"A auto-hipnose nada mais é que a hipnose aplicada da pessoa que hipnotiza para ela mesma. É uma habilidade extremamente útil para a promoção da saúde e bem-estar do seu praticante. Também pode ser utilizada apenas para atingir estado de relaxamento profundo, dormir melhor, melhorando, pois, a qualidade de vida."

            Eu quero melhorar a minha qualidade de vida.

            "A imaginação controla o mundo" - Napoleão.

         Então o meu mundo se tornará verdadeiro. Eu não preciso arrancar flores para saber se essa pessoa que ama ou não. Não preciso usar nenhuma magia para fazer com que essa pessoa me ame, pois eu sei que ela me ama. - Então eu apenas tenho que repetir isso na minha mente. - é a recomendação de um site que estou navegando. Após ler tudo o que tenho de ler... vou dormir. Estou com sono, e parece que para o processo que irei iniciar é melhor estar com sono. Desligo o computador e vou para a cama.

         "Meus pés estão cansados." - é a frase que eu sigo a repetir na mente em torno de 50 vezes. Parece que realmente, meus pés estão mais pesados. Então sigo essa sensação para todo o corpo. Quando chego no ponto do relaxamento, finalmente vou para a frase mental que eu tanto quero sentir, e quero que aconteça.

             "Ela me ama".

...

            Os raios de sol atravessam a cortina semi-aberta, fazendo-me acordar. Imediatamente olho para o relógio, e faltam 2 minutos para ele tocar. Será que é instinto de eu saber que tenho que ir para o colégio? Levanto-me e arrumo o lençol, vou seguindo para o armário, e o despertador toca. Bato nele e ele para. Então volto para o lugar de antes e pego meu uniforme, retiro o pijama e vou colocando peça por peça. Blusa, calça, colete... e o tênis. O local aonde estudo é um dos melhores do país. Minha família é rica, sim. Mas nem sempre isso é tão bom, pois eles só pensam no trabalho, então tenho que ser alguém auto-suficiente. Quem sou eu? Charles. Apenas mais um garoto de 16 anos no mundo, que estuda, come, dorme e sai com os amigos. Na verdade, é melhor excluir a última parte, pois quase não tenho amigos. Apenas o que faço é conversar virtualmente com algumas pessoas. Após terminar de me arrumar, vou para a sala, aonde todos já estão comendo apressados.

          – Filho?? Olha, eu não vou poder voltar na hora do almoço pois tenho uma reunião urgente, OK? O almoço está todo na geladeira. - ela na verdade já estava de saída. Nem terminara de comer a maçã que estava nas mãos, mas já estava abrindo a porta e se despedindo. Meu pai seguia bebendo uma xícara de café extra-forte e lendo o jornal do dia. - Achei que iria usar a xícara Sarah's Garden Blue, da Wedgwood hoje. - comento. Ele viaja bastante para a Inglaterra. - Essa daqui é Wedgwood Solar. Essa que você falou acabou esgotando. - meu pai responde, sem tirar os olhos do jornal. Após terminar de beber todo o café, ele se levanta e segue para o corredor da direita, provavelmente irá escovar os dentes. Minha mãe é tão apressada que até disso esquece... eu bebo um chá de frutas vermelhas na xícara da mesma coleção que meu pai comprou, apesar de que eu prefiro usar uma xícara de plástico. Tenho muito medo de quebrar essas porcelanas, pois meu pai me mataria. Bebo mais um pouco do chá e como um casadinho de doce-de-leite. Logo meu pai volta, se despede e sai. Volto para o meu quarto para pegar minha mochila. - Que saco... ao menos vou poder vê-la. - digo para mim mesmo, saio do quarto. Sigo andando pelo corredor, pensando no que eu posso fazer em mais um dia letivo, além de estudar. Saio de casa e tranco a porta. Eu moro no terceiro andar, então vou de elevador. Aperto o botão para chamá-lo, e logo ele chega. Esqueci de pôr o MP4. Entro no elevador, aperto o botão do térreo e coloco os fones de ouvido. Vou procurando a música que quero. Decido escutar "Tokyo Teddy Bear", da Kagamine Rin.

         – Bom-dia. - escuto bem baixo. Olho para frente e vejo que a porta já se abriu. Dou bom-dia também e saio do elevador, sigo para a porta de entrada e o porteiro a abre. Saio do prédio e sigo pelas calçadas do bairro até chegar ao colégio. Sorte que eu moro perto. A música segue a tocar e algumas gotas de água batem em meus cabelos. Olho para cima. - Hã?? Não acredito que isso é precedente de chuva... - digo. Ando um pouco mais rápido para não correr o risco de acontecer uma tempestade, por mais que o colégio esteja perto. Alguns minutos depois eu chego. Apenas olho para frente, e sinto alguém segurar meu ombro, viro-me. - O qu... Ah, inspetor. - quem me segurou foi o senhor Lucas. - Sabe que não pode ficar de fone dentro do colégio. - ele dita a regra, que sinceramente, não faz sentido nenhum. Dentro da sala tudo bem, mas no colégio... por qual razão? - OK, vou guardar na mochila. - digo, enquanto tiro os fones de ouvido e vou abrindo a mochila para guardar. Logo que eu guardo e fecho, o inspetor me libera. Sigo andando pela grama. O colégio é bem grande... - Yo, Charles! - alguém me chama. Olho para os lados e vejo alguém correndo em minha direção. Quando ele chega perto de mim, sorri. - He, animado para hoje? - é Diego. Um garoto qualquer que só sabe viver a vida daquela forma medíocre que os adolescentes dizem que é a melhor forma. Aproveitar seria pegar 20 garotas em uma festa e ficar enfrentando os pais e superiores do lugar aonde você estuda? - Animado para o quê? - pergunto. Ele sabe que não vou com a cara dele, não sei o motivo para ele querer se aproximar. - Ué, hoje é aniversário da Amanda! Não vai dizer que não quer ir? - ele pergunta. - Quem irá? - pergunto. - Ah... toda a turma. Só você que não confirmou presença! - ele diz. Todos irão..?

         Então...

         ela também irá.

         Aquela que me ama.