Só Agora Entendo Você... escrita por AngelSPN


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Não sei se é porque ví 8x6 e sábado tem evento do supernatural...um anime. Mas sonhei com esse capítulo e postei para vocês com muito amor. Beijos e espero que gostem.



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Meu nome é Sam Winchester, muitos devem me conhecer. Os da geração mais nova talvez não. Quero registrar o quanto amei meu irmão Dean Winchester, um livro fechado que aprendi a entender e a ler.

Dean era um cara especial, ele foi meu irmão, meu pai, minha mãe e meu amigo. Ao lado dele enfrentei perigos inimagináveis que pensava nunca existir. Fantasmas, Wendigos, Lobisomens, Vampiros e toda a gama de lenda que você já deve ter lido ou até visto combatemos.

Estávamos enganados, isso era apenas o começo do que o destino nos reservava. E Dean lutou contra o destino e acredite, ele venceu.

Descobrimos que as criaturas sobrenaturais não eram nossos problemas reais, confrontamos o verdadeiro ser das trevas que ceifou a vida de minha mãe Mary quando eu tinha apenas seis meses e me amaldiçoou com sangue de... Demônio. Com a morte de mamãe meu pai nos criara como guerreiros, Dean foi o mais afetado, ele se tornara mais do que filho. Se tornara um soldado que tinha apenas uma missão, me proteger.

Eu queria que ele soubesse o quanto ele deu de si para me manter vivo, para me manter na linha do bem.

Dean pegou o desgraçado que matou mamãe e acabou levando a alma do pai em um pacto que John fez para salvar Dean da morte. Esse momento eu queria poder voltar e não ter discutido com ele pela última vez.

Meu irmão quase enlouqueceu, matava tudo o que cruzava seu caminho. Ele estava tão enraivecido que o medo em mim exalava. Meu irmão estava quase que suicida. Descobrimos o motivo do pai ter morrido por ele e isso o enlouqueceu, assim eu achava. Até que fomos investigar um caso de Croatoan. Fui contaminado, estava prestes a me matar para não me tornar um assassino. Dean negou sua arma a mim. Fiquei tomado pelo ódio quando ele se encarcerou ao meu lado. Eu disse a ele que a vida acabou para mim e que não tinha acabado para ele. E o que ele me respondeu congelou minhas lágrimas que desciam abundantemente em minha face. Ele estava cansado de tudo, estava desistindo de viver. Fiquei sem palavras momentaneamente. Eu sabia que a coisa com o papai havia mexido com ele, mas não era isso. Em parte sim. Mas não o que estava empurrando meu irmão a um poço sem fim. Por motivos que hoje sei, não fui contaminado com o vírus Croatoan. E saímos da cidade ilesos.

Nunca vou esquecer aqueles olhos verdes desviando-se dos meus quando o interroguei sobre... Desistir de tudo? E aquilo que atormentava meu irmão todos esses anos era o que meu pai descarregou em cima dele ainda no leito do hospital que se Dean não conseguisse me salvar... Ele teria que me matar.

Qual pai derrama essa maldição em seu próprio filho? John estava realmente louco. — Sam soltou a caneta na mesa e debruçou sobre o livro, chorava copiosamente ao lembrar do passado. A chuva caía lentamente, embalando os pensamentos de Sam. Ele recompor-se e voltou a escrever, passando os dedos sobre a cabeleira negra.

Como eu gostaria de fazer tudo diferente, me envolvi com a demônia Ruby contrariando todos os pedidos de meu irmão. E seguindo os passos do pai, ele também fizera um pacto para me trazer do mundo dos mortos. Porque essa era a missão dele, me proteger. Mesmo que isso significasse a minha vida e a morte dele. De todas as formas possíveis lutei para livrá-lo do pacto, Bobby nosso velho amigo nos ajudou incessantemente. E todas nossas esperanças morrem com meu irmão sendo dilacerado vivo por cães do inferno na minha frente, enquanto Lilith a demônia desgraçada que tinha o contrato do pacto com Dean sorria.

Meses para eu na terra, anos para Dean no inferno. Até que ele foi tirado de lá por um anjo, o Castiel. Não cumpri minha promessa ao meu irmão de não utilizar meus poderes demoníacos, ao contrário aperfeiçoei-os com sangue da Ruby. E meu erro ainda estava longe de ser revelado. Dean e eu brigamos, achava que meu irmão estava fraco demais para lutar contra os seres das trevas e que eu era o mais qualificado para tal tarefa. Confiei na maldita Ruby. E da pior maneira descobri o que Dean cansava de me dizer, ela estava me usando e acabei trazendo o apocalipse para terra. — Um suspiro longo saiu dentre seus lábios, os primeiros raios de sol atingiram o canto da escrivaninha. Sam levantou-se e abriu as janelas, o céu ainda estava carregado com nuvens escuras. As tímidas investidas dos raios solares logo desapareceram. O moreno levou um copo de água tremulo aos lábios ressecados, sentiu-se melhor e voltou a escrever.

Lilith foi morta por mim, o que era seu plano desde o inicio. Já que ela era o último selo dos 66 para trazer o apocalipse a essa terra que tanto lutamos para expulsar o mal. E abri os portais para inúmeros seres malignos. Jamais esquecerei o olhar de meu irmão. Tentei de todas as formas me redimir das besteiras que cometi. Dean sofreu tanto no inferno e acabou sendo ele a romper o primeiro selo aceitando a torturar almas no inferno ao lado de Alaister o carrasco. Meu irmão nunca voltou de lá totalmente inteiro, a culpa recaía em seus ombros ainda mais.

Não consigo entender como agüentamos por tanto tempo as conseqüências de todas os infortúnios que nos cercavam. Perdemos tantos amigos... E mais uma vez nos vimos cercados pelo destino, estávamos predestinados a sermos “cascas” ou se preferirem receptáculos do Anjo Miguel e Lúcifer. Meu irmão chegou a pensar em dizer SIM a Miguel, mas desistiu ao me olhar e dizer que não iria me decepcionar, e não me decepcionou. Para evitar o apocalipse acabei dizendo SIM para Lúcifer, fui tomado pelo poder demoníaco desse ser malévolo e minha vida toda estava sendo vigiado por eles, por esses seres malignos. Dean nunca desistiu de mim, encarou Lúcifer e tentou de todas as formas me fazer tomar o controle. Lembro de bater muito em meu irmão contra a minha vontade, sentindo o sangue dele em minhas mãos e foi entre socos que ele murmurava carinhosamente “Está tudo bem Sammy, estou aqui, estou aqui...”. Todas as lembranças da nossa infância vieram á tona, em um turbilhão de flash’s e consegui tomar o controle do meu corpo e levar Lúcifer comigo para o buraco que os quatro anéis dos cavaleiros do apocalipse abriram e caí nele tendo a imagem amada de meu irmão encostado em seu amado impala.

Tantas coisas aconteceram, ele achou que eu estava morto. Ele prometeu desistir de mim e não o fez, tentava achar uma forma de me tirar da jaula. Ao contrário do que fiz ele cumpriu e voltou para Lisa e Ben. Eles eram uma família e eu voltei da jaula e não contei á ele que estava a solto. Mais uma vez estava escondendo coisas da pessoa que mais me amava no mundo. Arrependo-me e muito. Depois de muito tempo nos encontramos, ele estava perdido em suas guerras internas. Deixou Lisa e Ben por mim e pela segurança dos dois, uma vez caçador sempre caçador... Ele pensava assim.

Fiz meu irmão sofrer muito, voltei da jaula sem alma. Matei pessoas inocentes, quase acabei com a vida de Bobby e ainda assim eles me amaram. Como pode? Dean jamais desistiria de me trazer completo da jaula e ele foi capaz de negociar com a “Morte” o cavaleiro.

Descobrimos que Castiel havia me tirado da jaula incompleto, mas meu irmão conseguiu minha alma de volta. E graças a ele estou com ela até hoje. Nossa batalha ainda não estava terminada, tanta coisa enfrentamos... então vieram os Leviatãs. Seres do purgatório que vieram a esse mundo pela fraqueza de nosso amigo Castiel.

Castiel era amado por Dean, eu sentia até ciúmes em ver aqueles olhos de esmeralda cintilarem de emoção ao ver o anjo. Cass... Como Dean o chamava era seu segundo irmão, e o laço tão forte que criaram era palpável. Era puro. Inocente.

Na batalha contra esses seres gosmentos, perdemos Bobby. E mais uma vez meu irmão sentiu-se impotente, e carregou com ele essa morte. Tantas coisas aconteceram... E o confronto que pensei ser o final com eles ocorreu e com a ajuda do demônio Crowley e de Castiel conseguimos derrotar os Leviatãs. Mas Castiel e meu irmão foram levados para o purgatório com o “coice” que levaram quando acertaram o leviatã Dick Roman, sumiram. E Crowley pegou o profeta que tinha o dom de ler a palavra de Deus que estava em uma pedra sagrada. E eu... fiquei sozinho naquele lugar tomado pelos fluídos corporais dos leviatãs. Perdido. Sem Dean, sem Bobby, sem ninguém. — Sam olhou para o candelabro que piscou algumas vezes, em outras circunstâncias já estaria com sal, água benta e outros arsenais contra o mal. Mas tudo isso havia acabado. Sorriu um sorriso cansado, suas mãos tremeram ainda mais. Precisava terminar sua história para o mundo.

Vocês talvez me condenem por ser tão covarde, mas fugi de tudo. Deixei o profeta de lado, desliguei meus celulares. Fui viver uma vida normal, encontrei Amélia. Encontrei alguém que eu começara a amar. Estava me tornando normal, e Dean estava tornando-se uma lembrança. Até que ele voltou do purgatório.

Não quero que pensem que não amo meu irmão. E vê-lo de volta era tudo o que eu queria. Mas o que desejava era parar de caçar e sentir a vida com Amélia. Os dias que se seguiram descobri o quanto fui irresponsável, pessoas estavam precisando de minha ajuda e as ignorei no momento que desliguei os celulares. Mas eu já não havia dado tudo de mim? Já não tinha perdido todos meus amigos e familiares?

Informei ao Dean que quando resolvêssemos essa parada do profeta, eu iria parar. Voltar com Amélia. Meu irmão sentiu-se traído... Não a palavra certa era abandonado por mim. Não o culpo. Os segredos ainda faziam parte entre nós, e Dean fizera e trouxera um amigo incomum do purgatório. Um vampiro pirata chamado Benny.

Meu irmão estava a cada dia que passava, sentindo-se culpado por não ter trazido Castiel do purgatório, enquanto caçávamos e buscávamos pistas do garoto profeta que escapara de Crowley e se escondera de nós, Dean sentia a dor e a culpa de sobrevivente.

E em um belo dia, Castiel apareceu. E mostrou a ele a verdade. Dean jamais deixara o amigo no purgatório. Castiel é que havia escolhido ficar para se penitenciar de seus erros do passado.

Incrível como o tempo passa e as lembranças ainda estão tão vívidas em minha mente, é como se eu ainda pudesse tocá-las e até mesmo vislumbrá-las.

Era um dia escuro demais para ser normal, Crowley estava com a metade da pedra da palavra de Deus e nós com a outra. Castiel havia quebrado-a. Assim o demônio não poderia saber mais do que devia. Kevin o profeta, havia nos dito que nela encontrava-se a forma de selar de uma vez por todas a porta do inferno. Era o dia do confronto final.

Tudo havia sido muito rápido, Dean conseguira pegar o pedaço da pedra de Crowley, quando Benny tentara morder o demônio e entregou ao Kevin que de encontro a outra metade elas se tornaram uma novamente. Havia um encanto que selava o mal, e Kevin estava pronunciando-a. O demônio Rei do Inferno ficou ainda mais furioso, sua verdadeira forma estava clara aos nossos olhos. Naquele dia pela primeira vez em toda minha vida senti que o momento final era esse. Fui arremessado contra a parede e nela fiquei por um tempo atordoado pelo impacto, porém via com clareza o demônio investir contra Castiel com a espada angelical. Era o fim para meu amigo. No entanto era o corpo de meu irmão que estava transpassado pela lâmina. Lembro que gritei um NÃO tão alto que ainda sinto minha garganta queimar. Uma luz tão forte tomou o recinto, Dean emanava essa luz. Crowley estava mais espantado do que nós. Os raios de luz que circundavam o corpo cambaleante de Dean eram como lanças afiadas perfurando o corpo do rei do inferno, que se contorcia ao contato delas. Kevin terminou o encanto e da parede uma mão enorme e disforme, que se analisássemos de perto estava sendo formada por inúmeros corpos de demônios, vi Ruby, Meg, Azazel, Alasteir e outros que me fogem o nome, fazendo parte daquela horripilante visão. Levantei rapidamente, queria proteger meu irmão que ainda mantinha-se em pé, como um guerreiro. Aquela “mão” agarrou Crowley e sumiu pela parede em uma explosão de várias luzes vermelhas.

Com o impacto fomos jogados longe. Aos poucos senti meu corpo movimentando-se e lembrei de Dean. Ví Castiel segurando-o no colo. Eu nunca vira um anjo chorando. Ví a mão de meu irmão secar as lágrimas de Cass. A luz que emanava de meu irmão ainda continuava. Eu não entendia, aproximei-me. Dean estava olhando-me. Do canto de sua boca um filete de sangue escorria. O sentimento de amor ao meu irmão tomou conta de mim, e solucei sem nenhuma vergonha.

— Sammy... Acabamos com o mal na terra. Você está livre para viver uma vida plena com Amélia.

Interrompi-o:

— Não sem você, Dean!

Ele sorriu e suas palavras ainda me fazem sorrir:

— Ah, Sammy. Qual é? Olha para mim, tô cheio de luz, hã? Pareço até um astro!

Aquele olhar, aquele vocabulário brincalhão me fizeram sorrir, vi através de seus olhos a emoção de me ver esboçar aquele sorriso que ele tanto amava e que eu havia esquecido de mostrar-lhe mais vezes. Dean se contentava só com isso? Com a minha felicidade? Queria terminar com tudo isso para depois me libertar para a vida? Sabia que Amélia e eu correríamos perigo se ficássemos juntos antes de fechar as portas do inferno. Ele sabia e eu não o entendia.

Não pude dizer nada mais. Daqueles lábios um suspiro profundo se desfez e seus olhos se fecharam para sempre.

— Não Dean... Volta! — Sam sacudiu o corpo do irmão. O que foi revelado a ele em seguida esmagaram sua consciência. No peito do irmão o pingente caiu para o lado. Revelando que ele nunca o colocara no lixo.

Eu caí de joelhos segurando sua mão. Esquecí de Cass, Kevin e Benny. Era apenas eu e meu irmão. Não sei quanto tempo se passaram. Olhei para Castiel e implorei a ele que trouxesse Dean de volta. Ví que prontamente Castiel colocou sua mão sobre a testa do meu irmão. Nada aconteceu. Tanto ele como eu nos olhamos. Entendemos que Dean partira. Nos deixando. — Sam agora atirou a caneta contra a parede. As lembranças estavam corroendo-o. Um movimento no escritório chamou a atenção do caçador e seus olhos cansados se fixaram em uma pequena sombra.

— Sou eu vovô. — Disse o pequeno Dyan. — O senhor está chorando?

Sam limpou as lágrimas, e abraçou o neto.

— Um pouco, querido Dyan. Lembrando de meu irmão Dean.

— Ah, ele era um herói. Não é? Por isso ele não está aqui.

Sam colocou o garoto no colo, pegou outra caneta e voltou a escrever as últimas linhas.

Castiel levantou-se. Eu estava focado no corpo de meu irmão que não percebi o que acontecia ao nosso redor. Ouvi Benny resmungar algo, tirando-me daquele transe. Olhei para Castiel que agora estava envolto a uma luz que transmitia serenidade, paz e compaixão. Segui com o olhar embaçado pelas profusas lágrimas o movimento que ele fez. Ele abaixou-se pegando Dean no colo. Depositou um beijo na testa do meu irmão. Olhou para todos e com apenas aqueles olhos azuis tão brilhantes nos agradeceu seguindo para aquele feixe de luz que se intensificava formando um portal. Não me contive, era demais para mim. Tive a sensação de ver claramente imagens de pessoas queridas, papai, mamãe, Bobby, Jo, Ellen, Jéssica. Todos com um sorriso nos lábios e meu coração foi tomado por uma comoção intensa e tranqüilizante. Ví Castiel atravessar aquela luz e desaparecer com meu irmão nos braços. No entanto o corpo de Dean ainda estava comigo.

— Vovô, o senhor está bem? — Sam estava sentindo as lágrimas descerem pela sua face cansada. Mas sentia-se bem. Não sabia o porquê. Mas sentiu-se calmo.

— Agora estou bem, Dyan. Eu estava terminando esse livro. Quando você crescer e ter idade o suficiente passará ele de geração em geração.

— Esse livro é sobre ele? — Sam sorriu e olhou para o garoto que apontava mãozinha gordinha para a janela. Sam sentiu o coração bater mais forte. Lá estava Dean olhando-o com um sorriso e uma paz tão envolvente que o moreno levantou-se com Dyan no colo.

— Dean? Obrigado.

Dean Winchester sorriu, e um vento suave abriu as janelas deixando o sol adentrar e tocar o peito do moreno que olhava para o céu juntamente com o neto.

— Sim, Dyan. Era ele.


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?Beijos.



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