Contos De Uma Vilã escrita por Birdy


Capítulo 33
Quase lá - mas quase não é suficiente


Notas iniciais do capítulo

Hey povooow
Não, eu não morri (embora algumas pessoas talvez queiram que eu morra porque né kkkk)
Desculpa mesmo, mas esse final de semestre está sendo MUITO complicado e aí não teve como eu postar cedo como eu queria
Pelo menos tá aí o capítulo, espero que gostem!
Ah, e um aviso para as leitoras que estão tão desesperadas quanto eu para o fim da fic: eu e minha amiga estamos trabalhando em uma continuação para Contos de Um Vilã! ^-^ por enquanto isso é tudo o que eu posso falar, mas garanto que vocês vão gostar.
Lembrem-se que já está chegando o final T-T infelizmente
Mas, enquanto não chega, fiquem com o capítulo 33:



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P.O.V Louise

Já se tinham passado dois dias desde que eu havia recebido a mensagem “misteriosa”. Na verdade eu já tinha quase certeza absoluta de que era coisa de Benjamin, mas ele não demonstrou nada quanto a isso. Provavelmente para evitar a possibilidade de ser filmado e consequentemente descoberto, o que arruinaria o seu plano.

Na realidade, Benjamin continuava sendo um mistério insolúvel para mim. Ainda mais porque ele tinha avisado seus guardas que eu iria passar um dia inteiro sem comida por causa da bagunça que eu tinha causado e, no entanto, para minha surpresa e felicidade, no dia seguinte eu recebi todas as minhas refeições como de costume.

Eu mal o tinha visto durante os últimos dias, o que só servia para confundir ainda mais minha cabeça. Além do mais, nesse meio tempo eu consegui perceber várias mensagens subliminares pelos cantos do DEC, que me faziam confirmar as suspeitas sobre Benjamin ser a pessoa que estava por trás de tudo aquilo.

Entretanto, ainda faltava decidir se isso era bom ou ruim.

~(•-•~)______________(~•-•)~

P.O.V Sean

Terceiro dia.

Acordei com um pulo, da mesma maneira que alguém acorda de um pesadelo. No entanto, a causa estava longe de ser um pesadelo. A causa era, na verdade, Lizzie.

Resmunguei quando percebi que não estava acontecendo nada demais, que Lizzie estava com um travesseiro em mãos, rindo da minha cara ao lado de um animal selvagem, também conhecido como cabelo da April.

Peguei meu próprio travesseiro e o atirei no rosto de Lizzie, como forma de me vingar. Eu já tinha sido acordado de todas as maneiras possíveis e com certeza ser atingido por um travesseiro era a pior delas.

Como Elizabeth era esperta ela não continuou a briguinha, mas resolveu acordar o Damien, que dormia em uma cama próxima, utilizando o mesmo método.

Contudo, assim que ela bateu a primeira vez nele, Damien rapidamente se levantou, segurou seus pulsos e a girou, prendendo as mãos dela atrás das costas. Isso aconteceu tão rápido que eu nem pisquei, apenas fiquei encarando a cena boquiaberto.

–Uau, Damien. – Falei. – Por que você nunca disse que tinha habilidades ninja?

Damien pareceu cair em si e imediatamente soltou Lizzie, pedindo desculpas e parecendo um pouco envergonhado. Não que Elizabeth parecesse estar se importando, ela estava tão espantada/admirada quanto eu.

–Porque ninguém nunca perguntou. – Ele respondeu, parecendo não ter uma desculpa melhor. – E porque eu não acho muito necessário dizer que eu possuo um “modo automático de defesa” quando acordo.

–Eu acho necessário. – Elizabeth retrucou, um pouco emburrado. – Porque então eu saberia o que iria acontecer se eu tentasse te acordar com uma travesseirada.

–Você não morreu, morreu? – Damien rebateu, dando de ombros. Lizzie fez uma cara de incredulidade (do tipo “isso é um absurdo”), mas ainda assim ainda parecia admirada.

–Eu também acho necessário você dizer isso. – April finalmente se pronunciou, tirando sua juba da frente do rosto. – Eu queria muito ter essa habilidade. Você me ensina?

–Ahn... – Damien franziu a testa. – Não acho que eu seja capaz de ensinar isso a alguém.

April fez um muxoxo de decepção.

Então, Isac e Emily entraram pela porta do quarto, que estava aberta, e foram recebidos por vários olhares pervertidos. Emily não corou como e pensei que faria. Em vez disso, ela revirou os olhos, se aproximando e sentando-se na cama de Damien, agora vazia. Isac, por sua vez, nem pareceu perceber nada, pois parecia totalmente aéreo, com seu cabelo meio amassado de um lado e cara de quem acabou de acordar.

–Bom dia. – Isac disse, reprimindo um bocejo. Sorri, porque era engraçado vê-lo daquele jeito.

–Bom dia. – Respondi, junto a Damien, April e Lizzie.

–Que horas a gente vai sair? – Isac perguntou, com cara de quem não estava a fim de sair no momento e odiaria se a resposta fosse “daqui a pouco”

–Depois do café da manhã. – Respondi.

–Depois do café de amanhã? – Ele perguntou esperançoso, mas eu sabia que ele tinha ouvido corretamente, então não o corrigi.

–Anda, vai arrumar suas coisas que eu vou pedindo o café enquanto isso.

Com um grunhido, Isac saiu do quarto, parecendo carregar o mundo nas costas. Emily foi atrás dele, tentando animá-lo.

Não sei se era só coincidência, mas parecia que a Academia era especialista em formar vilões sonolentos (Louise era a prova viva disso). Mas quem eu posso culpar? Quando se é vilão há uma tendência natural em fazer o que você quiser quando quiser, e todos queremos dormir muito o tempo todo.

Para comprovar um argumento, April se esgueirou até a cama de Damien, que estava vazia e se acomodou ali em posição fetal. Ela teria dormido ali se Lizzie não fosse uma pessoa tão má e não tivesse pulado em cima dela. Lizzie conseguia ser bem violenta às vezes. Eu esperava nunca ter que entrar em uma briga contra ela.

Peguei o telefone que ficava no criado mudo ao lado da cama e digitei o ramal do serviço de quarto, enquanto via April e Lizzie se envolverem em uma lutinha que fez com que as duas caíssem no chão, o que me fez rir alto, acompanhado de Damien.

–Bom dia, você poderia trazer uma xícara de café do mais forte que você tiver, dois muffins e... –Parei de falar por um momento ao telefone e me dirigi às meninas, que pararam imediatamente de lutar. – O que vocês querem, meninas?

–Morangos! – April falou, animada. – Ah, e panquecas com calda de morango.

–Um croissant com doce de leite. – Lizzie respondeu.

–Ui. – Damien debochou de Lizzie, que lhe mostrou a língua. – Eu vou querer pizza.

–Pizza? - Achei graça, logo depois falando os pedidos ao telefone. A mulher não pareceu estranhar o pedido. Ainda pedi algumas coisas para Em e Isac e desliguei o telefone, indo em direção a minha mochila para arrumar minhas coisas para prosseguir viagem.

Como eu não tinha muita coisa, não gastei muito tempo com aquilo. Em vez disso, liguei a pequena tv do hotel e procurei alguma coisa interessante para assistir. O sinal estava ruim, assim como o som, então acabei desligando-a.

Lembrei que havia trazido uma revista de sudoku na mochila e a peguei, satisfeito em ter algo para fazer.

Eu devia estar muito concentrado no que fazia, pois mal percebi quando chegou uma camareira com o café da manhã que eu tinha pedido. Por sorte, voltei a mim antes que April acabasse com todos os meus muffins.

–Vá comer seus morangos, ué. – Bati em sua mão atrevida que tentou assaltar um dos meus bolinhos. April fez biquinho, mas não me deixei enganar.

Lizzie riu.

–Que olho grande, April! – Ela falou, dando uma mordida em seu croissant mergulhado no doce de leite. – Se eu não te conhecesse ficaria até assustada com a quantidade de comida que você come.

–E ainda assim consigo manter a forma. – April se gabou, um pouco de brincadeira. – O nome disso é lombriga, minha cara.

Damien explodiu em uma risada contagiante e nem eu pude me conter. April revelou um sorriso satisfeito e começou a atacar suas panquecas.

Isac entrou em um rompante, assustando a todos e fazendo April derramar um pouco da calda de morango em suas mãos. Ela resmungou alguma coisa e então passou a lamber a calda que tinha caído, como se sua vida dependesse disso.

Emily entrou em seguida, pegando uma xícara de café e sentando no chão ao lado das outras garotas, com seu jeito quieto.

–Por que demoraram tanto? – Perguntou Damien sugestivamente. April soltou um risinho.

Emily revirou os olhos.

–Nós não demoramos, pare de insinuar besteiras.

Fiz um som de zombaria para Damien e April e ambos fizeram caretas.

–Por falar nisso, a Lizzie nem terminou de arrumar as coisas dela. – Isac completou, em seguida batendo na mão espalmada de Em, como se comemorassem por ter calado April e suas piadinhas indecentes.

Lizzie, desconsolada, olhou para o chão, onde estava sua mochila, e suspirou.

–Mas as minhas coisas estão lá no outro quarto e eu estou com tanta preguiça... – Ela disse, arrastando as palavras e se esparramando no chão.

–Pra comer você não tem preguiça. – Implicou Damien, que quase recebeu um chute de Elizabeth em resposta.

–Eu posso viver sem arrumar uma maldita mala, mas se eu não comer eu morro. – Lizzie argumentou, fazendo Damien fechar a cara.

–Mais um ponto para Lizzie, senhoras e senhores! – April comentou com voz de locutor de rádio, rindo. – Essa menina é muito boa, com mais um pouco ela terá 100 pontos!

–Você está realmente contando ou isso é só uma estimativa? – Perguntei, rindo também. – Porque acho que está errado, Lizzie já deve estar com mais de 500 pontos.

–Ei! – Damien exclamou, indignado.

Eu sorri, porque era sempre engraçado sacanear o Damien (principalmente quando se tratava de Lizzie).

–Coitado, gente. – Emily se apiedou dele, como a grande defensora dos fracos e oprimidos que era, e o abraçou de lado.

Observei Lizzie, e vi algo mudar bem de leve seu semblante. Ela pareceu incomodada com a proximidade dos dois e parecia querer estar no lugar de Em.

April também deve ter percebido isso porque deu um sorriso esperto e se juntou aos dois no abraço, quase esmagando a pobre Emily.

–A gente só faz isso porque a gente te adora, Damienzito. – Ela falou, e pude ouvir Damien resmungar sobre o apelido ridículo.

Eu e Isac nos entreolhamos e, ao mesmo tempo, pulamos em cima dos três abraçados, fazendo com que tombassem no chão. Ouvi um grito abafado, mas não sabia dizer se era de Damien, Emily ou April, porque a risada de Isac era mais alta.

Logo depois, mais um corpo se juntou ao montinho, quase matando Damien esmagado. Embora Lizzie não tivesse pulado como eu e Isac fizemos, seu peso gerou muito mais protestos.

–Ah, qual é, gente – Ela reclamou, divertida – eu não sou tão gorda assim.

–É sim, sua comedora de croissant com doce de leite. – Acusou Damien, que era o que mais estava sofrendo.

–Olha quem fala, comedor de pizza no café da manhã. – Ela rebateu.

–Gente! – uma vozinha abafada exclamou do fundo do montinho. Era Emily, e por isso todos imediatamente saíram de cima. Ela rolou pro lado, respirando com dificuldade. – Nunca pensei que poderia morrer assim.

–Eu também, que maneira horrível de morrer. O braço do Isac estava me apalpando. – Damien fez uma careta, fazendo-nos rir.

–Eu estava bem confortável. – Lizzie retrucou sarcasticamente.

–Ah, é? – Damien perguntou com uma sobrancelha erguida em desafio. Lizzie arregalou os olhos quando, um milésimo de segundo depois, Damien pulou em cima dela.

Lizzie gritou e seu debateu, enquanto ele ria.

–Não parece tão confortável agora, não é mesmo? – Ele disse, parecendo apreciar sua pequena vingança.

–Ponto pro Damien! – April exclamou, animada, rindo enquanto assistia a cena de fora.

–Socorro! – Lizzie berrou, sem fôlego, e Damien, em um ato de piedade, saiu de cima dela, se levantando e pegando um croissant que tinha sobrado e passando-o no doce de leite, sorrindo vitorioso.

–Acho que por essa o Damien merece três pontos. – Comentei com April, que riu e concordou e Lizzie fez uma careta, se levantando e batendo nas calças como se estivesse tirando poeira delas.

–Vocês conseguiram. Estou indo terminar de arrumar minha mochila. – Ela resmungou, saindo do quarto.

Isac e April fizeram um coro de “aleluia” antes que ela fechasse a porta.

Voltamos para a estrada pouco depois e Isac foi o escolhido para dirigir. As árvores que na véspera tinha impedido nossa passagem agora estavam alinhadas na beira da estrada, deixando o caminho livre.

Isac passou a tomar um maior cuidado, com medo de que o incidente pudesse ocorrer novamente, o que fez com que a viagem se tornassem bem mais lenta. Por sorte, estávamos bem descansados e também animados. Pela previsão, chegaríamos no DEC no começo do dia seguinte.

Por um momento me senti nervoso quanto ao que iríamos encontrar lá e fiquei preocupado com o que aconteceria se o plano não desse certo.

Bem, na verdade, nós não tínhamos essa opção.

~(•-•~)______________(~•-•)~

P.O.V Louise

Um dia. 24 horas. Vários minutos. Vários segundos.

Era só isso que me separava da minha liberdade ou do meu fim. (Uau, isso soou incrivelmente poético).

Eu estava nervosa, porque até então não tinha conseguido falar com Ayesha. E eu, de forma alguma, sairia dali sem ela.

Minha mente perturbada também não ajudava a manter a calma, pois sempre me lembrava que aquilo poderia ser apenas uma enganação, poderia ser apenas um teste, poderia ser, na verdade, a minha morte. A última alternativa não me perturbaria há algum tempo atrás, mas eu percebi que quanto mais próximos da morte, quanto mais real ela parece quando se para pra pensar nela, mais o medo começa a se alastrar por seu corpo e isso me incomodava.

Mas, quando eu deixava minha parte racional falar, eu percebia que era bem pouco provável e sem sentido essa última possibilidade.

E então minha mente perturbada me enchia de dúvidas novamente.

Foi nesse looping mental que eu passei grande parte dos últimos dias, o que era um grande desperdício de tempo e neurônios. Mal percebi que desde a confusão, eu não havia sido levada para mais nenhum teste.

Bem, até aquele último dia, pelo menos.

Faltava, na realidade, menos de 24 horas. Surpreendentemente, depois de dois dias sem testes, apareceram na minha porta dois dos homens-armário, que, sem uma palavra, começaram a me guiar pelo DEC.

Eles pareciam distraídos, desleixados e cansados, e não foi difícil nocauteá-los, o que me deixou com uma leve suspeita.

Com uma arma que peguei de um dos guardas, eu comecei a me guiar até a cela de Ayesha.

Não foi difícil, pois eu já tinha me familiarizado com os corredores. Cheguei à grande porta de metal e abri a pequena janelinha, porque infelizmente eu não tinha as chaves.

–Ayesha – chamei, meio que sussurrando, porque não consegui vê-la por entre as grades.

Subitamente, seu rosto apareceu na janela, me assustando.

–Louise! – Sua voz estava bem menos rouca do que a última vez que eu a tinha visto. – Eu recebi seu bilhete. O que tem em mente?

Fiquei confusa por um ou dois segundos, mas percebi que ela queria dizer também tinha recebido o bilhete e que acreditava que eu era a responsável por manda-lo. Ponderei por um segundo se deveria lhe dizer que não tinha sido eu. Decidi que não, era complicado explicar tudo e eu não devia ter muito tempo.

–Não posso te explicar nada agora, por causa das câmeras. – Falei, apontando para um pequeno ponto preto quase impossível de ser notado no canto da parede.

–Ah, certo. – Ela respondeu, parecendo um pouco desanimada.

–Você foi levada para algum experimento desde o dia do bilhete? – Perguntei, ao que ela apenas balançou a cabeça negativamente, confusa.

–É só isso que veio dizer?

–Hm, não. Esteja preparada pro que der e vier amanhã. – Avisei. – E confie em mim.

Ayesha assentiu, séria.

–Agora vá. Não acabe com o plano antes que ele comece. – Dessa vez ela sorriu.

Sorri de volta, me afastando.

Ayesha estava bem. Ela também havia recebido o bilhete. Isso tinha tantos significados que eu nem sabia interpretá-los. Mas a maioria deles tinha a ver com Benjamin. O que ele estava planejando? Que raiva daquele cara. Por que ele não podia ser um livro aberto ou algo do tipo? Mais da metade dos meus problemas estaria resolvido se fosse assim.

Voltei para minha cela, com a mente exaurida de tantas indagações.

Agora faltavam menos de 20 horas.


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Notas finais do capítulo

E Então? É, eu sei que não está tão bom quanto poderia, mas...
Pelo menos teve bastante Sean



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