Contos De Uma Vilã escrita por Birdy


Capítulo 27
Uma pequena queda


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi pessoinhas o/
Sim, eu demorei, desculpa, estou me sentindo uma pessoa horrível (como eu sempre me sinto quando demoro pra postar), mas espero que vocês gostem do capítulo.
Não ficou enorme, mas também não ficou miúdo que nem o último, então não há porque reclamar.
Um obrigada especial para minhas queridas leitoras e amigas IsaPokeShugo e esa, por ouvirem minhas ideias e inconscientemente influenciarem minha criatividade. Beijos e marhmallows para vocês suas gatas :*



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Eu já tinha terminado de empacotar as minhas coisas e estava acabando de carregar tudo para a sala quando Sean entrou de supetão pela porta dos fundos, quase me matando de susto.

–Imbecil. - Murmurei mais pra mim mesma do que para ele.
Sean passou por mim e ia começar a subir as escadas quando percebeu a bagunça na sala e parou.

–O que você está fazendo, Louisiana? - Sua cabeça tombou para o lado com uma expressão curiosa.

–Me mudando. - Respondi, depositando a caixa que eu carregava no chão.

Sean franziu as sobrancelhas, ainda sem entender, mas se aproximou para me ajudar com algumas caixas.

–Eu vou, quer dizer, nós vamos nos mudar para uma casa próxima à esquina. - Expliquei melhor. - Faz um bom tempo que a idosa que morava ali foi pra um asilo e colocou a casa pra vender. Mas acho que ela morreu, porque tiraram a placa de "vende-se" e ninguém nunca mais voltou lá. - Terminei, dando de ombros.

–Tá, mas por que vai fazer isso agora? - Ele perguntou enquanto carregava uma caixa pesada. Deixou-a no chão e se sentou sobre ela.

–Porque os vizinhos estão começando a desconfiar e porque parece que os meus antigos pais adotivos resolveram colocar procuradores de menores desaparecidos pra me encontrar e eles estão bem perto de consegui-lo. - Suspirei exasperadamente ao dizer a última parte.

Eu não queria realmente deixar a minha casa - minha querida Francis - para ir morar em outra. Mas, de acordo com minhas últimas pesquisas na web, eu estava sendo perseguida por um grupo de segurança para menores ou algo do tipo, contratado pelos meus "queridos e preocupados" pais adotivos. E esse grupo devia ser realmente bom, porque eles tinham encontrado parte suficiente do meu rastro para poderem me pegar.

–Mas então por que você não vai morar na Academia, como a sua irmã? - Sean questionou, depois de pensar um pouco.

Eu até tinha cogitado essa ideia, mas logo a descartei.

–Bem, primeiro, porque eu não gosto de me sentir limitada e morar lá significa ter que seguir as regras deles, não as minhas. - Disse o óbvio e ele revirou os olhos. - Segundo, porque esse grupo de detetives policiais procuradores de delinquentes ou o que quer que seja parece ser bem experiente e, se me encontrarem morando lá, colocarei muitas vidas em risco e serei a responsável pelo fim da Academia, e eu não quero isso.

–Mas você está indo para uma casa muito próxima, não acha? Não seria melhor se mudar para um lugar mais distante? – Ele continuou questionando. Eram perguntas boas, para falar a verdade, mas eu já tinha pensado nelas.

–Bem, na verdade... A casa não é tão próxima assim. – Confessei. Ele arregalou os olhos e olhou em volta, para todas as caixas que teríamos que levar para a nova casa. – E, se eles encontrarem a Francis, o que provavelmente vai acontecer, vão ver que eu fugi e vão pensar assim como você e imaginar que fui para um lugar bem distante. Além disso, eu estou deixando algumas pistas falsas para o caso de que isso aconteça. – Pisquei para ele, divertida.

Sean não disse nada quando acabei de falar, ele apenas sorriu, como que com orgulho de mim por ser tão esperta, e depois se levantou animadamente da caixa onde tinha sentado.

–Certo, vamos logo com isso, então, porque quero ir conhecer nossa nova casa. - Ele falou em tom divertido e se adiantou para ir pegar as caixas que estavam no porão.

–Mas que abusado! Não faz nem quatro meses que está aqui e já está reclamando posse sobre a minha nova casa. - Fingi estar indignada e fui atrás dele, acompanhando-o pelas escadas. -Não te dei intimidade pra uma coisa dessas.

Sean se virou bruscamente no degrau em que estava, abaixo do meu, e vi um brilho de malícia cruzar seu olhar.

Ops, pensei tarde demais, não devia ter usado aquelas palavras.

–Realmente. - Ele se aproveitou do pouco espaço que havia e passou os braços em volta da minha cintura, aproximando-me dele. - Você me deu intimidade para fazer muito mais do que isso. - Soprou em meu pescoço e senti os pelos da minha nuca se arrepiarem.

Sean se separou de mim com um sorriso cafajeste e desceu o resto dos degraus. Fiquei parada, atônita, e só segundos depois me movi, seguindo-o para pegar as caixas restantes, enquanto bufava alto.

Passamos praticamente o dia inteiro levando as caixas para minha nova casa. Graças a alguma divindade abençoada, Lizzie resolveu aparecer lá em casa, trazendo consigo Isac, Damien e Emily, e todos foram gentilmente obrigados a ajudar na tarefa, o que facilitou muito as coisas, e conseguimos acabar bem rápido a mudança.

Eu estava mais ou menos no centro da minha casa agora vazia e me senti um pouco nostálgica, afinal, aquela era Francis e eu me tornara o que eu era dentro de suas quatro paredes.

Sean entrou de repente e parou ao me encarar ali no meio, de pé.

–Acabaram as caixas? - Perguntou, se aproximando de mim. Eu assenti. - Ei, vamos? Francis II te aguarda.

Olhei para ele divertida quando falou o nome da nova casa. Tinha sido ideia dele, é claro, mas eu resolvi aceitá-la.

Sean me estendeu a mão e eu a peguei. Deixamos, enfim, Francis primeira pela última vez.

A nova casa por pouco se diferenciava de Francis I. Talvez porque ambas foram projetadas pela mesma pessoa, não sei. Francis II tinha um quarto a mais, o que era maravilhoso, já que minha “família” insistia em crescer, ainda mais com Sean, agora um membro permanente da casa. Francis II tinha uma posição estratégica favorável, sendo, em sua maior parte, cercada por uma pequena mata e terrenos baldios.

Por volta das 7 da tarde April apareceu com a desculpa de que queria conhecer minha nova casa. Ela jantou conosco e ficou até tarde, até mesmo depois de Emily, Damien, Isac e Lizzie irem embora. Se eu deixasse, April acabaria morando lá, do jeito que era folgada, mas é claro que eu não deixaria.

–Ei, April, você já pode ir embora. - Falei talvez um pouco indelicadamente. - Sei que me ama, mas essa não é a sua casa.

April fingiu estar ofendida e depois me olhou com malícia.

–Você só quer ficar sozinha com o Sean, né, danada? - Ela disse e Sean me encarou com um sorriso pervertido. Revirei os olhos.

–Sim, claro, é o que eu mais quero no mundo. - Disse um pouco sarcástica, empurrando-a em direção à garagem (porque a Francis II tinha uma). – Vou até ser boazinha e te levar para casa, mas só dessa vez.

Antes de sairmos, April ainda olhou por cima do ombro e deu uma piscadela para Sean, que riu maliciosamente em resposta.

–April, April, - Comentei em tom de reprovação, quando entramos no carro - Você anda muito pervertida pro meu gosto.

–Você é que tá perdendo um boy maravilhoso desse, pagando de santinha. - Ela retrucou animadamente, se esparramando no banco traseiro.

Apenas fiz um som reprovador novamente (também conhecido como tsc tsc) e dei a partida no carro, iniciando o caminho para a Academia.

O trajeto não era muito longo, mas eu e April passamos um bom tempo conversando sobre assuntos aleatórios enquanto eu dirigia pelas ruas escuras.

–De que cor você acha que eu devo pintar o cabelo agora? - Perguntei a ela quando estávamos chegando à Academia.

Ela olhou pra mim de um jeito estranho, quase confuso.

–Pra quê pintar o cabelo?

–Ah, sabe, é por causa desse povo que tá aí me perseguindo. - Dei de ombros. Uma luz de compreensão iluminou o rosto de April.

–Não sei. Acho que você não devia pintar, mesmo por causa desse pessoal. Não acredito que vá adiantar de alguma coisa. - foi a vez de April de dar de ombros.

Ponderei enquanto chegava ao estacionamento subterrâneo da Academia. Eu não concordava muito com April, sempre achei que disfarce era algo útil em qualquer situação, mas decidi seguir seu conselho. April não era nenhum gênio ou vidente, mas ela normalmente estava certa sobre as coisas. Se ela dissesse que iria chover, mesmo fazendo um calor de 30°, era melhor acreditar, porque realmente chovia.

Então aceitei a ideia e estacionei o carro em silêncio. Saímos na garagem subterrânea e estava uma penumbra quase total, a não ser por algumas luzes fracas em algumas paredes. Deixei minha visão se acostumar com a pouca claridade, mas ainda assim me senti desconfortável com o silêncio.

Todos já deviam estar em seus devidos quartos, provavelmente dormindo, porque afinal na Academia havia toque de recolher, coisa que eu não seguia nem se o mundo estivesse acabando.

–Não gosto muito de escuro. - April se abraçou enquanto caminhávamos em direção ao elevador.

–Eu gosto. -Murmurei sem muita convicção. - Mas, pra mentes férteis como a minha, o escuro pode ser bem perigoso.

Isso era uma das piores coisas: eu normalmente não tinha medo de escuro, mas, às vezes, eu começava a ouvir/ver/imaginar coisas e aí eu me sentia um pouco amedrontada, o que eu honestamente achava ridículo.

De qualquer jeito, acho que não é certo julgar os medos das pessoas, porque você não sabe como é até senti-lo (digo isso porque conheço pessoas com medos extremamente bobos, como medo de japoneses ou de Netuno).

April e eu praticamente corremos para o elevador (bem iluminado, para nossa alegria). E, quando chegamos lá dentro e a porta se fechou, ambas soltamos a respiração que não tínhamos notado que estávamos prendendo. Rimos simultaneamente por conta disso.

O elevador nos deixou no andar do dormitório e eu me despedi de April.

–Boa noite, Lou. - Ela disse, se afastando em direção ao seu quarto, um pouco cambaleante de sono.

–Boa noite. - Eu respondi, achando graça ao lembrar que era quase madrugada.

Não cheguei a sair do elevador, mas quando ele se fechou, não apertei o botão da garagem. Ao invés disso, tive uma ideia e pressionei o botão do 3° andar.

Não deixei minha imaginação fértil criar coisas dessa vez, o que era particularmente difícil uma vez que eu estava completamente sozinha. Felizmente, consegui me focar no que iria fazer em seguida e todos os pensamentos ruins se esvaíram da minha mente.

Saí assim que as portas se abriram. Andei sem muita dificuldade pelos corredores escuros dos quais eu já memorizara o caminho. Passei pela divisão de vidro e entrei na área de gravidade zero ou quase zero.

Minha sorte é que a câmara nunca era desligada porque isso podia atrapalhar seu funcionamento ou alguma coisa assim (pode fazer a câmara bugar, como diz o sábio Damien).

Como os testes eram bem frequentes (graças à minha insistência, é claro) permitiram que eu entrasse na câmara sem precisar do traje especial, o que era uma maravilha, porque aqueles trajes eram pesados e demorados de colocar, além do mais, eu gostava de me sentir mais livre, e eles não o permitiam.

Eu tinha ficado muito boa naquela coisa toda de flutuar, quase tão boa quanto Sean, a bailarina espacial. O apelido foi dado por Lizzie, não por mim, mas eu aderi a ele alegremente.

Outra coisa na qual eu tinha melhorado era no senso de direção. Eu não sentia mais tanto aquela confusão de lados quando entrava na câmara, se bem que às vezes eu me perdia. Mas pelo menos eu não sentia mais como se estivesse debaixo d'água, sem noção de onde seria a superfície.

De qualquer maneira, entrar na câmara antigravidade era sempre bom, principalmente por causa da sensação de leveza que proporcionava.

Me deixei flutuar vagarosamente até uma estrela e me agarrei a uma das tiras que havia ali. Como eu sempre fazia, peguei impulso e me lancei em direção a outras estrelas. Fechei os olhos e me deixei levar.

Fiquei assim, indo de uma estrela à outra, por um bom tempo. Em algum momento devo ter me lembrado de que era hora de voltar pra casa, mas ignorei o pensamento. Agora penso que quem me dera ter ido para casa antes, pois então teria evitado muitos problemas.

As coisas começaram a dar errado quando eu percebi que estava cada vez subindo mais alto na câmara, me afastando da porta-buraco cada vez mais.

Tinha conseguido descer um pouco quando a gravidade foi "ligada" e eu comecei a cair. Tentei me agarrar a alguma estrela, mas eu estava passando rápido demais por elas e temia acabar tendo um braço arrancado pelas suas pontas afiadas.

Senti o tempo desacelerar à minha volta enquanto o ar era sugado, com força, de meus pulmões. Vi o teto da câmara se afastando à medida que eu caía.

Lembrei-me de Emily me contando que eu iria cair e fiquei com vontade de rir, imaginando se aquela seria a minha morte, pois eu realmente esperava morrer de um jeito diferente, não tão patético. Sean não estava ali para me salvar, afinal. Ninguém estava.

A queda foi interrompida quando me choquei de costas com um colchão duro. O impacto me fez ficar sem ar e fez minha cabeça começar a doer.

Virei o rosto para o lado, descansando uma de minhas faces no colchão e sentindo meu corpo todo reclamar de dor.

Fui surpreendida ao ver alguns homens vestidos de preto, saindo de uma porta-buraco qualquer, vindo na minha direção. Aquilo não era nada bom, com certeza.

Levantei-me com dificuldade e segui cambaleando na direção contrária à que os homens estavam vindo. Não consegui andar muito, no entanto, antes que me alcançassem. Meus braços foram agarrados de forma rude por dois homens grandes. Lutei um pouco, mas meu corpo estava dolorido e em choque.

Um outro homem apareceu em meu campo de visão. Ele não era tão grande quanto os que me seguravam e era bem mais bonito. E mais jovem também, bem mais jovem. Devia ter uns quatro ou cinco anos a mais que eu, somente. Ele colocou as mãos atrás das costas e lançou-me um sorriso meio irônico.

–Te achamos, enfim, cara Louise. - Ele disse quase simpaticamente. – Agora, por favor, queira acompanhar-nos.

Eu queria ter respondido à altura, no entanto uma tontura (provavelmente um dos efeitos colaterais da queda) me pegou de surpresa e fez com que eu desabasse, embora os guardinhas segurassem meu braço.

Antes de sucumbir finalmente ao inconsciente, consegui ler algo que estava escrito na roupa do cara à minha frente. Havia um logotipo em sua blusa e, abaixo dele, estava escrito algo como “Departamento de Experimentos Científicos e Tecnológicos”.


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Notas finais do capítulo

Hehe no dia em que a Louise for deixada em paz vai nevar aqui no Brasil kkkk
Aposto que vocês estavam com saudades de um pouquinho de ação de verdade, não é? Pois agora é que as coisas vão ficar interessantes ^-^
Não estou com criatividades para notas agora, então...
Ah, só saibam que vai ser difícil para eu postar o próximo capítulo logo, porque estou precisando estudar loucamente e não posso me distrair muito.
Adious pessoinhas (~*-*)~