POV Ludmila

Foco, Ludmi. Era isso que eu precisava acreditar. Me virei para o espelho e me assustou ao ver o que havia refletido. Eu via uma menina confusa, apaixonada como existiu há alguns anos atrás e ele fez questão de acabar. Eu sorri para o meu reflexo e abri a torneira numa tentativa de tentar apagar o que eu havia pensado esses dias. Eu? e o León? Loucura. Isso não era possível. Isso só era coisa da minha cabeça e eu sabia muito bem.

-Ludmi, eu tive uma ideia! -Escutei uma voz ecoando para o banheiro e revirei os olhos por saber perfeitamente de quem era. Naty. Ela tem sido uma ótima amiga minha porém eu sabia que não era recíproco e eu ficava me perguntando se ela sofria com as coisas que eu faço com ela constantemente, mas preferi ignorar os meus sentimentos e voltar a ser "Ludmila" que todos esperavam eu ser. 

-Falo logo, Nathalia. Porque eu já estou cansada de ouvir essa sua voz. 

-Tá, tá. Olha só. E se a gente for visitar a Violetta amanhã? É que ela voltou e eu quero vê-la e... 

-Para Nathalia! -Resmunguei. - Para de falar da "Violetta." Eu não aguento mais as pessoas gostando dela o tempo inteiro como se ela fosse uma menininha inocente só que na verdade ela é uma menininha mimada que chega até a ser pior que eu. Ela pega as minhas coisas, ela rouba tudo que eu mais amo. E eu não vou aceitar mais. 

-O que você quer dizer sobre "pegar as suas coisas?" -Ela arqueou as sobrancelhas confusas e nesse momento, meu coração gelou. Olhei rapidamente para o espelho e senti como se ele tivesse me sugando ou dando um "sermão" por tudo que eu havia dito. Fiquei me perguntando se eu havia visto muito filmes de terror porque isso geralmente não acostuma acontecer, mas eu apenas me virei para a morena que ainda estava com sobrancelhas arqueadas e sorri friamente.

-Acho que minha vida. É, ela roubou tudo que o que mais queria. Eu queria ser amada. Eu queria que as pessoas gostassem de mim pelo menos em um momento e que não vissem só uma Ludmila que só pensa em ela mesma. Eu queria alguém que visse uma Ludmila por atrás desse monstro. 

-Como o León te via? 

-E isso importa? Não interessa como ele me via, Nathalia. Não interessa. Porque no final das contas, ele está com ela. 

-Então ele é o problema? Você quer ele de volta? -O que ela falou realmente me deixou perguntas que nunca havia me perguntado. E se não fosse temporário? E se o que eu sentia por ele seria algo que fica crescendo dentro de mim? Eu não podia me permitir sentir assim. Eu era Ludmila e nenhum León Vargas poderia me deixar pra baixo.

-Nathalia, eu quero uma água. 

-Mas Ludm...

-AGORA! -Percebi que ela olhou pra baixo por instante e me senti culpada por não deixar ela tentar me entender, mas é que minha mente está tão confusa que eu não sei mais o que pensar. É, León,você realmente está mexendo comigo.

POV León 

Fiquei um tempo tentando escrever alguma letra para a banda, mas parecia que nada saia. Não sei porque mas travava. Eu desisti da minha tentativa e fiquei olhando para um retrato de Violetta Castilho. Como ela era linda. Suspirei pesadamente ao me deitar na cama. Eu queria tanto ela comigo, eu queria tanto que ela estivesse aqui. Ela voltou, mas parece tão distante. Ela não me ligou e nem fiz questão de ligá-la de volta. 

-León, telefone. -A empregada da minha casa, Clara, veio me informar que havia uma pessoa no telefone e então eu fui atender esperando que fosse a minha doce e amada namorada. 

-Alô? -Perguntei sentindo uma respiração forte no outro lado da linha. 

-León, eu preciso saber uma coisa. -Que estranho. Ludmila? Eu sorri instantaneamente ao ouvir a sua voz. Não era uma voz doce, era uma voz... especial. Eu podia apostar que era ela só por causa da respiração forte do início, mas quis acabar logo com as minhas suspeitas.

-Diga, loira. 

-Quando eu namorava com você, eu era legal? -Nessa hora, eu ri estrondosamente e percebi que ela correspondeu minha risada. 

-Por que você quer saber disso? Olha eu... 

-León, me diga. Eu preciso saber disso. 

-Não. Você não era legal. -Percebi que a voz do outro lado da linha tinha ficado falha e me arrependi por ter sido sincero. 

-Então por que você gostava de mim?

-Porque você é assim. Desse jeitinho. Você é chata, insuportável e só pensa em si mesmo para as pessoas, mas eu gostava de saber que eu era o único que não te enxergava assim. Você é especial, Ludmila. Especial ao ponto de eu querer analisar o "porquê" você era desse jeito. Eu acho que as pessoas não ligam muito para as outras ou só pensam que ligam, mas eu ligava pra você. Quer dizer, eu ainda ligo.

-Então você não me acha insuportável ou chata?

-Eu não disse isso. Mas eu gosto que você seja assim. Você é diferente. Não finge ser quem é e isso eu adoro isso em você. 

-Obrigada. Eu acho que precisava escutar isso. 

-O seu espelho não te ajudou hoje? 

-Não, eu acho que tirou um dia de folga. -Brincou e eu sorri. -Mas amanhã é um novo dia. 

-Pois é, loira. Amanhã é um novo dia. Eu espero que não seja tão insuportável e chata assim.

-E perder a oportunidade de você me adorar? Nahhh. 

-Boa noite, loirinha maluca. 

-Boa noite, Lion.