Daniel escrita por Miss A


Capítulo 6
6. Confusa


Notas iniciais do capítulo

Bom, não tenho certeza se tem alguém lendo essa história, mais ela é a que eu mais amo, a mais completa que já criei.



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A conversa durante o jantar havia sido rápida e calma, sem Daniel para desviar minha atenção. Christina havia proposto trocar os dólares que havia na minha mochila por Real em uma casa de câmbio. Ela também me explicou tudo que faria e quanto tiraria do banco por semana para me dar, seriam 50 reais se eu quisesse, porém recusei e pedi uma mesada por mês de 200 reais, para fazer compras, lanchar na escola, gastar com o que me fosse necessário. Também me sugeriu comprar um chip de uma operadora brasileira e um celular brasileiro também, eu concordei e ela ficou de me levar a uma loja no fim de semana.

            Nos dias que se seguiram, na escola, Arthur fazia de tudo para conversar comigo, me contou piadas e perguntou sobre o que eu gostava, interrogatório que eu não interrompida em nenhum desses dias, porque seus olhos curiosos eram quase hipnotizantes. Silvana me deu aulas sobre os alunos e professores do Tiradentes e eu deduzi que os alunos brasileiros não eram tão diferentes assim dos americanos, e que eu sabia exatamente como lidar com cada tipo de pessoa ali dentro, relações interpessoais era o meu forte.

Conheci pelo menos 30 alunos do primeiro ao terceiro ano, a maioria curiosos, que me perguntavam durante o intervalo, se eu era dos Estados Unidos mesmo e falava inglês. Depois de três semanas naquele colégio, já havia 47 números novos na agenda de contatos do Galaxy Y que Christina havia sugerido e comprado para mim e eu já conhecia uma bela parte dos alunos e, na minha turma, só duas pessoas não falavam comigo. A garota de lindos cabelos negros que Arthur insultou em minha defesa na primeira semana, Amanda Ramos, fingia que eu não existia e simplesmente ria quando alguém falava de mim segundo Silvana, o que não me interessava em nada. Porém, a outra pessoa que não parecia ter consciência da minha presença, era parte constante dos meus pensamentos. Daniel Grigori nunca fazia nada além de responder “Oi” quando eu o cumprimentava de manhã, e eu nunca o via entrar ou sair de casa e ele nunca estava na hora do almoço ou do jantar.

            Durante a noite, eu tentava não pensar em onde ele estaria e porque ele nunca comia aqui, porém, os pensamentos que não me levavam até Daniel, eram as lembranças da minha família em Richmond, mamãe, papai, meus tios, Leonardo e Jacob e as lágrimas ainda eram inevitáveis.

            De três em três dias Leonardo me ligava à tarde para contar o que estava acontecendo no colégio e como andava a minha casa.

- Toda a semana – ele falava orgulhoso – Mamãe e eu vamos a sua casa com uma equipe de limpeza para tirar todo o pó e mante-la como estava quando você viajou. Ela diz que se não fossemos, iriam acabar roubando as coisas da tia Márcia...

- E os pais de Jacob? – perguntei preocupada – Como estão.

- Não contei que eles viajaram?

- Não! – acusei – Viajaram?

- Desculpe! – ele respondeu inocente – Foram a uma semana para Petersburg...

- Ah... Jake tinha tios lá...

- Exato.  O Sr. e a Sra. Veneto disseram aos meus pais que pretendiam ficar pelo menos um mês por lá. Jacob faz muita falta a eles.

- Jacob faz muita falta a mim também. Também sinto tanta falta dos meus pais, Leonardo. Falta de tudo! Do perfume da minha mãe, do sorriso do meu pai, da voz deles, das brincadeiras de Jake, de conversar com Carla, do seu abraço...

- Faz quase dois meses... – ele parou para pensar – minha mãe está preparando uma cerimônia na igreja para eles. Pena que não pode estar presente...

- Gostaria de estar ai. E Carla? – mudei de assunto rapidamente – Como está?

- Perdeu o celular no Shopping a dois dias – ele sorriu – Cabeça oca!

- Está cuidando dela?

- Eu sempre cuidei dela, Emy.

            Era verdade, meu primo era instável quando estava perto de Carla, mais por outro lado, sempre a salvava de quedas e a consolava quando estava triste. Instável, porque sempre arranjava um jeito de começar uma briga com a garota, sempre discordava de algo, uma estratégia irritante para ela não descobrir o que ele sentia de verdade. Somente Jacob e eu sabíamos e, certa noite, no meu quarto, nós três juramos nunca revelar os segredos uns dos outros.

            Quando completei meu terceiro mês em Macapá, decidi aceitar pela primeira vez um dos muitos pedidos de Arthur e Silvana, que haviam se unido para me convencer a conhecer a cidade, de ir com eles ao cinema no sábado, a proposta deles era de irmos andando de casa até o shopping. Quem sabe, alguém como Zac Efron roube meus pensamentos antes de dormir, pensei depois de dizer sim.

- Vai ao cinema com Arthur Soltelo? – uma voz conhecida me pegou de surpresa. Vinha da carteira atrás de mim. Virei alarmada, sem saber por que ele estava falando comigo.

- Como sabe disso? – perguntei. O rosto pálido a minha frente havia congelado. Os olhos verdes procuravam por respostas.

- Não se deve responder a uma pergunta com outra. – ele disse por fim, depois de alguns segundos de silêncio.

- Não vou ao cinema com Arthur – Menti, sem realmente saber por quê. Uma onda de calor percorrendo o meu corpo. Ele pareceu confuso.

- Me perguntou como eu sabia que iria. Então está mentindo ao dizer que não vai – ele deduziu me pegando de surpresa.

- Porque quer saber? – perguntei o intimidando, com medo de ele ir embora sem me responder, levando consigo, os olhos esmeralda que eu secretamente admirava.

- Curiosidade.

- Você não é normal. – acusei, balançando negativamente a cabeça.

- Não – ele concordou, os olhos esmeralda me fitando – E ele também não é. Por favor, não vá sozinha com ele.

- O quê? – perguntei incrédula. O que Daniel dizia não fazia sentido.

- Convide outra pessoa – ele respondeu, o tom suplicante, o olhar pesaroso – Um de seus amigos.

- Arthur é meu amigo – olhei para baixo, confusa com o interesse repentino do garoto que nem me olhava direito – Além disso, Silvana vai também.

- Ah – ele pareceu aliviado, a expressão de dor sumindo da face branca.

- O que quis dizer – me virei para frente tentando esclarecer meus pensamentos – Sobre Arthur não... – minha voz sumiu ao virar-me para trás e perceber que Daniel Grigori não estava mais sentado ali. Meus olhos varreram a sala e não havia mais nenhum sinal dele.


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Notas finais do capítulo

Bom, se tem alguém ai, por favor não seja fantasma !
Comente =)



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