Halfway Gone escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 5
Guilt


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo pra vocês, espero que gostem ♥



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Eu não conseguia pensar. Minha mente estava tomada pelo desejo de sangue. O monstro dentro de mim não me deixava lutar contra os meus desejos e dar meia volta. Eu continuava seguindo cheiro, fazendo esforço para correr o mais rápido que eu pudesse, dando passadas fortes e furiosas. Pensava em como seria quando eu tivesse aquele sangue aplacando a dor em minha garganta, o gosto doce envolvendo a minha mente. Eu estava louca. Doentia. Eu era uma vampira.

Eu podia sentir o humano cada vez mais perto, podia sentir o batimento frenético do seu coração. E então eu o avistei aparentemente perdido, fitando as árvores á sua frente. Eu freei imediatamente, e um sorriso involuntário saiu pelos meus lábios, controlados pelo monstro sugador de sangue dentro de mim.

– Não Edward, ela está perto demais! – o grito desesperado de Alice ecoou nas árvores e essa foi a minha deixa.

Pulei rapidamente, e peguei o humano pelo suéter que usava, colando-o numa arvore que estava logo atrás de seu corpo. Ele gemeu de dor, e eu o segurei ainda mais forte. Estava prestes a olhar em seus olhos, hesitando contra o monstro dentro de mim, mas uma veia que pulsava em seu pescoço me distraiu. Mordi-o e senti quase que imediatamente o sangue extremamente doce em minha boca, e o monstro dentro de mim apreciou feliz sua conquista.

Segundos depois me vi sendo puxada por trás, e sendo jogada contra uma árvore. Surgiu uma dor aguda em minha cabeça, e eu me levantei, ainda com os olhos fechados. Coloquei a mão no cabelo e senti o meu próprio sangue, e a dor só fazia aumentar. Quando consegui finalmente abrir meus olhos, vi Edward agachado sobre o humano. Segundos depois ele o colocou contra os ombros e desapareceu na floresta.

A dor na minha garganta ainda incomodava, já que eu não conseguira todo o sangue do humano. Mas não era esse o problema. A dor na minha cabeça era atordoante, eu lutava para manter os olhos abertos. Caí de novo, minhas pernas dormentes. Por mais que eu tentasse me levantar, eu não conseguia encontrar minhas pernas. E então, a floresta se fechou diante de mim.

§

Acordei num quarto desconhecido, a decoração toda em bege. Os quadros nas paredes me fizeram distinguir aquilo de um hospital. Apalpei o cobertor que estava sobre mim, e me vi cercada de aparelhos. De um deles saia bipes frenéticos, a pulsação do meu coração. Senti que tinha dormido por muito tempo, minhas pernas estava rígidas. Espreguicei-me. Eu estava um pouco dolorida, mas não era desagradável. Eu estava prestes a começar a pensar em tudo o que havia acontecido, mas fui interrompida por duas vozes fora do quarto, numa conversa nervosa:

– Você perdeu o juízo, Edward? ‘Sorte’ que ela não é venenosa. Imagina se o humano acordar lembrando de tudo? – eu podia sentir o tom de ironia na voz de Rosalie enquanto ela dizia a palavra sorte. O humano havia sobrevivido então. Não por minha causa. – Seria melhor tê-lo transformado.

– Ele tinha chances de sobreviver, eu não iria tirar uma vida humana sem necessidade. – Edward murmurou, irritado. – E você ouviu a Alice, ele não irá se lembrar de nada.

– Você não viu o risco que nos colocou? E se ele lembrar da garota? Se ele lembrar de você? – Rosalie questionou, ainda mais irritada que Edward.

– Ele não vai. Carlisle está cuidando dele, ele não irá deixar escapar nada que possa nos afetar ou incriminar.

Ouvi passos diferenciados; Uns ritmados, suaves. Outros fortes e decididos.

– Tudo bem pessoal, parem de discutir – Alice falou com a voz de sinos de vento.

– Nem venha, Alice. Você é a principal culpada aqui. Por que essa ideia de caçar com a meio-humana? Não havia necessidade...-

– Cale a boca, Rosalie. – Alice a interrompeu e pude ouvir a risada fraca de Edward. – Tudo está resolvido agora.

Ouvi outros passos e depois o local ficou silencioso.

– Temos que falar com ela. – Edward disse baixinho, rompendo o fraco silêncio.

– Ela está acordada, eu acho – Alice murmurou de volta.

– Não vão crucificar a garota, aposto que ela já se sente culpada – Jasper falou, me surpreendendo com o tom de sua voz: Suave, não grossa e rude. – Até o melhor de nós caí do galho, não é?

Me surpreendi com Jasper sendo defensivo a meu favor, mas não pensei nisso por muito tempo. Alice e Edward entraram no quarto devagar e me encararam por um alguns segundos. Suas expressões não eram rudes ou de acusação, eram de condescendência. Por um momento esperei reclamações, mas eu não iria me importar; Eu as merecia.

– Você está bem? – Edward me deu um olhar preocupado.

– Sim – murmurei baixo demais, se eles fossem humanos não teriam escutado.

O tempo passou e o silêncio era constrangedor.

– Diga que me perdoam – murmurei ainda muito baixo, envergonhada.

– Não é culpa sua, Bella – Alice mentiu, vindo se sentar no lado da cama.

– Eu não sei o que aconteceu, mas eu simplesmente não consegui me controlar. Quando eu terminei com o sangue do animal a sede ficou muito forte, era a única coisa que ocupava minha mente. Isso nunca aconteceu comigo. Mas não tente tirar a culpa de minhas costas, Alice. Você sabe muito bem que não há outra culpada além de mim. Se Edward não tivesse me tirado de perto do humano, eu teria o matado. – tentei me explicar, mas ouvi minhas próprias palavras.

Por que não consegui me controlar? Era tão fácil quando eu estava à base de comida humana, quando a sede não fazia parte de mim. Pela lógica do que aconteceu, só sinto sede quando vivo a base de sangue. E pelo o que eu havia visto, o de animal não era suficiente. Mas eu não entendia o por quê.

– Bella, não se culpe desse jeito.

– Eu não deveria ter ido, Alice – murmurei, uma lágrima caindo do meu olho esquerdo. Avistei Edward e seu olhar era torturado.

– Ah Bella, não chore, esqueça isso. Está tudo bem agora. O humano está bem e se curando, não irá se lembrar de nada. Por sorte você não é venenosa – Ela repetiu a frase de Rosalie, mas o seu tom foi de alívio.

Alice tentou descontrair o clima por algum tempo, até tirando de mim uma risada. Me senti um pouco mais leve, mas sabia que assim que estivesse sozinha a culpa iria tomar totalmente meus pensamentos. Iria pensar em coisas desagradáveis, nos outros humanos que matei, em minha mãe. Não estava preparada para a dor. E os pesadelos, definitivamente não estava preparada para eles.

Algum tempo depois, Alice precisou sair. Mas Edward ficou, e me olhou por um tempo. Não pude me controlar e corei, desviando o olhar.

– Seu rosto fica tão lindo assim – ele disse, ficando de joelhos ao lado da cama e timidamente acariciando minha bochecha esquerda. Um tremor percorreu meu corpo, mas não era por que sua pele ainda era fria em contraste com a minha, mas simplesmente por ele estar me tocando. Sua pele era lisa e dura, mas de alguma forma, macia. Me fazia querer inclinar o rosto na sua mão, mas não o fiz.

– Me desculpe – ele sussurrou sem tirar a mão do meu rosto, a face de mármore tão perto que eu podia sentir o seu hálito incrivelmente doce. Fiquei confusa, mas ele explicou:

– Não queria tê-la machucado. – ele olhou para minha cabeça que estava enfaixada. – Esqueci-me de sua fragilidade humana por um momento, quando vi você sobre o humano. Tinha que salvar a vida dele, mas esqueci-me de você. Diga que me desculpa Bella, a última coisa que eu queria era fazê-la passar por toda essa dor.

– Claro que desculpo você, Edward. Você fez o certo. – falei, desviando o olhar. Não queria me deixar levar por esse vampiro masoquista, irritante, convencido, lindo, maravilhoso... Ok, pare – pensei.

Ele puxou delicadamente meu queixo, me fazendo olha-lo novamente, aproximando seu rosto cada vez mais do meu, me fazendo ficar tonta.

– Obrigada – sussurrou, e novamente senti seu hálito embriagante e involuntariamente me aproximei ainda mais, nossos lábios quase se tocando.

E então, rápido demais, ele se levantou e se retirou, me deixando corada e ofegante.



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Notas finais do capítulo

Review? :D