Contos De Uma Vilã escrita por Birdy


Capítulo 35
Nothing ever lasts forever


Notas iniciais do capítulo

Gente, que tristeza T-T
Nem acrdito que esse é o último capítulo, depois de... 3 (?) longos anos
Foi uma jornada e tanto. Afinal, essa foi minha primeira fanfic original e eu me apeguei muito a ela e aos seus personagens... Vou sentir saudade de escrever sobre a Louise e suas loucuras hahah Vou sentir saudade de vocês também, que me acompanharam todo esse tempo e viveram as emoções de cada capítulo.
Na verdade, eu nem vou sentir tanta saudade não porque CONTOS DE UMA VILÃ TERÁ CONTINUAÇÃO!! É isso mesmo, gente, não é ilusão. A continuação é um projeto que minha amiga e eu estamos desenvolvendo, e eu acho que promete hein! Aliás, o link da história é esse aqui: https://fanfiction.com.br/historia/661315/CronicasdeHeroiseViloes/
Enfim, depois de 3 meses (sorry pela demora kkk) aqui está o derradeiro capítulo:
p.s.: Obrigada, Angel, pela nova capa! Ficou muito muito muito muito maravilhosa, eu amei!
p.s.2: Origada Miss Marple pela sua recomendação! Eu a m e i, sério, eu tô no chão de tão linda!! Quase chorei, juro sacfokwsdjwd muito muito obrigada, você é incrível e eu amo ter você como leitora, porque você consegue sempre me arrancar um sorriso ^-^



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P.O.V Louise

–Você está tão fora de forma que até o Isac conseguiria te derrubar. – April zombou pela milésima vez desde que eu voltara do DEC.

–Para de alucinar, April. – Rebati, ofegante, tentando me recuperar das várias corridas que eu dera na pista do centro de treinamento da Academia.

–É, não é pra tanto. – Lizzie se intrometeu, debochando de Isac, que estava a alguns metros de nós treinando com uma besta.

Ele tinha acabado de preparar sua besta e estava prestes a disparar quando Lizzie fez o comentário. Instantaneamente, ele virou-se para nós, apontando a besta diretamente pro nariz de Lizzie. Seus olhos estavam cerrados na direção dela, mas eu percebi que ele se divertiu quando os olhos dela se arregalaram.

–Chega de blasfêmia, D’Evil menor. – Isac retrucou, em seguida baixando a besta.

–Ih, chamou de baixinha. – Provoquei minha irmã, que imediatamente fechou a cara.

–Eu sou quase do seu tamanho. – Ela reclamou, como uma criança birrenta, me fazendo sorrir. – E Isac, a April que começou!

Dito isso, Isac voltou a levantar a besta, desta vez apontando para April. Ela não se mostrou intimidada, colocando as mãos na cintura em desafio. Eles ficaram assim por mais alguns segundos, enquanto eu e Elizabeth observávamos em silêncio, apenas para dar um suspense.

April, que é hiperativa e não tem muita paciência, acabou sendo a primeira a se render, indo até Isac e praticamente pulando nele ao abraçá-lo. Isac largou a besta, abraçando-a de volta. No entanto, Isac logo se vingou, fazendo cócegas na April enquanto ela ainda estava colada a ele. April se afastou, xingando, e Isac riu.

–Por que vocês estão parados? – Cooper apareceu perguntando, fazendo o melhor de si para bancar o treinador malvado e falhando miseravelmente. – Andem, andem. Tempo é dinheiro, vamos lá.

Como se tivéssemos ensaiado, cada um soltou um grunhido sôfrego e voltou a sua posição. Isac voltou a montar a besta, eu me posicionei na pista de corrida para voltar a correr, porque ainda faltavam muitas voltas, e Lizzie e April voltaram ao treino de luta corpo a corpo.

Cooper estava prestes a sair quando se virou novamente.

–Louise? – Ele chamou, quando eu estava quase começando a correr.

–Que?

–Mais cinco voltas e você pode ir almoçar. É melhor não forçar, já que você voltou faz pouco tempo e não está muito em forma. – Ele falou e foi embora, sem esperar minha resposta.

Soltei um gritinho de animação e soquei o ar, mostrando minha língua pra April, que tinha feito careta.

–Vai fazer suas cinco voltas e vai embora logo, já tô cansada de ver a sua cara. – April falou com tédio e eu ri alto, iniciando minha corrida.

Cinco voltas e um banho mais tarde, eu fui para o refeitório em busca de comida. No entanto, em meu caminho havia Sean. Ele estava sentado de costas para mim, falando com duas pessoas que eu conhecia de vista apenas.

Aproximei-me por trás de Sean e passei os braços ao redor de seus ombros, o que inicialmente o assustou. Ele se virou rapidamente e sorriu quando percebeu que era eu.

–Olá, Louisiana. Você está muito cheirosa, sabia?

–Eu sou cheirosa, querido. – Retruquei, soltando Sean e cumprimentando com um “oi” as pessoas com quem ele falava. Uma era uma menina com pele cor de oliva e um cabelo blackpower maravilhoso que eu invejava e o outro era um garoto moreno e um pouco baixo (e quem sou eu pra falar de altura?).

–Louise – a menina falou, como se reconhecesse o nome – Eu sou Andy, bem vinda de volta.

–De novo, né. – O moreno baixinho completou com humor. – Sou o Hamilton, mas pode me chamar de Hammer.

Eu ri com o comentário, concordando com a primeira parte e achando graça do apelido (que por acaso significa martelo).

–Eu sou uma habitante sazonal por aqui. Mas espero que minha próxima excursão não seja assim tão cedo. – Falei, depois de apertar a mão de cada um.

–Louise, você é um charme falando termos difíceis. – Sean se intrometeu, com o sorriso malicioso de sempre.

–Você já disse algo parecido. – Comentei – Mas vou perdoar porque dessa vez você não me chamou de Louisiana.

Sean fez uma careta de desagrado ao perceber que eu dizia a verdade.

–Que fofos. – Andy falou, sorrindo – Eu tenho que ir agora, ainda preciso treinar muito. Você vem, Hammer?

–Sempre. – Ele falou como se fosse uma piada interna entre os dois. –Tchau, Sean. Até mais. Foi muito bom te conhecer, Louisiana.

E então os dois saíram, antes que eu pudesse me despedir.

–Rá! – Sean exclamou, segundos depois, rindo da minha cara.

–Desgraçado. Daqui a pouco todo mundo aqui vai estar me chamando de Louisiana. – Reclamei de brincadeira, dando um soquinho em seu braço.

–Esse é o meu objetivo, querida. – Sean retrucou com sarcasmo, pulando da cadeira e me dando um beijo na testa e indo na direção da fila do almoço antes que eu pudesse bater nele novamente.

Para a (in)felicidade de Sean, fui atrás dele. Mas não por causa dele, e sim por causa da comida.

Logo já tínhamos nos servido e estávamos mais uma vez sentados à mesa. Parecia que queríamos competir quem tinha o prato mais cheio, porque ambos pareciam possuir quase montanhas de comida.

–Você está grávido ou é normal você comer tudo isso? – Questionei.

Sean encarou seu prato, em seguida encarou o meu e então voltou seus olhos para mim.

–Não seja hipócrita, sua gulosa.

Fiz minha melhor cara de ofendida.

–Que calúnia! Faz mais de uma semana que eu não como direito, tá? Lá no DEC a comida que eles davam não dá pra alimentar nem metade de uma pessoa.

–Sempre culpando os outros. Que coisa feia, Louise. –Sean rebateu, falsamente decepcionado.

–Não mude de assunto! Você pode ver claramente que eu estou quase esquelética por causa daquele lugar. - Defendi-me.

–Claramente? – Ele perguntou, mudando instantaneamente para o modo malicioso. Eu já imaginava o que viria em seguida. – Não, não havia reparado antes. Mas agora, analisando melhor...

E então ele me olhou de cima a baixo descaradamente, com um sorriso completamente pervertido.

–Modos, Sean. – O repreendi, virando sua cabeça pro outro lado, para ele parar de encarar. – Almoça, vai. Pelo menos assim você não fala nada.

–Nossa, Lou, essa doeu. – Sean reclamou, com a mão sobre o peito e um olhar magoado que quase me convenceu.

–Shh, não atrapalhe minha digestão. – Falei, colocando meu garfo entre nós como se fosse um sinal de “pare” e logo depois dando uma garfada no prato. Sean riu, também começando a comer.

Passamos alguns minutos em silêncio, apenas apreciando o menu do dia e a companhia um do outro. Era agradável estar ao lado de Sean, mesmo que em silêncio, apenas almoçando. Era bom estar de volta, estar ali com ele.

Isso me fez lembrar do DEC, o que eu percebi estar se tornando muito frequente desde que eu voltara. Qualquer coisinha acabava sendo capaz de trazer de volta as lembranças daquele lugar odioso. Alguns flashbacks surgiam do nada, e eles me perturbavam mais do que eu imaginava ser possível. E, aparentemente, aquilo era perceptível para as outras pessoas, porque sempre que eu voltava desses devaneios eu percebia que quem estava ao redor me encarava estranho.

Ou a pessoa me sacudia para me tirar da viagem extracorpórea. O que é o que Sean estava fazendo, no caso.

–Lou, Lou, Lou – Ele me chamava, parecendo preocupado.

O fitei, com os olhos arregalados, sem conseguir dizer nada. Ele parou de me sacudir e olhou fundo nos meus olhos, querendo descobrir o que estava me perturbando. Desviei o olhar, tentando evitar que ele percebesse, mas ele levantou meu queixo com o dedo e me obrigou a encará-lo.

Um brilho de reconhecimento passou pelos olhos de Sean e ele suspirou, me puxando para perto de si e me abraçando. Passei os braços em volta dele e suspirei também, me aconchegando ao seu peito.

–Louise, isso não está te fazendo bem. –Ele falou baixo, mas de uma maneira que eu pude ouvir – Você precisa falar o que aconteceu. Não precisa nem contar pra mim, especificamente, mas para alguém, pelo menos. Você precisa tirar esse peso das costas.

Ele tinha razão. E eu queria contar para ele. Eu queria contar para todos sobre os experimentos horríveis aos quais eu fui submetida. Mas eu simplesmente não conseguia, tudo ficava preso na minha garganta. Eu não sabia dizer se aquilo estava acontecendo por causa do trauma do que eu passei ou se era por teimosia, porque eu não queria que me vissem como uma fraca ou como alguém diferente da Louise que eles conhecem.

Aquilo estava parecendo um drama muito maior do que a situação exigia e isso me irritava.

–Eu vou contar. Só... não agora. – Falei, me afastando de Sean. – Está tudo muito recente ainda, eu vou me recuperar.

Sean não pareceu convencido, mas concordou e continuou a comer. Ele sabia que tentar continuar no assunto não daria certo.

No entanto, antes de sequer dar a primeira garfada, ele se interrompeu.

–Ei – Ele me cutucou, chamando minha atenção, e deu um sorriso – Depois eu tenho uma coisa para te mostrar.

Franzi a testa, curiosa e temerosa ao mesmo tempo.

–Não pergunte, eu não vou te dizer. – Sean sorriu travesso. Olhei para ele com impaciência, mas não é como se fosse funcionar, então apenas revirei os olhos e voltei a comer.

Terminei a refeição pouco depois, sem conseguir arrancar nada de Sean sobre o que ele queria me mostrar. Ele, depois de acabar de comer, simplesmente se levantou e me pegou pelo pulso, me puxando para fora do refeitório, correndo como se fosse uma criança atrás de doce.

Precisei correr um pouco, para não ser arrastada por Sean. Nós quase esbarramos em várias pessoas, mas pelo menos ele sabia aonde estava indo e sequer hesitava quando nos deparávamos com bifurcações e curvas.

Eu não precisei de muito tempo para reconhecer o caminho que ele estava tomando, até porque não era longo. Sean estava me levando para as câmaras de simulação.

–Sean, o que você está planejando? – Perguntei, um pouco impaciente por causa da curiosidade.

Em resposta, ele apenas olhou para mim e deu uma risadinha, me puxando para dentro de uma câmara vazia.

–Sean – Reclamei, quando ele colocou as mãos sobre meus olhos.

–Shh.

Nesse instante, ouvi o ruído suave e familiar da simulação sendo criada à nossa volta. Fiquei inquieta, me perguntando qual era o cenário que estava surgindo. Senti um vento gelado passar cortante por mim e senti minha respiração falhar um pouco. Além disso, o chão sob meus pés havia se tornado rochoso.

Sean me guiou para frente, devagar, ainda com as mãos cobrindo meus olhos.

–Cuidado para não tropeçar.

–É meio difícil quando eu não consigo ver onde estou pisando. – Respondi num murmúrio mal-humorado, fazendo assim como ele havia dito para não fazer e sem querer tropeçando.

–Você me deprime, Louisiana. – Sean falou, e percebi que ele sorria.

Depois de mais alguns passos, Sean tirou as mãos dos meus olhos e eu encarei admirada e sem fôlego a paisagem à minha frente.

Estávamos na ponta de um ‘penhasco’ (o que eu já havia presumido), que embaixo se abria e formava um vale repleto de uma vegetação viva e colorida. Em meio às árvores era ainda possível ver um grande lago espelhado, cercado por montanhas semelhantes à que estávamos.

–Para de fingir, eu sei que você está sem fôlego por causa de mim e não por causa dessa paisagem. – Sean falou no meu ouvido, me fazendo rir.

Me virei para ele, passando os braços em volta do seu pescoço.

–Na verdade não é nenhum dos dois. É porque aqui é muito alto e o ar é meio rarefeito. – Respondi, assistindo ele revirar os olhos com um sorriso divertido.

–Espertinha. –Ele falou, olhando por cima dos meus ombros para o vale – Mas é melhor você tomar cuidado com o que diz, porque...

–Porque... ? – Ergui as sobrancelhas, interrogativa e desafiadora.

Então, subitamente, Sean fingiu me jogar para trás, na direção da ponta do precipício, agarrando meus braços novamente na última hora.

Assustada, me segurei a Sean com força.

–Porque eu posso fazer isso. – Ele sorriu, completando a fala anterior. O sorriso sacana em seus lábios não poderia ser maior.

–Imbecil. – Xinguei, me afastando e o empurrando de leve. – Enfim, por quê me trouxe aqui?

Um sorrisinho misterioso dançou pelos seus lábios.

–Não diga que foi para me jogar do penhasco, porque eu sei que você não vive sem mim. – Interrompi, antes que ele respondesse qualquer coisa.

–Louisiana, você tem umas ideias absurdas. Jogar você do penhasco? – Ele soltou o ar com deboche.

Ergui as sobrancelhas, achando graça. Eu conhecia Sean bem demais.

–Mas o motivo real... – Sean se tornou sério, fitando meus olhos. – É que eu não tenho uma desculpa boa o suficiente para te trazer aqui. Eu achei essa simulação quando você estava ainda no DEC e achei que fosse gostar.

Então abri um sorriso verdadeiro e enorme para ele, abraçando seu pescoço.

–Você é adorável, assim como esse lugar. – Falei, vendo-o sorrir de volta. – Mas você ainda não está dizendo toda a verdade.

O sorriso de Sean murchou, me fazendo soltar uma risada.

–Não seja difícil, Louisiana, apenas acredite nas minhas palavras e aprecie a paisagem.

–Vou deixar passar dessa vez. – Falei, com os olhos cerrados em sua direção.

Sean ignorou meu tom acusadore foi se sentar na ponta do precipício, me puxando para ficar ao lado dele. Me encostei no ombro dele e fiz como ele disse, apreciei toda aquela exuberância e beleza que se estendia sob nossos pés.

Ficamos algum tempo em silêncio, até ele se pronunciar.

–Você percebeu algo na atitude da sua irmã desde que voltou? – A pergunta me pegou de surpresa.

Franzi a testa, fazendo uma retrospectiva mentalmente de tudo o que tinha acontecido desde que eu havia voltado. Eu lembrava de praticamente tudo o que tinha acontecido, afinal só se tinham passado alguns dias, mas não lembrava de nada marcante, tirando o fato de que, na volta do DEC, havíamos deixado Ayesha no Instituto. Mas, fora isso, nada me fez reparar nenhum comportamento diferente na minha irmã.

–Como assim? Ela está agindo estranho? – Perguntei, me sentindo levemente culpada por não ter percebido nada.

Sean riu.

–Não, ela tá normal, eu acho. – Ele falou, me fazendo suspirar de alívio internamente. – É que... não sei, ela e o Damien parecem estar bem próximos.

Percebi que Sean estava tentando parecer natural, mas que na verdade estava ansioso para dizer aquilo tudo. Sorri, logo entendendo aonde ele queria chegar.

–Quão próximos? – Perguntei, achando graça da situação que ele estava e, só por isso, enrolei como se não soubesse do que ele estava falando.

–Ahn – Ele parecia sem graça – Bastante próximos.

Não consegui me conter e soltei uma risadinha, fazendo-o se virar para me olhar.

–Bastante próximos tipo você e eu? –Falei baixo, aproximando meu rosto do dele e sorrindo maliciosamente.

–Espero que não cheguem nem perto. – Sean respondeu com a voz levemente rouca, enquanto olhava pros meu lábios descaradamente.

Eu ri e me afastei um pouco, para sua infelicidade.

–Não banque o irmão mais velho ciumento, senhor Sean. – Dei bronca.

–Ah, Louise, mas ela é... – Sean começou.

–É minha irmã, não sua. – Falei em tom brincalhão. – E eu sempre suspeitei dos dois. Quer dizer, na verdade não. Mas, pensando nisso agora, acho que os dois podem ser fofinhos juntos.

–Fofinhos? Damien e ela ficam implicando um com o outro o tempo todo. – Sean reclamou, exasperado.

–Isso me parece familiar. – Retruquei acusadoramente, olhando para ele, que fez careta por causa da indireta.

–Pare de compará-los a nós dois. – Reclamou, birrento. Eu ri, apertando suas bochechas.

–Ai, Sean, você é bem ciumento às vezes. – Resmunguei, me aconchegando nele.

Eu poderia muito bem dormir daquela maneira. Meus pés balançando suavemente, o frio do vento anulado pelo calor do abraço de Sean, que era, aliás, muito confortável. Mas não, o universo não gostava de me ver confortável e calma. Por isso, repentina e bruscamente Sean se mexeu, me assustando.

–Ei – Ele falou, como se lembrasse de algo – Falando em relações...

Ele se interrompeu, como se não estivesse muito certo do que dizer ou como se precisasse reunir coragem.

Aguardei, olhando para ele. Juro que nada passava na minha cabeça naquele momento. Nada. Então me surpreendi quando ele perguntou:

–Louise, o que você acha de nós dois?

Por um milésimo de segundo, fiquei confusa. Em seguida, respondi sem titubear.

–Eu acho... que nós somos incríveis, juntos.

Então Sean fez uma cara decepcionado que me divertiu.

–O que? – Eu perguntei, segurando o riso.

–Pensei que você diria “extraordinários”. – Falou, fazendo um biquinho.

Então eu soltei a risada, fazendo-o sorrir também.

–Você é muito convencido, Sean, aprendeu isso com quem?

Em resposta, ele olhou significativamente para mim. E eu rebati, mostrando a língua, em um gesto muito maduro da minha parte.

–E o que você acha de nós dois? – Perguntei.

–Acho que “nós dois” somos incríveis também, mas ainda é uma relação muito abstrata pro meu gosto. – Sean disse falou, como se liberasse de uma vez o que perturbava as profundezas do seu ser.

Logo entendi o que ele queria dizer.

–Depois diz que eu que fico usando termos rebuscados. – Ironizei. – E eu gosto de coisas abstratas, nunca fui muito boa com as concretas.

–Mas você não estaria disposta a ter algo concreto se... fosse comigo? – Ele perguntou, sem me olhar diretamente.

–Sean, isso foi um pedido de namoro? – Perguntei, incrédula e com um sorriso discreto nos lábios.

–Não sei, você diria ‘sim’? – Ele retrucou, um pouco brincalhão e um pouco apreensivo, desta vez me olhando diretamente nos olhos.

Fingi estar em dúvida por um instante, considerando a resposta, quando, na verdade, eu já havia decidido. Sean se mexeu, incomodado, aguardando o grande veredicto.

–Por você... Sim – Falei, com um sorriso. Vi o sorriso de Sean se abrir também, quase como se fosse rasgar seu belo rosto.

Ele imediatamente me puxou para perto, e meus lábios foram de encontro aos dele em um beijo profundo, calmo e delicioso. Com as mãos dele na minha cintura me puxando cada vez mais perto, eu mal conseguia respirar, e o ar rarefeito naquela altitude também não ajudava em nada.

Ao lembrar de onde estávamos, afastei o rosto de Sean um pouco, com as mãos uma de cada lado do seu rosto.

–Agora sei porque me trouxe aqui. Se eu dissesse não você ameaçaria me jogar daqui de cima. – Acusei, com um sorriso divertido.

Sean deu de ombros, rindo.

–Eu nunca faria isso, namorada.

–Sei que não, namorado. – Falei, fazendo uma careta para o nome - Mas pelo amor de Deus, não me chame assim. Até Louisiana é melhor que “namorada”.

–Então tá. Vai ser Louisiana. – Ele parecia ter acabado de ganhar na loteria, de tão feliz. – Lembre-se que você que pediu por isso.

Suspirei, exasperada, mas sem estar realmente com raiva. Sean aproveitou e roubou um beijo, acho que pelo simples fato de ele gostar de me deixar irritada.

–O que a gente faz agora? – Perguntei, um pouco em dúvida, porque eu nunca havia namorado ninguém. – Sai contando pra todo mundo, escreve na parede, no Facebook?

Sean riu.

–Sei lá. Acho mais divertido deixar eles descobrirem sozinhos. – Ele falou, me abraçando pelo ombro.

–É, boa ideia. Mas acho que eles já devem saber.

Ele então deu de ombros.

–A gente podia ir pra Bahamas.

–Tipo uma lua de mel? – Questionei, divertida.

–Ei, ei, vai com calma. – Sean falou, parecendo levemente desesperado. – Nosso status ainda é “namorados”, não “casados”.

–Relaxa, Sean. – Disse, rindo e massageando levemente as costas dele em um gesto quase automático. Nós dois estávamos precisando de férias – Eu topo. Já até sei em qual ilha a gente pode ir.

–Que espertinha. – Sean zombou – Eu já sei em que barco a gente vai.

–E eu já sei quem vocês vão levar! – Uma voz se pronunciou atrás da gente. Nos viramos juntos e vi que estavam todos ali: April, Lizzie, Isac, Emily e Damien. – A gente, no caso.

Eu estava prestes a perguntar a Lizzie quanto eles tinham ouvido e como tinham aparecido ali do nada, mas percebi que não me importava muito.

–Só levo vocês se for pra jogar pros tubarões. – Rebati, me levantando e indo até eles.

–Pode ir parando com isso, menina Louise. – foi a vez de April falar – Vocês vão levar a gente sim, senão vou arranjar o maior barraco aqui na Academia. Vai ter até a Nasa atrás de você.

Revirei os olhos.

–Tá. Mas é melhor se comportarem, senão, vocês sabem... – Falei a contragosto, deixando no ar a ameaça.

Emily, Lizzie, April, Damien e Isac fizeram um hi-5 coletivo, comemorando. Eu sabia que a viagem, com eles, seria bem mais divertida, mas eu tinha que manter a pose, por isso estava fazendo aquela cena toda.

–Vamos lá, agora que vocês são um casal oficial a gente precisa marcar no calendário – Damien falou.

Franzi o cenho.

–Sim! – Emily concordou, batendo palminhas. – Essa data não pode ser esquecida.

–Não sejam tão sensacionalistas. – Reclamei, revirando os olhos.

–Nossa, Louise, precisa descartar nosso amor dessa maneira? – Sean brincou, se fazendo de ofendido.

–Por que eu fui me meter com gente tão problemática, senhor? – Perguntei quase que para mim mesma. Isso fez com que Sean risse, seguido de Emily, Isac e Damien.

Lizzie e April, que pareciam antes estar discutindo algo sobre a nossa festa de noivado ou uma outra coisa assim, se juntaram ao grupo. Elizabeth foi logo para o lado de Damien, como se fosse involuntário, e aposto que nem ela mesma percebeu isso. Mas eu percebi. Percebi também que, dali em diante, eu passaria a observar mais minha irmã e Damien, para comprovar o que Sean havia dito.

–Gente, isso tudo é muito lindo, mas que tal sairmos daqui? A gente pode continuar a conversa lá fora. – Isac finalmente se pronunciou, e só então eu lembrei que ainda estávamos na câmara de simulação, próximos a um precipício.

–Podíamos ir todos para a Francis II – sugeriu Lizzie. Todos concordaram assim que as palavras deixaram a boca de Lizzie, o que me deixou sem opção.

–Obrigada por se auto convidar para a minha casa. – Ironizei, recebendo um dar de ombros e um sorrisinho travesso como resposta. – Andem, vamos logo.

Nisso, saímos todos da câmara e fomos para o estacionamento, pegar os carros para ir para a Francis II. Eu me sentia quase normal, com Sean ao meu lado e vários amigos idiotas ao redor, fazendo piadinhas e implicando uns com os outros. Com eles junto a mim, eu sentia que podia destruir o mundo ou dominá-lo. Eles me ajudariam a superar qualquer coisa e me acompanhariam até o fim do mundo (e além). Eles eram tudo o que eu precisava. Nós, juntos,éramos uma mistura explosiva e magnífica, como fogos de artifício.

Jamais nos separaríamos, pois nosso destino era estarmos unidos.

Nós éramos únicos, e sempre seríamos.

Nós éramos incríveis.

Nós éramos vilões.

Obs para quem não lê as notas: Contos de uma Vilã terá continuação, que está no link: https://fanfiction.com.br/historia/661315/CronicasdeHeroiseViloes/


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Notas finais do capítulo

Bem, gente, é isso. Espero que tenham gostado! Mesmo com a continuação, eu sinto meu coração meio partido, mas espero ver vocês lá! Adioooos o/