POV- Jacob

Caramba! A Bella é a mesma turrona de sempre! Há quase uma semana sem falar comigo porque eu a mandei embora pra tentar evitar um problema. Tudo bem que não tinha mesmo como entender minha atitude levando em conta que ela não sabe de nada que acontece comigo, mas caramba, não precisa tanto. E eu tô vendo que se eu não correr atrás dela as coisas não vão mudar.

“Olá, sumida! Eu pedi pra você ir embora

naquele dia e você some por uma semana?

Aparece aqui!

Jacob.”

Mandei essa mensagem pra ela, e fiquei esperando resposta...

Um pouco depois ela me respondeu dizendo que viria almoçar comigo no Domingo(amanhã). Isso é bom, já que eu posso convencer ela de ficar aqui até de noite e aí ela ouve as histórias que podem me ajudar a contar a verdade sobre mim e meus amigos. Eu sei que isso não é certo, e que vai ser ruim pra nós, mas eu não posso deixar a Bella de fora disso, ela é minha melhor amiga, e nós nunca tivemos segredos um do outro. Eu não posso deixar isso mudar agora.

****

Domingo! Ah, finalmente! Eu tô com saudade da Bella de verdade. Deve ser porque eu sou um idiota, e me apaixonei pela minha melhor amiga quando éramos ainda crianças.

~Flashback on~

Eu e Bella estávamos correndo pela trilha ao lado da casa dela, quando ouvimos a Tia Renée nos chamar pra lanchar. Ela queria ir logo porque estava com fome(sempre com fome, aquela coisa não engorda de ruim), mas eu falei pra ficarmos um pouco escondidos e dar um susto na tia quando ela viesse nos procurar pela demora. Ela topou. Então ficamos espremidos entre duas árvores que seriam perfeitas pro nosso plano. O Sol estava passando por umas folhas e atingindo o rostinho branco de Bella, ressaltando o castanho claro de seus olhos grandes. Sua trança estava jogada pra frente, caindo sobre o ombro no casaquinho lilás que ela usava. Ela estava linda demais. Eu acho que nunca reparei tanto na beleza dela. Eu não pude conter o elogio:

–Você está linda, Bellinha.

Ela me olhou com os olhos arregalados, surpresos. E colocou a mãozinha sobre a minha boca. Ela sussurrou bem baixinho:

–Mamãe está vindo, Jake! Fica quieto! Ela vai nos ouvir.

Ela não respondeu ao elogio, mas eu podia ver seu rosto corar, deixando-a mais linda ainda, e foi aí que eu percebi o que sentia por ela. Mesmo sendo tão novo, meu coração pertencia à ela. Eu estava apaixonado pela minha melhor amiga.

~Flashback off~

Eu acordei e fui pra oficina, do outro lado do quintal pra trabalhar um pouco numa das minhas latas velhas e deixar o tempo passar.

Quando eram 10 horas fui pra casa tomar banho, e esperar Bella pro almoço.

Quando entrei em casa Billy anunciou que Charlie viria junto de Bella, e que eles pescariam durante a tarde. Eu concordei, e fui tomar meu banho. Antes de abrir o chuveiro liguei meu rádio, e estava tocando Afterlife, do Avenged Sevenfold. Eu me amarro na guitarra dessa música! Então tomei um banho animado pelas músicas que tavam tocando na rádio. Quando eu estava me secando começou a tocar The Only Exception, e eu logo me lembrei da Bella(como se eu parasse de pensar nela por muito tempo). Essa é uma das músicas que ela mais gosta e se identifica. Terminado meu banho, fui ajudar Billy com o almoço, até que ouvi o barulho do fusca da Bella se aproximando, então fui pra porta pra recebê-los. Ela saiu do carro sorrindo. Céus! Como eu amo aquele sorriso! Então logo sorri também.

–Crescer à base de “bomba” não vale, Jacob! E ainda faz mal! – ela logo implicou comigo. Ótimo! Ela percebeu meu surto de crescimento! (Sentiram a irônia, né?)

Charlie riu, enquanto entrava e começava a conversar com Billy.

–Sério mesmo que você está dizendo isso? Deixa de ser invejosa! – repliquei.

–Não é inveja, é só que não é normal que um garoto de 16 anos na cara seja tão grande assim. Aí tem coisa.. – disse ela com tom de insinuação.

–Tem que você está com inveja, sim! Porque é magra feito um palito. Console-se, você até que é bonitinha..

Ela me encarou com uma máscara de incredulidade enquanto corava. Nós rimos.

Eu a abracei quando ela passou por mim.

–Jake! – ela gritou escandalosamente- Você está pelando! Tem que ir pro hospital agora!

–Calma, Bella! Eu estou bem. Juro.. Isso é.. normal. – Droga! Minha temperatura não é nenhum pouco normal! DROGA!

Com esforço eu consegui convencer Bella de que eu não precisava ir ao médico, e fomos almoçar.

–Se continuar comendo assim, seu organismo vai enlouquecer.. “Bombas”, comida excessiva. Imagina o monstro que você vai ficar.. – Bella insistia em implicar comigo. Ela deve me amar demais mesmo.

–Monstro... É por ai mesmo, Bella.. Você nem imagina. – É ótimo como eu não consigo controlar a língua! Ela deve me achar um imbecil.

–Bom crianças, vocês tem a tarde livre. Eu, Billy vamos pescar com Harry. – disse Charlie antes que uma nova briga começasse por causa do meu comentário.

Passamos a tarde caminhando, e terminamos na praia. A Bella deixou passar mais uma vez a estranheza da minha temperatura, mas ela não ficou contente com isso.

Eu fico indignado! A garota se preocupa comigo, implica, mas insiste em me considerar irmão. A gente tem tudo pra dar certo. Somos perfeitos um pro outro, mas ela não vê isso. E eu fico aqui sofrendo igual um idiota por causa dela. Eu me mereço mesmo. Enfim.. Quando chegamos na praia estávamos falando sobre como eu andava falando umas coisas esquisitas. É claro que ela notaria meu comportamento. Ela deve me conhecer melhor que eu mesmo. Mas eu estava ficando nervoso com tudo isso, e minhas mãos tremiam, e ela pareceu perceber isso também. Então ela segurou minhas mãos, e as dela estavam tão frias.. Tão delicadas. E ela disse pra deixarmos o assunto de lado. Ela não queria que brigássemos de novo, e não queria ter que ficar mais uma semana sem me ver.

Será que ela leva em consideração o que eu sinto quando ela fala esse tipo de coisa? Eu acho que não. Mas tudo bem, eu posso suportar. Se eu não posso conquistá-la, pelo menos não vou perder o que tenho dela. E ainda que me doesse um pouco, eu fiquei bem por ouvir isso, e ri.

Enquanto estávamos sentados na praia, observando as ondas e o sol se escondendo, percebi Bella tremer ao meu lado. Soprava um vento frio de final de tarde. O casaco dela deve ter ficado no carro, mas ali estava tão bom, que eu não queria que ela fosse buscá-lo, e também não queria ter que sair dali. Eu a abracei levemente, sabendo que o calor do meu corpo iria mantê-la aquecida. Ela se encolheu perto de mim, como uma criança. Eu me concentrei no seu corpo, no perfume dela. Era uma sensação boa ter os seus braços frios nos meus, e senti-los esquentar. Eu queria que aquele momento durasse para sempre. Devíamos estar ali há uns 20 minutos, quando ouvi passos se aproximando de nós. Bella deve ter escutado também, pois nos viramos juntos pra ver quem vinha. Charlie acenava para nós, nos chamando, então nos levantamos e cobrimos a distância até ele.

–Vamos crianças! Vamos aproveitar a pesca em um luau com a família. – disse Charlie animado.

Fomos andando até o quintal da parte de trás da minha casa. A família já estava toda reunida, nos esperando. Então nos sentamos na roda, e esperamos Billy começar a contar uma das lendas Quileutes.

[Não vou contar a história de novo não, pessoal! Não tem necessidade. Qualquer coisa é só ir no capítulo 5 e ler. ;P]

Observei que Bella estava tensa com o que ouvia. Alguma coisa a estava incomodando. Ou talvez fosse só impressão minha. De qualquer forma eu começaria a plantar as indiretas e ver se Bella entenderia que o que aconteceu na história, sobre os lobos e os vampiros, pode ser mais real e estar mais próximo dela do que ela imagina. Eu até temo a reação dela, mas eu não posso não tentar.

Billy parou de contar a história e falou sobre os filhos da lua ainda existirem. O que foi bom... Já me dava vantagem. Mas é claro que pra quem ouvisse de fora, sem saber o que realmente se passava na Reserva, isso seria só mais uma superstição do nosso povo. Mas Billy teria mesmo que parar por ali.

Bella parecia estar em transe. Eu a chamei algumas vezes, e ela não parecia ouvir.

–Bella! Quem te hipnotizou? –Eu disse mais forte, e estalando os dedos na frente do rosto dela– Já te chamei algumas vezes e você fica ai, olhando pro nada. O que achou da história?

–Ah, a história é boa. Interessante. – ela disse, ainda meio longe. Ouvir a voz dela me deu a certeza de que ela estava tensa.

–A parte que Billy não conta é que dizem que isso tudo é verdade, que aconteceu mesmo. Que inclusive, nós, o Quileutes, descendemos dos lobos, e que as criaturas frias estão por aí. – Eu disse a ela. Eu sabia que podia confiar isso a ela. Ela estremeceu quando eu falei nas “criaturas frias”. Talvez ela tenha lembrado dos Cullen.

–E você, Jake, acredita nisso? –perguntou ela num sussurro fraco. Ela parecia ter um pouco de medo.

–Eu vivo isso, Bella. Eu vivo essa história. –eu disse tentando usar a voz de trovão do meu pai, mas pareceu mais que eu estava tentando ser misterioso.

–O que?!?! –Ela gritou histericamente. Todos se viraram pra nós, mas ela pareceu não perceber, porque continuou gritando- Tá legal, Jacob. Pode explicar essa história agora mesmo!!

O desespero dela chegou a ser engraçado por um instante, e eu não consegui conter uma risada.

–Bella, você tinha que ver sua cara agora! Calma! Eu estava só te testando. – disse pra amenizar a situação e continuar minha ação quando ela estivesse mais tranquila.

–Testando? – ela ainda gritava nervosamente. –Você é mesmo um idiota, Jacob! –Ela gritou ainda mais alto enquanto se debatia sobre mim, tentando me bater. Ela perdeu completamente o controle. Ela estava muito histérica, então Charlie veio tentar acalmar a situação.

–Ei, ei, ei. Calminha aí, menina! – dizia Charlie enquanto segurava Bella firmemente em seus braços.

Bella continuou se debatendo, mas desistiu de lutar com o abraço do pai, e se virou para ele, deixou os braços caírem com os punhos ainda fechados, e apertou os olhos, como se reprimisse o choro. Ela passou os braços sobre o peito, se abraçando, como se sentisse dor. Charlie agora a abraçava levemente, pra confortá-la.

Levamos Bella pra casa no fusca. Charlie dirigia, enquanto eu mantinha Bella segura em meus braços no banco de trás. Ela estava muito tensa. Eu peguei pesado com ela. Eu devia saber onde parar. Eu devia saber controlar melhor meus impulsos.

Harry nos seguia para me levar pra casa depois.

Quando chegamos Bella ainda estava acordada, mas em silêncio total, ela estava desesperada. Subi com ela no colo, e a deitei em sua cama, joguei o cobertor em cima dela, e fiquei ali fazendo carinho na cabeça dela até que ela dormiu.