A Filha Da Timidez escrita por viccke


Capítulo 6
Capítulo 5 – Eu quero ROCK!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/292803/chapter/6

Ficamos em silêncio nos encarando por alguns segundos. Estiquei meu braço dando a ela o bilhete que acabara de passar por debaixo da porta.

– Jogo? Mas que merda é essa? – ela se indignou ao ler.

– Eu sei o mesmo tanto que você. – ou seja, nada.

– Pede ajuda pra alguém!

– Como? Vão dizer que fui eu que peguei um papel e escrevi isso. Vão inventar que eu fiz isso só pra tentar me fazer de vítima por causa da foto e vão dizer que é porque me arrependi de ter tirado ela e postado. Vão dizer tudo que quiserem pensar. Mentiras, mentiras e mais mentiras. A minha situação só iria piorar. E quem sou eu pra tentar desmentir? Não acreditariam... – enfim respirei. Babi não respondeu, só abaixou a cabeça. Joguei-me na cama e encarei o teto.

– É alguém querendo chamar a sua atenção com brincadeiras de mau gosto... – por fim ela respondeu.

– Brincadeiras? – ri ironicamente.

– Talvez nem volte a acontecer...

– Assim espero. – finalizei a conversa. Levantei, peguei o bilhete que estava nas mãos de Babi e o rasguei.

Eu não podia simplesmente ficar socada naquele quarto, tentando me esconder de tudo e de todos. Não há como mudar o que aconteceu, e eu tinha que encarar isso. Eu sei que todos – ou quase todos – tinham acabado de me ver quase nua em uma foto. Não, não é normal. E também não é fácil encarar isso – confesso. Mas é necessário. Ficar trancada no quarto e me matar – igual ao garoto da historia da outra turma – não era uma opção.

Saí pelo navio, sem rumo. Tentei evitar olhar para as pessoas e procurava ignorar os olhares e as risadas. Em cada lugar que eu passava tinha um pôster. Todos eram iguais. Curiosa, me aproximei de um deles e li o que dizia. “Show de Rock, hoje, a partir das 23h no teatro.”. Show de Rock? To dentro, pô! Depois fui pedir mais informações no Lobby. Disseram que era uma banda amadora e que iriam tocar alguns clássicos do rock. Falaram também que iria ter show de uma dupla sertaneja na semana que vem, mas não me interessei – eca.

– Oi. – Bryan chegou atrás de mim e me assustou.

– Porra, que susto moleque!

– Nossa, desculpa. – Fiquei em silêncio. – O que aconteceu?

– O que aconteceu o que?

– A foto... Você sabe.

– Prefiro não falar sobre isso.

– Tudo bem... Mas eu posso te ajudar. Sempre.

– Me ajudar em quê? – cruzei os braços.

– Eu não sei. Mas não me parece que foi coisa sua. Foi?

– Não.

– Então... Me diz o que aconteceu Ju. – Ju? Porque diabos ele estava me chamando assim? Nem a Babi me chamava assim. Soava “fofo” demais. E eu odiava.

– Isso não interessa. – Saí dali, deixando ele sozinho.

Voltei para o quarto, de onde eu nem deveria ter saído. Fiquei encarando a porta após ver um papel grudado ali, do lado de fora. “De novo? – pensei. Peguei o papel e li. “Já abriu as pernas para o Bryan?” – bufei e revirei os olhos. Bati na porta e a Babi abriu.

– Que cara é essa? – apenas joguei o papel nela e me joguei na cama, encarando o teto mais uma vez. Ela fechou a porta, leu o bilhete e se virou para mim. Ficou em silêncio.

– Devem estar me observando, não é possível.

– Por quê?

– Eu acabei de falar com o Bryan, e agora esse bilhete idiota aparece aí do lado de fora da porta. – silêncio de novo. – Deve estar sendo uma bosta ser minha colega de quarto. Bilhetes aqui e ali e essa porra toda...

– Larga de ser trouxa Jullie. – rimos – Vai ficar aqui o resto do dia?

– Por ora. De noite vou ao show de rock que vai ter no teatro. Você vai?

– Não, vou me encontrar com o Rapha. – Não respondi e então não conversamos mais.

Acabei adormecendo e acho que não teria acordado se a Babi não tivesse me chamado.

– Ei, acorda! Que horas é o show?

– Hã? – eu tentava abrir os olhos, ainda sonolenta. – É às 23h.

– Então levanta logo que falta pouco mais de uma hora pra começar.

Levantei e fui direto tomar banho. Eu não tinha muito tempo, então coloquei uma roupa simples: uma calça de couro preta, um Converse, uma blusa de uma das bandas que eu gosto e uma pulseira com tachinhas. No cabelo não fiz quase nada, só alisei e deixei a franja na testa. Maquiagem? Apenas um delineador nos olhos e um batom bem vermelho – que a Babi insistiu para que eu passasse.

– Está pronta?

– Sim. Por que esperou eu me arrumar? – perguntei.

– Pra decidir com quem vai ficar a chave do quarto. Você acha que vai voltar que horas?

– Não sei, mas acho que o show vai ser longo.

– Posso ficar com a chave então?! Eu só vou jantar com o Rapha, não volto tão tarde assim.

– Ok, pode ser então. – dei de ombros.

Saímos juntas do quarto e seguimos caminhos diferentes. O teatro era bem grande, cheio de poltronas. Havia um espaço entre o palco e as poltronas, e era ali que a maioria das pessoas estava. Fui pra lá também, lógico. Não dá pra ficar sentado durante um show de rock, isso é patético. Posso dizer que me espantei com o número de pessoas que tinha ali. Eram poucas e a maioria eram garotos. Eu era a única – menina – com uma roupa de banda. Quero dizer, o resto – as poucas garotas que tinham – usava mini-saia, salto alto e um decote imenso. Está aí algo mais patético do que assistir um show de rock sentado. O que elas estavam fazendo lá? Aquilo não era o baile funk que elas costumavam frequentar. Enfim, dane-se.

Meus pensamentos se foram quando as luzes se apagaram e as cortinas se abriram, revelando a banda. Eram cinco caras. Não aparentavam ser tão jovens, mas também não tinham um aspecto de gente velha. Chuto dizer que tinham por volta de 38 anos cada um. Todos se aproximaram do palco e começaram a aplaudir e a gritar. Não fiz diferente.

I wanna ROCK! – o vocalista gritou com aquela voz aguda bem parecida com a do vocalista do Twisted Sister.

ROCK! – todos, – e eu – com exceção das vadias de plantão, gritaram de volta.

Não foi difícil adivinhar a primeira música que eles iriam tocar. “I Wanna Rock” era, sem dúvidas, um clássico. “Esta sim vai ser uma noite boa pra caralho.” – pensei comigo.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sinto falta de alguns reviews =/ Bom, capítulo bem fraquinho. Quase nada acontece... Mas deixe um review com sua opinião, ok? =)