Amor E Poder escrita por fdar86
Nesse mesmo dia, à noite, Cris resolveu visitar Lívia no casarão dos Baromante. Não conseguiria dormir sem saber o que estava acontecendo. Precisava ouvir de Lívia uma razão para tantos acontecimentos estranhos. Será que ela estaria doente? Ou simplesmente com problemas?
Lívia atendeu a porta com o rosto intranquilo. Parecia estar preocupada com alguma coisa. Desconfiada, Cris perguntou:
- Está esperando alguém?
- Não.
- E eu posso entrar para conversarmos? Se for um mal momento, eu ......
- Pode entrar. - Disse, cortando as palavras de Cris. - Você não incomoda.
- Fiquei preocupada, você não foi trabalhar hoje. - Disse Cris, sentando-se no sofá mais próximo da porta, na sala de estar do casarão dos Baromante.
Lívia sentou-se ao seu lado, e manteve-se a olhar para o chão da sala. Não sabia o que responder. Nem como dizer.
- Eu estou com um problema... - soltou, penosamente.
- Você irá resolvê-lo logo, tenho certeza...
- Você acha? - Perguntara, com os olhos cheios de lágrimas.
- Acho, claro. Você é Lívia Baromante, uma mulher linda, forte, e dona da maior rede bancária do país. Todos gostariam de ser iguais a você.
Lívia chorara baixinho, preocupando Cris que cada vez prestava mais e mais atenção à jovem moça do seu lado.
- O que está acontecendo?
- Eu pensei que pudesse. Pensei que pudesse ser forte igual a meu pai, e amorosa igual a minha mãe. Mas eu estava enganada.
- Como assim? - disse, sem compreender do que Lívia falava.
- Lembra da July? Você ouviu uma discussão nossa na empresa.
- Claro. - Respondeu, imaginando como ela poderia esquecer, se aquela discussão a havia deixado totalmente desnorteada.
- Ela sofreu um acidente ontem a tarde. Os pais dela me ligaram dizendo que ela ficava repetindo o meu nome enquanto dormia. Eu saí da empresa correndo, desnorteada, e fui até lá... e...
Cris permaneceu olhando-a, em silêncio, imaginando o que ela poderia dizer para continuar aquela frase, mas sem sucesso. Não tinha a menor idéia do que estaria por vir.
- E quando eu cheguei lá, eu soube que ela tinha tido uma falência de orgâos, e havia falecido. - concluíra a frase, em meios aos soluços. Cris a abraçou, tentando acalmá-la, enquanto ela continuava: - Se eu tivesse saído antes.. se eu tivesse... Ela reclamava tanto de minha falta de atenção... Eu não consegui fazê-la feliz... não consegui... - pausa para um choro baixinho - Eu tentei... E-eu tentei...
- Eu sei que você tentou. E tenho certeza que ela também sabia disso. Não é a toa que a primeira pessoa que ela chamou no hospital foi você.
- Por que? Por que todos que eu amo me deixam? - Disse, amarga, tentando conter o choro.
Cris a olhou, confusa. Será que todo esse sofrimento a havia deixado meio transtornada, ou a própria Lívia nesse momento estaria se sentindo assim, confusa, e não lembrava mais do que havia lhe dito? Decidira perguntar. Engasgara em sua garganta.
- Vocês não estavam terminadas?
- Sim...
- E você não disse que não a amava mais?
- Como namorada. Mas ela era minha melhor amiga, Cris. E, em Nova York ela foi minha única amiga. Ela era a minha família.
Lívia chorava descompensadamente, enquanto Cris tentava consolá-la, sem grande sucesso. Realmente a vida de Lívia era muito triste, sempre perdera todos que participaram de sua vida, e que foram importantes para ela, a começar pelos próprios pais. Devia ser muito triste, ter uma vida tão solitária. Queria ajudá-la de alguma forma, falar alguma coisa que aliviasse seu sofrimento, mas inconscientemente ela sabia que naquele instante o mais importante para Lívia seria aquele abraço; aquele apoio silencioso que estaria lhe dando apenas por permanecer a seu lado naquele momento doloroso.
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