Gabriela –

  Já era talvez a vigésima roupa diferente que eu experimentava em um tempo “longo” de duas horas, o porquê do longo entre aspas? De acordo com Helena o tempo de uma garota escolhendo o vestido para uma grande festa só começa á ser contado depois de quatro horas, isso me desanimava cada vez mais, foi quando saí usando um vestido azul.

-Levanta os ombros! – Disse Helena, fazendo aquela cara de dúvida.

-Não. Pega esse. – Ela disse com simplicidade.

-Por favor, Helena, por que eu não posso só comprar um vestido e ir embora? – Eu me arrependeria profundamente de ter perguntado aquilo á ela, primeiro veio o olhar de “eu não acredito nisso”, depois veio á boca aberta como quem pensa o que dizer, não, ela já sabia o que dizer.

  Então veio uma verdadeira palestra de como ás garotas da “da Jess” estavam se esforçando para irem lindas para á festa do “Newt Lachowski e Gabriel Silver”, ela enfatizou bem isso, depois falou que seria uma festa proibida com o pessoal do último ano quase inteiro e como todas ás suas amigas deveriam estar impecáveis, que tinha deixado várias meninas na mão, para me ajudar á escolher o meu vestido porque seria minha primeira festa como amiga dela, e tudo só pioraria quando eu disse que seria minha primeira festa no instituto, aí ela pirou de vez e disse: “Você precisa estar perfeita!”, e do nada apareceram duas garotas pra me ajudar á escolher o vestido, nesse meio tempo Julieta Felers entrou na loja, não tinha á visto muito desde a semana medieval e estava acompanhada de Kuroneko, mas voltando ao que estava falando, ela entrou passou os olhos nas roupas, puxou uma e foi experimentar, saiu perfeita de lá, trocou de roupas e levou o vestido, aquilo sim me desanimou.

  Julieta Felers era uma das garotas “neutras”, que não participavam da “guerra de rainhas” de Helena e Jéssica, aliás, eu mesma era uma dessas garotas neutras até uma aula de herbologia específica em que ajudei Helena, como era bom o tempo em que eu era neutra e só ficava rindo das garotas que passavam todo o período de visita a “Rua de ouro” nas lojas atrás de roupas para festas no quarto expandido enquanto eu tomava cerveja amanteigada com o pessoal do jornal e comprava alguns utensílios no “Doces & Travessuras”.

  Depois de mais algumas horas ali eu percebi que finalmente sairia da minha prisão quando eu saí da cabine e vi Helena com a boca toda aberta, como se estivesse impressionada e depois dando um sorriso.

-Perfeita! – Ela disse dando gritinhos, a frase saiu como se ela estivesse cantando e ás duas outras garotas também começaram á gritar e ambas se abraçaram e começaram á dar gritinhos e pular formando um círculo, eu dei um “êêê...” desanimado e me senti em “Gossip Girl”, um seriado trouxa que eu assistia de vez em quando.

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  Como tanto eu e Helena demoramos demais na loja e depois olhando algumas coisas no “Doces & Travessuras”, para ainda irmos comer bolinhos doces no “Gosto de Sonho”, e é até engraçado, porque compramos um bolinho e ele vai ter um gosto tão bom quanto o sonho que tivemos na noite anterior, ou seja, se tivemos um lindo sonho, o gosto é maravilhoso, se tivemos um pesadelo, o gosto é ruim, gosto de “meleca” de acordo com Janaina que tinha se juntado á nós no “Doces & Travessuras”, bem, como somos lerdas acabamos perdendo á passagem “de graça” para o instituto, já que o portal do espelho se fechou, mas como aquela não era nem á primeira nem á última vez que isso aconteceria com algum aluno, de acordo com Helena, tinha outro jeito, do qual eu não sabia qual era porque nunca tinha me atrasado.

  Andamos até um lugar meio escuro, uma rua habitacional e lá tinha parado duas carruagens negras de pele, com grandes rodas de madeira e quatro cavalos de pelugem negra e corpos robustos á frente de cada uma delas, nas carruagens tinham homens aparentemente idênticos de longe, já que apenas podia ver seus mantos negros, chegando mais perto vi seus olhos vermelhos como se pegassem fogo e seu rosto esquelético, mumificado eu diria.

  Como uma das carruagens estava cheia, tínhamos que ir à outra, caminhamos até a carruagem de trás e subimos. Cada uma levava cinco passageiros e por coincidência na que subimos tinha dois passageiros, o primeiro era um garoto meio gordo que logo reconheci, Elien Balbus era seu nome, o garoto era conhecido por ser o “guardador” do quarto expandido.

  O quarto expandido era um quarto com feitiço para se tornar imenso onde se realizava ás festas do pessoal, toda semana tinha uma, mas depois do ocorrido o Ministério fez questão de fechar o quarto que divertia todo mundo, digamos que o Ministro da magia não é tão divertido quanto nosso querido diretor Tobias.

  Quem estava do lado dele era uma garota, busquei seu nome em minha cabeça, mas não me lembrei, só vi o olhar de desprezo nos olhos de Janaina, não entendi o porquê, até me lembrar do garoto que tinha ido para enfermaria cuspindo lesmas, eu acho. Lembrei-me de seu nome, Heitor, ele era o melhor amigo da garota que agora me lembrava quem era, Annia Romanova, uma russa peregrina muito tímida, era um ano mais nova que eu, sorri para á garota ao me lembrar da vez que ela chutou as bolas de Artur depois dele ter caído acidentalmente em cima dela, e sim, foi realmente acidentalmente que ele caiu em cima dela, o que apenas faz parecer mais engraçado.

  Comecei á prestar atenção no sorriso de Elien, Janaína e Annia fizeram uma cara de “é melhor você não abrir sua boca gordo safado”, mas Helena não fez cerimônias para perguntar:

-Falem logo o que você tem para me contar. – Ela disse e o olhar de Janaína e Annia continuava sobre o garoto.

-Elien, se você não me falar eu nunca mais apareço em nenhuma de suas festas. – Depois que Helena falou isso foi o mesmo que obrigar ele á falar.

-O Liam ficou com á Mila. – Os olhos de Helena se esbugalharam, e provavelmente os meus também ficaram do mesmo jeito, e pelo resto do caminho tudo ficou em silêncio.

  Quando chegamos ao instituto já estava quase tudo apagado, só alguns professores nos esperavam nos portões para nos levar até os nossos respectivos dormitórios, Helena acabou ficando para trás e fiquei junto á ela que já perto dos portões do Instituto se virou e me fitou dizendo:

-Por via das dúvidas, Gabriela, você é minha nova melhor amiga. – Ela disse e adentrou rapidamente os enormes portões do Instituto Oliver Groon, fiquei parada por um tempo absorvendo aquela informação, eu definitivamente descobriria o que aconteceu, Mila não trairia Helena dessa forma, até porque ela sabia que Helena, mesmo sem admitir, gosta do Liam, só fui tirada dos meus devaneios com a Srta. Ford gritando comigo para entrar e claro, esbravejando o quanto estava decepcionada comigo.