Air Traffic escrita por MrsDaddario


Capítulo 2
Bem vinda à Inglaterra!


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a você que está lendo isso por algum motivo rs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/291310/chapter/2

– Como foi a viagem, Samantha? – pergunta a Sra. Cunningham, ou May, como ela disse que prefere ser chamada.

– Foi ótima, super tranquila, mas meio cansativa. Nos mapas, o oceano Atlântico não parece tão grande – eu tento ser simpática, mas May só ri meio forçadamente. Eu não sou lá a pessoa mais hilária do mundo.

Quando a agência de intercâmbio me enviou as informações da família anfitriã escolhida para mim, ninguém me avisou que essa família era rica. Para falar a verdade, não sei se eles são ricos, ou se a maioria das casas inglesas é assim. Não é uma casa imensa, afinal, tecnicamente só vivem três pessoas aqui.

Por fora, a residência é feita de tijolinhos marrom-claro, com várias pequenas janelas brancas espalhadas ao seu redor. O jardim da frente é florido – o que eu não vou comentar mais devido ao meu ódio por flores. A garagem exibe dois brilhantes carros, cujas marcas eu ignoro.

Mas o melhor é no interior: a sala de estar é exatamente o que eu sempre imaginei em uma casa inglesa. Sofás de camurça marrom, tapete persa gigante no meio, lareira oposta ao sofá, abaixo de uma televisão relativamente grande. É bem provável que eu nunca vá vê-la acesa, porque não é necessária agora, no verão. No canto da sala, há uma adega maior do que o banheiro da minha casa em Baltimore. Só pela porta de vidro, espio uma quantidade de vinhos suficiente para embriagar o exército americano inteiro.

A casa não é imensa, apesar de cada cômodo ser decorado de modo detalhado e luxuoso. A casa possui apenas dois quartos, um do casal e um que é do filho deles, mas será meu até ele voltar. May me diz que ele voltará daqui a seis meses, e eu quase deixo escapar a pergunta sobre onde eu irei dormir quando o verdadeiro dono do "meu" quarto voltar. Pelo menos por algum tempo, eu não posso fazer esse casal se arrepender de estar me recebendo em sua casa.

Após me familiarizar a toda a casa, May deixa por último o quarto onde ficarei. Durante a pequena "tour" pelo lar, ela mencionou que o nome de seu filho é William, ele tem 19 anos e está na Irlanda. Nunca me dei ao trabalho de ler sobre a Irlanda, mas se uma pessoa que mora nesse lugar quis ir para lá, deve ser muito legal. Ela explica que os armários do filho estão quase vazios, e aponta uma das quatro portas do guarda-roupa, dizendo que é a única que tem os pertences do garoto.

Depois de "arrumar" (não leve tão a sério o sentido da palavra, eu só coloquei o conteúdo da minha mala no armário) minhas coisas, eu não resisto à tentação de abrir a porta do tal de William. E não diga que você nunca fuxicou as coisas dos outros, todo mundo faz isso! Quase engasgo de tanto rir quando me deparo com um vestido rosa pink de alcinhas em meio a algumas camisas e bermudas. Espantando a possibilidade de William ser uma completa outra pessoa nas noites aqui em Leeds, eu suponho que ele tem namorada – ou simplesmente uma garota qualquer da qual ele arrancou o vestido e não devolveu.

A julgar pela quantidade de fotos dele no quarto – zero –, eu concluo que ele deve ter problemas de autoestima, ou talvez seja só feio. Mas tem bom gosto na decoração. Todas as paredes possuem um tom cinza bem próximo do branco, exceto a parede onde é encostada a grande cama king-size, que foi pintada com uma técnica aparentemente feita por esponja, deixando a textura áspera e possibilitando a existência de diversos tons de azul marinho. Todo o quarto está arrumado de modo impecável, e eu descubro que é uma suíte ao me deparar com o banheiro, quando na verdade pensei que era a porta de entrada do quarto. Se compararmos isso com o banheiro da minha casa, isso aqui é um hotel de luxo – deve ser porque a pia do meu banheiro está sempre coberta de tralhas e maquiagem.

Eu me jogo na cama e pego meu computador. Depois de um sério interrogatório feito por minha melhor amiga Lisa, eu procuro pela internet sobre a vida noturna aqui em Leeds, e a quantidade de boates e pubs me agrada. Ao entrar no site de um pub cujo nome chamou minha atenção, me pergunto se na Inglaterra as pessoas tomam café ou só chá e vinho. Espero que essa casa tenha uma máquina de café, já que eu detesto chá e preciso manter meu vício.

Quando estou prestes a desligar o computador e descer para comer algo, recebo uma ligação dos meus pais no Skype. Eu tento cortar a conversa diversas vezes, mas eles não param de falar. Quando finalmente consigo encerrar a chamada, desço para a cozinha e preciso sobrecarregar meu autocontrole para não devorar a geladeira inteira. Já é tarde, e os anfitriões devem estar em seu quarto, de modo que vou dormir sem falar com eles.

Amanhã é segunda-feira, e minhas aulas na Bruntcliffe School começam – assim como a diversão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sei que esse capítulo é curto e monótono, mas eu prometo: o segundo tem 2.300 palavras e muito mais diversão yay!