Interlúdio escrita por Djin


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

N.A.: Once Upon A Time não me pertence. Obviamente. Se pertencesse, todas as cenas cortadas de Skin Deep (1x12) estariam nos extras do dvd/blu-ray. Absurdo!!! D= Todos os créditos aos senhores Edward Kitsis e Adam Horowitz e à ABC. Surpresa, surpresa.
Novamente, mil agradecimentos à minha beta, Mellie. o/



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“Seu namorado chegou.” Isabelle franziu o cenho para Ruby, diante da declaração, mas a garçonete apenas riu. Apesar dos protestos de Isabelle, ela parecia achar divertido se referir assim ao Sr. Gold, muito atenta à coincidência entre a chegada da nova empregada ao Granny’s e o repentino interesse do agiota no estabelecimento. Ruby começou a se dirigir à mesa onde ele havia se sentado, mas Isabelle passou a sua frente, para sua surpresa.

“Eu atendo hoje.”

O próprio Sr. Gold pareceu levemente supreso quando ela aproximou-se e lhe estendeu o cardápio, com um sorridente ‘bom dia’.

“Bom dia, Srta. French. Espero que o fato de você estar me atendendo não queira dizer que quem está cuidando da cozinha hoje é...” Ele deixou a frase morrer, dando um olhar significativo para a Ruby, o que arrancou um pequeno riso de Isabelle.

“Eu jamais faria uma coisa dessas aos clientes.” Isabelle mordeu o lábio inferior, parecendo indecida sobre o que falar a seguir. “Hm... Mary Margaret me contou hoje que a prefeita Mills pretende reabrir a biblioteca.”

“Ah! É mesmo?” Um pequeno sorriso se formou nos seus lábios, enquanto o Sr. Gold passava os olhos distraidamente pelo cardápio. “Que boa notícia. Espero que a senhorita aproveite bastante essa novidade.”

“Foi uma grande surpresa. Mary Margaret comentou que isso é estranho e que a prefeita nunca demonstrou interesse na biblioteca. É curioso como nós estávamos falando disso no outro dia, Sr. Gold.” Ele pareceu levemente divertido, mas não comentou nada. Isabelle estreitou os olhos e resolveu ser mais direta: “O senhor não teria alguma influência nisso, talvez...?”

“Talvez.”

“Eu não entendo. Então isso tem mesmo alguma relação com a nossa conversa? Por que você faria isso?”

“Digamos que recentemente eu me descobri um entusiasta de... literatura.”

Isabelle ficou olhando para ele, intrigada, até que ele lhe estendeu o cardápio de volta.

“Bem, já escolheu o que o senhor deseja hoje?”

O homem apenas olhou-a em silêncio por alguns segundos. Quando Isabelle estava começando a ficar desconfortável com a intensidade do olhar, ele sorriu de leve e respondeu: “Surpreenda-me, Srta. French.”


Enquanto Isabelle caminhava até a cozinha, sob um olhar curioso de Ruby, ela pensou que ele era uma pessoa um tanto fascinante, aquele seu ‘namorado’.

*-*-*

Isabelle precisava encontrar um novo lugar para morar, isso estava claro. Ela havia sido muito bem recebida na casa de Mary Margaret, mas era óbvio que o lugar não havia sido construído para abrigar três pessoas. Seu quarto era um pequeno depósito que havia sido esvaziado às pressas na véspera de sua chegada e mal cabia sua cama e uma cômoda – era até uma sorte que Isabelle não tivesse muitos pertences para ocupar o espaço.

Isabelle não se importava muito com isso, mas tinha a impressão constante de ser um incômodo para suas anfitriãs. Não era muito fácil dividir o único banheiro da casa entre três mulheres (ainda mais sendo Emma uma delas); a cozinha podia ficar bastante apertada quando as três estavam lá; e as caixas de velharias e enfeites de natal, que tinham sido desalojadas do velho depósito e agora estavam empilhadas em um canto da sala, eram um lembrete constante da sua situação.

Assim, ela decidiu que era hora de voltar para seu plano inicial de alugar uma casa. Só não esperava que fosse tão difícil. Uma ruga de preocupação se formou em sua testa, enquanto percorria os classificados com os olhos, sentada à bancada do Granny’s.

“Espero que não esteja procurando um outro emprego.” Falou Ruby, olhando o jornal por cima do seu ombro.

“Não, Ruby. Na verdade estou procurando um lugar para alugar.” A garota pareceu levemente surpresa, e Isabelle completou, em tom de explicação: “Acho que já me aproveitei da hospitalidade de Emma e Mary Margaret por tempo demais. Está na hora de arrumar um lugar para mim.”

“Por que você não me disse logo? Você pode ficar em um quarto da pensão. Eu falo com a minha avó, ela faz um bom preço para você.”

“Ah, obrigada, Ruby. Mas eu estava pensando mais em um apartamento ou uma casa pequena. Uma coisa simples, barata. Um lugar para me fixar mesmo, começar a me organizar...”

“Hm... Não é muito fácil achar algo assim em Storybrooke.”

“Nem me fale.” Isabelle soltou um suspiro frustrado e dobrou o jornal. “Isso é meio estranho, não? Storybrooke não é uma cidade tão pequena assim.”

Ruby deu de ombros. “As pessoas não se mudam muito por aqui. Visitantes, então, são uma raridade!”

“O que eu faço para encontrar um lugar, então?”

Isabelle pensou que Ruby iria falar alguma coisa, mas mudou de ideia no último segundo.

“O que você ia dizer?”

“Nada, nada. Só uma coisa que me passou pela cabeça...”

“Sim...?” Encorajou Isabelle, diante da hesitação de Ruby.

“Olhe, eu não sei se é uma boa ideia. É só... Bom, o Sr. Gold é dono de metade da cidade. Se alguém tem um imóvel livre para alugar, deve ser ele.”

O rosto de Isabelle se iluminou de entusiasmo, mas, antes que ela pudesse dizer alguma coisa, Ruby acrescentou apressadamente: “Mas eu já disse que não tenho certeza que seja uma boa ideia!”

“E por que não?”

“Escute, Isabelle, você sabe que eu fico brincando, chamando ele de seu namorado e tudo... Mas não se engane. O Sr. Gold pode ser um homem perigoso. Eu não aconselharia ninguém a fazer negócios com ele sem necessidade.”

Isabelle franziu o cenho e ficou pensativa por um segundo. Não era a primeira vez que ouvia o Sr. Gold ser referido em termos não muito simpáticos. Ela não o conhecia muito, na verdade, mas por algum motivo aquilo a incomodava. Ele sempre havia sido gentil e divertido. Charmoso, até. Ela não podia deixar de pensar que talvez a opinião de suas amigas não fosse muito exata.

“Não é sem necessidade, Ruby. Eu preciso de um lugar para ficar. Além do mais, não acho que você esteja certa sobre o Sr. Gold. Eu só falei com ele um par de vezes, mas ele sempre foi muito educado.” Mais que educado, na verdade, mas Isabelle achou melhor não mencionar o caso da biblioteca. “Eu só quero alugar uma casa, não é nada demais.”

Ruby suspirou. “Só me prometa que vai ser cautelosa com os negócios que faz com ele. Ele sempre fica com a parte mais vantajosa do acordo, e ele não reage muito bem quando alguém quebra sua parte do trato.”

“Certo. Não se preocupe.”

“Muito bem. Se quiser, pode sair mais cedo hoje a tarde, com certeza você o encontra ainda na loja dele. Sabe onde fica?” Isabelle acenou de leve.

“E, se você tiver sorte, já podemos começar a pensar na festa.” Os olhos de Ruby se iluminaram em um instante.

“Festa?!”

“Claro.” Ruby abriu um largo sorriso. “Uma festa de comemoração pela sua nova casa! Não se preocupe, eu cuido de tudo. Eu sei fazer uma festa memorável!”

“Ah, eu não tenho dúvidas.” Isabelle riu da empolgação da garota. “É disso que eu tenho medo.”

–*-*-*-

Quando entrou na casa de penhores, Isabelle se viu fascinada pela estranha combinação de objetos em exposição. A loja não seguia nenhum padrão reconhecível: tinha quadros diversos; peças de decoração em diferentes materiais e estilos; relógios de todos os tamanhos, cada um marcando um horário diferente; esculturas, espelhos, mobílias, instrumentos musicais, além de duas bicicletas penduradas no teto. Ela se perguntou onde o Sr. Gold teria conseguido todos aqueles itens. Era uma loja de penhores, é claro... mas alguns itens eram muito bizarros para Isabelle conseguir imaginar a procedência. Parecia mais o tesouro estravagante de um colecionador muito excêntrico.

Isabelle estava absorta avaliando um par de marionetes de madeira bem medonhos quando o Sr. Gold surgiu de uma porta aos fundos, atraído pelo som do sino na entrada da porta.

“Srta. French, que grata surpresa!” Ele cumprimentou-a, com um sorriso, que logo foi retribuído.

“Boa tarde, Sr. Gold.”

“Em que posso ajudá-la? Está procurando algo de específico aqui na loja?”

“Não, não. Bom, não exatamente. Embora haja algumas coisas muito interessantes por aqui! Mas na verdade eu vim para falar com o senhor, se eu puder dispor de uns minutos do seu tempo.”

“Claro,sem problemas. Por que não me acompanha ao meu escritório? Posso lhe servir uma xícara de chá?”

Isabelle o seguiu, passando pela porta de onde tinha vindo. Seu ‘escritório’ mais parecia um depósito ou oficina, atulhado de objetos nas mais diferentes condições de conservação. Tinha uma escrivaninha, é verdade, de mogno bem polido; e uma estante lotada de pastas, classificadores e livros de negócios. Mas a semelhança com um escritório terminava aí.

Todo o ambiente era cheio de estantes e mesas contendo os mais diferentes objetos. Como uma continuação da loja, mas mais desorganizada: os objetos empilhavam-se desordenadamente, muitos deles em diferentes estágios de montagem e restauração.

Em um canto, havia um conjunto de sofás e uma mesinha de centro, onde o Sr. Gold indicou que ela se sentasse, enquanto sumia por uma porta lateral, com a promessa de voltar em poucos minutos com um delicioso chá.

Os olhos de Isabelle vagaram curiosamente pelo lugar. Ela estava prestes a ir verificar os títulos de alguns livros que repousavam empoeirados sobre uma cadeira meio torta, quando seus olhos captaram a silhueta de um objeto muito familiar, meio escondido entre um enorme gramofone e um estranho narguilé de vidro. Ela aproximou-se lentamente da roca de fiar e em um instante se sentiu dominada por um sentimento estranho de irrealidade e ilusão que não sentia há muitos dias.

Ela empurrou de leve a roda de madeira, e o som que ela ouviu era confortador e vagamente hipnótico; e, embora Isabelle estivesse certa de que nunca ouvira realmente aquele som, ele era absolutamente familiar. Ela sentia sua cabeça leve, viajando em pensamentos que escorriam nas bordas da sua consciência, sem conseguir captá-los com clareza.

“Achou alguma coisa interessante?”

A voz do Sr. Gold a arrancou de seus pensamentos em um susto, e ela virou-se lentamente, enquanto a estranha sensação se dissipava. Ele carregava uma bandeja até a mesinha, andando com alguma dificuldade por não estar usando a bengala.

“Muitas coisas interessantes, na verdade. Fico me perguntando onde você conseguiu todas essas coisas.”

“E-bay.” Respondeu ele, muito seriamente, e Isabelle não pôde evitar rir. O Sr. Gold definitivamente parecia um homem que gostava de fazer negócios à moda antiga, e nem mesmo havia um computador em seu ‘escritório’. Ela não acreditou por um segundo na sua resposta, mas deixou passar. Bastou um gole do seu chá para Isabelle deixar de lado qualquer pensamento sobre os itens da loja.

“Oh, meu Deus! Esse deve ser o melhor chá que eu já provei!”

“Fico feliz que tenha gostado.” Sorriu ele, satisfeito. Mas é claro que ela iria gostar, ele havia feito seu chá preferido, servido do jeito que ela adorava nas distantes tardes no Castelo Sombrio. “Mas vamos aos negócios, Srta. French. Você disse que precisava falar comigo. Em que posso ajudá-la?”

Isabelle sentiu-se sem jeito por um instante, sem saber como abordar o assunto. Mas o interesse dele parecia sincero, e na verdade ela sentia-se confortável em sua presença, por algum motivo.

“Bem... Acho que você sabe que tenho vivido com Emma e Mary Margaret nas últimas semanas. E elas são ótimas, realmente me ajudaram muito... Mas acho que está na hora de encontrar um lugar para me estabelecer. Eu procurei algum imóvel para alugar nos classificados, mas não tive muita sorte.”

“Não é surpresa. O mercado imobiliário neste lugar é um desastre.”

“Pois é! É totalmente frustrante! De qualquer forma, a Ruby me disse que você tem muitos imóveis pela cidade. Eu estava pensando se não teria algum lugar vago, disponível para alugar...”

“Mas você viu que eu não estava anunciando nenhum imóvel.”

“Bem, sim... Suponho que não haja por que anunciar se você sabe que não há muitas chances de encontrar alguém interessado. Mas agora alguém interessado.”

“Bom ponto.” O Sr. Gold observou-a quietamente, com um brilho divertido no olhar. “De fato, eu tenho alguns imóveis vagos. Mas não se anime, a maioria não está em bom estado de conservação. Eu não tinha muitas perspectivas de uso imediato para eles.”

“Não pode nem considerar a questão?”

“Talvez. Vamos fazer um trato, Srta. French. Eu lhe mostro alguns lugares, nós procuramos um que seja de seu agrado, posso fazer umas rápidas reformas, se necessário. Já que você vai ter muito trabalho com a mudança, talvez tenha que comprar alguma mobília, eu posso até perdoar o primeiro mês de aluguel, enquanto você se estabelece.”

“E em troca...?” Isabelle estreitou os olhos, levemente desconfiada, lembrando-se por um instante da advertência de Ruby.

“Em troca, você fica me devendo uma outra visita para mais uma xícara de chá.”

“Uma xícara de chá?! Isso é tudo?”

“Bom, um pouco de conversa vem no pacote, se não for pedir demais.”- Gracejou ele, e Isabelle começou a rir. - “Posso perguntar o que é tão engraçado, Srta. French?”

“Desculpe. É que, na verdade, a Ruby tinha me dito que talvez não fosse uma boa ideia fazer negócios com você.”

“Garota esperta.”

“E ela disse que você sempre leva vantagem nos tratos que faz. Mas, dessa vez, acho que saí ganhando. Uma xícara de chá não é um prêmio tão valioso.”

“Isso nós veremos.” Antes que Isabelle pudesse comentar mais alguma coisa, o Sr. Gold levantou-se, indicando a porta. “Então, vamos procurar sua nova casa?”



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