E o tempo foi passando, dias, semanas, meses... Todos os dias eu ia trabalhar na plantação e Kohaku treinava os novos exterminadores. No final do dia, jantávamos juntos e ficávamos conversando até tarde. O bom de ter ido morar no vilarejo da senhora Kaede foi de ter reencontrado Kohaku depois de tanto tempo. Com ele, eu me sentia cada vez melhor, mas ainda assim sempre sentia que faltava um pedaço do meu coração, um pedaço que havia sido levado embora. Acho que essa ferida nunca iria se curar, pelo menos não completamente.

Já fazia um ano que eu estava no vilarejo. Um dia, estava trabalhando, e não avistei Kohaku nem seus alunos. Ia voltar a colher os vegetais, quando alguém apareceu por trás de mim:

- Bu !

- Aaaaai ! - virei e vi que Kohaku era quem havia me assustado, ele estava morrendo de rir - Bobo !

- Devia ter visto sua cara !

- Não teve graça ! - dei língua para ele

Ele parou de rir aos poucos.

- Não tem aula hoje ? - perguntei

- Não. Vem comigo, quero te mostrar uma coisa.

- Não posso, estou trabalhando.

- Ah, vem ! Deixa de ser certinha ! - ele me puxou pelo braço

Fomos passando pela floresta, e Kohaku andava animado.

" Para onde ele está me levando ?" , fiquei me perguntando.

Quando saímos da floresta, chegamos ao local que ele queria me mostrar. Puxa,era maravilhoso. Nunca havia visto uma paisagem tão perfeita e harmônica em toda a minha vida. Era um rio de água cristalina onde desaguava uma cachoeira, e as árvores atrás davam a impressão de que estávamos em um mundo completamente diferente.

- Que tal ? - Kohaku me perguntou, orgulhoso

- Puxa vida... - eu olhava, maravilhada - É.. tão lindo !

- Encontrei este lugar ontem,enquanto estava atrás de um youkai.

- Mas.. é muito bonito ! - inspirei fundo, o ar era muito fresco.

- Sabe nadar ?

- Hã ? Mais ou menos, por quê ?

Ele não me respondeu. Pegou minha mão e pulou na água, me puxando junto. Subi rapidamente para a superfície, batendo os braços e as pernas.

- Rin ! Você disse que sabia nadar ! - ele riu

- Eu disse mais ou menos ! - me agarrei no pescoço dele, tremendo

- Calma.. Pronto, eu estou te segurando. Relaxa.

- Tá.. - me acalmei

- Quer vir até a cachoeira ?

Segurei nele com força.

- Pode ser, mas não me solta.

- Fica calma. - ele pegou um dos meus braços que segurava seu pescoço e pôs na água. - a água tá uma delícia, né ?

- É . - um pouco mais calma, fui passando a mão pela água cristalina.

Ele me levou até a cachoeira. Me sentei numa pedra e molhei meus cabelos na água. Estava tão fresca, eu me senti completamente em paz.

Depois de um tempo, começou a anoitecer. Saímos da água e nos sentamos na grama. Ficamos olhando o céu por um tempo, e as estrelas estavam começando a aparecer.

- Aquilo ali foi uma estrela cadente ? - Kohaku apontou para o céu.

- Onde ? - perguntei, distraída.

- Já passou.

- Faz um desejo, então !

- Está bem. - ele fechou os olhos e pensou - Eu desejo que você more conosco no vilarejo para sempre.

Olhei fundo em seus olhos.

" O que foi que ele disse ?" , pensei, ficando vermelha. Virei o rosto e voltei a olhar para o céu. O sol já havia se posto, e a lua já estava de pé. Minha cabeça estava confusa, e algumas imagens surgiram em meus pensamentos. Imagens que eu realmente queria esquecer.

Ficamos quietos, e de repente eu vi um vulto passando pelo céu. Não sei o que eu vi iluminado pela luz da lua era verdade ou não, mas me assustei.

- Rin ? Rin !

- O quê ?

- O que houve ? Se assustou com alguma coisa ?

" Não pode ser, não é possível... devo estar imaginando coisas..."

- O quê você viu ?

- Nada...

" Por quê ? Por quê ele resolveu aparecer agora ? Isso é algum sinal ? Ele está aqui ? Ai, me sinto tonta... senhor Sesshoumaru... "

- Tá, não precisa me responder. - ele disse, sério. - acho melhor irmos embora.

E voltamos o caminho inteiro sem trocar uma palavra.