The Real Colors escrita por ViQ


Capítulo 6
C6 - Azul como a solidão - Ice King




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Ah, a solidão. Ainda é difícil para mim aceita-la. Ainda me lembro dos dias que eram de paz na Terra. Não só pra mim, mas para todos os humanos.

Antigamente.

Antigamente eu tinha uma esposa. Era linda e me fazia companhia em todas as minhas aventuras. O nome dela era Eleonor. Um nome lindo tanto quanto ela, com seus dois pequenos olhos azuis e seu sorriso largo e amoroso.

No meu pequeno antiquário nós colecionávamos todos os tipos de coisas, gostávamos do antigo. Um dia em nossas buscas encontramos um mapa. Eleonor ficou animada. Nunca entendi a paixão dela por tesouros. Passamos dias e dias planejando a viajem para as geleiras do Alaska, era pra lá que o mapa apontava. 

Ainda me lembro que, um dia antes da viajem, Eleonor voltou para a loja com os olhos brilhando e me mostrou o que havia encontrado na rua. Um pequeno ursinho de pelúcia muito maltratado e com várias remendas em todo o corpo. Ela disse que havia tido um ursinho quase igual a esse, só que de tantas remendas a mãe o havia jogado fora.

“Só pode ser o destino!!!!!”

Logo no dia seguinte nós partimos para as geleiras em busca do tesouro que Eleonor tanto queria. Um lugar demasiado frio, mas o sorriso alegre de Eleonor me animava e me fazia forte. Chegamos até a caverna onde o mapa dizia que iriamos encontrar o tesouro do Rei de Gelo. Um forte vento passou por nós e me provocou um arrepio aterrorizante. Adentramos a caverna e o que encontramos lá não foi um tesouro, mas sim uma coroa.

Era uma coroa muito bonita, encrustada com rubis que deveriam valer mais que qualquer propriedade nossa, fora que era inteiramente banhada em ouro. E parecia me chamar.

- Olhe amor, é ela...nosso tesouro!!!!

Me aproximei da coroa com muito cuidado, o pedestal em que se encontrava era todo feito de gelo e quando encostei na coroa me sentir gelar também por dentro. E quando olhei para Eleonor eu não vi mais o sorriso amoroso. Vi uma expressão de espanto.

Quando isso aconteceu o gelo petrificado a nossa volta começou a se mexer e a ficar pontiagudo, e de repente Eleonor se viu cercada por lanças pontiagudas de gelo. Não demorou muito para que uma delas a perfurasse e o sangue começasse a jorrar sem parar.

“....Por favor....não...”

Foi aí que me dei conta de que eu tinha ordenado aquilo. O Gelo me obedecia. E estranhamente não sentia remorso por matar Eleonor. 
Voltei para casa sem ela. Tiraram fotos, me pediram entrevistas, me pediram para falar da minha dor. Mas como poderia falar de algo que não existia ? Eu me fechei. Ficava dias e dias no antiquário, examinando a coroa, usando-a as vezes.

Caindo em minha própria loucura.

Em mais um dos dias imersos em minha mente ouvi um baque no vidro do antiquário. Era uma pequena garotinha, não devia ter mais que oito anos de idade. Cabelos negros como os de...Eleonor. 

A pequena bateu novamente no vidro da loja e sorriu. Um sorriso bondoso, sincero, infantil. Fui até lá e ela me deu um bom dia animado e perguntou de quem era o ursinho na vitrine.

- É de minha esposa, pequena.

- Ah sério ? Será que ela dá pra mim ? Eu queria tanto ele...

Olhei para os olhos da pequena garota e me lembrei de Eleonor...elas eram extremamente parecidas. Peguei o pequeno ursinho maltrapilho e o entreguei a ela com todo o cuidado possível, ela me agradeceu e pediu para que eu agradecesse a minha esposa também e saiu saltitando alegre.

Peguei “meu tesouro” e olhei com ternura para os rubis que eram tão vermelhos como o sangue de Eleonor quando morreu.

- Obrigado, meu amor.


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Notas finais do capítulo

{ NOTAS DA AUTORA}
E chegamos ao final com o capítulo do Ice King. Espero que tenham gostado e aguardem a próxima fic!