiquei calma por tempo demais.

– Isso responde o que eu ia perguntar. - ele deu um sorriso de canto de boca.

– Que pergunta?

– Se você era apressada assim ou era só comigo.

– Não. - olhei em seus olhos. - É que tem algo em você que me deixa assim. - baguncei o cabelo dele.

Ele não respondeu. Apenas ficou me encarando como se estivesse processando as palavras que eu disse. O puxei novamente pra mim e as mãos de Declan viajavam pelo meu corpo, me arrepiando novamente. Mas isso foi interrompido por algo inevitável - que apesar de inevitável eu não fazia ideia de que iria mesmo acontecer.

– Sai de cima da minha garota. - Nolan puxou Declan de cima de mim e o jogou na areia. Escutei o gemido de dor de Dec que bateu com as costas no chão.

– Ela não é nem um pouco sua, idiota. - Dec respondeu enquanto se levantava.

– Você que pensa. Ela é toda minha. - Fall olhou pra mim e mordeu o lábio.

Depois disso não houve mais diálogo, apenas consegui ver Declan dando um grande soco no nariz de Nolan - fazendo sangue escorrer. Nolan retribuiu o soco mas na boca de Declan - que cambaleou. Comecei a ficar com medo. Já vi Nolan bater em caras maiores por causa de rixas entre moto clubes. Lembro de ele bater tanto em um moço em um bar que o cara foi parar no hospital com o maxilar quebrado.

Infelizmente, eu fiquei sem reação. Declan deu um soco na barriga de Nolan que retribui com uma cotovelada bem dada na área do estômago. Eu soltei uma risada. Era muito sexy ver os dois ali brigando. E aquilo era por mim, a garota problema. Arranquei forças de onde não tinha e finalmente reagi.

– Parem vocês dois vão se matar!

– Eu vou matar é esse filho da puta! - Nolan gritou e levou um gancho no queixo.

– Cala a boca retardado.

Quando vi que isso não ia dar certo, entrei no meio dos dois. Como eu já esperava eu levei um empurrão bem dado - que era provavelmente pro Declan ter levado - e então, logo caio por cima do corpo de Dec e dou um grito de dor seguido pelo gemido dele. Bato a cabeça em uma pedra e logo o corte começa a sangrar. Consigo ver o espanto nos olhos de Nolan que, com certeza, não esperava que eu fosse tão idiota em entrar no meio da briga dos dois.

– Isso é o suficiente ou as duas vadias vão voltar a brigar? - eu disse colocando a mão sobre o corte. Minha blusa azul já estava com grandes manchas vermelhas.

– Eu não queria te acertar, eu...

– Vai se fuder Nolan, você só faz merda. - Dec disse me pegando no colo. - Você quer ir no hospital?

– Sim.

– É melhor eu te levar de moto, é mais rápido. - Nolan ofereceu.

– Eu vou sozinha. Se preocupem com vocês mesmos. - "certo, agora eu tenho que fazer algo que deixe o Nolan furioso", pensei. - Avisa a Charlie que eu tô indo pro hospital, mas diz que não foi nada grave. - segurei seu rosto e beijei o machucado em sua boca o fazendo dar um gemido de dor baixinho. Virei meu rosto a tempo de ver Nolan revirar os olhos. Dec se virou e entrou na festa, deixando nós dois sozinhos, óbvio que o senhor Fall chegou perto de mim e me agarrou.

– Você fica tão sexy enquanto tenta fazer ciúmes pra mim. - ele me aproximou e passou a mão pelas minhas coxas até chegar na minha bunda, que ele fez questão de apertar forte. Sua voz rouca, seu jeito safado de falar, seu toque em mim, estavam me deixando louca. Não, dessa vez ele não vai conseguir.

– Nem tudo é sobre você. - levei minha boca até a sua e quando estavam quase se tocando eu mudei o curso até sua orelha, podia sentir a frustração dele. - Já parou pra pensar que esse idiota pode estar conseguindo me conquistar, hein? - sussurrei e retirei suas mãos de mim.

Saí andando até meu carro e olhei pra trás, encontrando seus olhos vidrados em cada passo que eu dava. Já está na hora de amadurecer, Verônica. Confesso que fiquei preocupada com o que ele ia começar a pensar de mim. Ele podia pensar que eu me tornei uma vadia ou ele pode começar a pensar melhor no que ele fez e parar de ser tão convencido achando que vai ser fácil me reconquistar.

Quatro meses atrás eu não pensaria duas vezes antes de me jogar nos braços do Nolan e jurar que o amaria pra sempre e que seria só dele pro resto da vida mas, algo me mudou em todo esse tempo. Acho que se chama amor próprio! Eu comecei a me amar acima de qualquer outra pessoa e acho que é isso que Nolan não pensava em encontrar.